CAINDO NO ESPÍRITO OU SENDO DERRUBADO PELOS DEMÔNIOS...
1 Samuel 19:20-24, texto que
apresenta Saul em transe profético e que supostamente apoia o “cair no
Espírito” nos cultos públicos. Leiamos os versículos na Nova Versão Internacional:
“Então Saul enviou alguns homens para capturá-lo. Todavia, quando viram
um grupo de profetas profetizando, dirigidos por Samuel, o Espírito de Deus
apoderou-se dos mensageiros de Saul, e eles também entraram em transe. Contaram isso a Saul, e ele enviou mais mensageiros, e estes também
entraram em transe. Depois mandou um terceiro grupo e eles também entraram em transe. Finalmente, ele mesmo foi para Ramá. Chegando à grande cisterna do
lugar chamado Seco, perguntou onde estavam Samuel e Davi. E lhe responderam:
“Em Naiote de Ramá” Então Saul foi para lá. Entretanto, o Espírito de Deus apoderou-se dele, e ele foi andando pelo caminho em transe, até chegar a Naiote.
Despindo-se de suas roupas, também profetizou na presença de Samuel, e,
despido, ficou deitado todo aquele dia e toda
aquela noite. Por isso, o povo diz: “Está Saul também entre os profetas?” (1Sm 19:20-24)
Alguns irmãos tentam justificar o
“cair no Espírito” com essa experiência de Saul. Todavia, o contexto do evento
e outros textos bíblicos paralelos nos provam que o “cair no Espírito” não é um
fenômeno de origem divina e, portanto, deve ser abandonado, antes que a vida
espiritual do cristão seja ainda mais comprometida.
A seguir, veja algumas das razões
para duvidarmos que 1 Samuel 19:20-24 esteja dando apoio ao “cair” sobre a
influência do Espírito Santo.
Provas de que o Espírito Santo não
joga as pessoas no chão
1º: O contexto nos mostra que
Saul não estava participando de nenhum culto de adoração, mas, sendo
impressionado por Deus para mudar de vida.
Saul queria matar Davi por causa da
inveja e por receio de perder o seu “cargo” de rei (1Sm 19:1-17). O então rei
de Israel estava indo longe demais e, através da capacidade de profetizar (dada
também aos mensageiros que ele enviou – 1Sm 19:20, 21), “recebeu uma evidência
clara de que Deus estava protegendo Davi”. É bem provável que “[...] ali o
Espírito Santo tenha insistido com Saul pessoalmente pela última vez” (Comentário Bíblico Adventista do
Sétimo Dia, vol. 2. Tatuí, São Paulo: Casa
Publicadora Brasileira, 2012, p. 589. Ver 1Sm 19:24).
O referido comentário também explica
que “é possível que tenha saído de seus lábios [de Saul, enquanto profetizava
sob a influência do Espírito] não só uma confissão da justiça da causa de Davi,
mas também a condenação de seus atos [...]”.
2º: Ao Espírito Santo
apoderar-se de Saul, ele prosseguiu caminhando até chegar a Ramá
(cidade localizada na região montanhosa de Efraim, a cerca de 8km de
Jerusalém), onde estavam os demais mensageiros que também profetizavam (1Sm
19:23). Essa capacidade de caminhar e chegar a um local específico nos mostra
que, apesar de Saul estar em “transe”, detinha capacidade autônoma, de modo que
a presença do Espírito não tirou a individualidade do rei.
3º: O verso 24 do capítulo 19
diz apenas que ele “ficou deitado todo aquele dia e toda aquela noite” e não dá
a entender que, para isso, ele tenha “sido jogado no chão” ou tido atitudes
excêntricas, do mesmo modo que vários irmãos que alegam estar sobre a
influência do Espírito sobre tais circunstâncias.
4º: O Novo Testamento, que
mostra a atuação do Espírito de maneira ainda mais clara, nos ensina que a
Terceira Pessoa da Trindade não gosta das manifestações pentecostais
pós-modernas que envolvem (muitas delas) gritos, barulho, desordem e ações
excêntricas. Veja:
a) Efésios 4:30, 31 afirma
que o Espírito é entristecido com a gritaria;
b) 1 Coríntios 14:33 ensina
que “Deus não é Deus de desordem, mas de paz. Como em todas as congregações dos
santos”, ou seja: até mesmo nas igrejas pentecostais Ele quer ser um Deus de
ordem e de paz.
c) 1 Coríntios 14:40 mostra
que o culto que agrada ao Senhor “deve ser feito com decência e ordem”.
d) Gálatas 5:22, 23 deixa
claro que, no momento em que uma pessoa é tomada pelo Espírito, ela revela em
sua vida nove qualidades de caráter, entre elas: paz (v. 22), mansidão e domínio próprio (v. 23).
