SOMOS REALMENTE PASTORES OU NÃO PASSAMOS DE LADRÕES E
SALTEADORES...
Pastores qualificados e
dedicados merecem o respeito e apoio das ovelhas por eles guiadas. Paulo disse: “Devem ser considerados merecedores de dobrados honorários os presbíteros
que presidem bem, com especialidade os que se afadigam na palavra e no ensino” (1 Timóteo 5:17). O autor
de Hebreus nos ensina: “Obedecei aos vossos guias e sede submissos
para com eles; pois velam por vossa alma, como quem deve prestar contas, para
que façam isto com alegria e não gemendo; porque isto não aproveita a vós
outros” (Hebreus
13:17). Homens fiéis que amam a Deus e aceita a responsabilidade de ajudar seus
irmãos chegarem ao céu devem ser tratados com respeito e apreço.
Infelizmente,
alguns “pastores” não são dignos de honra. Alguns que se dizem conhecedores da
palavra de Deus não são fiéis no seu ensinamento. Vamos considerar a mensagem
de Jeremias 23 e algumas aplicações dela.
Jeremias
profetizou nas últimas quatro décadas antes da queda de Judá à Babilônia. Ele
chamou o povo, e especialmente os líderes dos judeus, ao arrependimento.
Jeremias bem entendeu que o principal problema não foi uma questão de
diplomacia ou poder militar. Este servo de Deus viu a corrupção do povo, de
cima para baixo, como motivo do castigo divino iminente. No capítulo 23, ele
apresenta uma mensagem de Deus que mostra a diferença entre o Pastor verdadeiro
e fiel e os maus pastores que maltrataram as ovelhas do Senhor.
Ai dos pastores infiéis (Jeremias 23:1-4)
Deus falou aos líderes em
Judá, dizendo que eram culpados de negligenciar e maltratar o rebanho dele.
Preste atenção nos verbos que ele usa para descrever a conduta destes pastores: destruir, dispersar, afugentar e não cuidar. Pastores devem juntar alimentar, cuidar, guiar e
proteger, mas os pastores de Israel faziam tudo ao contrário!
Outra
coisa marcante neste parágrafo é a maneira que Deus fala do rebanho. Ele o
descreve como “o meu povo”, “as ovelhas do meu pasto” e “as minhas ovelhas”. A linguagem
dele mostra o problema raiz do comportamento errado dos líderes. Eles não
amavam o povo como Deus o amava! Para eles, ser pastor era uma posição de
destaque, honra e privilégio. Para Deus, ser pastor era uma posição de
responsabilidade, sacrifício e amor.
Hoje,
ainda há muitos que olham para o cargo de pastor como uma posição de honra a
ser cobiçada. Buscam o destaque e desejam a honra diante dos homens. Ao invés
de agir humildemente como pastores no rebanho local (veja 1 Pedro 5:1-3),
apresentam-se em todo lugar com o “título” de pastor. Em outras palavras, “Amam o primeiro lugar nos banquetes e as
primeiras cadeiras nas sinagogas, as saudações nas praças e o serem chamados
mestres pelos homens” (Mateus
23:6-7). Tais pastores não qualificados não cuidam do rebanho como devem.
O Renovo de Davi (Jeremias 23:5-8)
Em contraste total com os
pastores infiéis, Deus apresenta o Renovo de Davi, conhecido posteriormente
como o Bom Pastor (João 10:11). As qualidades do Messias, destacadas neste
trecho, identificam um pastor totalmente diferente daqueles corruptos em Judá.
Este descendente de Davi é um Rei justo e sábio, que executa a justiça (5).
Enquanto os nomes dos infiéis cairiam em podridão (Provérbios 10:7), o nome
deste Pastor é o mais exaltado de todos: “...será este o seu nome, com que será
chamado: Senhor, Justiça Nossa” (versículo 6). O Bom Pastor seria a
manifestação perfeita da justiça de Deus, e é identificado claramente no Novo
Testamento como Deus (YHWH, Yahweh, Jeová ou Javé – cf. Hebreus 1:10-12, uma
citação do louvor dirigido a Deus em Salmo 102; compare João 1:1; 8:24,58;
etc.).
O Bom
Pastor e seus servos fiéis (cf. 3 e 4) alimentam e cuidam do rebanho, dando-lhe
uma habitação segura. Este Pastor não é ladrão, salteador ou mercenário (João
10:8,10,13). Ele é o Filho sobre a casa, que dá esperança aos seus servos
perseverantes (Hebreus 3:6).
Os líderes contaminados (Jeremias 23:9-15)
Jeremias sentiu o efeito
da palavra do Santo Senhor e ficou doente por causa da maldade do povo (9-10).
Ele viu o povo sofrendo o castigo merecido por ser adúltero e rebelde. Mas esta
maldade não era apenas das multidões irreligiosas que não se importavam com as
coisas de Deus. Os líderes espirituais praticavam e incentivavam a iniqüidade! “Pois estão contaminados, tanto o profeta como o sacerdote; até na minha
casa achei a sua maldade, diz o Senhor” (11). Aqueles que tinham o dever de
mostrar o caminho da luz iam tropeçar e cair no escuro (12,15). Os falsos
profetas de Judá eram piores do que os de Samaria (13-14), e Deus já havia
destruído Samaria! Estes líderes apoiavam e até incentivavam práticas erradas.
Hoje,
muitas pessoas que se dizem pastores e evangelistas fazem a mesma coisa.
Pregando um evangelho diluído e atualizado para atrair pessoas carnais,
continuam adulterando a palavra de Deus para manter a lealdade delas. A palavra
de Deus não deve ser alterada e atualizada pelo homem, porque já é perfeita e
eterna. Cabe a nós aceitá-la como servos humildes do Senhor.
Não ouça! (Jeremias
23:16-22)
Freqüentemente,
pessoas me dizem que tem o costume de assistir a diversos programas religiosos,
porque “todos falam da palavra de Deus”. Outros andam visitando várias igrejas,
mesmo sabendo que ensinam e praticam coisas erradas, porque “se sentem bem”.
Ainda outros dão pouca importância ao estudo cuidadoso e constante da palavra
de Deus, preferindo ler e ouvir as ideias e os ensinamentos de homens. Mas é
isso o que Deus quer? No ambiente da confusão religiosa de Judá, o Senhor não
falou para as pessoas ouvirem a todos. Ele disse: “Não deis ouvidos às palavras dos profetas que entre vós profetizam e vos
enchem de vãs esperanças; falam as visões do seu coração, não o que vem da boca
do Senhor” (16).
Jeremias havia profetizado da dureza do castigo divino, e os falsos mestres
negavam seus ensinamentos, dizendo que Deus não ia castigar assim (veja um
exemplo disso na desavença entre Jeremias e Hananias no capítulo 28). Hoje, há
muitos pastores que dão falsas esperanças. Vamos considerar apenas dois
exemplos: 1. Minimizar ou
negar a gravidade de pecados que Deus condena. Justificam práticas claramente
condenadas nas Escrituras, dando aos praticantes falsas esperanças da salvação.
Deste modo, alguns justificam relações homossexuais e realizam casamentos de
gays, outros apóiam a fornicação de casais que vivem amasiados. Muitos inventam
todo tipo de argumento para passar por cima das instruções de Jesus sobre o
casamento, divórcio e segundo casamento (Hebreus 13:4; Lucas 16:18; Mateus
19:9; etc.), aceitando e até incentivando casamentos adúlteros. Enchem as pessoas
de falsas esperanças, pois muitas pessoas que continuam nestas práticas
condenadas acreditam que entrarão no céu. Foram enganadas e ensinadas que 1
Coríntios 6:9-10 (pessoas que praticam tais coisas não herdarão o reino de
Deus) não se aplica a elas! 2. Negar
as condições dadas por Deus para a nossa salvação. Muitos pastores
pregam a salvação barata, usando o raciocínio humano para negar os mandamentos
de Deus. É incrível, e incrivelmente triste, ver até que extremo pastores
chegam hoje para anular simples instruções de Deus sobre o arrependimento e o
batismo para remissão dos pecados (Marcos 16:16; Atos 2:38; 22:16; etc.). Como
os falsos profetas 600 anos antes de Cristo, estes mestres enganadores vão
correndo para falar, mas não falam a palavra de Deus (21). O Senhor disse na
época de Jeremias: “Mas, se tivessem estado no meu conselho,
então, teriam feito ouvir as minhas palavras ao meu povo e o teriam feito
voltar do seu mau caminho e da maldade das suas ações” (22).
Os sonhos e as visões (Jeremias 23:23-32)
Jeremias
enfrentou outro problema que ainda perturba as pessoas que buscam o Senhor
hoje. Falsos profetas usavam seus próprios sonhos como se fossem revelações
divinas, enganando as pessoas ingênuas. Deus disse: “Tenho ouvido o que dizem aqueles profetas, proclamando mentiras em meu
nome, dizendo: Sonhei, sonhei. Até quando sucederá isso no coração dos profetas
que proclamam mentiras, que proclamam só o engano do próprio coração? Os quais
cuidam em fazer que o meu povo se esqueça do meu nome pelos seus sonhos que
cada um conta ao seu companheiro....Portanto, sou contra esses profetas, diz o Senhor,
que furtam as minhas palavras..., que pregam a sua própria palavra e afirmam:
Ele disse! Eis que eu sou contra os que profetizam sonhos mentirosos, diz o Senhor,
e os contam, e com as suas mentiras e leviandades fazem errar o meu povo; pois
eu não os enviei, nem lhes dei ordem, e também proveito nenhum trouxeram a este
povo, diz o Senhor” (25-32).
Não é a
mesma coisa que acontece hoje? Supostos profetas preferem falar o que vem do
próprio coração, alegando ter sonhos e revelações de Deus, e não ensinam a
verdade eterna que Deus revelou para todos na Bíblia. E muitos ouvintes dão
mais importância às revelações particulares do que à mensagem das Escrituras. “A palavra do Senhor, porém, permanece eternamente” (1 Pedro 1:25).
Como nos proteger dos falsos mestres
Como
podemos nos proteger dos pastores infiéis e dos falsos profetas? É essencial: 1. Ouvir a palavra do
Senhor (Jeremias 22:29;
Atos 28:25-27); 2. Acolher o amor da verdade (2 Tessalonicenses 2:10); 3. Discernir entre o certo
e o errado (1
Tessalonicenses 5:21-22); e 4. Ser
praticantes da palavra (Tiago
1:21-25)...
Bispo.
Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciência da Religião Dr. Edson Cavalcante
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