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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

PROFETA SOLITÁRIO.

PROFETA SOLITÁRIO.

A vida de Jeremias o profeta solitário! Conheça a história do profeta e entenda o contexto do seu livro.

Jeremias nasceu de uma família de sacerdotes e pregou ao reino de Judá por aproximadamente 40 anos, pregando contra a idolatria e a imoralidade. Ele foi aprisionado em Jerusalém (cf Jr 37,15); e “após a queda de Jerusalém (cerca de 586 a.C.), os Judeus que fugiram para o Egito levaram consigo Jeremias (Jeremias 43,5–6) onde, diz a tradição, foi morto apedrejado”

Jeremias é o mais simpático dos profetas e também aquele de quem possuímos notícias mais abundantes, quase todas transmitidas por seu próprio livro. Nascido por volta do ano 646 a.C, em Anatot, nas proximidades de Jerusalém, de família sacerdotal e já predestinado ao ministério profético (Jer 1,5), no décimo terceiro ano do reinado de Josias (626 a.C.) foi chamado por Deus e por ele enviado a levar a sua mensagem aos reinos e às nações, mensagem em que predominam as ameaças e as ruínas, mas que é rica também de promessas de restauração (1,9-10). Apesar da relutância por ser jovem (fraco e tímido), Jeremias respondeu ao apelo após fazer uma grande experiência de Deus ” seduziste-me Senhor e eu me deixei seduzir” mesmo diante das oposições (1,17-19) e do celibato que lhe foi imposto por expressa ordem divina.

Jeremias foi um profeta que avisou sobre a destruição iminente de Judá durante os reinados dos últimos quatro reis de Judá. Ele foi rejeitado, desprezado e maltratado por transmitir a mensagem de Deus. Mas, no fim, as profecias de Jeremias se cumpriram.

O chamado de Jeremias

Jeremias era filho de um homem chamado Helcias, de uma família de sacerdotes. Um dia, Deus falou com Jeremias e disse que o tinha escolhido como profeta. Jeremias se sentia muito novo para ser profeta mas Deus garantiu que estaria sempre com ele e lhe daria as palavras certas (Jeremias 1,6-8).

Deus avisou a Jeremias que o povo era rebelde e iria rejeitar sua mensagem. Mas Deus lhe daria força para enfrentar toda a oposição e perseguição sem desistir (Jeremias 1,17-19).

A vida de Jeremias

Jeremias não teve uma vida fácil. Deus ordenou que ele não se casasse nem formasse família, porque as crianças nascidas nessa época não teriam futuro (Jeremias 16,2-4). Ele também não participava de festas nem ia a funerais, como sinal que Deus havia abandonado seu povo. A vida de Jeremias foi muito solitária.

Por causa de sua mensagem de castigo e destruição, Jeremias foi considerado um traidor, que estava tentando desmoralizar o povo. Ele foi preso várias vezes por suas pregações, foi maltratado e algumas pessoas até tentaram matá-lo! (Jeremias 20,1-2; Jeremias 26,8-9) Mas no meio desse sofrimento todo, Deus protegeu a vida de Jeremias.

Por causa de seus muitos sofrimentos, Jeremias ficou triste e deprimido. Em certa ocasião, ele até quis morrer (Jeremias 20,18). Mas Jeremias continuou confiando em Deus e Ele lhe deu força para continuar.

Lendo o livro de Jeremias podemos encontrar o que os teólogos chamam de “confissões de Jeremias” pois o mesmo enfrentou muitas oposições:

O livro contém as informações biográficas sobre Jeremias e sobre a angústia emocional e mental que ele enfrentou ao ministrar em meio a tanta oposição. As mesmas estão espalhadas pelo livro : Jr 11,18-12,6;15,10-21;17,14-18;18,18-23;20,1-18). Esses textos nos permitem compreender por dentro o drama vivido pelo profeta.

O ministério de Jeremias

Quando Jeremias começou seu ministério, o rei Josias estava fazendo reformas, tentando levar o povo a adorar a Deus novamente. Mas o coração das pessoas estava virado para a idolatria e não houve verdadeira transformação. Por isso, Deus usou Jeremias para avisar que o castigo estava chegando. Quando Josias morreu em combate, Jeremias escreveu um lamento por ele (2 Crônicas 35,25).