Essas características do caráter
do Espírito Santo nos impedem de aceitar que as manifestações em muitos
(não todos!) meios pentecostais sejam realmente de origem divina. Se em um
culto, mesmo que o nome de Deus seja pronunciado (Conferir Mateus 7:21-23), as
pessoas manifestam atitudes e comportamentos diferentes daqueles que
o Espírito divino possui, conforme vimos nos textos acima, isso é suficiente
para provar-nos que “outro espírito” é quem está por trás de tais fenômenos.
5º: Marcos 9:17 e 18 diz que o espírito que faz as pessoas caírem é o espírito
do demônio. Veja que texto forte e, ao mesmo tempo, esclarecedor:
“Um homem, no meio da multidão, respondeu: ‘Mestre, eu te trouxe o meu
filho, que está com um espírito que o impede de falar. Onde
quer que o apanhe, joga-o no chão. Ele espuma pela boca, range os
dentes e fica rígido. Pedi aos teus discípulos que expulsassem o espírito, mas
eles não conseguiram’’
"Mas o fruto do Espírito é... mansidão e domínio próprio" (Gl
5:22, 23)
O Espírito Santo sempre quer erguer
o crente e nunca jogá-lo no chão. Veja que, ao Cristo expulsar o demônio
do menino (leia Marcos 9:14-29), o Salvador “tomou-o pela mão e o levantou, e ele
ficou em pé”(v. 27).
Portanto, não há dúvidas: o “cair no
Espírito”, mesmo fazendo parte da vida de muitos cristãos sinceros e
verdadeiros filhos de Deus, é uma manifestação demoníaca, com o objetivo de
confundir as pessoas e apresentá-las uma imagem distorcida do divino e manso
Espírito Santo.
O inimigo conhece o grande potencial
dos irmãos pentecostais
O inimigo de Deus sabe que muitos
amigos pentecostais são candidatos à vida eterna e salvos em Cristo. Tem
ciência do quanto o Espírito Santo os usa para relembrar aos demais cristãos
sobre a importância dos dons espirituais para a edificação da igreja e
conclusão da obra de evangelização mundial.
Por isso, através de manifestações
sobrenaturais que dão uma sensação aparentemente agradável aos que são
possuídos por tal espírito, o Diabo quer impedi-los de terem uma experiência
verdadeira com o Espírito. O inimigo, através de tal contrafação do Espírito,
quer impedir que os irmãos aprendam a apreciar um culto tranquilo, racional (Rm
12:1, 2) e que tenha a emoção na medida certa (Fp 4:4), do jeito certo (1Co
14:33, 40).
Muito cuidado, irmãos. Uma das
principais obras satânicas nesses últimos dias é contrafazer a obra do Espírito
Santo. Ele sabe que o Espírito é o “outro consolador” divino (Jo 14:16), que
glorifica a Jesus Cristo e o plano de salvação (Jo 16:14), nos convence “do
pecado, da justiça e do juízo” (Jo 16:8), guia-nos a “toda a verdade” (Jo
16:13) e santifica a nossa vida (Rm 6:23). O Diabo sabe que nesse processo de
santificação o Espírito nos torna parecidos com Jesus através do novo
nascimento (Jo 3:1-8) e “escreve” os princípios morais da Lei de Deus em nosso
coração (Hb 8:10).
Por isso, não é do interesse do
demônio que as pessoas tenham um conhecimento pleno (e correto) da Pessoa e da
Obra do Espírito Santo. Afinal, através de um falso espírito santo, ele pode
desencaminhar muitos e levá-los a seguir pelo caminho largo, que leva à
perdição (Mt 7:13, 14).
O inimigo não vai atrás de quem já é
dele. Por isso, meu irmão pentecostal, se você “cai no espírito”, peça a Deus
discernimento e coloque a Revelação bíblica acima dos seus sentimentos.
Leia esse artigo com oração e mente disposta (Jr 15:16) a conhecer cada vez
mais esse Deus que tanto lhe ama (Jr 31:3). Submeta-se a Ele (Tg 4:7) e
preste-Lhe um culto alegre (Fp 4:4) e racional ao mesmo tempo (Rm 12:1, 2),
para que sua mente receba todas as verdades que o Espírito Santo quer lhe
comunicar para sua felicidade presente e eterna:
“Quer você se volte para a direita quer para a esquerda, uma voz atrás
de você lhe dirá: ‘Este é o caminho; siga-o’” (Is 30:21)...
Bispo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor
em Ciência da Religião Dr. Edson Cavalcante
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