A FÉ DO CENTURIÃO DE CAFARNAUM...
Cristo, sendo Deus, tomou a forma de homem (Fp 2. 5 – 11) e como tal teve reações humanas como a admiração. O texto base mostra que Jesus “maravilhou-se” com a postura do Centurião, mais precisamente a fé deste homem. Tal admiração não foi causada por um religioso reconhecido pelos judeus. Nem sempre ser religioso significa ser um homem de fé. Os religiosos daquela época faziam constantes “testes” e “armadilhas” para pegar Jesus em alguma falha. Para aquela geração, Jesus falou que seria dado o sinal de Jonas (Mt 12.38-42).
A admiração também não foi causada por um judeu, pois ser descendente de uma cultura religiosa fortíssima não faz ninguém um homem de fé.A admiração também não foi causada por um discípulo, pelo contrário, muitas vezes, Jesus os chamou de homens de pequena fé (Mt 8.26; Mt 16.8).Aprendemos com isto que a fé em Cristo pode surgir nos lugares mais distantes e inesperados. Cristo só elogiou duas vezes a fé de alguém: uma foi do centurião e a outra foi da mulher Cananéia (Mt 15.21-28). Os dois possuíam origens pagãs, mas creram em Jesus.
Temos o exemplo também dos sábios do oriente que estudavam as estrelas e tinham conhecimento das escrituras. Eles saíram de uma terra distante seguindo uma estrela com disposição de adorar ao Senhor Jesus. Enfrentaram percalços na jornada, mas ao chegarem, adoraram ao Senhor (Mt 2.1-12). Os homens podem nascer de novo nos lugares mais inesperados. O poder de Deus não é limitado à geografia.
Vejamos as características da fé deste centurião que fez Jesus se maravilhar.
I – A fé que se compadece do próximo:
O Centurião vem da palavra “centúria” que era a designação para todos os oficiais militares romanos que tinham sob seu comando cem soldados. “Aslegiões romanas tinham como unidade básica de guerra a Centúria. Esta é formada por um quadrado de 10 fileiras de 10 homens cada, dando o total de 100 soldados, de onde advém o nome centúria. O Centurião era o comandante responsável por comandar a centúria, dando ordens que deveriam ser prontamente obedecidas pelos soldados, especialmente as formações militares. “ (Wikipédia).
Temos a informação por Lucas que ele estimava muito o seu servo (Lc 7.2) que estava muito doente, paralítico, e quase à morte. Ele rogou por esse servo. Ele tratou o seu servo quase como um filho. Embora o escravo fosse considerado como coisa, objeto, ele não tratava seu servo como máquina de trabalho, mas como gente.
Numa época onde a fé é proclamada de modo pragmático e utilitarista, onde as pessoas “usam” a fé como um meio de se obter prosperidade, vantagens pessoais (Tg 4.3), vemos um homem de autoridade clamando por seu servo. Ele tinha uma fé que se compadecia do próximo. Não intercedeu por si, mas pelo próximo.
O que muito se prega hoje em dia é a fé na fé; uma fé cobiçosa e avarenta que se alimenta do egoísmo humano. O centurião teve fé em Jesus e uma fé que se compadecia do próximo que não buscava seus próprios interesses.