Jeremias continuou avisando o povo do castigo que estava chegando ao longo dos reinados dos próximos três reis. Mas esses reis não eram como Josias. Eles eram idólatras e não temiam a Deus. Em vez de ouvirem Jeremias, eles o viam como uma ameaça. O povo continuou na idolatria e no pecado, ignorando Jeremias.

Jeremias viu o cumprimento de parte de suas profecias. Ele estava em Jerusalém quando Nabucodonosor a conquistou e destruiu (Jeremias 52,12-14). Ele viu o castigo do povo e sofreu muito com isso, porque se importava com seu país. Mas, mesmo depois de ver o cumprimento das profecias, o povo continuou a ignorar os avisos de Jeremias.

Mesmo assim, Jeremias não desistiu e continuou repreendendo o povo por seus pecados. Ele os chamava ao arrependimento, para o perdão dos pecados. Jeremias também profetizou que, depois de 70 anos, Deus iria trazer restauração. Ele também profetizou sobre uma nova aliança, que um dia Deus iria estabelecer no coração das pessoas (Jeremias 31,33-34). Essa profecia foi cumprida em Jesus.

Resumo do seu livro:

Jeremias 1–6 Jeremias prega durante o reinado de Josias e profetiza que Jerusalém será destruída por uma grande nação sem misericórdia.

Jeremias 7–20 Jeremias prega em vários lugares de Jerusalém, inclusive no portão do templo, usando várias metáforas para suplicar ao povo que melhore os seus caminhos.

Jeremias 21–38 Jeremias prega durante o reinado do rei Sedecias e profetiza que a Babilônia conquistará Jerusalém. Aqueles que sobreviverem e forem levados para a Babilônia viverão no cativeiro por 70 anos. Nos últimos dias, o Messias retornará, reinará e reunirá Seu povo.

Jeremias 39–44 Jerusalém é conquistada e muitos judeus são levados cativos para a Babilônia. Os judeus que permanecem em Judá rejeitam as advertências de Jeremias e confiam no Egito.

Jeremias 45 Jeremias promete a Baruc, seu escriba, que o Senhor vai preservar a vida de Baruc.

Jeremias 46–52 Jeremias profetiza sobre a destruição dos filisteus, moabitas, babilônicos e outras nações.
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

AINDA NÃO É O FIM.

AINDA NÃO É O FIM.

A Bíblia fala sobre os sinais do fim dos tempos e da volta de Jesus. Durante seu ministério terreno, o próprio Jesus indicou os sinais que precederão a sua vinda e a consumação dos séculos, como: a pregação do Evangelho, as perseguições, o surgimento de falsos profetas, os desastres naturais, as pestes e as guerras.

Os sinais do fim dos tempos e a decadência religiosa
A Bíblia Sagrada diz que o surgimento de falsos cristos e falsos profetas seria um dos sinais do fim dos tempos e da volta de Jesus. Essas pessoas se levantariam com o objetivo de enganar muita gente. Elas fariam grandes sinais e prodígios que serão tão convincentes que, se possível, enganariam até os escolhidos (Mateus 24:24).

Mas nosso consolo é que isto não é possível. Os falsos profetas e os falsos cristos não são capazes de enganar os verdadeiros salvos em Jesus Cristo. Isto porque a Bíblia diz que os redimidos são preservados pelo próprio Deus; Ele é quem mantém seu povo firme (João 10:28,29; 1 Coríntios 1:8).

O aparecimento de falsos cristos e falsos profetas está diretamente ligado à apostasia. Os termos originais gregos utilizados no Novo Testamento para descrever a apostasia, transmitem a ideia de um abandono de forma consciente da fé, de modo que ocorre uma rejeição à verdade das Escrituras. Esse comportamento reflete um estado de rebelião e revolta contra o próprio Deus.

Todo falso profeta, falso mestre ou falso cristo é um apóstata. Essas pessoas conhecem a verdade da Palavra de Deus a ponto de negá-la e, por fim, distorcê-la, originando um falso evangelho, e semeando doutrinas de demônios entre as pessoas (1 Timóteo 4:1). O apóstolo Paulo escreve dizendo que uma grande apostasia será um dos sinais do fim dos tempos e da volta de Jesus (2 Tessalonicenses 2:3).

Os sinais do fim dos tempos e a pregação do Evangelho
Jesus avisou que o fim haveria de vir quando o Evangelho fosse pregado em toda parte do mundo (Mateus 24:14). Atualmente existem missionários pregando o Evangelho em todas as nações do planeta. O sinal está se cumprindo!

Mas se por um lado Jesus disse que o Evangelho seria propagado por todas as nações, por outro lado Ele também disse que a Igreja seria duramente perseguida. Essa perseguição também é um sinal do fim dos tempos e da volta de Jesus (Mateus 24:9,10; Marcos 13:9-13).

Os seguidores de Cristo são perseguidos deste o século primeiro. O cristianismo é a religião que produziu a maior quantidade de mártires na História da humanidade. Mas pelo alerta do Senhor Jesus, é possível entender que nos últimos dias essa perseguição seria intensificada.

Vale lembrar também que não existe apenas a perseguição física, mas também a perseguição moral. Enquanto em algumas partes do mundo alguns cristãos são torturados e levados à morte, em outras partes muitos cristãos são perseguidos moralmente. De forma geral, essas perseguições apontam para o fim dos tempos e a volta de Jesus. Em algum sentido, todos os cristãos enfrentam algum tipo de perseguição ao longo de suas vidas.

Os sinais do fim dos tempos no céu e na terra
O final dos tempos também será anunciado pela ocorrência intensificada de desastres naturais e calamidades, como: terremotos, fomes, pestilências e coisas espantosas (Lucas 21:25). A história dos últimos dois mil anos comprova que cada vez mais os desastres naturais estão se intensificando. Além disso, apesar de todo avanço tecnológico e científico, a humanidade não consegue vencer a fome e as pestes. De fato o homem nunca poderá resolver tais problemas, pois eles são sinais do fim dos tempos e da volta de Jesus.

Além dos desastres naturais e das calamidades humanas, a Bíblia diz que os conflitos e as guerras mundo a fora também serviriam como sinais da volta de Jesus e do fim dos tempos (Mateus 24:6,7).

Jesus disse que também haverá “grandes sinais do céu” (Lucas 21:25). O texto bíblico não explica exatamente a natureza desses sinais. Alguns estudiosos acreditam que tais sinais estejam relacionados possivelmente aos próprios desastres naturais. Outros defendem que os “grandes sinais do céu” referem-se especificamente ao momento da volta de Cristo.

Seja como for, Jesus disse que no dia de sua vinda haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. O sol e a lua se escurecerão, as estrelas caíram do céu e as potências do céu serão abaladas. Então nessa ocasião aparecerá no céu o sinal do Filho do homem. Esse sinal será o próprio Cristo vindo sobre as nuvens com grande poder e glória (Mateus 24:30, Marcos 13:24-26 e Lucas 21:26,27). Saiba mais sobre como será a segunda vinda de Cristo.

Como devemos interpretar os sinais da volta de Jesus?
Sem dúvida o sermão escatológico de Jesus registrado nos Evangelhos Sinóticos é o texto bíblico que apresenta de forma mais detalhada os sinais da volta de Jesus e do fim dos tempos (Mateus 24; Marcos 13; Lucas 21). Mas apesar de Jesus fornecer informações importantíssimas sobre sua volta e indicar quais são os sinais do fim dos tempos, Ele não revelou uma data específica para o fim.

Portanto, nós devemos interpretar os sinais da volta de Jesus exatamente de acordo com seu propósito. Em primeiro lugar, precisamos entender que eles não devem servir como base para a criação de teorias fantasiosas. Não há nada de oculto ou enigmático em relação aos sinais do fim dos tempos. Tudo o que tinha que ser revelado nesse sentido já foi revelado e está registrado nas Escrituras (Marcos 13:23).

Consequentemente, em segundo lugar, esses sinais não nos permitem especular sobre quando será a volta de Jesus. Infelizmente a cada desastre natural, a cada guerra e até a cada eclipse, muitas pessoas se empenham em tentar determinar algo que só pertence a Deus. Essas pessoas falham em entender o verdadeiro significado dos sinais do fim dos tempos. Esses sinais simplesmente servem de alerta e mostram com clareza que tudo o que foi anunciado na Palavra de Deus está se cumprindo. Os sinais do fim dos tempos apontam para a realidade inadiável da volta de Jesus.
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

FICARÃO DE FORA OS CAES E FEITICEIROS.

FICARÃO DE FORA OS CAES E FEITICEIROS.

Os ‘cães’ que ficarão de fora é uma figura para fazer referência aos maus obreiros, àqueles que andam segundo a circuncisão (Fl 3:2), os ‘feiticeiros’ também é uma figura para compor uma alegoria, muito utilizada pelos profetas para fazer referência aos filhos de Israel, por terem se desviado da palavra de Deus.
Introdução
Os ‘feiticeiros’ que ficarão de fora
Propagadores de mentiras
“Ficarão de fora os cães e os feiticeiros, os que se prostituem e os homicidas, os idólatras e qualquer que ama e comete a mentira.” (Apocalipse 22:15)

Introdução
Basta ler nas Escrituras: ‘ficarão de fora os feiticeiros’, para que muitos cristãos, de diversos seguimentos (protestantes, evangélicos, neopentecostais, tradicionais, etc.), apontem para os ocultistas, mágicos, cartomantes, adivinhos, espiritualistas, espiritismo, religiões afro-brasileiras, etc., como sendo os ‘feiticeiros’ que o texto faz referência.

Para analisarmos a categoria dos “‘feiticeiros’ que ficarão de fora” e que Cristo faz referência, temos de ter em mente o ensinamento de Jesus, a seguir:

– “Vós julgais segundo a carne; eu a ninguém julgo” (Jo 8:15).

Nesse mesmo diapasão, temos a seguinte pergunta do apóstolo dos gentios:

– “Porque, que tenho eu, em julgar, também, os que estão de fora?” (1 Co 5:12).

Não cabe aos crentes em Cristo Jesus julgarem aqueles que não professam a verdade do Evangelho de Cristo, como sendo os ‘feiticeiros’ que as Escrituras fazem referência, pois é contra senso julgar quem já está sob condenação (Jo 3:18).

Por intermédio das Escrituras, sabemos que ninguém está condenado diante de Deus, por causa de suas práticas pagãs, antes, todos, judeus e gentios, estão sob condenação, por causa da ofensa de Adão; ofensa essa, que trouxe juízo sobre todos os homens, para condenação (Rm 5:18).

Aos cristãos cabe, somente, anunciarem a todos os povos que Jesus de Nazaré é o Cristo, o Filho de Deus, não julgá-los, pois esta é uma atribuição divina:

“Mas Deus julga os que estão de fora” (1 Co 5:13).


Os ‘feiticeiros’ que ficarão de fora
Quando o apóstolo Paulo diz: “Não sabeis que os injustos não hão de herdar o reino de Deus? Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas…” (1 Co 6:9), onde inclui os idólatras, como se vê, ele não fez referência aos não cristãos, como era o caso dos gregos de Atenas, que são descritos como idólatras.

“E, enquanto Paulo os esperava em Atenas, o seu espírito se comovia em si mesmo, vendo a cidade tão entregue à idolatria.” (At 17:16)

Na verdade, ‘os injustos’ que ‘não hão de herdar o reino de Deus’ a que o apóstolo Paulo se refere, diz daqueles que se diziam cristãos, mas que, na verdade, são anátemas, apóstatas. Essas pessoas que se diziam cristãs, frequentavam o ajuntamento solene, mas, amalgamavam elementos da lei ao evangelho. Qualquer que torce o evangelho de Cristo é um ‘idólatra’, que ficará de fora!

Os filhos de Israel achavam que era necessário ter um ídolo dentro de casa, para ser um idólatra. Porém, o profeta Jeremias deixa claro que, qualquer ação humana que faz com que alguém se esqueça de Deus, assemelha-se a um ídolo como Baal:

“Os quais cuidam de fazer com que o meu povo se esqueça do meu nome, pelos seus sonhos, que cada um conta ao seu próximo, assim como seus pais se esqueceram do meu nome, por causa de Baal.” (Jr 23:27)

Os ídolos fizeram os pais se esquecerem da palavra de Deus e um sonho, uma visão, uma profecia, que não procede de Deus, tem o mesmo efeito, portanto, é um ídolo.

Com relação aos falsos cristãos, àqueles que são caracterizados como devassos, avarentos, idólatras, maldizentes, os verdadeiros servos de Cristo não deviam ter nenhuma espécie de comunhão com eles. (1 Co 5:11)

Os cristãos podiam ter amizade com os nãos cristãos e, diferentemente dos religiosos judeus, até mesmo se assentarem a comer em uma mesma mesa e os mesmos alimentos, mas não deviam ter tal contato com os falsos cristãos:

“Já, por carta, vos tenho escrito que não vos associeis com os que se prostituem; Isto não quer dizer absolutamente com os devassos deste mundo ou, com os avarentos, com os roubadores, com os idólatras; porque, então, vos seria necessário sair do mundo.” (1 Co 5:9-10)

Um cristão podia receber um não crente em sua casa ou, cumprimentá-lo, mas, com qualquer que se afastasse da verdade do evangelho, a recomendação dos apóstolos era para os cristãos não os receberem, não os saudarem e não se associarem ou, comerem com eles. (2 Jo 9 e 11; 1 Co 5:11).

“Se alguém vem ter convosco e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem tampouco, o saudeis.” (2 Jo 10).

“Mas, agora, vos escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso ou, avarento ou, idólatra ou, maldizente ou, beberrão ou, roubador; com o tal nem, ainda, comais.” (1 Co 5:11)

Os ‘feiticeiros’que ficarão de fora do reino dos céus, refere-se às pessoas que, apesar de se dizerem cristãs, se comportam de igual modo a Saul, bendizendo a Deus com os lábios, mas que não obedecem à Sua palavra. (Is 29:13; Mt 15:8; Jr 12:2)

“Veio, pois, Samuel a Saul e Saul lhe disse: Bendito sejas tu do SENHOR; cumpri a palavra do SENHOR.” (1 Sm 15:13).

Saul, mesmo após ser repreendido, persistiu no seu erro:

“Então disse Saul a Samuel: Antes, dei ouvidos à voz do SENHOR e caminhei no caminho pelo qual o SENHOR me enviou; e trouxe a Agague, rei de Amaleque e os amalequitas, destruí totalmente; Mas o povo tomou do despojo ovelhas e vacas, o melhor do interdito, para oferecer ao SENHOR, teu Deus, em Gilgal.” (1 Sm 15:20-21).

Diante da recalcitrância de Saul, Deus disse, por intermédio de Samuel, a Saul:

“Tem, porventura, o SENHOR tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à palavra do SENHOR? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar e o atender, melhor é do que a gordura de carneiros. Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria e o porfiar é como iniquidade e idolatria. Porquanto, tu rejeitaste a palavra do SENHOR, ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei.” (1 Sm 15:22-23).

Saul, por rebelar-se, não cumprindo o determinado pelo Senhor, foi tido por feiticeiro. Por porfiar no seu erro, justificando-se a si mesmo, ainda que foi repreendido, Saul tornou-se ‘idólatra’diante de Deus. Saul era rei em Israel e não havia adotado nenhuma prática pagã, entretanto, fez-se feiticeiro, ao desobedecer a Deus. Mesmo não confeccionando nenhum ídolo de barro, madeira, ferro, etc., ele se fez idólatra, diante de Deus.

Deus nomeia Saul de feiticeiro e de idólatra, como se ele estivesse nas mesmas práticas dos pagãos. Nessa mesma linha, Deus, também, chama os profetas de Israel de feiticeiros, adivinhos, encantadores e agoureiros:

“E vós não deis ouvidos aos vossos profetas e aos vossos adivinhos, aos vossos sonhos e aos vossos agoureiros e aos vossos encantadores, que vos falam, dizendo: Não servireis ao rei de Babilônia.” (Jr 27:9)

Na lei, Deus proibiu as práticas pagãs das nações vizinhas e, na proibição, percebe-se que ‘feiticeiro’ é o mesmo que ‘adivinho’, ‘prognosticador’, ‘agoureiro’ ou, as ações de quem faz seus familiares passarem pelo fogo.

“Entre ti não se achará quem faça passar pelo fogo a seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro.” (Dt 18:10)

Na antiga aliança o termoכָּשַׁף (kashaph), traduzido por feiticeiro ou, por feitiçaria, aparece somente seis vezes, já o termoקֶסֶם (qecem), traduzido por adivinho ou, por feitiçaria, onze vezes, o termo oעָנַן(‘anan), traduzido por prognosticador, uma vez e o termo נָחַשׁ(nachash), traduzido por agoureiro, aparece dezoito vezes.

Qualquer que não obedece (teme) a palavra de Deus é o mesmo que feiticeiro ou, adúltero. Neste sentido é alguém que jura falsamente, defrauda a diarista, órfão e a viúva, perverte o direito do estrangeiro, etc., isso se considerarmos o princípio que estabelece que quem tropeça em um só ponto da lei, torna-se transgressor de toda a lei. (Tg 2:10)

“E chegar-me-ei a vós para juízo; e serei uma testemunha veloz contra os feiticeiros, contra os adúlteros, contra os que juram falsamente, contra os que defraudam o diarista em seu salário, a viúva e o órfão, e que pervertem o direito do estrangeiro e não me temem, diz o SENHOR dos Exércitos.” (Ml 3:5).

Os filhos de Israel praticavam a circuncisão do prepúcio da carne e todos os rituais pertinentes à lei, porém, Deus os declara incircuncisos de ouvidos, por não obedecerem à palavra de Deus (Jr 6:10), consequentemente, eram incircuncisos de coração (Jr 4:4). Tanto os filhos de Israel, como os gentios, eram passíveis de punição, pois não obedeciam a Deus. (Sl 53:3)

“Eis que vêm dias, diz o SENHOR, em que castigarei a todo o circuncidado, com o incircunciso” (Jr 9:25).

Os feiticeiros que ‘não hão de herdar o reino de Deus’, são aqueles que dizem crer em Jesus Cristo, mas que não creem segundo as Escrituras (Jo7:38). Quem não permanece na doutrina dos apóstolos e dos profetas, antes se deixa levar por ventos de doutrinas, são feiticeiros. (Tt 1:9; Hb 13:9; 2 Jo 1:9-10; Ef 4:14)

Os falsos profetas em Israel eram denominados por adivinhos e feiticeiros, e Deus se opõe a todos eles, os inventores de mentiras, cujo conhecimento é loucura. Basta falar, falsamente, em nome de Deus, para ser um ‘adivinho’ ou, ser sábio segundo a carne para ser designado ‘louco’. (Rm 1:12).

“Que desfaço os sinais dos inventores de mentiras e enlouqueço os adivinhos; que faço tornar atrás os sábios e converto em loucura o conhecimento deles.” (Is 44:25)

“E disse-me o SENHOR: Os profetas profetizam falsamente no meu nome; nunca os enviei, nem lhes dei ordem, nem lhes falei; visão falsa e adivinhação, vaidade e o engano do seu coração, é o que eles vos profetizam.” (Jr 14:14)

Propagadores de mentiras
Em suma, todos os descendentes da carne de Adão são ímpios, portanto, não podem herdar o reino dos céus (1 Co 15:50). Todos os homens são ímpios, pois se desviaram, desde o Éden, e andam errados desde que nascem, proferindo mentiras (Sl 58:3; Sl 53:3). Todos os homens são terrenos, não importa, se judeus ou gentios, portanto, não podem herdar o reino dos céus. (1 Co 15:47)

Mas, os ímpios, que o apóstolo Paulo diz que ‘não podem herdar o reino dos céus’ (1 Co 6:9), não é extensivo e nem diz de todos os homens, nascidos no pecado, antes, é uma abordagem inclusiva, pois, faz referência, única e exclusivamente, aos ímpios que, por serem descendentes da carne de Abraão, se achavam salvos (Gl 2:15). Os ímpios, nomeados por ‘feiticeiros’, diz, especificamente, daqueles que, após ouvirem a verdade do evangelho e se dizerem cristãos, não perseveravam na doutrina e voltavam-se para os ensinamentos dos judaizantes.

A doutrina dos judaizantes são doutrinas de demônios, espíritos (mensagens) enganadores, pois eles falavam mentiras. É acerca desses feiticeiros, ou seja, daqueles que obedecem (amam) e propagam a mentira, que Jesus anuncia que ficarão de fora:

“Ficarão de fora os cães e os feiticeiros, os que se prostituem e os homicidas, os idólatras e qualquer que ama e comete a mentira.” (Ap 22:15)

“MAS, o Espírito, expressamente, diz que, nos últimos tempos, apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios; Pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua própria consciência.” (1 Tm 4:1-2; 1 Jo 4:1-2).

Qualquer que ama a mentira é anátema, pois Cristo é a verdade:

“Se alguém não ama ao Senhor Jesus Cristo, seja anátema. Maranata!” (1 Co 16:22)

É por isso que Jesus se limitava a anunciar somente aquilo que o Pai prescreveu:

“Disse-lhes, pois, Jesus: Quando levantardes o Filho do homem, então, conhecereis quem eu sou e que nada faço por mim mesmo; mas falo como meu Pai me ensinou.” (Jo 8:28)

“Porque eu não tenho falado de mim mesmo; mas o Pai, que me enviou, Ele me deu mandamento sobre o que hei de dizer e sobre o que hei de falar. E sei que o seu mandamento é a vida eterna. Portanto, o que eu falo, falo-o como o Pai mo tem dito.” (Jo 12:49-50)

Qualquer que crê no evangelho anunciado pelos apóstolos e nele persevera, é salvo, portanto, entrará no reino dos céus. Basta crer em Cristo no coração e confessá-lo com a boca, para não estar incluso no rol dos feiticeiros!

“TAMBÉM vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos tenho anunciado, o qual, também, recebestes, e no qual também permaneceis. Pelo qual, também, sois salvos, se o retiverdes, tal como vo-lo tenho anunciado; se não é que crestes em vão.” (1 Co 15:1-2)

“Mas que diz? A palavra está junto de ti, na tua boca e no teu coração; esta é a palavra da fé, que pregamos, a saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus e em teu coração creres, que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Visto que, com o coração, se crê para a justiça e com a boca se faz confissão para a salvação.” (Rm 10:8-10).

Da mesma forma que os ‘cães’, que ficarão de fora, é uma figura para fazer referência aos maus obreiros, àqueles que andam segundo a circuncisão (Fl 3:2), os ‘feiticeiros’, também é uma figura para compor uma alegoria, muito utilizada pelos profetas para fazer referência aos filhos de Israel, por terem se desviado da palavra de Deus.

Os filhos de Israel são tidos por filhos da agoureira, descendência de feiticeiros e prostitutas (Is 57:3-4), portanto, qualquer que se afasta do evangelho e se volta ao judaísmo, volta à sua antiga condição: feiticeiro!

“Mas chegai-vos aqui, vós os filhos da agoureira, descendência adulterina e de prostituição. De quem fazeis o vosso passatempo? Contra quem escancarais a boca e deitais para fora a língua? Porventura, não sois filhos da transgressão, descendência da falsidade?” (Is 57:3-4).

O profeta Ezequiel protestou contra os filhos de Israel, dizendo: “E eles vêm a ti, como o povo costumava vir, e se assentam diante de ti, como meu povo, e ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra; pois lisonjeiam com a sua boca, mas o seu coração segue a sua avareza“ (Ez 33:31), e Jesus complementa: “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom“ (Mt 6:24). O coração que segue a avareza, o lucro, as riquezas (Mamom), é um coração idólatra, e a sua obstinação em permanecer no erro do seu coração enganoso é feitiçaria.
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante