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quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

FAMÍLIA FELIZ


                                                               FAMÍLIA FELIZ
Salmos 128
Você é feliz ou está feliz? Uma das maiores buscas humanas é a felicidade. Muitos a encontram somente por alguns instantes, outros têm o prazer de conservá-la por toda sua vida. Mas qual é o caminho para a felicidade e o que é, de fato, ser feliz? Tente refletir um instante acerca de si mesmo, sem máscaras, com sinceridade e honestidade procurando encontrar respostas a estas questões. Felicidade é a plenitude do prazer e bem estar em toda e qualquer situação.
Mas como alcançar este estágio? O que a vida pode oferecer que possa levar homens e mulheres de todas as faixas etárias a serem plenamente felizes?
No salmo 128 o salmista destaca as áreas da vida que precisam da nossa atenção e prioridade para que possamos desfrutar as bênçãos que o Senhor tem para aqueles que o temem e buscam viver de acordo com a sua santa e soberana vontade.
A devida consideração para com o Criador é demonstrada quando a pessoa anda nos caminhos dele, adotando o proceder delineado por ele e acatando as suas ordens. Quando as pessoas aderem à lei divina, não desperdiçam os seus recursos, mas administram seus assuntos de modo sábio e fazem trabalho bom e de qualidade.
Por isso, com a bênção de Deus, usufruem as provisões pelas quais trabalham, e são realmente felizes e estão seguras.
A esposa do homem que teme a Deus é comparada a uma videira frutífera. A videira precisa de alguma espécie de apoio, tal como uma estaca.
Do mesmo modo, tirando proveito do bom apoio de seu marido e sendo mãe de seus filhos, a esposa é como uma videira frutífera, feliz e contente de cumprir com seus deveres na parte mais recôndita do lar.
Os filhos do casal feliz são comparados a mudas de oliveira. Brotos ou mudas tiradas duma árvore crescida muitas vezes são usados para iniciar novas árvores.
Também, a árvore adulta pode lançar rebentos de suas raízes, perpetuando-se assim. Iguais a rebentos de oliveira, os filhos cercam o pai, contribuindo com a sua parte para a felicidade da família.
Quando este salmo foi escrito, a arca sagrada do pacto, representando a presença de Deus, encontrava-se no monte Sião.
Portanto, visto que o Altíssimo morava ali de maneira representativa, podia-se dizer que todas as bênçãos provinham de Sião ou Jerusalém.


Já que Jerusalém era o centro da adoração verdadeira, o bem-estar dos israelitas individuais estava intimamente associado com o bem-estar de Jerusalém. De modo que era do proveito da pessoa ver o bem de Jerusalém em todos os dias de sua vida — uma vida longa, que o habilitaria a ver seus netos.
A felicidade pela obediência à lei de Deus não se restringia aos israelitas individuais. Podia ser usufruída pela nação inteira, se fosse obediente. O salmista termina assim apropriadamente com a expressão em forma de oração: “Haja paz sobre Israel.” (Sal. 128:6) Sim, que o povo de Deus tenha paz e segurança em todas as ocasiões.
Se quiser ter a espécie de felicidade mencionada no Salmo 128, considere a Bíblia com cuidado e deixe-se guiar pelas suas orientações. Confirme pela sua própria experiência que a verdadeira felicidade vem da obediência à lei de Deus.
Apesar de desagradáveis, a morte e o sofrimento são fatos da vida. Jó tinha razão ao dizer: “O homem, nascido de mulher, é de vida curta e está empanturrado de agitação.” — Jó 14:1.
A Bíblia promete um novo mundo onde ‘morará a justiça’. (2 Pedro 3:13; Revelação Apocalipse 21:3, 4) No entanto, antes que tais condições sejam estabelecidas, a humanidade tem de passar por um período de maldades sem precedentes. A Bíblia diz: “Sabe, porém, isto, que nos últimos dias haverá tempos críticos, difíceis de manejar.” — 2 Timóteo 3:1.
Esses tempos difíceis vão durar muito? Os discípulos de Jesus fizeram praticamente a mesma pergunta, mas Jesus não lhes disse nem o dia nem a hora específicos a respeito de quando acabaria o atual sistema cheio de sofrimento.
Em vez disso, ele disse: “Quem tiver perseverado até o fim é o que será salvo.” (Mateus 24:3, 13) As palavras de Jesus nos incentivam a ter uma visão de longo alcance. Precisamos estar preparados para suportar muitas situações tristes antes que o fim venha.

Porque Deus Permite o Sofrimento?

Faz sentido, então, zangar-se com Deus visto que ele permite o sofrimento? Não, quando se leva em conta que ele prometeu acabar com todo o sofrimento.
Faz menos sentido ainda crer que Deus é o causador de todas as coisas ruins. Muitos acontecimentos trágicos são o simples resultado de eventos aleatórios. Imagine, por exemplo, que um vento forte faz cair uma árvore, que acaba machucando alguém. As pessoas talvez atribuam isso a Deus.
Mas não foi Deus quem fez aquela árvore cair. A Bíblia nos ajuda a entender que essas coisas são apenas a triste conseqüência da ação ‘do tempo e do imprevisto’. — Eclesiastes 9:11.
O sofrimento também pode ser o resultado da falta de bom senso. Suponhamos que um grupo de jovens se excedam em bebidas alcoólicas e depois saiam de carro. Daí, acontece um grave acidente. De quem é a culpa? De Deus? Não, eles colheram as conseqüências da falta de bom senso. — Gálatas 6:7.
“Mas Deus não é poderoso o suficiente para acabar com o sofrimento agora?”, talvez seja essa sua próxima pergunta. Alguns homens fiéis nos tempos bíblicos também queriam saber isso. O profeta Habacuque perguntou a Deus: “Por que olhas para os que agem traiçoeiramente, calando-te quando o iníquo engole aquele que é mais justo do que ele?” No entanto, Habacuque não tirou conclusões precipitadas. Ele disse: “Vou ficar postado sobre o baluarte e estarei vigiando para ver o que ele há de falar por mim.” Mais tarde, Deus garantiu a ele que acabaria com o sofrimento no “tempo designado”. (Habacuque 1:13; 2:1-3) Devemos, portanto, ser pacientes e esperar que Deus acabe com a maldade no tempo designado dele.
Evite tirar conclusões precipitadas de que Deus de alguma forma quer que soframos ou que ele está nos testando. É verdade que o sofrimento pode trazer à tona nossas melhores qualidades e, segundo a Bíblia, as provações que Deus permite que passemos podem refinar nossa fé. (Hebreus 5:8; 1 Pedro 1:7) De fato, muitas pessoas que tiveram experiências traumáticas e aflitivas se tornaram mais pacientes e mais compassivas. Mas não devemos concluir que o seu sofrimento foi causado por Deus. Esse tipo de pensamento não leva em conta Seu amor e sabedoria.
A Bíblia explica de modo bem claro: “Quando posto à prova, ninguém diga: ‘Estou sendo provado por Deus.’ Pois, por coisas más, Deus não pode ser provado, nem prova ele a alguém.” Ao contrário, de Deus vem “toda boa dádiva e todo presente perfeito”! — Tiago 1:13, 17.
De onde, então, vem a maldade? Não se esqueça de que Deus tem adversários — principalmente “o chamado Diabo e Satanás, que está desencaminhando toda a terra habitada”. (Revelação 12:9) Deus colocou nossos primeiros pais, Adão e Eva, num mundo sem problemas, mas Satanás convenceu Eva de que ela se sairia melhor sem o domínio de Deus. (Gênesis 3:1-5) Infelizmente, Eva acreditou nas mentiras de Satanás e desobedeceu a Deus, sendo seguida por Adão nessa rebelião. Qual foi o resultado? “A morte se espalhou a todos os homens”, diz a Bíblia. — Romanos 5:12.
Em vez de acabar com essa rebelião de uma vez por todas, destruindo Satanás e seus seguidores, Deus achou melhor conceder um tempo. O que isso revelaria? Uma das coisas é que desmascararia Satanás como mentiroso.
Também, haveria provas de sobra de que procurar ser independente de Deus só traz desgraça. Não foi exatamente isso o que aconteceu? “O mundo inteiro jaz no poder do iníquo.” (1 João 5:19) Além disso, “homem tem dominado homem para seu prejuízo”.
(Eclesiastes 8:9) As religiões da humanidade são um emaranhado de ensinos conflitantes. A moral decaiu a um patamar sem precedentes. Os governos humanos vêm tentando toda forma de sistema político. Assinam acordos e formulam leis, mas as necessidades do povo ainda não foram satisfeitas. As guerras aumentam o sofrimento.
É óbvio que precisamos da intervenção divina para acabar com a maldade! Mas isso vai acontecer apenas no tempo determinado por Deus. Até lá, é nosso privilégio apoiar Seu reinado por obedecer às suas leis e aos princípios especificados na Bíblia. Quando coisas ruins acontecem, podemos derivar consolo da esperança de vida num mundo onde não haverá problemas.
Vejamos agora quais são “Os três passos para a felicidade”:

ANDAR NOS CAMINHOS DO SENHOR

“Bem aventurado aquele que teme ao SENHOR e anda nos seus caminhos!” (v.1).
Para termos uma vida equilibrada, precisamos em primeiro lugar: temer ao Senhor, pois não conseguiremos o equilíbrio se não dependermos d‘Ele. A felicidade que procuramos será alcançada através do temor ao Senhor, pois Ele é o verdadeiro manancial de felicidade
O salmista afirma que aquele que teme ao Senhor é feliz (bem-aventurado). Mas não basta temer, respeitar e crer em Deus, mas precisamos também trilhar os Seus caminhos. Muitos tropeçam porque não querem andar nos caminhos traçados por Deus
Decida hoje temer ao Senhor e andar em Seus caminhos procurando equilibrar a sua vida na obediência à Palavra de Deus, pois, ao priorizar isto você será verdadeiramente bem-aventurado.

TER UMA FAMÍLIA FELIZ E ABENÇOADA

“Tua esposa, no interior de tua casa, será como a videira frutífera; teus filhos, como rebentos da oliveira, à roda da tua mesa”. (v.3).
O salmista diz que aquele que teme ao Senhor e anda nos seus caminhos terá uma família feliz e abençoada. A mulher será com uma videira frutífera que produz uvas; que produz vinho; que produz alegria. A felicidade em família depende também da nossa atitude diante da vida.
Os filhos são como as plantas de oliveira que produzem o azeite, símbolo da unção, presença e comunhão do Espírito Santo de Deus. A expressão “à roda da tua mesa” fala da comunhão que deve ser priorizada por aqueles que querem experimentar a felicidade em sua vida.
Não permita que a televisão, a internet, o trabalho exagerado, etc. roubem os momentos de comunhão com a sua família, pois jamais conseguiremos transmitir para a nossa família a comunhão que temos com o Senhor se não desfrutarmos de momentos de comunhão com ela.

VIVER EM COMUNHÃO COM A IGREJA

“O SENHOR te abençoe desde Sião, para que vejas a prosperidade de Jerusalém durante os dias de tua vida” (v.5).
No Salmo, as cidades de Sião e Jerusalém representam a igreja de Jesus que é formada por famílias que formam a grande família de Deus (“Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus” - Ef 2.19) e, se a nossa família for saudável, a Igreja do Senhor Jesus também será uma família saudável e vice-versa.
Muitos hoje estão correndo atrás das bênçãos esquecendo-se de priorizar os caminhos do Senhor e a sua família. A bênção e a prosperidade só serão alcançadas quando conseguirmos entender que a igreja é também a nossa família e deve ser também priorizada em nossa vida.
Priorize a igreja em sua vida congregando regularmente e participando das atividades e celebrações, pois a igreja foi criada por Jesus para viver em comunhão com Ele, ligada e ajustada como um corpo vivo esperando a sua iminente volta (“Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima” - Hb 10.25).

DEUS PRECISA SER AMADO ACIMA DE TODAS AS COISAS

Nosso tempo exige tanto de nós, que se torna perigo esquecermos da vida com Deus. Encontramos tantos impedimentos, que precisamos considerar e dar prioridade à comunhão com Deus. Do contrário nossa vida se torna superficial, jamais alcançaremos um nível elevado. Para que isso aconteça precisamos colocar em segundo plano tudo nesta vida. É buscarmos a Deus como prioridade. Jesus nos ensinou esse princípio Bíblico.
A comunhão pessoal, não depende de oportunidade temos procurar achar tempo momento adequado.
Não é por acaso que o mandamento por excelência já nos ordena, amar a Deus sobre todas as coisas. Para ter comunhão é preciso viver esse mandamento. Muitos cristãos dizem que ama a Deus, mas notamos que é somente de lábios.
A evidência de amar a Deus, se baseia e manifesta no desejo de amá-lo. Como temos expressado nossa comunhão, é até fácil dizer que temos comunhão, difícil é convencer a Deus, quando nosso amor e busca está em outras coisas banais. Nosso tempo de vida é gasto naquilo que não edifica espiritualmente. Tanto amar a Deus e viver em comunhão com Ele é uma ordem intransferível. Dt. 11:1, Mc 12:30, Sl. 116;1
Se você deseja a verdadeira felicidade então faça estas três coisas:
A. Ande nos caminhos do Senhor;
B. Tenha uma família feliz e abençoada
C. Viva em comunhão com a igreja
Que Deus nos abençoe e nos guarde em nome de Jesus, amém!
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante

terça-feira, 24 de dezembro de 2019

ESSA SOLIDÃO VAI PASSAR


                                                       ESSA SOLIDÃO VAI PASSAR
Muitos animais vivem sozinhos sem que isso signifique um problema para eles. Unem-se ao parceiro somente para o acasalamento. Os tigres, por exemplo, não vivem em grupos. São bastante independentes. O ser humano, porém, tem uma natureza gregária. O homem precisa da companhia do seu semelhante. Logo no princípio, Deus disse: "Não é bom que o homem esteja só" (Gn.2.18). Adão vivia no paraíso, com toda abundância e beleza. Estava cercado por um cenário maravilhoso, que incluía todo tipo de vegetação e animais. Porém, a plenitude da sua felicidade dependia ainda da presença de alguém que lhe fosse semelhante e pudesse atendê-lo em suas carências físicas e emocionais.

A natureza humana continua assim. Temos necessidade de companhia. Precisamos ajudar e ser ajudados. Precisamos dar e receber, compartilhar. A parceria e o grupo nos ajudam na conquista de objetivos que, sozinhos, não alcançaríamos. Além disso, precisamos nos sentir participantes, pertencentes, aceitos, compreendidos, importantes, enfim, amados.

Entretanto, contra esta necessidade natural operam fatores diversos. O egoísmo muitas vezes nos empurra para o isolamento. Vivemos em um sistema social e econômico onde cada pessoa é incentivada a construir seu próprio mundo, ter suas próprias coisas, fazer apenas sua própria vontade, buscar somente seu prazer pessoal, ser totalmente independente.

A competição também contribui para que cada pessoa se isole e veja os outros como adversários. As concorrências são naturais em algumas situações. Porém, não podemos perder o controle. Por exemplo, quando as disputas acontecem dentro da família, isto pode se tornar motivo de isolamento.

Em nossos dias, as separações familiares são cada vez mais comuns. Assim, o número de pessoas que vivem sozinhas é cada vez maior. Quantos estão sozinhos, apesar de viverem em grandes cidades, entre milhões de habitantes! Muitas vezes, tentam amenizar o problema assumindo muitos compromissos, muito trabalho. Às vezes, os solitários procuram festas ou grandes multidões, mas isto se torna apenas um tipo de "solidão acompanhada". As aventuras sexuais e os vícios também são procurados como refúgio, mas o problema essencial continua: falta o amor e o compromisso acolhedor que ele proporciona. Em muitos casos, o solitário torna-se deprimido e pode chegar ao suicídio.

Isolar-se por alguns momentos para refletir pode ser benéfico (Lm.3.27-28), mas escolher o isolamento como modo de vida demonstra falta de sabedoria (Pv.18.1).

Quantas pessoas vivem em riqueza e conforto, mas sentem-se esmagadas pelo peso da solidão. Seu paraíso não tem graça nem valor. O pior de tudo isso é a solidão espiritual. É quando o solitário se sente distante de Deus.

A Bíblia nos mostra diversas situações de solidão (Ec.4.8-11; Lm.3.28; Os.8.9; Salmos 102.7). Algumas vezes como conseqüência do pecado, próprio ou alheio (Is.5.8; Lv.13.46; Jr.50.12; Lv.16.22). Em outros casos, como resultado do abandono, da rejeição (Is.27.10) ou da viuvez (Lm.1.1). Menciona-se também a solidão do profeta, em meio aos que rejeitam sua mensagem (I Rs.19.14; Jr.17.15; Dn.10.7-8), a solidão do poder (Êx.18.14) e a solidão do réu (II Tm.4.16). Ela ocorre pelos mais variados motivos, até mesmo alheios à nossa vontade. A doença e a velhice, algumas vezes, vêm acompanhadas pela solidão. Hospitais, asilos e presídios são seus ambientes mais comuns. O seu gosto amargo pode ser ainda pior quando se mistura à culpa, à saudade e ao ressentimento.

A maior parte das referências bíblicas a respeito da solidão encontram-se no Velho Testamento. No Novo Testamento, a pior experiência desse tipo foi vivida pelo Senhor Jesus. Ele, que sempre contava com a presença do Pai (Jo.8.29; 16.32), experimentou, na cruz, o abandono. Naquele momento de dor, o Mestre clamou: "Eloí, Eloí, lama sabactani?", que significa "Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste?" (Mc.15.34). Como nosso autêntico representante, ele levou sobre si, além dos nossos pecados e dores, também nossa solidão. Ele sentiu a dor do órfão, da viúva, do asilado, do condenado, do exilado, dos excluídos e esquecidos. Sentiu, acima de tudo, o peso de ser abandonado pelo próprio Deus.

Jesus viveu tudo isso para que não sejamos mais solitários. Deus enviou seu filho ao mundo para que não ficássemos sozinhos. "O Verbo se fez carne e habitou entre nós" (Jo.1.14). O seu nome é Emanuel, que significa "Deus conosco" (Mt.1.23).

Pouco antes de subir aos céus, ele afirmou: "Eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos". (Mt.28.20). Aqueles que recebem o Senhor Jesus em seus corações sabem que ele não os abandonará jamais. "Se o meu pai e minha mãe me desampararem, o Senhor me acolherá" (Salmos 27.10). "Não vos deixarei órfãos, voltarei para vós" (Jo.14.18). "Não te deixarei nem te desampararei" (Js.1.5; Dt.31.6).

Quando cremos em Jesus, temos com quem contar em todos os momentos da vida. Não somos solitários, pois o Senhor está conosco. Mas ele deseja que tenhamos também outras pessoas como amigos e companheiros. Por isso, ele criou a igreja, que é a família de Deus na terra (Ef.2.19). Na igreja, o solitário encontra acolhimento (Salmos 68.6).

Deus é o auxílio dos órfãos e das viúvas (Salmos 10.14; 68.5; 113.9). O Senhor acolhe aqueles que o buscam, faz com que sua solidão termine e sua vida se transforme de modo glorioso (Ez.36.35; Dt.32.10).

"Olhai para Abraão, vosso pai, e para Sara, que vos deu à luz. Sendo ele só, eu o chamei, e o abençoei e o multipliquei. O Senhor certamente consolará a Sião, e consolará a todos os seus lugares assolados; ele fará o seu deserto como o Éden, e os seus ermos como o jardim do Senhor. Gozo e alegria se acharão nela, ações de graças e som de cânticos." (Is.51.2-3).
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante

segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

ESTOU COM FOME DA PALAVRA DE DEUS


                                         ESTOU COM FOME DA PALAVRA DE DEUS
'Não ter tempo para Deus é viver perdendo tempo.'

O objetivo de Deus sempre foi o de alcançar e saciar a humanidade. No deserto fez descer pão do céu, o maná (Ex 16) e fez água sair de uma rocha para que o povo não perecesse (Ex 17:6).

No Novo Testamento, Ele fez maravilhas extraordinárias; uma delas foi a multiplicação dos pães e peixes. Jesus quando multiplicou os pães e peixes (Mt 14:13-21) estava preocupado com as pessoas que ali estavam. Ele teve compaixão da multidão e ela teve a sua fome saciada. Na Bíblia há o relato de que sobraram doze cestos cheios. Jesus nunca despede ninguém vazio. Ele é o mestre soberano que ama a humanidade, e não quer que ninguém se perca. Por isso, Ele chama a todos ao arrependimento.

Mas o objetivo maior de Deus é o de saciar o nosso espírito que tem fome e sede, mas só com a Palavra de Deus é que somos saciados. Ele disse á mulher samaritana: Qualquer que beber desta água tornará a ter sede, mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna (João :13-14).

O Senhor chamou aquela mulher para um diálogo espiritual; Ele usa o natural, a água que bebemos, para nos mostrar que a água espiritual, que é a Sua Palavra, é que vai nos saciar e, também, nos limpar. Ele disse: Quem crer em mim, como diz as escrituras rios de águas vivas fluirão do seu interior (João 7:38).

Deixa as águas de Deus fluir em teu ser, te limpar e te purificar de toda imundícia que esse mundo oferece! Aproveite enquanto há tempo, pois um dia esse rio secará.

Eis que vêm dias, diz o SENHOR Deus, em que enviarei fome sobre a terra, não fome de pão, nem sede de água, mas de ouvir as palavras do Senhor. Andarão mar e mar e do Norte até o Oriente; correrão por toda parte, procurando a palavra do SENHOR, e não a acharão (Amós. 8:11,12).

Essa profecia abrange três tempos: Passado, presente e futuro.

Passado:

No tempo do profeta Amós, Deus falou á casa de Israel através dos seus profetas; o povo estava afastado do Senhor, tinham abandonado A Palavra do Senhor. Várias vezes Deus os chamou ao arrependimento e eles rejeitaram, preferiram andar nos seus próprios caminhos. Deus se calou, fechou a boca dos profetas e não lhes deu mais nenhuma profecia. Deus, simplesmente, se calou. Ainda que buscassem a orientação de Deus durante o castigo divino, durante a calamidade profetizada, não iriam obter respostas, pois Deus havia lhes dado muito tempo e eles não se arrependeram. Deus os entregou nas mãos dos assírios.

Temos que aproveitar a oportunidade que o Senhor nos dá, pois Ele é amor mas também é fogo consumidor. Temos de buscá-Lo enquanto se pode achar, invocá-Lo enquanto está perto (Isaías 55:6). Irá chegar um dia em que será muito tarde, enquanto há tempo busque e viva a Palavra do senhor.

Presente:

Estamos vivendo isso em nossos dias, pessoas estão andando errante de uma parte a outra, estão buscando A Palavra do Senhor e não estão achando, porque se deparam em lugares com nomes de igreja, que não estão pregando A Palavra de Deus. O que essas pessoas têm encontrado por aí, apenas homens amantes de si mesmos, que não têm A Palavra de Deus e que só pregam prosperidade natural procurarão mais não encontrarão.

E não vão encontrar porque estão indo à lugares onde Deus não está. Deus não está nestes lugares que só leva o povo a buscarem as coisas desta terra. Vão continuar errante de um mar a outro mar (batendo cabeça de igreja em igreja) e não vão encontrar, por que seus corações estão endurecidos, tal como o povo de Israel. Já ouviram a voz do Senhor e não querem atender, antes, querem buscar o que é bom e agradável aos seus olhos que é a falsa prosperidade, o conquistar de bens terrenos.

Tais pessoas estão mortas espiritualmente, pois não tem comido pão e bebido a água que é A Palavra de Deus. Mas há tempo, pois a porta do Tempo da Graça ainda está aberta. Se você realmente quer A Palavra de Deus, busque Deus nessa hora, peça que Ele irá lhe mostrar um lugar que ainda se prega a Sua Palavra sem mistura, pura e verdadeira.Ainda há sete mil joelhos que não se dobraram a Baal. Busque em Deus e Ele te enviará para um lugar onde você terá a tua fome e sede espiritual saciada. Mas enquanto você estiver em um lugar que não se prega a verdadeira Palavra sua vida irá perecer.

Futuro:

Quando a igreja for arrebatada, e o Anticristo estiver no domínio no período da grande tribulação, o Espírito Santo não estará mas na terra, então, se cumprirá totalmente essa profecia. Na grande tribulação muitos irão naquela igrejinha que desprezavam procurando uma palavra, mas aquela igreja já foi arrebatada, procurarão mais não a encontrarão.

Nesse tempo, se alguém quiser salvar a sua vida terá de confessar que só Jesus é o Senhor. Terá que negar o governo do Anticristo e pagar com a própria vida para obter a salvação. Muitos irão procurar e não vão encontrar, porque os fiéis, os que não negaram A Palavra de Deus, os que lavaram as suas vestes no Sangue do Cordeiro, os que não foram enganados pelos falsos profetas, os que não amaram as suas vidas mesmo diante da face da morte, subiu com o Senhor.

O Senhor te convida a beber da água da vida, a beber da Sua Palavra. Ele te convida a se alimentar Dele, pois Ele é o pão vivo que desceu do céu. Ele é o Deus que continua dizendo: Se alguém tem sede venha a mim e beba (Jo 7:37b).

Apóstolo. Capelão/*Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante

domingo, 22 de dezembro de 2019

A NATUREZA DOS DEMÔNIOS


                                                  A NATUREZA DOS DEMÔNIOS
a natureza e a atuação dos demônios? É mesmo necessário que dediquemos tempo a este assunto? Sim! A Bíblia, especialmente o Novo Testamento fala de modo abundante sobre a atuação dos espíritos malignos neste mundo e sua ambição por afastar os homens do caminho da retidão e arrastá-los ao inferno. Mesmo nós, os salvos, não estamos isentos dos assédios do inimigo. “O diabo anda em vosso derredor”, alerta-nos Pedro (2Pe 5.8). Os apóstolos do Senhor não ignoravam as intenções do diabo (2Co 2.11Tg 4.7), por que deveríamos nós ignorar? Sem obsessões, fanatismos e crendices populares, estudemos hoje este assunto, sem ir além do que está escrito (1Co 4.6).
I. A origem dos demônios
A Bíblia é clara como a luz do sol quanto à atuação dos demônios desde os primórdios da humanidade, mas especialmente com o início do ministério de Jesus e subsequente trabalho da Igreja por ele fundada para suplantar o reino das trevas. É igualmente clara quando nos fala do fim destes demônios, sua derrota e eterna prisão no lago de fogo. Todavia, no que diz respeito à origem dos demônios, a Bíblia já não é tão clara como gostaríamos. Na verdade, quanto à origem dos anjos de modo geral a Bíblia não nos traz muitas informações. Trabalharemos, então, nesta lição contentes com a dádiva das Escrituras, submetendo a elas nossas convicções e evitando, como nos ensinam os bons hermeneutas, estabelecermos dogmas em cima de textos de difícil ou controversa interpretação.
  • Anjos caídos e os demônios
É certo que toda vida procede de Deus, e que nenhuma criatura inteligente há no reino dos anjos ou no reino dos homens que não tenha sido criado pelo Soberano de todo o universo. Não cremos em “geração espontânea” no mundo espiritual. Com exceção do pecado e da maldade, podemos dizer que tudo foi trazido à existência pelo poder, sabedoria e amor do grande Dominador, o Pai das luzes (Tg 1.17).
Entretanto, tudo o que Deus criou, Ele criou em estado de pureza e bondade (Gn 1.31). Visto que o Senhor é onibenevolente (totalmente cheio de bondade), é certo que Ele não criou satanás como satanás ou para ser satanás; nem criou os demônios como seres malignos, objetivando colocar propositalmente desordem na criação e embaraços diante dos homens. Ele os criou como anjos bons, criaturas belas, poderosas e dotadas de grande inteligência. Todavia, estes anjos “quando pecaram” (2Pe 2.4) e “não guardaram o seu estado original, mas abandonaram seu próprio lugar” (Jd v. 6), foram removidos de sua posição gloriosa, caíram em condenação e tiveram sua natureza pervertida pelo mal que abraçaram.
Acompanho a posição mais frequente entre os antigos Pais da igreja no que concerne à origem dos demônios, que é, segundo Esequias Soares, a de que “o diabo e os demônios são criaturas de Deus, [mas] a maldade deles não é inata, mas consequência do [mau uso] do livre-arbítrio” [1]. Embora seja difícil precisar em que momento exato se deu a queda destes anjos que se transformaram em demônios (há quem pense que ela se deu no céu, antes da criação do mundo; outros pensam que ela se deu após a criação), o fato é que nalgum momento se apartaram de livre vontade da justiça para que foram criados. Sua natureza foi pervertida irremediavelmente! A despeito do fatídico filme Noé (2014, direção: Darren Aronofsky) mostrar anjos caídos ajudando o patriarca Noé na construção da grande arca e finalmente sendo readmitidos na corte celestial – grotesca distorção da narrativa bíblica! -, a verdade é que para os anjos caídos não há qualquer propiciação ou redenção. Uma vez demônios, demônios para sempre!
  • A expulsão do querubim ungido
Orígenes, um dos pais gregos da Igreja no século III, costuma ser citado como destaque entre os cristãos na interpretação de que os textos de Isaías 14(especialmente versículos 12 a 15) e Ezequiel 28 (especialmente, vv. 12 a 19) fazem alusões à queda do “querubim ungido”, que veio a ser satanás. Entretanto, como todos sabemos, Orígenes foi um grande teólogo alegórico, cujo método de interpretação das Escrituras muitas vezes abusava e extrapolava os limites do sentido original do texto.
A interpretação de Orígenes quanto aos textos de Isaías e Ezequiel foi acompanhada por outros antigos doutores, como Jerônimo, Ambrósio de Milão e Agostinho, considerado por muitos como o maior teólogo cristão do ocidente. Esta interpretação que vê referência à queda de satanás nas profecias de Isaías e Ezequiel é a que mais se popularizou entre os evangélicos, como se vê hoje, inclusive em notas explicativas de Bíblias de estudo, em comentários bíblicos e em manuais de teologia sistemática (com autores quase sempre reproduzindo o que ouviram e leram, e não fazendo uma exegese séria e profunda do texto). Não obstante, como pontuado por Esequias Soares, “grandes expositores da Reforma Protestante foram unânimes em não endossar essa ideia. Lutero e Calvino disseram que seria um erro aplicar o nome de Satanás aqui” [2]. Parece que o método histórico-gramatical de interpretação das Escrituras, tão preferido pelos reformadores, não tem sido levado em conta por muitos expoentes protestantes modernos.
Não disponho de tempo, espaço, nem condições suficientes para expor aqui uma exegese destes capítulos bíblicos dos profetas; todavia, adianto que estou muito mais próximo dos reformadores do que daqueles antigos Pais quanto à interpretação de Isaías 14 e Ezequiel 28 (ao final deste estudo disponibilizarei aos leitores um link do Youtube onde os interessados poderão assistir aquela que eu jugo ser a melhor exposição sobre demonologia, feita pelo Dr. Carlos Augusto Vailatti, onde ele inclusive explica estes capítulos dos profetas [3]). Não creio que estes capítulos possam estar nos oferecendo intencionalmente uma descrição dos motivos que levaram satanás ao precipício, ainda que para alguns “essas características [destacadas nos textos bíblicos] ultrapassam a de qualquer ser humano” [4]. Dou algumas razões da minha posição divergente:
  1. Uma das regras básicas da Hermenêutica, que qualquer aluno curioso de Escola Dominical já aprendeu é: o contexto explica o texto. Qual o contexto de Isaías 14Ezequiel 28? Descrições sobre o mundo espiritual? Narrativas sobre a queda do diabo? Profecias dirigidas aos espíritos das trevas? Não! De Isaías 13.1 a 14.23 o que temos são profecias dirigidas ao império babilônico, cuja derrocada é prenunciada a despeito de sua força e glória pujantes. O contexto começa identificando o destinatário da profecia, que não é o diabo: “Advertência contra a Babilônia…” (Is 13.1, NVI). Igualmente Ezequiel 28.1-19 tem seu destinatário identificado: “…Filho do homem, diga ao governante de Tiro…”. Até onde sabemos, o diabo não é a Babilônia, nem nunca foi rei de Tiro, embora “o mundo jaz no maligno” e o diabo seja “o deus deste século”!
  2. Nenhuma vez sequer estas profecias são citadas por Jesus ou pelos autores do Novo Testamento como sendo referências à precipitação do diabo. Aos que buscam uma “dupla aplicação” destes textos, pondero que de modo geral quando esta dupla aplicação existe sobre o texto veterotestamentária, ela nos é apontada pelos autores neotestamentários. O que definitivamente não ocorre neste caso. Deveríamos ser cautelosos ao dar interpretações à Isaías 14 e Ezequiel 28 que, além de não condizerem com os respectivos contextos, ainda não se podem ser sustentadas nos apóstolos do Senhor. Traçar um paralelo e concluir que porque Jesus via satanás “como raio, cair do céu” (Lc 10.18), as profecias daqueles antigos autores bíblicos devam necessariamente referir-se à queda do diabo é demasiadamente forçoso! Nem mesmo 1Timóteo 3.6, onde Paulo desaconselha a consagração do novo convertido ao episcopado “para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo”, pode ser tomado para endossar a interpretação de que Isaías 14 e Ezequiel 28 necessariamente referem-se à queda de satanás. Isto porque além de não haver uma correspondência direta entre os textos, os exegetas sabem que é difícil precisar o que Paulo está dizendo: se o obreiro neófito, devido o orgulho, cairia na mesma condenação em que caiu o diabo (daí inferiríamos que o diabo caiu devido soberba), ou se o obreiro neófito, devido o orgulho, cairia na condenação que o diabo faria contra ele, visto que o diabo é o “acusador de nossos irmãos” (Ap 12.10).
  3. A não ser que minha memória esteja enganada, não me recordo de nenhuma profecia dirigida diretamente à satanás. Sim, há profecias sobre a queda de satanás, como a do apóstolo Paulo aos romanos: “E o Deus de paz esmagará em breve Satanás debaixo dos vossos pés” (Rm 16.20). Todavia, esta profecia não foi destinada ao diabo, mas aos crentes romanos! Paulo não remeteu sua carta ao diabo. Certamente Paulo, ou os demais autores bíblicos, não cometeriam o erro grotesco que se vê hoje em muitas igrejas pentecostais e neopentecostais, onde pastores e pregadores sem instrução chamam o povo para dar gargalhada na cara do diabo, soltar “uma rajada de línguas na cara de satanás” ou “cantar bem alto pra satanás ouvir”. Seria estranho que Deus usasse seus profetas para levar uma mensagem ao diabo, falando diretamente a ele nos termos “ó estrela da manhã, filha da alva” (Is 14.12, ARC) ou “tu és o aferidor da medida, cheio de sabedoria e perfeito em formosura” (Ez 28.12). Creio que a regra aqui é simples: tudo o que Deus tiver de falar ao diabo, falará a ele pessoal e diretamente, não usando mediadores humanos para isso (a não ser nos casos de expulsão de demônios, onde, obviamente, a igreja está investida de autoridade, não para profetizar aos demônios, mas para manda-los embora no nome de Jesus – Mc 16.17).
  4. As profecias de Isaías e Ezequiel, sobre as quedas respectivas de Babilônia e de Tiro, estão cheias de linguagem metafórica e de hipérboles – o que é comum na linguagem profética do Antigo Testamento. A beleza e a grandeza destes reinos são propositalmente exageradas nas descrições dos profetas tanto para mostrar a aparente imponência destes reinos vaidosos quanto para enfatizar a tragédia e vergonha de sua queda. É tão equivocado, a meu ver, pensar literalmente que o rei de Tiro fosse um “querubim ungido” (Ez 28.14), quanto é igualmente errado supor que tal descrição refira-se ao diabo, quando o contexto, como já dissemos, não trata de satanás, nem outro lugar algum da Bíblia fale de satanás como um querubim. É mais sensato pensar que estas expressões sejam linguagens figuradas para ressaltar a beleza, riqueza e poderio destes reinos.
Quanto aos que insistem que estas profecias podem se referir sim à queda do anjo de luz, que pesem as declarações dos próprios textos bíblicos sobre a natureza desse ser: “É esse o homem que fazia tremer a terra, abalava os reinos”(Is 14.16, NVI) e “Mas você é um homem, e não um deus” (Ez 28.2, NVI). É de homens que estas profecias falam, e não de um anjo caído! Mas não contenderei com os que têm opinião adversa.
II. A batalha no céu
  • O arcanjo Miguel e o dragão
O texto de Apocalipse 12, cheio de simbolismos como é típico deste último livro da Bíblia, fala de uma grande batalha entre Miguel e o diabo, com os respectivos anjos que acompanham cada um (vv. 7-9). Satanás, que está representado na figura de um “dragão” (gr. drakon, monstro, grande serpente), é derrotado, precipitado dos céus e lançado na terra para suas últimas investidas contra os planos do Senhor.
Embora alguns façam uma interpretação preterista deste texto, isto é, pensem que se trata da queda passada de Satanás do céu com os anjos que o acompanharam em sua rebelião, creio não ser esta a interpretação adequada, visto que as revelações do Apocalipse dizem respeito “as coisas que brevemente devem acontecer” (Ap 1.1) e “as coisas que depois destas devem acontecer” (Ap 4.1). Portanto, Apocalipse 12 fala de uma batalha que ainda está por acontecer, e não que já aconteceu no passado remoto.
Acompanho eminentes intérpretes das Escrituras como Stanley Horton, Paul Fink, Charles Ryre e Dave Hunt [5], para os quais este texto do Apocalipse trata de uma batalha futura na qual uma nova derrota de satanás já está prenunciada. Aquele mesmo Miguel que outrora não ousou pronunciar juízo de maldição contra o diabo quando contendia com ele pelo corpo de Moisés (Jd v. 9), agora estará investido, junto com seus anjos, de autoridade para impor derrota ao diabo, e proteger o povo de Israel durante o período tribulacional [6]! Se Miguel estará investido de tamanho poder para triunfar sobre o maioral dos demônios, quão grande não é o poder do Deus que investiu seu arcanjo de tal autoridade? Aleluia!
A vitória final sobre satanás
Parece razoável concluir que, a partir de uma interpretação futurista de Apocalipse 12, satanás ainda hoje continue apresentando-se diante de Deus para acusar os nossos irmãos de dia e de noite, isto é, incessantemente (Ap 12.10). Há um acesso restrito de satanás à presença santa do Deus todo-poderoso, porém, muito em breve tal entrada lhe será recusada e ele será banido para sempre!
Há muitas batalhas quem vêm sendo travadas contra satanás desde o princípio. A primeira delas ele já perdeu, quando foi removido de seu domicílio celestial. Muitas batalhas satanás perdeu quando Cristo e seus discípulos expulsavam demônios das pessoas possessas e colocavam-nas em liberdade. Tudo isso foram golpes na antiga serpente. Sua cabeça, porém, foi pisada com força na cruz do Calvário, quando Cristo bradou “Está consumado” (Jo 19.30Gn 3.15).
Ali, na cruz, e não no inferno como alguns pregadores sensacionalistas dizem, satanás sofreu uma dura derrota! Porém, seu domínio no reino espiritual e entre os homens não foi totalmente removido, embora ele já esteja sob julgamento condenatório. A serpente de cabeça esmagada continua a sacudir-se e fará de tudo para arrastar tantos quantos puder ao inferno. Outras batalhas são e serão travadas diariamente, até que a guerra seja finalmente vencida após o Milênio. Todavia, se o resistirmos firmes na fé, ele fugirá de nós (Tg 4.7). Os últimos capítulos da Escrituras – que não podem falhar (Jo 10.35) – nos garantem: “E o diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde está a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre”(Ap 20.10).

III. O maioral dos demônios

  • Sua identidade
Derivado do hebraico satan, ele é chamado de Satanás (que quer dizer “adversário”); derivado do grego diabolos, ele é chamado de diabo (que significa “acusador” ou “caluniador”, “aquele que provoca desacordo”). Os significados às vezes são intercambiáveis nos dois nomes. Ele é certamente nosso maior inimigo externo, que não cessa de procurar ocasiões para nos fazer pecar, desviar da verdade, lançar-nos em condenação ou privar-nos de seguir avante na obra de Deus.
Seu nome latinizado, Lúcifer, não é bíblico (embora algumas traduções tenham equivocadamente traduzido assim e acabem induzindo o leitor ao erro), mas respalda-se numa interpretação histórica, de que a “estrela da manhã filho da alva” (hb. helel ben shachar) de que fala em Isaías 14.12 seja o diabo (ao invés do rei de Babilônia). Entretanto, exegeticamente não há nenhum nome próprio citado no versículo 12 de Isaías 14, logo a tradução em latim mais adequada seria de um substantivo comum e não de um substantivo próprio: lúcifer (um título), ao invés de Lúcifer (um nome próprio)Aliás, diga-se de passagem que até mesmo Jesus é chamado de lúcifer, quando traduz-se para o latim a expressão “estrela da manhã” em Apocalipse 22.16. Mas alguém está disposto a chamar Jesus de Lúcifer?! É melhor nos despirmos desse equívoco!
  • Seu poder
É inegável que satanás seja um ser poderoso, mais até do que os homens e os demais demônios (2Ts 2.9), embora nenhuma criatura seja onipotente como Deus. É também inegável que existem “castas” ou “classes” de demônios mais poderosas que outras – as quais só se expulsa mediante oração e jejum (Mt 17.21). É pura infantilidade a atitude de alguns crentes ou igrejas que ficam “cutucando a onça com vara curta”, chamando o diabo pra briga, tentando expulsar demônios com línguas estranhas, ou pisando na cabeça do diabo durante os cultos, quando na verdade só estão dando aos descrentes motivos para riso e servindo de espetáculo para o reino das trevas. Reconhecer a força e as habilidades de nosso oponente é um dos primeiros passos para a luta e a vitória! Por isto é que Paulo diz: “não ignoramos os seus ardis” (2Co 2.11).
Veja que até mesmo Paulo reconhecia ter sido impedido pelo adversário de visitar os irmãos de Tessalônica (1Ts 2.18). Deus, porém, que é poderoso e sabe das trevas trazer a luz, encontrou nesse impedimento uma boa ocasião para a produção de tão importante carta apostólica que é esta primeira carta aos Tessalonicenses, onde inclusive temos preciosa informação sobre o arrebatamento da igreja (4.13-18)! Se Paulo tivesse logrado êxito em sua viagem à Tessalônica, esta carta não teria sido necessária e nós desconheceríamos o rico conteúdo dela. Quando satanás pensava estar embargando a obra de Deus, ele estava apenas dando pretexto para outra obra ainda maior! Bem dizia Lutero, o diabo está na coleira de Deus! O diabo pode colocar uma vírgula no nosso caminho, mas só Deus colocará o ponto final!
Seu domínio
Pelo menos de cinco formas a Bíblia evidencia ser satanás o grande líder do reino das trevas, sob cujo governo estão submissos os demônios. Satanás é chamado de:
1. Belzebu, o príncipe [isto é, o principal] dos demônios (Mt 12.24,26)
2. o diabo e seus anjos – o que demonstra que o inimigo tem os seus asseclas (Mt 25.41)
3. o príncipe deste mundo (Jo 12.31)
4. o príncipe da potestade do ar (Ef 2.2)
5. o deus deste século (2Co 4.4)

Na tentação de Jesus no deserto, o diabo mesmo declara ter proeminência espiritual sobre o mundo e suas glórias efêmeras: “… a mim me foi entregue [todos os reinos do mundo, v. 5], e dou-o a quem quero” (Lc 4.6). Jesus não refutou a satanás dizendo-lhe que ele estava enganado ou mentindo, pois, como o próprio Jesus afirmou, satanás é “o príncipe deste mundo”. A refutação foi contra a tentativa de comprar a adoração do Filho de Deus (v. 8).
  • Vigiar, sim; ter medo, não!
Pensando na monstruosidade de suas ações, o diabo é comparado a um dragão (Ap 12.7). Pensando na sagacidade e na ação de seu veneno, o diabo é comparado a uma serpente (Ap 12.9); de fato, ele foi a antiga serpente do Éden que seduziu Eva a comer do fruto proibido (2Co 11.3Gn 3). Pensando ainda nas afrontas e ameaças, o diabo é comparado a um leão (1Pe 5.8). Todavia, sua monstruosidade, sagacidade e ameaças nada podem contra aquele a quem Deus guarda (1Jo 5.18), pois “maior é o que está conosco” (2Cr 32.7). O diabo é um valente, mas Jesus é mais valente que ele e já o venceu no deserto e na cruz! (Lc 11.21,22)
IV. O poder de Jesus sobre os demônios
Não me delongarei neste tópico, pois creio que ele será melhor e mais adequadamente trabalhado no tópico III da próxima lição. Todavia, é bom que ele esteja aqui como uma nota confortadora ao final de uma lição cujo assunto possa parecer indigesto para alguns irmãos ou até mesmo motivo de espanto para outros.
Uma parte considerável dos evangelhos, especialmente os sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas), abordam as obras de Jesus no que concerne aos milagres, curas e exorcismos. Para a terra espiritualmente “seca” de Israel (Is 53.2), onde o formalismo religioso tomava de conta e a religiosidade vã aliada à avareza no coração das grandes lideranças judaicas tornava-as indiferentes às necessidades espirituais do povo, Jesus apresentou-se com graça e poder do Espírito para evangelizar os pobres, curar os quebrantados de coração, pregar liberdade aos cativos, restauração da vista aos cegos, pôr em liberdade os oprimidos, e anunciar o ano aceitável do Senhor (Lc 4.18,19). E quantos cativos e oprimidos foram libertos por ele!
  • Sejam quais e quantos forem, Jesus é maior
Do moço lunático, Jesus expulsou um demônio que o oprimia com violência (Mt 17.14-18); de Maria Madalena, Jesus expulsou sete espíritos imundos (Mc 16.9Lc 8.2). Do homem de Gadara, Jesus expulsou uma legião – talvez milhares de demônios estavam ali fazendo de domicílio o corpo daquele pobre infeliz! (Lc 8.26-33) Tantos demônios quantos Jesus encontrara a todos mandava embora! Os próprios demônios reconheciam Jesus, sua autoridade e poder para manda-los imediatamente para o inferno se assim ele quisesse (Lc 8.28,31).
Que Cristo mui poderoso o nosso! De tal modo é poderoso que ele reparte seu poder com a Igreja e não fica enfraquecido; ele dá e não sente falta; distribui e não diminui! Salvos por ele e em comunhão com ele, desfrutamos de seu imensurável poder, conforme declarou: “Eis que vos dou poder para pisar serpentes e escorpiões, e toda a força do inimigo, e nada vos fará dano algum”(Lc 10.19). Como dizia o Pr. Hernandes Dias Lopes, diante de Deus precisamos demonstrar humildade, diante do diabo devemos manifestar autoridade! Mas isso é assunto para a semana que vem, quando falaremos sobre a autoridade no nome de Jesus para expulsar demônios.
Conclusão
É certo que não podemos desenvolver obsessão por conhecer os espíritos das trevas além daquilo que nos está registrado nas Escrituras. Precisamos ter cuidado com a literatura mitológica (grega, romana ou africana), saturada de invencionices, superstições e engôdos; igualmente, devemos ser cautelosos quanto à literatura apócrifa, mesmo aquela produzida por antigos judeus e que eventualmente gozem de certo prestígio entre os teólogos, para que não incorramos no erro de dar demasiada confiança às “fábulas judaicas” (Tt 1.141Tm 4.7). Também sejamos prudentes quanto aos supostos testemunhos de visões ou excursões ao inferno, que algumas pessoas, julgando-se muito espirituais, dizem ter vivido para depois sair por aí fazendo suas agendas, vendendo seus DVDs e apostilas sobre “as divinas revelações do inferno”. É melhor que nos contentemos com a dádiva das Escrituras, a inerrante Palavra de Deus, a revelação suprema e infalível!
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante