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sexta-feira, 3 de novembro de 2017

QUANDO ESTOU ANGUSTIADO...


                                                  QUANDO ESTOU ANGUSTIADO...
“Está alguém entre vós sofrendo, faça oração” (Tg 5.13).
O que é angústia? Muitos poderiam dar uma resposta bem pessoal e subjetiva a essa pergunta. Falando de modo geral, angústia é um sentimento que acompanha o homem desde seu nascimento até a morte em todas as situações da vida; a angústia é companheira do ser humano. A angústia é uma das mais fortes opressoras da humanidade, é um sentimento da alma que pode atacar na mesma medida tanto o rei como o mendigo. Angústia é uma emoção que pode ser abafada mas não desligada. O homem natural não pode se desviar nem escapar dela. Na verdade existiram e existem pessoas de caráter forte que, com sua determinação, se posicionam obstinadamente diante da angústia, mas elas também não conseguem vencê-la totalmente. Podemos tentar ignorar a angústia, mas não escaparemos de situações dolorosas.
O que a Bíblia diz sobre a angústia? Ela diz, por exemplo, que angústia e sofrimento podem se tornar visíveis. Gênesis 42.21 nos relata um exemplo disso quando os irmãos de José chegaram ao Egito para comprar cereal e se encontraram no palácio de José, e, não sabendo o que fazer disseram uns aos outros: “Na verdade, somos culpados, no tocante a nosso irmão, pois lhe vimos a angústia da alma, quando nos rogava, e não lhe acudimos…” A angústia, assim diz a Bíblia, não só paralisa a língua, mas também faz com que ela fale. Em Jó 7.11 ouvimos Jó dizer: “Por isso não reprimirei a minha boca, falarei na angústia do meu espírito, queixar-me-ei na amargura da minha alma”. Mas angústia também faz com que até ímpios cheios de justiça própria se sintam perturbados. Bildade descreve o ímpio em Jó 18.11 dessa maneira: “Os assombros o espantarão de todos os lados, e o perseguirão a cada passo”. A Escritura também ensina que a angústia é mais forte do que a maior abastança. Zofar nos comunica isto em Jó 20.22: “Na plenitude da sua abastança, ver-se-á angustiado, toda a força da miséria virá sobre ele”. Angústia também provoca trevas. Quando Isaías teve que anunciar uma punição sobre Israel, falou acerca das conseqüências desse juízo: “Bramam contra eles naquele dia, como o bramido do mar; se alguém olhar para a terra, eis que só há trevas e angústia, e a luz se escurece em densas nuvens” (Is 5.30). E em Isaías 8.22 o profeta tem que proclamar sobre o povo apóstata: “Olharão para a terra, eis aí angústia, escuridão, e sombras de ansiedade, e serão lançados para densas trevas”.
Esses são exemplos negativos, mas também há exemplos positivos. No Salmo 119.143, Davi nos ensina que a palavra de Deus sempre é mais forte que a angústia: “Sobre mim vieram tribulação e angústia, todavia os teus mandamentos são o meu prazer”. A angústia está presente, mas a alegria na palavra de Deus é maior. Uma outra tradução diz: “Fiquei cercado por sofrimento e desespero, mas os teus mandamentos foram a minha grande alegria”. O poder de Deus também sempre é maior do que a angústia: “Se ando em meio à tribulação, tu me refazes a vida; estendes a mão contra a ira dos meus inimigos, e a tua destra me salva” (Sl 138.7). Em Isaías 9.2 temos a promessa: “O povo que andava em trevas viu grande luz, e aos que viviam na região da sombra da morte, resplandeceu-lhes a luz”. No Novo Testamento, Paulo confirma essa gloriosa verdade: “Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada?… Porque eu estou bem certo de que nem morte, nem vida, nem anjos, nem principados, nem cousas do presente, nem do porvir, nem poderes, nem altura, nem profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor” (Rm 8.35;38-39).
E o que disse o Senhor Jesus sobre a angústia? É muito esclarecedor e elucidativo observar que Ele nunca afirmou que neste mundo não haveria sofrimento. Na verdade, muitas vezes, se prega que ao se tornar cristão, a pessoa não terá mais tribulações ou tentações. Mas isso não é verdade. O próprio Senhor Jesus disse claramente: “No mundo passais por aflições…” (Jo 16.33) . E então Ele acrescenta o glorioso ‘mas’: “mas tende bom ânimo, eu venci o mundo”. Em outras palavras: o mundo é o reino de Satanás, mas Minha vitória sobre esse mundo pode ser a sua vitória também, isto é, em Mim vocês têm a possibilidade de vencer a própria angústia. Essa é a posição de Jesus em relação à angústia!
Quem foi o primeiro homem que se defrontou com a angústia? Foi Adão, logo após cair em pecado. Antes da queda, Adão não conhecia esse sentimento. Contudo, depois do pecado ter entrado em sua vida, ele foi invadido pelo terrível sentimento de temor: “E chamou o Senhor Deus ao homem, e lhe perguntou: Onde estás? Ele respondeu: Ouvi a tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo e me escondi” (Gn 3.9-10). De repente Adão e Eva tiveram medo de Deus, seu Criador, com o qual antes formavam uma unidade , uma harmonia perfeita! Antes de caírem em pecado, eles se alegravam quando Deus vinha ao jardim, mas agora, de repente, foram invadidos pelo medo. Que conseqüências devastadoras tem a sua desobediência até os dias de hoje!
Agora chegamos à pergunta mais importante: quem provou os mais profundos abismos da angústia em todos os tempos? Foi o homem Jesus Cristo no Jardim do Getsêmani. Ali Ele sofreu uma angústia tão grande que não fazemos a menor idéia do que possa ter sido passar pelo que Ele passou. Quando temos medo, quando não sabemos mais o que fazer, podemos olhar para Jesus e nos lembrar de que Sua tribulação ainda foi muito maior. Desse sentimento angustiante do nosso Senhor já lemos profeticamente no Salmo 22: “Não te distancies de mim, porque a tribulação está próxima, e não há quem me acuda. Muitos touros me cercam, fortes touros de Basã me rodeiam. Contra mim abrem as bocas, como faz o leão que despedaça e ruge. Derramei-me como água, e todos os meus ossos se desconjuntaram; meu coração fez-se como cera, derreteu-se-me dentro de mim. Secou-se o meu vigor, como um caco de barro, e a língua se me apega ao céu da boca; assim me deitas no pó da morte” (vv. 11-16). Essas palavras do Senhor sofredor descrevem a profundeza abismal e ilimitada que Jesus Cristo sofreu no Jardim do Getsêmani: a agonia da morte. Lucas 22.44 fala disso: “E, estando em agonia, orava mais intensamente. E aconteceu que o seu suor se tornou como gotas de sangue, caindo sobre a terra”. Ele lutou com a morte não só na cruz mas também no Getsêmani, pois ali Ele estava morrendo. Ali Ele estava em terríveis e pavorosas agonias de morte. Este fato é refletido nas palavras: “E, estando em agonia…” Ele se encontrava em agonia de morte porque Satanás estava a ponto de matá-lO. Satanás, o príncipe e dominador desse mundo, nessa ocasião, lutou pelo seu reino pois sabia muito bem que o Getsêmani era a última etapa antes do Calvário, e se Jesus alcançasse a cruz salvaria a humanidade. Por isso no Getsêmani, Satanás se lançou com todas as forças sobre o Cordeiro de Deus e tentou matá-lO. Ali Jesus estava à beira da morte; Ele lutou com a morte. Esse ataque à Sua vida e à Sua obra redentora provocou uma violenta e mortal angústia, uma verdadeira agonia de morte. Isso Ele suportou como homem e não como Deus, caso contrário Ele teria chamado legiões de anjos, e Satanás teria que retirar-se imediatamente. É uma grande mentira e uma ofensa à honra dizer que no Getsêmani Jesus teve medo da cruz. Aconteceu o contrário: Ele enfrentou a angústia de morrer no Getsêmani, de morrer antes da cruz, pelo que Seu sacrifício expiatório teria sido frustrado. Ele não teve medo da morte na cruz, pois Ele mesmo testificou de maneira bem clara: “Por isso o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para a reassumir. Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la. Este mandato recebi de meu Pai” (Jo 10.17-18). Jesus Cristo não quis morrer no Getsêmani, mas Ele estava morrendo, e isso O afligiu tanto que entrou em agonia e suou gotas de sangue. Jesus teve que experimentar as piores profundezas da angústia, o que significa que sofreu grande aflição. Isto deveria e pode nos ajudar e nos consolar em nossas angústias e tribulações.
Como podemos vencer nossas angústias? Depositando nossa confiança no Deus Todo-Poderoso. Como podemos fazer isso? Jesus já fez isso antes de nós e nos serve de exemplo. Em Hebreus 5.7 lemos algo maravilhoso a esse respeito: “Ele, Jesus, nos dias da sua carne, tendo oferecido, com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas a quem o podia livrar da morte, e tendo sido ouvido por causa da sua piedade…”. Aqui se trata do momento no Getsêmani, quando Jesus, em Sua ilimitada angústia, confiou no Deus Todo-Poderoso e O invocou em oração. Isto não é novidade para nós. Mas talvez precisamos aprender de maneira totalmente nova a aplicar isto também em nossas vidas. Jesus nos deixou o melhor exemplo de como confiar no Deus Todo-Poderoso em nossa angústia. Em Hebreus 2.18 está escrito de maneira tão consoladora: “Pois naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados”. Com outras palavras: tendo sofrido e vencido e triunfado no Getsêmani, Ele também pode nos ajudar em nossos medos e angústias, e nos ajuda a vencê-los. Ele quer nos ensinar a orar com perseverança justamente nesses momentos. Ele próprio não viu outra maneira para sair da Sua angústia do que por meio de petições e súplicas. Quanto mais devemos nós também trilhar esse caminho para sair de todas as nossas angústias e apertos que nos surpreendem quase que diariamente. Tiago acentua muito esse aspecto quando diz: “Está alguém entre vós sofrendo? Faça oração. Está alguém alegre? Cante louvores” (Tg 5.13). Será que não seria válido começarmos a considerar e interiorizar essa verdade de maneira totalmente nova em nossas vidas? Vamos começar a confiar nEle incondicionalmente em qualquer situação? Confiar significa orar, e orar significa confiar! Os seguintes exemplos da vida de Davi devem nos mostrar o quanto ele também acreditava nessa realidade:
– “Responde-me quando clamo, ó Deus da minha justiça; na angústia me tens aliviado; tem misericórdia de mim e ouve a minha oração” (Sl 4.1).
– “Na minha angústia invoquei o Senhor, gritei por socorro ao meu Deus” (Sl 18.6).
– “Sendo assim, todo homem piedoso te fará súplicas” (Sl 32.6).
– “Desde os confins da terra clamo por ti, no abatimento do meu coração” (Sl 61.2).
– “Não escondas o teu rosto do teu servo, pois estou atribulado” (Sl 69.17).
– “Em meio à tribulação invoquei o Senhor, e o Senhor me ouviu e me deu folga” (Sl 118.5).
Não são testemunhos maravilhosos? Davi creu que só havia uma escapatória na angústia: invocar o Senhor em perfeita confiança.
O que significa invocar o Senhor na angústia, orando? Essa pergunta é respondida pelas orações de Davi. Por exemplo, várias vezes aparece a expressão ‘clamar’: “Responde-me quando clamo, na minha angústia… gritei”, “desde os confins da terra clamo por ti”, “em meio à tribulação invoquei o Senhor”. Percebemos que Davi pediu socorro ao céu. Aqui temos uma chave para sermos realmente libertos das angústias. Não se trata de simplesmente orar, mas temos de clamar e suplicar. Para compreender isso devemos também observar melhor as orações de nosso Senhor Jesus feitas ao Pai quando Ele se encontrava angustiado. Tomaremos como exemplo as Suas orações e Sua confiança no Deus Todo-Poderoso. Pois do ponto de vista bíblico, a expressão ‘invocar o Senhor‘ significa ainda muito mais. “Ele, Jesus, nos dias da sua carne, tendo oferecido, com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas a quem o podia livrar da morte, e tendo sido ouvido por causa da sua piedade” (Hb 5.7). Quando se toma essa declaração literalmente, então chegamos irrefutavelmente à conclusão de que o Senhor, na verdade, gritou, clamou e até chorou de forma audível. Não sabemos a que distância os discípulos estavam do seu Senhor no Jardim do Getsêmani, mas eles devem ter dormido profundamente, pois aparentemente não ouviram a oração de Jesus. O que nosso Senhor padeceu ali nem conseguimos explicar nem entender a fundo, mas deve ter sido uma situação terrível. Em Lucas 22.44 está escrito: “E, estando em agonia, orava mais intensamente”. Mas se queremos saber com mais precisão o que significa o que nosso Senhor “…ofereceu com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas” a Deus, então devemos nos dar ao trabalho de estudar essas orações. Algo interessante chama a nossa atenção, ou seja: exceto no texto já citado de Hebreus 5.7, em nenhum evangelho é dito que o Senhor começou a clamar ou a gritar nessa oração. Somente Lucas indica tal situação com a expressão “…e orava mais intensamente”. Mateus descreveu o episódio da seguinte maneira: “Adiantando-se um pouco, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai: Se possível, passe de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, e, sim, como tu queres! Tornando a retirar-se, orou de novo, dizendo: Meu Pai, se não é possível passar de mim este cálice sem que eu o beba, faça-se a tua vontade!… Deixando-os novamente, foi orar pela terceira vez, repetindo as mesmas palavras” (Mt 26.39;42 e 44). E Marcos escreve: “E, adiantando-se um pouco, prostrou-se em terra; e orava para que, se possível, lhe fosse poupada aquela hora. E dizia: Aba, Pai, tudo te é possível; passa de mim este cálice; contudo, não seja o que eu quero, e, sim, o que tu queres!… Retirando-se de novo, orou repetindo as mesmas palavras… E veio pela terceira vez…” (Mc 14.35;36;39 e 41). Aqui vemos melhor o que a oração de nosso Senhor podia significar, pois duas cousas chamam a nossa atenção:
1. Jesus Cristo não pronunciou essa oração apenas uma vez, mas três vezes.
2. Ele orou três vezes, mas não deixou de submeter-se à perfeita vontade de Seu Pai cada vez que orou. Que profundo mistério está oculto nessas orações!
Nosso Senhor, portanto, orou três vezes. Se Hebreus 5.7 diz que o Senhor “nos dias da sua carne, tendo oferecido, com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas” então não se trata, em primeiro lugar, da forma de Sua oração. Não se trata da questão se o Senhor clamou e gritou de maneira pungente, e, sim, que o Senhor fez esta oração três vezes! Em outras palavras: Ele orou com persistência. Jesus Cristo se encontrava na maior angústia, e esta angústia O levou a orar. Mas essa oração não foi apenas um grito curto e isolado ao Pai. Não, Ele orou três vezes de maneira muito consciente e lúcida repetindo sempre as mesmas palavras. Depois da primeira oração, a Bíblia diz claramente: “Tornando a retirar-se, orou de novo, dizendo…” e depois da segunda vez: “E deixando-os novamente, foi orar pela terceira vez…”. ” como seria bom se compreendêssemos isso para a nossa vida pessoal de oração!
Muitas vezes nos defrontamos com todo tipo de angústias e apertos, e o que fazemos então, quando somos tentados dessa maneira? No mesmo momento enviamos um fervoroso pedido de socorro ao céu. Mas assim que nos sentimos mais ou menos bem, seguimos novamente a rotina do dia. Não é de admirar se logo em seguida a mesma angústia nos surpreenda outra vez. A oração de nosso Senhor pronunciada conscientemente três vezes nos mostra de maneira bem clara que nós, se de fato queremos vencer as angústias que se repetem, não devemos apenas orar de vez em quando ao céu. Precisamos chegar ao ponto de levar uma vida de oração perseverante, regular. Somente assim nos tornamos filhos de Deus que conseguem lidar de maneira correta com suas angústias. Somente assim venceremos as nossas tribulações. Três testemunhos claros das Escrituras nos exortam a orar dessa maneira:
– “Regozijai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, na oração perseverantes” (Rm 12.12).
– “Perseverai na oração, vigiando com ações de graça” (Cl 4.2).
– “Com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito, e para isto vigiando com toda perseverança…” (Ef 6.18).
Se a Bíblia diz em Hebreus 5.7 que a oração de Jesus foi ouvida e que Ele encontrou livramento da Sua angústia, então isso só aconteceu depois da Sua oração insistente e perseverante.
Mas ainda havia um outro ponto importante: nosso Senhor continuamente se entregava totalmente à vontade de Seu Pai: “E, adiantando-se um pouco, prostrou-se em terra; e orava para que, se possível, lhe fosse poupada aquela hora. E dizia: Aba, Pai, tudo te é possível; passa de mim este cálice; contudo, não seja o que eu quero, e, sim, o que tu queres” (Mc 14.35-36). Não fazemos idéia de como isso é importante. Não apenas orando três vezes as mesmas palavras, mas, com isso, sempre se submetendo à vontade de seu Pai, Jesus demonstrou uma confiança tão grande que jamais haverá confiança maior. Foi algo grandioso, em Sua angústia, Ele ter se apresentado três vezes a fim de orar as mesmas palavras. Mas por Ele – por assim dizer no tom fundamental da sua oração – sempre voltar a Se submeter a Deus foi uma prova bem especial de Sua confiança no Seu Pai celestial. Ele sabia: Eu posso orar que este cálice passe de mim, mas se meu Pai celestial o quer de outra maneira, então eu aceito e me coloco totalmente em Suas mãos. Isso é confiança total no Deus Todo-Poderoso! Devemos ter isso em mente, pois apesar de irmos a Deus em oração, clamando e levando a Ele a nossa angústia, em última análise esperamos que Ele faça o que nós queremos. Reflitamos no que estava em jogo ali no Getsêmani: ou Ele morria ali mesmo, deixando de salvar a humanidade, ou Ele morria na cruz, como estava previsto, salvando a humanidade por tomar sobre Si a maldição do pecado. E embora a Sua obra redentora estivesse em jogo, Ele não fez a sua própria vontade, mas se submeteu totalmente à vontade de Seu Pai.
Você não quer se tornar uma pessoa assim, que aprenda a lidar com as suas angústias e a vencê-las? Então confie no Deus Todo-Poderoso, começando a levar uma vida de oração regular e perseverante. Mas nunca se esqueça de submeter-se totalmente à vontade do Senhor Jesus enquanto ora. Essa entrega, seja o que for, sempre deve ser expressa em cada oração que você faz. Se você segue esse caminho, você se tornará um cristão que, na verdade, ainda sente todas as angústias e apertos desse mundo, mas apesar disso permanece totalmente tranqüilo em tudo. Estará seguro nas mãos do Senhor, aconteça o que acontecer. O que Ele faz é sempre bom! “No mundo passais por aflições; mas tende bom ânimo, eu venci o mundo” (Jo 16.33). Essas são palavras do Senhor Jesus. Você crê nelas? Então viva de acordo com esta fé, confiando – justamente quando o medo quer se apoderar de suas emoções – no Deus Todo-Poderoso e invocando-O em oração!
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante.

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

PRISIONADO PELO PECADO...


                                                    APRISIONADO PELO PECADO...
Se há uma coisa que ofende o Senhor é o pecador que não se arrepende; aquele que insiste em achar que ele esta acima do seu Criador e assim tudo lhe parece estar ao alcance de sua mão, e que subirá na cabeça de seu colega se isto lhe trouxer alguma vantagem. Esta figura tem sido comum em nossos dias.
Olha ao teu redor como se estivesses no lugar do Senhor e vê o que estas fazendo, aonde estas andando e como tratas os outros, e se não te sentires envergonhado, olha de novo ate perceber o quanto somos capazes de fazer para ofendê-Lo.
E se puderes te arrepender de teus pecados e erros mudando teu comportamento, certamente O alegraras e Ele te dará ….
Porque, se Deus não perdoou aos anjos que pecaram, mas, havendo-os lançado no inferno, os entregou às cadeias da escuridão, ficando reservados para o juízo; E não perdoou ao mundo antigo, mas guardou a Noé, a oitava pessoa, o pregoeiro da justiça, ao trazer o dilúvio sobre o mundo dos ímpios; E condenou à destruição as cidades de Sodoma e Gomorra, reduzindo-as a cinza, e pondo-as para exemplo aos que vivessem impiamente; E livrou o justo Ló, enfadado da vida dissoluta dos homens abomináveis (Porque este justo, habitando entre eles, afligia todos os dias a sua alma justa, por isso via e ouvia sobre as suas obras injustas). 2 Pedro 2:4-8
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Você sempre será um escravo até que desista de ficar desculpando a sua fraqueza, alegando-se incapaz. Você não é incapaz como filho de Deus. Não é mais o brinquedinho do diabo; então, mãos a obra e discipline o seu desenfreado e teimoso desejo. O cristão que diz “Não consigo” está na verdade dizendo “Não conseguirei”. Fingir ainda ser um escravo é um álibi que os cristãos usam para se livrarem do fato de terem que encarar a responsabilidade de sua libertação.
“Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez, estardes em temor, mas recebestes o espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, pai” (Romanos 8:15).
  • “Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão “(Gal.5:1).
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  • “Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar. Ao qual resisti firmes na fé, sabendo que as mesmas aflições se cumprem entre os vossos irmãos no mundo.” (I Pedro 5: 8 – 11)
A Bíblia diz, “…aquele que está morto está justificado do pecado. Ora se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos” (Romanos 6:7-8).
  • Isto simplesmente quer dizer: já que a sua escravidão se tornou um assunto encerrado, vendo que Cristo já o declarou emancipado, você agora está livre para viver como uma nova pessoa em Cristo, pensando de si mesmo como alguém desacorrentado.
Cristo não pode levá-lo a fazer o certo, e nem Satanás pode levá-o a fazer o errado. Cristo declara que estamos livres pela fé, porém precisamos agir como pessoas livres. 
  • Deus se move para fazer um caminho de escape apenas quando o coração está totalmente compromissado com uma vida de separação e pureza.
Encontre o caminho do senhor, peça com fé e ele te livrará, a cura só vem quando nós reconhecemos a nossa falha.
  • Se não houver este tipo de compromisso, não funcionará. Deus não é obrigado a intervir em uma situação quando uma pessoa não deseja realmente a libertação. 
Flertadores com pecados secretos são deixados para enfrentar as tentações com suas próprias forças. E então quando se rendem ao pecado, culpam a Deus por “não os terem livrado”. Eles dizem: “Eu esperei por Deus, mas Ele simplesmente me deixou ir em frente cometer o erro.”
  • Porém os cristãos que honestamente querem ser libertados da escravidão do pecado podem estar seguros que seu Pai amoroso vê a sua batalha e irá usar todo o poder do céu para ajudá-los.
    Quando for fortemente tentado, peça a Deus pela sua intervenção sobrenatural, e peça com fé, crendo que Ele fará.
    Deus prometeu “nos livrar de todo o mal.” Aqui está uma prova da ajuda de Deus em tempos de tentação:
    O homem morto espiritualmente não pode ficar na presença de Deus.
    É necessário se reconciliar com o senhor, ele te ama !! Jesus Te Ama.
  • Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante.

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

APENAS DOZE HOMENS SEGUINDO A JESUS...


                                      APENAS DOZE HOMENS SEGUINDO A JESUS...
A vida de doze homens foi repentinamente mudada por um homem singular, que os alcançou com seu amor, vocacionou com um chamado irrefutável, e os comissionou para uma excelente missão, a de transformar o mundo como foram transformados, pregando a palavra de salvação a toda criatura. Convém estudarmos as vidas destes homens assim como seus chamados, e a experiência transformadora que tiveram com Jesus.
Veremos que eram homens com suas próprias limitações, fraquezas e tendências, que foram lapidadas e aparadas por Cristo, a quem deram de si, até a morte. Diz Champlin: “Talvez eles também, em sua maior parte, fossem homens comuns, que só eram grandes devido à sua associação com Jesus.” (O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, Volume 1, Champlin, R.N., Edit. e Distr. Candeia, SP, p. 358).
Cada um deles tem algo que há em nós. Cada um deles teve suas próprias experiências com Jesus. Estavam longe de serem perfeitos, e as vezes eram levados pelas mais terríveis ambições, pelo medo e covardia, desânimo e incredulidade, passividade e impetuosidade.
Foram o testemunho vivo de que Cristo pode salvar perfeitamente as vidas, e transformá-las, até que cheguem a ser do mais alto quilate. Empreendamos, portanto, um estudo sintético dos doze apóstolos de Jesus.
ANDRÉ, O HOMEM QUE LEVA A CRISTO
“André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que ouviram João falar, e que seguiram a Jesus.” (Jo 1:40).
Seu nome deriva do grego AndreaV, Andreas, e, em última análise, de anhr,anér, ou “homem, varão, varonil, vencedor”. Originalmente discípulo de João Batista (Jo 1:35), através do testemunho deste a respeito de Jesus, em que afirmava ser Ele o “Cordeiro de Deus” (Jo 1:36), foi conduzido ao Mestre, que passou a seguir.
André não se demora a levar as pessoas a Cristo, e a primeira coisa que fez após passar o dia com Jesus, foi informar a seu irmão Pedro sobre este encontro, dizendo: “Achamos o Messias”. André convence a seu irmão do aspecto messiânico de Jesus. Simão Pedro tem então um encontro com Cristo.
Natural de Betsaida (gr. Bhqsaida, Bethsaidá, do heb. Casa de Pesca; Jo 1:44), cidade à beira do Tiberíades, era conterrâneo de Filipe (Jo 1:44), filho de João (Jo 1:42) e tinha por ofício a pesca. Parece ter sido o primeiro apóstolo a ser chamado por Jesus.
Fora vocacionado juntamente com seu irmão, quando, às margens do mar da Galiléia, “…lançavam redes ao mar, pois eram pescadores” (Mc 1:16). Assim Jesus os convida a serem pescadores de homens.
Comissionou-o posteriormente ao apostolado (Mt 10:2). Outro incidente que faz seu nome ser relatado é o da multiplicação dos pães (Jo 6:1-15). Ali André leva mais um a Cristo. Desta vez um rapaz, que com seus cinco pães de cevada pequenos e dois peixinhos, parecia ser uma esperança para André. Felipe se esbarrou em sua intransponibilidade pragmática e frieza calculista, não podendo oferecer mais do que um empecilho à fé indispensável para a operação daquela maravilha.
André apresenta o que tinha à mão, embora não visse a resolução do impasse. Mas, ao levar aquilo que tinha, proporcionou ao Mestre uma das maravilhosas demonstrações de seu poder e amor. André reconhece o valor de um menino que dá o seu pequeno lanche ao Senhor e sabe que se levá-lo ao Mestre, algo acontecerá. E foi conforme sua fé.
“Que será pra tanta gente
um menino, peixe e pão?!”
Para André, suficiente:
viu em Cristo a solução.
(Guilherme Kerr Neto)
Ainda o veremos resolvendo mais um impasse. Uns gregos, que vieram adorar no dia da festa, desejavam ver o Mestre e aproximaram de Filipe. O prático apóstolo Filipe, não sabendo como conduzir a situação, leva-os a André, que generosamente os leva ao encontro de Jesus. André mais uma vez leva almas ao encontro de Jesus Cristo. Primeiro, seu próprio irmão, depois o menino, agora são os gentios, levados com amor pelo “pescador de homens”.
Segundo tradições conservadas por Eusébio e o apócrifo “Atos de André”, teria ele pregado em Bitínia, na Cízia, na Macedônia, e na Acaia, onde talvez tenha sido crucificado em Patrasso, por ordem do procônsul Eges, na cruz decussata, em forma de “X”, posteriormente chamada de cruz de Santo André.
A última vez que vemos registrado o nome deste apóstolo na Bíblia (At 1:13) o encontramos perseverando “…em oração e súplicas…”, junto com os outros apóstolos e irmãos, no interior do cenáculo, aguardando o Pentecostes, onde seria cheio do Espírito para continuar a levar mais e mais almas ao encontro de Jesus.
FILIPE, O PRÁTICO
“Disse-lhe Felipe: Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta..” (Jo 14:8)
Seu nome, derivado do grego FilippoV, Phílippos, tem a curiosa significação “amigo dos cavalos”. No dia que se seguiu ao do encontro de Simão Pedro com Jesus, Felipe foi encontrado na Galiléia pelo Senhor, que lhe disse as simples palavras: “Segue-me” (Jo 1:43).
Conterrâneo dos irmãos André e Pedro, ou seja, de Betsaida da Galiléia, após ouvir o impressionante chamado de Cristo, foi ao encontro de Natanael, apresentando a Jesus através de uma afirmativa específica e detalhada: “Achamos aquele de quem Moisés escreveu na Lei, e a quem se referiram os profetas: Jesus de Nazaré, filho de José” (Jo 1:45).
Talvez Felipe estivesse querendo dizer: “Sim, eu encontrei o Profeta (de quem Moisés escreveu na Lei), o Messias (a quem se referiram os profetas)! Verifiquei bem cautelosamente e Jesus de Nazaré se encaixa perfeitamente às predições!”. O prático Filipe podia crer apenas naquilo que era perfeitamente analítico e comprovável. Diante do confuso e atônito amigo, Felipe novamente apela para a inspeção comprobatória: “Vem, e vê.” (Jo 1:46).
Quando da multiplicação dos pães, Felipe soube calcular acuradamente o necessário para a multidão, mas já não pôde crer no que fugia a seu raciocínio (Jo 6:7). O mesmo ocorre na ocasião em que os gregos procuram a Jesus (Jo 12:20-22). Leva-os a André, pois não sabe como se comportar diante do seguinte dilema: “Deveríamos levar gentios ao Mestre?”
André com simplicidade promove o encontro das nações com Jesus, num prelúdio às missões universais comissionadas pelo Senhor, que já na ocasião afirmou: “Mas eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim” (Jo 12:32).
Também Filipe em sua praticidade, desejando que Jesus mostrasse-lhes o Pai, pois isto lhes bastaria, extrai do Senhor a maravilhosa sentença: “Quem me vê, vê o Pai” (Jo 14:9). A partir daí vemos este apóstolo na lista dos que se achavam no cenáculo (Jo 1:13-14), após a ascensão de Cristo.
NATANAEL, O ISRAELITA SEM DOLO
“Jesus, vendo Natanael aproximar-se dele, disse a seu respeito: Eis um verdadeiro israelita, em quem não há dolo!” (Jo 1:47).
Encontrado por Filipe, que fala com convicção acerca do encontro com o Messias, Natanael ouve atentamente, até que ouve algo que lhe suscita o preconceito: “Achamos aquele de quem Moisés escreveu na lei, e a quem se referiram os profetas…” (Jo 1:45).
Natanael ouve com surpresa a noticia, e como bom israelita, vê acender em si a esperança messiânica.
Ao prosseguir com a descrição, Filipe apaga a chama do zelo religioso de Natanael e atiça o fogo do preconceito: “…Jesus de Nazaré, filho de José.” (Jo 1:45b). De Jerusalém ou de Belém, a cidade de Davi, poderia vir o Messias, mas de Nazaré? Parecia ser impossível a Natanael. Felipe o convida a provar por si próprio: “Vem e vê.” (Jo 1:46).
Ao encontrar-se com Cristo ouve uma saudação elogiosa que o desconcerta: “Aqui está um verdadeiro israelita, em quem não há nada falso.” (Jo 1:47). Jesus então afirma que o viu assentado sob uma figueira, antes de Felipe o convidar. Natanael então crê e vê em Jesus a pessoa do Filho de Deus, o Rei de Israel.
Observe: após a demonstração clara do conhecimento de Cristo a seu respeito, o Messias poderia ter vindo de onde veio, mas sem dúvida nenhuma haveria de ser o Rei de Israel, pensava Natanael. Jesus então afirma que Natanael veria “…coisas maiores que esta…” (Jo 1:50), até mesmo “…o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem.” (Jo 1:51).
“No meio dos doze discípulos
que Cristo na terra escolheu
Bem pouco se sabe a respeito,
talvez quase nada de Bartolomeu
Quem sabe era irmão de Felipe
que um dia Jesus encontrou,
Quem sabe se seu sobrenome
era Natanael a quem Cristo chamou
Talvez tenha até duvidado
do que seu irmão descreveu
Que o filho de Deus, esperado
era de Nazaré, mais um galileu
Mas quando Jesus face a face
falou-lhe quem era e porque
Cessou todo o passe e repasse
brotou-lhe a certeza daquele que crê.
(Guilherme Kerr Neto)
Pelo fato de Felipe encontrar-se sempre agrupado com Bartolomeu (Mt 10:3; Mc 3:18; Lc 6:14) ou com Tomé, Bartolomeu e Mateus (At 1:13), muito pensam que Natanael era o nome do discípulo cujo sobrenome aramaico era “Filho de Tolmai” (Bar-Tolmai), o que faz acreditar que Natanael e Bartolomeu sejam a mesma pessoa.
Seu nome significa “dádiva de Deus”. Provém do grego Naqanahl, Nathanael, que por sua vem tem origem no hebraico N’than’el(Nm 1:8).
Natural de Caná da Galiléia, próxima cerca de 6 km de Nazaré, aldeia de Jesus. Foi um do grupo que viu a aparição de Cristo no Mar da Galiléia, após sua ressurreição, conforme o relato de Jo 21:2. Seu nome não está contido nas listas dos Doze, mas provavelmente é o mesmo que o apóstolo Bartolomeu (gr. Bartholomaios, do aram. bar-talmai, “filho de Tolmai”), encontrado em Mt 10:3
SIMÃO, O ZELOTE
“Simão Cananeu…” (Mt 10:4; Mc 3:18)
Nos tempos do Novo Testamento os zelotes formavam uma seita judaica, que representava o extremo do fanatismo nacional. Era um grupo de patriotas anti-romanos que desejavam o retorno à observação da Lei e à conquista da liberdade nacional pela expulsão dos romanos.
Sua fé no messianismo do Antigo Testamento era limitada à reconquista da independência judaica. Eles acreditavam somente no culto de Yahweh, e estavam convencidos de que a aceitação de uma dominação estrangeira era uma blasfêmia contra seu Deus único.
O partido parece ter tido origem na revolta contra o recenseamento feito por Quirino. A seita constituía uma minoria e era considerada pelos outros judeus como subversiva e perigosa. Suas táticas eram semelhantes as dos modernos terroristas políticos; muitas vezes faziam incursões e matavam, atacando estrangeiros e os judeus suspeitos de colaboracionismo. Foram eles os principais responsáveis pela explosão da rebelião contra Roma, em 66.
Após a queda de Jerusalém mantiveram focos de resistência no país e o movimento continuou até a explosão da nova rebelião de 132-135 sob Adriano. Simão (do gr. Simon, e do heb. Shimon), um dos discípulos de Jesus, era chamado “o zelota”, ou “zelote” (Lc 6:15; At 1:13), provavelmente por ter sido antes um membro desta seita.
Em várias passagens, vista em várias versões temos a idéia de seus epítetos (zelador, cananita, cananeu, entre outros), que além de classificá-lo quanto às suas convicções políticas, determinismo patriótico e inflexibilidade ideológica, nos diferenciam este de seu homônimo, Cefas, o Simão Pedro.
Nos tempos de Jesus eram muito comuns as ações da ordem deste movimento partidário, e pelo que se indica Simão possivelmente era um deles, desejoso de que o Messias surgisse nestes tempos tão difíceis e Israel fosse liberto definitivamente das mãos do Império.
Sua esperança messiânica teve seu desenvolvimento até o encontro com o próprio Messias, que o chamou (Mt 10:1-4; Mc 3:18), comissionou e elegeu um dos doze, dirigindo-lhe ao apostolado.
Fora Roma e seu cruel domínio!
Jugo amargo, canga mui pesado
Minha vida em troca de real libertação
Cansa, amansa e mata a escravidão!
Cristo, Mestre, estranho estar contigo
Tendo a mim, zelote, por amigo
Tua vida entregue traz real libertação:
Toma, forja e forma a solução.
(Guilherme Kerr Neto)
A vitória de Simão o zelote, não mais estaria calcado em um movimento político e temporal, mas no Senhor Jesus, o Rei dos reis, cujo domínio o tempo não desvanece nem os poderes terreais e efêmeros podem esvaziar. Ele é eterno Rei de Israel e salvador do mundo, a quem o zelote abraçou, mais aguerrida e decisivamente que à sua própria causa política, que desvaneceu diante da luz maravilhosa de seu esperado Messias.
TIAGO, O MENOR
“Também ali estavam algumas mulheres olhando de longe, entre elas Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago o Menor e de José, e Salomé” (Mc 15:40)
O desconhecido Tiago, o Menor, era um dos apóstolos de Jesus, e estava entre os doze. Uma das poucas referências que encontramos sobre ele está em Mc 15:40, que se segue: “Algumas mulheres estavam olhando de longe. Entre elas estavam Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, o menor, e de José, e Salomé.”
Era filho de Alfeu (Mt 10:3) e de Maria que, com Maria Madalena e Salomé “…compraram aromas para irem ungir o corpo de Jesus.” (Mc 16:1).
Sem qualquer dúvida é um personagem extremamente enigmático, a respeito do qual os evangelistas e escritores neotestamentários pouco revelam. Uma grande lição que aprendemos do anonimato e “pequenez” de Tiago, o menor, é que o Senhor Jesus Cristo o quis ter entre seus Doze, e posteriormente este discípulo e apóstolo muito fez para seu Senhor, embora sem o ter sido referido em parte alguma.
Devemos, como discípulos e enviados do Senhor, não procurar reconhecimentos ou proeminência, mas verdadeira comunhão com Deus e eficiente proclamação do evangelho do Senhor Jesus Cristo. Diferentemente do seu homônimo, o ambicioso e explosivo Filho do Trovão, com Tiago, o Menor, aprendemos que “… é necessário que ele cresça e que eu diminua” (Jo 3:30).
Mas Deus tem dado a nós como a Tiago deu
Discípulo escondido em meio a tantos mais
Que entrou de vez pra história
(e quase ninguém leu)
A chance rara e cara de encontrar a paz
E ser de Deus bendito, sem mérito nenhum
(Guilherme Kerr Neto)
JUDAS, O PERSEVERANTE
“Perguntou-lhe Judas (não o Iscariotes): O que houve, Senhor, que te hás de manifestar a nós, e não ao mundo?” (Jo 14:22)
Judas (gr. IoudaV, Ioúdas, heb. Yhudah, Judá), filho de Tiago (Lc 6:16), também chamado Lebeu (gr. LebbaioV, Lebbaios) e apelidado Tadeu (gr. QaddaioV, thaddaios, aram. thaddai)(Mt 10:3).
O que fez seu nome constar em outra passagem do Evangelho de João (e em nenhum outro lugar, nos evangelhos sinóticos) foi sua pergunta ao Senhor Jesus, registrado pelo escritor da seguinte forma: “Disse-lhe Judas, não o Iscariotes: Senhor, por que pretendes manifestar-te a nós, e não ao mundo?” (Jo 14:22); ao que o Senhor lhe respondeu: “Se alguém me amar, guardará a minha palavra.
Meu Pai o amará, e viveremos para ele e nele faremos morada.” (Jo 14:23). O cenário que envolve a passagem é a última ceia; o palco, a roda de discípulos à mesa; ao final da ceia. Jesus instrui seus discípulos acerca do futuro, da promessa do Espírito Santo, o ensinamento de amar a Cristo e guardar seus ensinamentos (Jo 14:21).
De onde vens, Senhor, e quais teus planos?
E teus intentos, quem conhecerá?
Nós te seguimos já faz quase quatro anos
Inda há mistérios que nos falta alcançar
A isto Cristo respondeu:
Se alguém me ama, ouça bem, Judas Tadeu:
Minhas palavras guardará, meu Pai o amará
E eu o amarei e junto a ele habitarei
Meu Pai com ele para sempre há de morar
(Guilherme Kerr Neto)
A pergunta de Judas provocou no Senhor o desejo de instar com os discípulos a perseverança em segui-lo, mesmo em face do que brevemente ocorreria: a traição, prisão, julgamento, negação de seu discípulo Pedro, sentença e morte. Diante dos ensinamentos do Mestre e de sua consolação através de Seu Espírito, Judas prosseguiu em direção ao alvo, mostrando ser realmente o discípulo perseverante.
JUDAS, O TRAIDOR
“Entrou então Satanás em Judas, que tinha por sobrenome Iscariotes, que era um dos doze” (Lc 22:3)
Este é sem dúvida o mais intrigante personagem dentre a fileira dos apóstolos. Porque foi convocado, só o Senhor o sabe. Porque traiu ao seu Senhor não podemos discernir com acurada certeza. Por fim nos intriga muitíssimo o fato de repleto de remorso (e não arrependimento sincero), ter-se desfeito do minúsculo preço da traição, que nem sequer pode usufruir.
Também sua morte é cercada de curiosas ocorrências.
Mesmo seu sobrenome causa algumas divergências. Diz Champlin, que “os problemas textuais do nome Iscariotes estão ligados a seu significado.” (O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, Volume 1, Champlin, R.N., Edit. e Distr. Candeia, SP, p. 358).
Segundo a maioria dos eruditos, ‘IskariwthV, Iskariotes (‘Iskariwq, Iskarioth) se deriva do hebraico Ish K’ryoth, “homem de Queriote”, ainda sob o ponto de vista de Champlin, que tem na forma variante apo KaruwtouhV, apo Kariotou, “[filho] de Iscariotes” de Jo 6:71 apoio a essa derivação. Keriote seria uma aldeia no sul da Judéia, lar de Simão, pai de Judas.
Faz parte do grupo de cidades pertencentes à tribo de Judá, segundo o hall de Js 15:20-63, onde é chamada de “Queriote-Hezrom (que é Hazor)” Js 15:25. Notamos que Judas Iscariotes tinha descendência junto à tribo de Judá, como Jesus, diferentemente dos demais apóstolos, todos advindos da Galiléia. Seu nome Judas Iscariotes é sempre diferenciado nas listas dos Doze, seguido de sentenças que o definem como o traidor. Mateus informa que Jesus chamou seus discípulos, dentre os quais “Judas Iscariotes, aquele que o traiu.” (Mt 10:4).
Marcos acrescenta que para fazê-lo, Jesus “subiu ao monte, e chamou para si os que ele quis; e vieram a ele. E nomeou doze para que estivessem com Ele…” (Mc 3:13,14) e definiu: “…a Judas Iscariotes, o que o entregou.” (Mc 3:19). Jesus conhecia o seu caráter desde o princípio (Jo 6:64; 13:21), embora os apóstolos não tivessem a menor suspeita, mesmo tendo o Senhor claramente mostrado com um inequívoco sinal (Jo 13:26-28).
Lucas informa que já era dia quando Jesus os chamou e trata Judas de “…o traidor.” (Lc 6:16). João ressalta que Jesus afirma que um dos doze “…é um diabo.” (Jo 6:70). O termo nesta passagem (gr diaboloV, diabolos) talvez tenha aqui sentido de “caluniador” (Rienecker/Rogers, p 173), “adversário” ou mesmo “informador” (Mackenzie, p 513), sendo que de qualquer forma Judas teve mesmo todas estas características.
Sem forçar qualquer sentido ou incidente, este Iscariotes foi:
1)Caluniador – Quando da unção do Senhor em Betânia (Jo 12:4-6), Judas objetou a respeito do gasto do ungüento, porém o escritor revela que não foi por ter cuidado com os pobres, senão “…por que era ladrão, e tinha a bolsa, e tirava o que ali se lançava” (Jo 12:6). Ao fazer isto, Judas implicitamente caluniava ao Senhor, expressando que não era digno de receber tamanha honraria.
2) Adversário – Não foi indubitavelmente Judas um adversário ao Senhor, levando-o indiretamente à morte por sua traição, aceitando as sugestões do Adversário, fazendo-lhe a sua vontade, tendo até mesmo este entrado nele (Lc 22:3)?
3) Informador – Judas foi o informante dos judeus e os Sinóticos registram sua visita aos principais dos sacerdotes, o acordo sobre a traição e o preço a ser pago (Mt 26:14-16), cuja soma de trinta moedas de prata (gr. argirion, arguírion, dinheiro de prata) era uma provável referência a Zc 11:12 e equivalia a quase um salário mensal e ao preço de um escravo.
Judas era o tesoureiro do grupo, pois “…tinha a bolsa…” (Jo 12:6). Era avarento (Mt 26:14,15), hipócrita e desonesto (Jo 12:5,6). Por ocasião da Páscoa, à tarde, Jesus “…assentou-se à mesa com os doze.” (Mt 26:20) o que indica obviamente que Judas estava entre eles.
O Senhor afirmou que um deles o trairia, dando o bocado molhado a Judas, em quem entrou Satanás, como o indicativo de sua traição. Judas tomou o bocado e saiu da presença do Senhor, com a intenção de traí-lo.
Beijos nem sempre são o que parecem:
Beijando-lhe o rosto,
fingindo-se amigo
Judas a Cristo traiu
(Guilherme Kerr Neto)
Judas entrega Jesus à multidão que o prenderia dizendo: “Eu te saúdo, Rabi!” (Mt 26:49) e com um beijo o traiu, sendo chamado pelo Senhor de “…amigo.” (Mt 26:50). Sentindo remorsos, “…vendo que Jesus fora condenado, trouxe, arrependido, as trinta moedas de prata dos principais sacerdotes e anciãos, dizendo: Pequei, traindo sangue inocente.” (Mt 27:3,4).
Atirou “…para o templo as moedas de prata, retirou-se e foi-se enforcar.” (Mt 27:5). Com as moedas compraram um campo para sepultar os estrangeiros, o Campo de Sangue (Mt 27:7,8), AgroV AimatoV, Agros Aimatos, ou Aceldama, de akeldama.
A última citação sobre Judas encontra-se em At 1:25, onde sabemos que ao enforcar-se, precipitou-se, rompendo-se pelo meio, e toda as suas entranhas se derramaram. É entendido como predições a respeito desse personagem, as seguintes passagens:
1) “Fique deserta a sua habitação, e não haja quem nela habite” (Sl 69:25).
2) “Em paga do meu amor são meus adversários; mas eu faço oração. Deram-me mal pelo bem, e ódio pelo meu amor. Põe acima dele um ímpio, e Satanás esteja à sua direita. Quando for julgado saia condenado; e em pecado se lhe torne a sua oração. Sejam poucos os seus dias, e outro tome seu ofício” (Sl 109:4-8).
3) “Até o meu próprio amigo íntimo, em quem eu tanto confiava, que comia do meu pão, levantou contra mim o seu calcanhar” (Sl 41:9).
4) “Eu disse-lhes: Se parece bem aos vossos olhos, dai-me o que me é devido, e, se não, deixai-o. E pesaram o meu salário, trinta moedas de prata. O Senhor pois me disse: Arroja isso ao oleiro, esse belo preço em que fui avaliado por eles. E tomei as trinta moedas de prata, e as arrojei ao oleiro na casa do Senhor” (Zc 11:12,13).
5) “Pois não era um inimigo que me afrontava: então eu o teria suportado; nem era o que me aborrecia que se engrandecia contra mim, porque dele me teria escondido. Mas era tu, homem meu igual, meu guia e meu íntimo amigo. Praticávamos juntos suavemente, e íamos com a multidão à casa de Deus” (Salmo 55:12-14).
6) “Aquele meu companheiro estendeu a sua mão contra os que tinham paz com ele; violou o seu pacto. A sua fala era macia como manteiga, mas no seu coração havia guerra; as suas palavras eram mais brandas do que o azeite, todavia eram espadas desembainhadas. Mas tu, ó Deus, os farás descer ao poço da perdição; homens de sangue e de traição não viverão metade dos seus dias..” (Sl 55:20,21,23)
Cumpriram-se cabalmente todas estas predições na pessoa, atos, palavras e sentença deste estranho Iscariotes.
JOÃO, O AMADO
“Ora, achava-se reclinado sobre o peito de Jesus um de seus discípulos, aquele a quem Jesus amava.” (Jo 13:23)
O corriqueiro nome João provém do grego IwannhV, Ioannes, que por sua vez adveio do hebraico Yohanan (2 Rs 25:23), “Yahweh é benigno” (Glossário de Nombres Bíblicos. Enlow, Jack. Casa Bautista de Publicaciones, USA, 1986, p.58), “Graça ou favor de Deus” (Pequena Enciclopédia Bíblica, Boyer, Orlando. Inst. Bibl. A. D., SP, 1966, p.429).
Filho de Zebedeu, irmão de Tiago, recebeu com este irmão o nome de Boanerges (Filhos do trovão) da parte de Jesus (Mc 3:17). Foram convocados, ao que se indica, após Pedro e André, sendo companheiros de Simão e também pescadores. Estando num barco com o pai, consertando as redes, deixaram tudo imediatamente e seguiram a Jesus (Mt 4:21, Mc 1:19). Parece ter sido de uma próspera família, pela presença de empregados junto ao ofício de seu pai (Mc 1:20).
Figurava na lista dos doze (Mt 10:2) acompanhando sempre a Jesus com Tiago e Pedro, como na transfiguração (Mt 17:1), na cura da sogra de Pedro (Mc 1:29), da filha de Jairo (Mc 5:37) e no Getsêmani (Mt 26:37).
Proibiu certo homem que expulsava demônios por um impulso faccionista, sendo censurado por Jesus (Lc 9:49,50). Desejou com seu irmão que descesse fogo do céu para consumir samaritanos que não receberam a Jesus (Lc 9:51-56), assim como ambicionou assentar-se com seu irmão ao lado de Jesus em tronos (Mt 20:21).
Este discípulo “…a quem Jesus amava, estava reclinado no seio de Jesus” (Jo 13:23, 19:26, 21:20), assistiu ao julgamento (Jo 18:16) e crucificação (Jo 19:26) do Senhor. Jesus entregou sua mãe Maria aos seus cuidados (Jo 19:27). Foi o primeiro a chegar ao sepulcro de Cristo (Jo 20:4), sendo um dos primeiros a contemplar a evidência maravilhosa da ressurreição: o túmulo vazio.
Ah! estou tão triste pois perdi o meu amado
Ah! se Ele me visse tão sozinho neste estado
Eu que sempre estive no seu peito debruçado
Deus, ó Deus me assiste pois me sinto perturbado!
Vem de lá de longe a correr Joana e Marias
Mal eu posso crer no que me acabam de contar:
“João, teu mestre é vivo, Ele é mesmo o Messias
Não chores mais, esquece a dor
O teu amado ressuscitou!”
(Guilherme Kerr Neto)
Após o Pentecostes, com companhia de Pedro ia ao templo, efetuou uma cura (At 3:1) e apresentou-se perante o sinédrio (At 4:13,19). Apesar de “…iletrado e indouto…” (At 4:13) era intrépido no falar, pelo poder Daquele que o usou junto com Pedro para realizar a cura do coxo de nascença à porta Formosa, a fim de esmolar (At 3:2).
Pastor da Igreja de Éfeso, foi levado para a ilha de Patmos, no Egeu, em tempos de dura perseguição, aparentemente ao mesmo tempo em que o apóstolo Pedro fora crucificado e Paulo decapitado. Escreveu as Revelações (Livro de Apocalipse) em 95 d.C, relatando as visões e profecia recebidas ali naquela solitária ilha. Presume-se ainda ter sido o autor do Evangelho e das três epístolas que levam seu nome. É o apóstolo do amor (1 Jo 4:8,11).
TOMÉ, O INCRÉDULO QUE CREU
“Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu, e Deus meu!” (Jo 20:28)
O nome Tomé tem origem no grego QwmaV, Thomas, vindo pelo aramaico teoma, “gêmeo”. Era também chamado Dídimo (gr. DidumoV, Didymos, “gêmeo” (Jo 11:16, 20:24, 21:2) como um sobrenome ou mesmo apelido). Mostrou-se leal e até mesmo disposto a seguir o Mestre, mesmo que lhe custasse a vida.
Em sua pergunta sobre o caminho a seguir, retira do Senhor uma das afirmativas mais belas de toda as Escrituras: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vem ao Pai senão por mim.” (Jo 14:6).
Se eu não o vir, nele tocar e enxergar
O seu peito ferido, nas mãos
e nos pés as marcas da cruz
De modo algum acreditarei
“Dídimo, ó Dídimo, meu querido Tomé
Põe tua mão no meu lado
Não duvides, filho tenha fé.”
(Guilherme Kerr Neto)
Não estava com os discípulos quando veio Jesus à tardinha onde estavam trancados com medo dos judeus (Jo 20:24). Tomé descrê e pede provas palpáveis e concretas da ressurreição, o que recebeu oito dias depois, quando Jesus apresentou-se como da primeira vez. Mostrou Jesus ressurreto ao incrédulo apóstolo suas mãos e seu lado, repreendendo-lhe: “…não sejas incrédulo, mas crente.” (Jo 20:25,27). Então Tomé vê em Jesus seu Senhor e Deus (Jo 20:28).
Contemplou-lhe no lago Tiberíades (Jo 21:2), que é o da Galiléia, após a ressurreição. Reuniu-se com os demais no cenáculo, perseverando em oração (At 1:13), não mais um descrente, mas um homem cheio de fé.
MATEUS, O RESGATADO
“Partindo Jesus dali, viu sentado na coletoria um homem chamado Mateus, e disse-lhe: Segue-me. E ele, levantando-se, o seguiu.” (Mt 9:9)
Mateus é a transliteração do nome grego MaqqaioV, Matthaios, do aramaico Mattai, que tem origem no hebraico Matan’yah (2 Rs 24:17), “o dom de Yahweh” ou “presente de Deus”). Em Mc 2:14 é chamado Levi (gr. Leui, Leui), filho de Alfeu. Em Lc 5:27 relata-se seu nome e ofício.
É identificado como publicano já em Mt 9:9,10: “E Jesus, passando adiante dali, viu assentado na coletoria um homem, chamado Mateus, e disse-lhe: ‘Segue-me’. E ele, levantando-se, o seguiu. E aconteceu que, estando ele em casa sentado à mesa, chegaram muitos publicanos e pecadores, e sentaram-se juntamente com Jesus e seus discípulos.”.
É assim que é identificado na lista de Mt 10:3: “…Mateus, o publicano…”. Por ser publicano era rejeitado pelo seu povo, os judeus. Os romanos criaram um sistema de concessões na cobrança de impostos, que, nos dias de Cristo, já completava duzentos anos de operação, atendendo às necessidades do império.
A pesada tributação era intolerável, até mesmo mais ainda por ser imposição de uma potência estrangeira. Além dos impostos cobrados por Roma, havia os de Herodes. O magistrado romano franqueava uma área ao coletor de impostos que se encarregava de arrecadar os devidos impostos. O que detinha a franquia cobrava do povo valores superiores aos estipulados.
Não por pouco o povo odiava os publicanos, cobradores de impostos. Não poderiam aceitar um compatriota arrecadando impostos em detrimento do povo para uma nação usurpadora. Dentro deste ambiente, Mateus, o Levi publicano, odiado, visto como terrível traidor da nação, não apenas recebe a aproximação do Senhor mas também seu maravilhoso e inescusável chamado, ao qual prontamente atende!
Todos falam de mim: “Lá vai Mateus
sujo ladrão, dinheiro na mão
cobrando os impostos, taxando aos judeus”
E reclamam de mim: “Lá vai Mateus
falso irmão, traindo a nação
jogando por Roma à custa dos seus…”
Quem me conhece por dentro
Sabe a alegria que em mim se instalou
Jesus Nazareno chamando, sereno:
“Vem já, vem me seguir”
Vale bem mais a eterna riqueza
que a graça me dá
Rico por dentro, aos outros atento…
eu vou Cristo seguir!
(Guilherme Kerr Neto)
Como impulso de agradecimento por sua aceitação da parte do Mestre, Mateus providencia “…um grande banquete em sua casa; e havia ali uma multidão de publicanos e outros que estavam com eles à mesa.” (Lc 5:29), registrado pelo próprio autor com a devida parcimônia (Mt 9:10-13), em sua humildade de um Levi transformado pelo maravilhoso encontro com o Mestre Jesus.
Autor do Evangelho que leva seu nome, escrito em hebraico. Fora enviado como apóstolo (Lc 6:15) e tem seu nome nas quatro listas dos apóstolos (Mt 10; Mc 3; Lc 6; At 1). Segundo a tradição, após o período em que pregou aos judeus, seu povo, foi para outras nações, tendo em Etiópia o centro de seu trabalho. Segundo alguns escritores teve a morte de um mártir.
TIAGO, O AMBICIOSO
“Vendo isto os discípulos Tiago e João, disseram: Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para os consumir?” (Lc 9:54)
Tiago (gr. IakwboV, Iákobos, do heb. Iahkhob, Jacó). Filho de Zebedeu e Salomé, irmã da mãe de Jesus (Mc 15:40; Mc, 16:1; Jo 19:25); portanto, primo de Jesus, que o chamou juntamente com seu irmão João, o amado, quando ambos estavam no barco de pesca com o pai, consertando as redes (Mt 4:21; Mc 1:19).
Possivelmente tinha certa posição, pois seu pai tinha empregados em seu ramo de trabalho, a pesca (Mc 1:20). Deixando seu pai com os “jornaleiros” (diaristas), seguiu a Jesus com seu irmão, aos quais o Senhor chamou de BoanhrgeV, Boanerges, que quer dizer “filhos do trovão” (Mc 3:17).
Esteve na sinagoga de Capernaum (Cafarnaum), num sábado, ouviu os ensinos do Mestre, maravilhando-se da sua doutrina, presenciando a expulsão do espírito imundo de certo homem por Jesus (Mc 1:21-28). Esteve na casa de Pedro, quando da cura de sua sogra (Mc 1:29-30). Sua mãe pediu que ele e seu irmão pudessem assentar com Jesus no seu trono (Mt 20:20-28).
Dá-me, Senhor, o privilégio
de entrar para a história
assentando-me ao lado teu
à tua direita na glória
“Não sabes que pedes Tiago
pesada e terrível taça
O cálice é muito amargo
é vida que se espedaça
É trigo moído ao pó
é uva tornada em vinho
Trilhada sem ter nem dó
é pássaro só, sem ninho…
Tu queres passar por isso:
a cruz, solidão, vergonha?
Tu queres seguir a Cristo?
Desprezo, desdém, peçonha?
Tiago, menino mimado,
Boanerges, meu filho querido
É a espada de Herodes teu fado
Primeiro entre tantos feridos.”
(Guilherme Kerr Neto)
Perguntou, com seu irmão João ao Mestre Jesus se queria que ordenassem que descesse fogo do céu para consumir os samaritanos, que não receberam Jesus (Lc 9:54).
Testemunhou privilegiadamente a ressurreição da filha de Jairo (Mc 5:37); a agonia do Getsêmani (Mt 26:37); a transfiguração (Mt 17:1) e a pesca miraculosa (Lc 5:10). Após a ressurreição de Cristo, encontra-se junto ao Tiberíades (Mar da Galiléia) com “…Simão Pedro e Tomé, chamado Dídimo, e Natanael…e outros dois dos seus discípulos.” (Jo 21:2).
Tiago e seu irmão são identificados com “os filhos de Zebedeu” nesta passagem . Ali o Senhor ressurreto se manifesta a estes. Encontra-se no cenáculo perseverando em oração e súplicas, junto com os outros (At 1:13). Morre à espada por ordem de Herodes Agripa I, que “…estendeu suas mãos sobre alguns da igreja, para os maltratar…” (At 12:1,2), o que teria ocorrido possivelmente em 42 d.C.
PEDRO, A PEDRA
“Respondeu-lhe Simão Pedro: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.” (Mt 16:16)
Pedro (gr. PetroV, Pétros, aram. Kéfa ou Céfa, “pedra” ou “rocha”), cujo nome original era o hebraico Shim”on, que aparece na sua forma grecizada Sumewn, Symeon apenas em At 15:14 e 2 Pd 1:1. Em outras passagens aparece como o nome grego Simwn, Simon, em Mt 10:2, 17:25; Mc 1:16, etc.
Comumente é chamado pelo sobrenome grego PetroV, Pétros, nome masculino formado do substantivo feminino petra, “rocha”; originalmente o aramaico Kéfa, usado na forma grecizada KhfaV, Kefas, em Jo 1:42; 1 Co 1:1 e tantas outras passagens em algumas epístolas paulinas.
Filho de IwannhV, Ioannes, João (Jo 1:42, Contemporânea) ou Iwna, Iona, Jonas (Jo 21:15-17, Rev. e Corr.; Mt 16:17, onde é chamado por Jesus de Simão Barjonas (gr. Simwn Bariwna, Simon Bariona), ou seja, filho de Jonas.)
Era originário de Betsaida da Galiléia (Jo 1:40-42), cidade de seu irmão André e de Filipe (Jo 1:44), sendo ambos irmãos pescadores (Mc 1:16). Em Mt 8:5,14 encontramo-lo residindo em Capernaum, cuja sogra fora curada por Jesus. Um dos primeiros discípulos vocacionados, foi levado a Jesus por seu irmão André (Jo 1:41), que lhe diz: “Achamos o Messias (que, traduzido, é o Cristo)”.
Seu chamado está estreitamente ligado ao de Tiago e João, no relato de Mateus. Ali o escritor relata que se deu logo ao início do ministério de Jesus, após seu batismo e tentação, quando estava “…andando junto ao mar da Galiléia…” quando “…viu a dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, os quais lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores. E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens. Então eles, deixando logo as redes, seguiram-no.” (Mt 4:18,19).
Nas listas dos doze encontra-se em primeiro lugar (Mt 10:2; Mc 3:16; Lc 6:14; At 1:13). Andou por sobre o mar (Mt 14:29); confessa que Jesus é o Cristo, por revelação divina (Mt 16:16; Jo 6:68); reprova a Jesus, opondo-se ao anúncio da paixão, sendo asperamente repreendido por Jesus (Mt 16:22,23); presencia a ressurreição da filha de Jairo (Lc 8:51), a transfiguração (Mt 17:1), e a agonia de Jesus (Mt 26:37), na companhia de Tiago e João, que, com este último é enviado por Jesus para preparar a Páscoa (Lc 22:8).
Fisga o peixe com a moeda na boca, com a qual Jesus pagou o imposto do templo, para ambos (Mt 17:24-27); pergunta a respeito do perdão (Mt 18:21) e da recompensa pela renúncia a todas as coisas (Mt 19:27); promete lealdade e é advertido (Mt 26:33-35); sendo repreendido veladamente por não vigiar no Getsêmani (Mt 26:40); questiona a respeito da figueira (Mc 11:21) e dos sinais da segunda vinda, com Tiago, João e André (Mc 13:3); tem seus pés lavados por Jesus (Jo 13:6-10); inquire acerca do traidor (Jo 13:24); na prisão de Jesus, no jardim, agride a Malco, decepando-lhe a orelha (Jo 18:10-11).
Não te negarei, te seguirei até o fim.
Nunca voltarei atrás, serei fiel…
Mesmo que todos queiram fugir,
Ou se arrependam de te seguir,
Jesus, meu Mestre, eu jamais te deixarei!
“Ai, amado meu, como a peneira escolhe o grão
Assim o mal te escolheu
e o Inimigo cobiçou teu coração
Mas orei por ti, roguei ao Pai,
intercedi a teu favor
Pra que tua fé não fosse em vão
valesse em tempo de aflição
E suportasse a provação
roguei por ti, roguei por ti, roguei por ti…
(Guilherme Kerr Neto)
A ressurreição é anunciada “…aos discípulos” e enfaticamente “…a Pedro” (Mc 16:7) de modo consolador, por ter tão veementemente negado ao Senhor (Mc 14:68). Com João, sendo precedido por este, examina o túmulo vazio, onde se encontrava o Senhor (Jo 20:6); que ressuscitado, lhe aparece (1 Co 15:5).
Assiste a ascensão (At 1:15); prega no Pentecostes (At 2:14), cura o coxo (At 3:7); sendo ameaçado pelo sinédrio (At 4:17); repreende a Ananias e Safira (At 5:3); é liberto do cárcere por um anjo (At 5:19); foi enviado a Samaria junto com João para conferirem o Espírito aos discípulos (At 8:14).
Rejeita a proposta de Simão, o mago (At 8:20-24); cura Enéas, paralítico (At 9:34); ressuscita Dorcas (At 9:40); visita Cornélio, quando tem a visão do lençol (At 10); defende-se em Jerusalém (At 11:5), é preso por Herodes (At 12:4) sendo liberto por um anjo (At 12:9) e comparece perante o concílio de Jerusalém (At 15:7).
Considerado como uma coluna na Igreja primitiva (Gl 2:9) é resistido por Paulo (Gl 2:11); vai para Babilônia, onde trabalha (1 Pe 5:13). Possivelmente tenha sido perseguido e martirizado ao mesmo tempo em que Paulo, durante as perseguições de Nero.
A tradição afirma que não se julgava digno de ser crucificado como seu Senhor, e ao seu próprio pedido, fora crucificado ponta-a-cabeça. Esta tradição é geralmente atribuída a Orígenes. Escreveu duas epístolas.
CONCLUSÃO
“A estes doze enviou Jesus…” (Mt 10:5)
Assim vemos, em poucas palavras, o desdobrar histórico de cada herói bíblico. Homens falhos, pequenos, medrosos, tremulantes, apaixonados e explodindo em ímpeto e vontade.
Vemos a doçura, a camaradagem, o apreço. Lemos coisas que não podemos sequer imaginar em homens chamados pelo Senhor. Ambição, inveja, covardia. Intemperança e intempestividade. Repreensibilidade, onde esperávamos o infalível. Incredulidade, onde o inabalável. Disputa em lugar de humildade. Erro, onde procurávamos perfeição, que só será atingida na glória.
Porque ao folhearmos as páginas impregnadas de ação, lutas, facções, medo, perseguições, amor, traição e queda, não cuidemos empreender uma coletânea biográfica. Estaremos a ver, das mãos perfeitas e ternas de Jesus o escrever suave da transformação profunda e verdadeira em cada coração, em cada vida, em toda alma vocacionada, e o soerguer poderoso de cada homem de chama bruxuleante, o fortalecer dos joelhos outrora caídos, o revigorar das mãos, que antes pálidas, então erguidas para conduzir, na direção do Espírito Santo da promessa tantas outras almas que precisam conhecer que o poder de Deus se aperfeiçoa em suas fraquezas.
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante