JANES
E JAMBRES AINDA EXISTE NAS IGREJAS...
E
Faraó também chamou os sábios e encantadores; e os magos do Egito fizeram
também o mesmo com os seus encantamentos.
Êxodo 7:11
Êxodo 7:11
Porém
os magos do Egito também fizeram o mesmo com os seus encantamentos; de modo que
o coração de Faraó se endureceu, e não os ouviu, como o SENHOR tinha dito.
Êxodo 7:22
Êxodo 7:22
Então
os magos fizeram o mesmo com os seus encantamentos, e fizeram subir rãs sobre a
terra do Egito.
Êxodo 8:7
Êxodo 8:7
Sabe,
porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá
homens amantes de si mesmos… Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia
dela. Destes afasta-te. Que aprendem sempre, e nunca podem chegar ao
conhecimento da verdade. E, como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim
também estes resistem à verdade, sendo homens corruptos de entendimento e
réprobos quanto à fé.
II Timóteo 3: 1-2, 5, 7-8
II Timóteo 3: 1-2, 5, 7-8
A oposição que Janes e Jambres fizeram
a Moisés consistiu simplesmente em imitar, até onde lhes foi possível, tudo
aquilo que ele fazia. Se Moisés fazia milagres para tirar o povo do Egito, eles
podiam fazer milagres para os obrigarem a ficar no país. Onde estava, pois, a
diferença?
De tudo isto aprendemos a verdade
solene que a resistência mais diabólica ao testemunho de Deus, no mundo, vem
daqueles que, embora imitem os efeitos da verdade, têm apenas a “aparência de
piedade” e “negam a eficácia dela” (2 Tm 3:5). As pessoas desta condição podem
fazer as mesmas coisas, adaptar os mesmos costumes e o mesmo ritual, empregar a
mesma linguagem e professar as mesmas opiniões dos outros. Se o cristão
verdadeiro, constrangido pelo amor de Cristo, dá de comer aos que têm fome, dá
vestuário aos nus, visita os enfermos, espalha as Escrituras, distribui
tratados, contribui para a divulgação do evangelho, faz oração, canta hinos
espirituais, prega o evangelho, o formalista pode fazer todas estas coisas; e
isto, note-se, é o caráter especial da resistência oposta à verdade “nos
últimos tempos” — é o espírito de Janes e Jambres.
Quão necessário é compreendermos esta
verdade! Quão importante é recordar que, assim “como Janes e Jambres resistiram
a Moisés”, assim também esses “amantes de si mesmos”, do mundo e dos prazeres
“resistem à verdade”! Não querem viver sem “aparência de piedade”, mas,
enquanto adaptam a “forma”, porque é hábito, detestam “a eficácia” dela, porque
essa significa a renúncia própria. “A eficácia da piedade” implica o
reconhecimento dos direitos de Deus, o estabelecimento do Seu reino no coração,
e, por consequência a Sua manifestação na vida e no caráter; porém o formalista
nada sabe disto. “A eficácia” da piedade nunca poderá estar de acordo com
nenhum destes caracteres horrendos descritos na passagem acima reproduzida;
porém “a aparência”, encobrindo-os, permite-Ihes viverem sem terem de se
submeter, e isto agrada ao formalista. Ele não gosta de dominar as suas
tentações, de interromper os seus prazeres, de refrear as suas paixões, de pôr
em regra os seus afetos, de que o seu coração seja purificado. Somente precisa
de bastante religião para poder tirar o melhor partido da vida presente e do
mundo futuro. Desconhece o que significa abandonar o mundo que passa, por ter
achado “o mundo vindouro”.
Considerando as diversas formas de oposição
de Satanás à verdade de Deus, vemos que o seu método tem sido sempre, em
primeiro lugar, opor a violência; e, depois, se este método falha, corrompê-la
por meio de imitação. Por isso, procurou em primeiro lugar matar Moisés
(capítulo 2:15), e tendo falhado em realizar o seu propósito, procurou imitar
as suas obras.
O mesmo aconteceu com a verdade
confiada à Igreja de Deus. Os primeiros esforços de Satanás manifestaram-se em
ligação com a ira dos principais sacerdotes e anciãos do povo por meio do tribunal,
o cárcere e a espada. Porém, na passagem que reproduzimos da 2a epístola a
Timóteo não se faz menção de tais processos. A violência aberta foi substituída
por um meio mais astuto e perigoso de uma profissão vazia, ineficaz e a
imitação. O inimigo, em vez de se apresentar coma espada da perseguição na mão,
passeia com o manto da profissão sobre os ombros, professando e imitando aquilo
que em outro tempo combateu e perseguiu; e, por este meio consegue vantagens
assombrosas no tempo presente. As formas horríveis que o pecado moral tem
revestido, e que de século para século têm manchado as páginas da história da
humanidade, longe de se encontrarem apenas naqueles lugares onde naturalmente
poderiam buscar-se, nos antros e cavernas das trevas humanas, acham-se
cuidadosamente ocultas debaixo das pregas do manto de uma profissão fria,
impotente e sem influência, e esta é uma das obras-primas de Satanás.
É natural que o homem, como ser caído e
corrompido, seja egoís ta, cobiçoso, vaidoso, altivo; mas que seja tudo isto
sob a capa formosa da “aparência de piedade” denota a energia especial de
Satanás na sua resistência à verdade “nos últimos dias”.
É natural que o homem manifeste
abertamente esses vícios repugnantes — a concupiscência e paixões—, que são o
resultado forçoso do seu afastamento da origem de santidade infinita e pureza,
porque o homem será sempre o que ele é até o fim da sua história. Por outra
parte, quando se vê o nome santo do Senhor Jesus Cristo associado com a
perversidade e a maldade implacável do homem; quando se vêem os princípios
santos ligados com práticas ímpias; quando se vêem todos os característicos da
corrupção dos gentios, mencionados no primeiro capítulo da epístola aos
Romanos, ligados com a “aparência de piedade”, então, de verdade, pode
dizer-se, eis aqui o caráter horrível dos “últimos dias”, a resistência
de”janes e jambres”.
Contudo, os magos do Egito só puderam
imitar os servos do Deus vivo em três coisas, a saber: tornaram as suas varas
em serpentes (capítulo 7:12);transformaram a água em sangue (capítulo 7:22), e
fizeram subir as rãs sobre a terra (capítulo 8:7); porém, quanto ao quarto
sinal, que implicava a exibição da vida, em ligação com a manifestação da
humilhação da natureza, viram-se inteiramente confundidos e tiveram de reconhecer
“isto é o dedo de Deus” (capítulos 8:16 a 19). Assim sucede também com os que
resistem nos últimos dias. Tudo quanto fazem é segundo o poder direto de
Satanás e dentro dos limites do seu poder. Além disso, o seu fim específico é
resistirem à verdade.
As três coisas que Janes e Jambres
puderam executar foram caracterizadas por poder satânico, morte e impureza;
quer dizer, as serpentes, o sangue e as rãs. Foi assim que “resistiram a
Moisés” e, “assim também estes resistem à verdade”, e impedem a sua ação moral
sobre a consciência. Nada há que tanto contribua para enfraquecer o poder da
verdade como ver pessoas que não se encontram sob a sua influência fazerem as
mesmas coisas que aqueles que estão debaixo dela fazem. Assim opera Satanás no
momento atual. Ele procura fazer com que todos os homens sejam considerados
como cristãos; quer fazer-nos crer que estamos rodeados de “um mundo cristão”,
porém esse pretenso mundo cristão não passa de uma cristandade professa, a
qual, longe de dar testemunho da verdade é aqui destinada, segundo os
propôsitos do inimigo da verdade, para se opor à influência purificadora da
verdade.
Em resumo, o servo de Cristo,
testemunha da verdade, está rodeado, de todos os lados, pelo espírito de “Janes
e Jambres”; e é conveniente que recorde este fato, que conheça inteiramente o
mal com que tem que lutar e não esqueça que se trata da imitação que o diabo
faz da realidade de Deus, produzida, não pela vara de um mago declaradamente
mau, mas, sim mediante os atos de falsos religiosos, que têm “aparência de
piedade”, mas negam a eficácia dela”; pessoas que fazem coisas aparentemente
boas e justas, mas que não têm a vida de Cristo em suas almas, nem o amor de
Deus em seus corações, nem tampouco o poder da Palavra de Deus em suas consciências.
“Não irão porém avante”, acrescenta o apóstolo, “porque a todos será manifesto
o seu desvario, como também o foi o daqueles”. Com efeito a insensatez de Janes
e Jambres foi manifesta a todos, quando não somente se viram impotentes para
continuar a imitar os atos de Moisés e Arão, como foram envolvidos nos juízos
de Deus. Isto é um ponto muito importante. A insensatez de todos aqueles que
não possuem mais do que a aparência será manifestada. Não somente serão
incapazes de imitar os efeitos plenos e próprios da vida e poder divinos, como
eles mesmos virão a ser os objetos dos juízos que resultaram da rejeição da
verdade que eles próprios rejeitaram.
Alguém dirá que tudo isto não encerra
instrução para uma época, como a nossa, de aparência sem eficácia’?- Certamente
que tem; são exemplos que deveriam exercer influência sobre toda a consciência
em poder vivo e falar a todos os corações com assentos solenes e penetrantes:
deveriam levar-nos a examinarmo-nos seriamente para sabermos se estamos dando
testemunho da verdade e se andamos segundo a eficácia da piedade ou se somos um
obstáculo dela neutralizando os seus efeitos por só termos a sua aparência. Os
efeitos da eficácia da piedade serão manifestados se nós permanecermos nas
coisas que temos aprendido (2 Tm 3.14). Só aqueles que são ensinados por Deus
poderão permanecer nessas coisas—aqueles que, pelo poder do Espírito de Deus,
têm bebido da água da vida na fonte pura da inspiração divina.
Graças a Deus, em todas as frações da
Igreja professa há muitas destas pessoas. Aqui e ali, há muitos cujas
consciências foram lavadas no sangue expiador do “Cordeiro de Deus”, e cujos
corações batem com verdadeiro afeto pela Pessoa do Senhor Jesus, e cujos
espíritos são animados com “a bendita esperança” de O verem assim como Ele é e
de serem feitos eternamente semelhantes à Sua imagem. É animador podermos
pensar em tais pessoas. É uma misericórdia inefável podermos ter comunhão com
aqueles que podem dar a razão da sua esperança e da posição que ocupam como
filhos de Deus. Que o Senhor aumente o seu número dia a dia: e que a eficácia
da piedade se espalhe mais e mais nestes últimos dias, para que se levante um
testemunho brilhante e bem mantido ao nome d’Aquele que é digno de ser
exaltado...
Bispo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em
Ciência da Religião Dr. Edson Cavalcante.
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