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sábado, 7 de março de 2015

JESUS A ROSA DE SARON...


                                                           JESUS A ROSA DE SARON...
EU sou a rosa de Saron,o lírio dos vales. Cantares 2:1 – Jesus é freqüentemente chamado de Rosa de Saron nos hinos, entendemos este significado?
Em que consiste o conteúdo de Cantares? Poemas “profanos”? Será um cântico erótico proclamado por um cancioneiro litúrgico? Não há motivos para assombros, pois, a Bíblia, de forma belíssima, descreve a paixão e o amor como expressões sensíveis, honestas e transparentes, revelando, no sincero amor humano, um Deus do carinho, da ternura, da relação íntima.
Que outros dados podem ser acrescentados?
Ao longo da história, nasceram várias interpretações, ou seja, caminhos diferentes que trouxeram considerações distintas com relação à intenção do texto.
Uma linha de interpretação, denominada de alegórica, ressalta Cantares como descrição da história de amor entre um homem e uma mulher, comparado com o amor de Deus pelo seu povo (de Cristo pela Igreja). Essa é a que resgatamos com maior freqüência, comparando o amor à labareda de Javé (Ct. 8, 6), porém vamos aqui neste estudo ver também um pouco do contexto histórico.
A Rosa de Saron e O Lírio dos Vales Como Tipo de Cristo.
(e um conseqüente reflexo em nossa vida)
A Origem de Saron.
Saron é uma região da Palestina entre montanhas do Efraim e Mar Mediterrâneo. Esta região era anos antes de Cristo de solo seco, rochoso e de água escassa. Entretanto, como plano de Deus, foi colocado ali o povo por Ele escolhido ( Is. 33:1,2) e a partir daí houve abundancia.
Esse povo, vendo a promessa de Deus se cumprindo em suas vidas, não se cansavam de contemplar, exaltar e adorar ao Deus vivo, pois viram a Glória do Senhor.Passaram a viver na terra que emanava vida e vida abundante, onde este povo passou a cultivar as rosas mais belas do mundo.
Rosa esta, que exala o mais puro perfume e beleza sem igual, nunca visto até os dias de hoje. Por tamanha beleza e perfeição, Jesus Cristo é chamado de A Rosa de Saron. (ct 2:1) Além das rosas eles também cultivam ervas e especiarias desta região onde se extrai aromas da terra, vejamos o Lírio:
“Qual o lírio entre os espinhos, tal é a minha querida entre as donzelas.” (Cantares 2:2)
“Sim você é um lírio entre os espinhos. Essa é uma boa comparação entre a minha amada e as outras moças”. (Bíblia Viva)
A Igreja é como um lírio entre espinhos para Jesus. O que o Senhor está nos ensinando com isso?
Essa comparação, sem dúvida, destaca a beleza do lírio. Jesus vê a beleza da Sua Igreja. Em meio a tanta sujeira, destruição, violência e miséria, há algo que enche os olhos do Senhor. Há algo que O agrada. Há algo que chama a Sua atenção.
E esse algo é a beleza da Sua Igreja. É a beleza da nova criação = você. Você tem a beleza da santidade de Cristo. Você tem a beleza da justiça de Cristo.
Jesus, ao morrer por nós, nos tornou justiça de Deus. Isso significa que, aos olhos de Deus, não somos mais considerados pecadores, mas sim justos – nós que recebemos Jesus como nosso Senhor e Salvador e aceitamos o Seu sacrifício. Veja 2 Coríntios 5:21 = “Aquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus”. Romanos 5:19 nos diz que pela obediência de Cristo, fomos constituídos justos.
No versículo 1 deste capítulo, Jesus diz que Ele é o lírio dos vales e, em seguida, diz que ela também é comparada a um lírio. Quando contempla Sua Igreja, Jesus vê a Si mesmo (lírio). Jesus Se vê em você. Ele vive em você e através de você. Você é como Cristo. Mas, a sua forma de agir tem mostrado que você se parece com Cristo ou que você tem se parecido mais como uma pessoa que não conhece o Senhor? O lírio é muito diferente dos espinhos. A Igreja se parece com Cristo, ela é diferente de todo o resto.
Aonde estivermos, podemos manifestar as qualidades de Jesus, pois somos como Ele. O pecado não precisa tirar a tua beleza de lírio. O pecado não pode ferir a justiça de Deus em você. Não deixe que esses espinhos firam a tua santidade em Jesus. Nenhuma tentação será maior do que aquilo que você pode suportar. Isso é promessa de Deus. Então, aguente firme, você já tem a habilidade para resistir ao pecado. Você pode dominá-lo.
Lírio tem perfume. Exale o bom perfume de Cristo em seu modo de viver. Você tem toda a habilidade que precisa para ser santo e continuar a encher os olhos do Senhor de alegria com a tua beleza. O mundo precisa sentir esse perfume, o mundo precisa enxergar a tua beleza. Deixe que tua beleza e teu perfume atraiam as pessoas a Cristo.
Você é lírio e não espinho. Você é justo e não pecador. Você é diferente, então seja diferente.
Contexto Histórico:
O livro de Cantares, em uma interpretação popular ou histórica do povo de Israel, pode ser contextualizado num clima pós-exílio (depois do exílio da Babilônia), em 450 a.C.
Este período é fortemente marcado pela emergência de projetos de reconstrução – redistribuição e ocupação da terra. Assim, questões referentes à Lei do puro e impuro; projetos de exclusão dos estrangeiros; o aprofundamento da Lei do Resgate e do Levirato (amparo da mulher, em caso de morte do marido);
E etc, são próprias deste tempo de reestruturação e reformas. No entanto, estas leis foram utilizadas como forma de exploração.
Aproximemo-nos de alguns versículos do capítulo oitavo:
“O amor é forte como a morte – 5 “Quem é essa que sobe do deserto , apoiada no seu amado?” 6.Grava-me, como um selo em teu coração,como um selo em teu braço; pois o amor é forte, é como a morte.
7. Quisesse alguém dar tudo o que tem para comprar o amor… Seria desprezado”.
Neste contexto, em que o sexo e o amor eram manipulados em vista de outros interesses, este livro reafirma o valor e a dignidade da sexualidade e do amor como elementos constitutivos e inalienáveis do ser humano. A mulher que sobe do deserto, representa este resgate, pois o deserto simboliza o lugar da gestação da esperança, da decisão e do cultivo das memórias populares.
Ao lado dos livros de Rute, Judite e Ester, Cantares reafirma, a dignidade da mulher no período pós-exílio, marcado pelo machismo e discriminação:
8 “Que faremos de nossa irmã, no dia em que nela se falar? 10 Sou mesmo um baluarte e meus seios são torres de verdade?! Então, sou a seus olhos como a que encontra a paz”.
Em Cantares aparece a determinação, um amor apaixonado de uma mulher em busca de seu amado pelos campos, pelas vinhas, macieiras fugindo dos irmãos que a perseguem (Ct. 8, 8), que querem comercializar seu corpo.
Em resumo, em Ct 8, 8-14, encontramos a denúncia da exploração do corpo de menina, associado à moeda, mercadoria e comércio. A amada está dizendo que a prata não compra a sua sexualidade. A casa dos irmãos é o lugar do comércio da sexualidade.
O valor da mulher está relacionado com os seios. No texto, a jovem grita e protesta não aceitando a comercialização de seu corpo.
Cantares, (cânticos), está voltado para a palavra SHALOM (PAZ), que significa estar por inteiro, alegria em todos os sentidos na relação com o outro, paz como plenitude do conhecimento mútuo. É um canto de paixão e rebeldia que valoriza a sexualidade como processo de aprendizado.
Tendo percorrido estes trechos de Cantares, fica a certeza de que o amor é celebrado em toda a sua alegria física. O amor humano é bom. Não precisa ser justificado por argumentos moralistas, que o desqualifiquem ou argumentos liberais, que o transformem em edonismo, fazendo do semelhante objeto para se obter interesses egoístas. O amor é poder que exige entrega total e relacional. É uma eterna tensão em busca da unidade.
Na lógica do mercado globalizado, a exploração econômica do amor é ainda mais intensa. Se outrora a mulher não podia escolher quem seria seu companheiro, hoje a mulher é, violentamente, reduzida à mercadoria sexual.
A realidade sócio-cultural, na qual estamos inseridos, faz um forte apelo ao pornográfico, usurpando de forma grotesca a sexualidade, coisificando o erótico, o sensual e promovendo uma exploração do corpo, especialmente do corpo feminino. Nossa linguagem é carregada de preconceitos e risos sarcásticos quando falamos de sexualidade, de amor, até mesmo porque estas dimensões humanas são compreendidas apenas como genitalidade. O amor foi reduzido a mercadoria, cujo consumo é estimulado e direcionado pela publicidade. Os pecados contra a sexualidade estão ligados às discriminações, explorações do trabalho, ao uso do outro, para se obter vantagens pessoais e à negação do lazer.
O livro dos Cânticos na história foi muito discutido. Alguns dos reformadores não viam o menor sentido de este texto estar na Bíblia.
Muitos estudiosos ainda hoje vêem no livro nada mais do que uma coleção de poemas eróticos. Uma celebração do amor. Bem, na verdade não resta dúvida de que são mesmo poemas de amor. Mas eles estão na Bíblia porque há uma riqueza nestes poemas que os tornam importantes para todos nós. Porque o amor não é algo a ser vivido apenas por jovens apaixonados. Mas também entre os cristãos e seu Deus. O nosso relacionamento com Deus, deve ser um relacionamento de amor. A ausência física de Cristo não pode transformar o nosso relacionamento com ele num mero lembrar de suas palavras.
É preciso ver nele alguém com quem podemos conversar. Alguém que podemos sentir, experimentar.
Apocalipse fala do fim escatológico do mundo como sendo um casamento. “A noiva, a esposa do cordeiro” somos nós, Igreja de Cristo. Somos nós, membros da Igreja que somos a noiva. Somos nós que devíamos estar apaixonados por Cristo. Ansiosos pelo casamento. Sonhando com o dia, com a festa, com a noite de núpcias.
É verdade que nem sempre nos sentimos prontos para o casamento. O próprio texto de Cântico nos diz que a noiva vem do deserto.
Depois de uma peregrinação, depois de uma caminhada difícil, dura.
O amado vem nos abraçar, mas ele nos encontra no deserto, na terra seca, árida, onde não há vida, onde há calor que consome. Algumas traduções usam a expressão: “aquela que vem encostada ao seu amado?” Encostada talvez ajuda dar mais a idéia de apoiada, sustentada. A caminhada foi difícil e cansativa. Ela precisa de apoio, de um ombro onde se encoste. No capítulo 1. 5 lemos: “Eu estou escura, mas sou bela”.
Escura de tão queimada no sol do deserto. Uma pele que já mudou a sua cor de tanta exposição ao sol. Ainda que continue bela e seja descrita como muito bela está desfigurada. Esta é Igreja e este,s somos nós. Passamos pelo sol forte da vida, que nos seca e nos envelhece. Viemos do deserto, onde nada se produz, onde a sede castiga.
Mas somos a bela e formosa noiva de Deus. Nós nos vemos sozinhos no deserto mais o amado está nos dando o braço.
A sua suavidade é confundida por ausência. Mas Ele está lá.
Olhar para o Cristo subindo, também é ansiar pelo Cristo descendo por entre as nuvens para a arrebatar a sua Igreja (noiva) para o Céu...
Bispo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciência da Religião Dr. Edson Cavalcante.


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