II – A fé ligada à humildade:
A ênfase distorcida que se dá acerca da fé tem gerado “supercrentes”; homens e mulheres que são requisitados para a obtenção de milagres e prodígios e se envaidecem por tais procuras. Homens que se envaidecem por ser considerados homens de fé. O centurião teve a fé elogiada por Cristo, mas era um homem humilde. Lucas relata alguns representantes do Centurião indo a Jesus, falando que ele era um bom homem e digno, que tinha ajudado na construção da sinagoga em Cafarnaum. “O Centurião do presente caso construíra, em Cafarnaum, para os judeus a sua sinagoga (Lc 7.5). Nesta mesma sinagoga Jesus muitas vezes ensinou e curou o endemoninhado, (Mc 1.21-23)” (Manual Bíblico Halley). Jesus se mostra disposto a ir à casa do Centurião para curar o enfermo. Mas o Centurião responde: Senhor, não te incomodes, porque não sou digno de que entres em minha casa. “O oficial romano vê em Jesus alguém que é seu superior. Por isso, não convém que Jesus entre em sua casa” (NTLH – Bíblia de Estudo). O cidadão romano geralmente se achava superior a outros povos. Além disso, os próprios judeus disseram que ele era uma pessoa digna. Entretanto, ele não se considerava digno de receber Jesus em sua casa. A fé em Jesus nos faz pessoas humildes, confiantes na Graça divina. Não pessoas arrogantes que se consideram superior a outras por se acharem mais atendidas por Deus do que os outros. O Centurião não se achou com mérito de ser atendido por Jesus, mas confiou na Graça advinda de Cristo.
III – A fé na Palavra de Cristo:
Hoje há multiplicações de “rituais” e “formas” para se obter as bênçãos de Deus. Muitos líderes têm criado meios, barganhas, para a obtenção das bênçãos de Deus. O Centurião negou que Cristo fosse à casa dele. Quantos negariam uma visita de Cristo a sua casa? Ele não achou necessário, para obtenção da cura do servo, a realização de um ritual, imposição de mãos, o passar por alguma espécie de corredor. Ele disse apenas: dize somente uma palavra, e o meu criado há de sarar. Mostrou assim, que cria que o poder de Cristo não era limitado pela distância nem dependia de rituais. Para ele bastava uma palavra de Cristo. Pela Palavra de Cristo tudo foi criado (Hb 11.3) e pela palavra tudo ele sustenta (Hb 1.3). A fé e a Palavra têm uma relação estreita. A fé surge por causa da Palavra de Cristo e ela aumenta cada vez mais que nos apegamos a Palavra de Jesus. Feliz é o homem que medita e pratica esta palavra (Js 1.8; Sl 1). É bom observar a diferença e a igualdade do modo de agir na cura do filho do Oficial do Rei (Jo 4.46-54). Neste caso o oficial queria que Jesus fosse até sua casa, e Cristo não lhe respondeu, dando uma palavra de autoridade e o filho foi curado a distância. No caso do servo do Centurião Jesus quis ir até sua casa, mas o centurião disse que só bastava uma palavra de Cristo. E Jesus assim fez. Em ambos os casos: Jesus curou pelo Poder de Sua Palavra.
IV – A fé na autoridade de Cristo:
O centurião era um homem de relativa autoridade. Estava acostumado a ser obedecido pelos seus soldados. Porém soube reconhecer que Cristo era uma Autoridade Superior. “Para o centurião era tão natural Jesus ter plenos poderes sobre as influências invisíveis do universo, como era para um oficial romano ter confiança no cumprimento de suas ordens” (Bíblia Vida Nova). Quantas autoridades podem aprender com esse centurião! Quantas autoridades têm dificuldades em reconhecer o Senhorio de Cristo! Um dia todos hão de se dobrar e reconhecer que só Jesus Cristo é o Senhor (Fp 2.9-11). Ele é o Alfa e o Ômega (Ap 1.8). Ele tem autoridade para perdoar pecado (Mt 9.6). Tem autoridade para dizer ao mar aquieta-te (Mt 8.26 e 27).
Conclusão:
Às vezes olhamos para certas pessoas e pensamos que elas estão distantes da fé em Jesus. Entretanto, aprendemos com esse milagre que a fé pode surgir nos lugares mais distantes. Uma fé genuína, não é fé na fé, mas a fé em Jesus que se compadece do próximo, fé que faz uma pessoa ser humilde, fé que é proveniente da Palavra de Deus e uma fé que crê em Jesus como o Todo-poderoso. Numa época em que se prega a fé de forma distorcida, está aqui o exemplo de uma fé que agrada a Jesus (Hb 11.6)...
BISPO/JUIZ.PHD.THD.DR.EDSON CAVALCANTE
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