A QUEDA
DA GRANDE PROSTITUTA...
Já conhecemos os
personagens principais entre os inimigos do povo de Deus. Apareceu o dragão
(capítulo 12), seguido pelas duas bestas (capítulo 13) e a grande meretriz
(capítulo 17). Já sabemos o destino destes inimigos de Deus, pois o Cordeiro e
seus fiéis são os vencedores, e seus adversários serão derrotados. Antes da
identificação das características dos inimigos, a sétima trombeta já declarou:
“O reino do mundo se tornou do nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará
pelos séculos dos séculos” (11:15). Antes da descrição da grande meretriz vem a
declaração da queda dela (14:8). Este e os subseqüentes capítulos enfatizam o
que já foi revelado – os verdadeiros vencedores são aqueles que adoram a Deus.
Todos os outros – dos adoradores da besta à própria besta ao dragão que lhe dá
poder – serão derrotados. A partir deste capítulo, veremos a queda desses
inimigos do Senhor. Surgiram numa seqüência (dragão, bestas, meretriz) e cairão
na ordem invertida (meretriz, bestas, dragão).
Um Anjo Anuncia a Queda
da Babilônia (18:1-8)
18:1 – Depois destas
coisas, vi descer do céu outro anjo, que tinha grande autoridade, e a terra se
iluminou com a sua glória.
Depois destas coisas,
vi descer do céu outro anjo: A força que sustentava a meretriz vinha de baixo:
das águas, da besta que surgiu do mar e dos reis da terra. Os próprios reis
seriam os instrumentos de Deus no castigo dela, pois o anúncio da queda dela
vem de cima. Um anjo já anunciou a queda da Babilônia (14:8), e um outro
mostrou para João o significado da meretriz e o seu julgamento (17:1,7). Aqui,
outro anjo desce do céu para confirmar a sentença contra a Babilônia.
Que tinha grande
autoridade: A autoridade para falar vem do céu. Não há dúvida sobre a
veracidade de sua mensagem.
E a terra se iluminou
com a sua glória: Deus é a verdadeira luz, e a sua glória ilumina (21:23; 1
João 1:5). Pelo evangelho revelado, a glória de Deus traz iluminação (2
Coríntios 4:4-6; Efésios 1:17-18). Aqui, então, aguardamos uma declaração de
Deus que trará boas notícias aos servos fiéis.
18:2 – Então, exclamou
com potente voz, dizendo: Caiu! Caiu a grande Babilônia e se tornou morada de
demônios, covil de toda espécie de espírito imundo e esconderijo de todo gênero
de ave imunda e detestável
Então, exclamou com
potente voz: “Potente voz” vem da mesma expressão traduzida por “grande voz” em
outros versículos: a voz de Jesus (1:10), a voz de anjos (5:2; 10:3;
14:7,9,15,18; 19:17), a dos adoradores de Deus (5:12; 7:10); a das almas dos
mártires (6:10), a da águia que anuncia os três ais (8:13), a voz do céu que
chamou as testemunhas a subirem (11:13); as da sétima trombeta que anunciam o
reino do Senhor (11:15), a do céu que anuncia o poder de Deus e a expulsão do
dragão (12:10), a do santuário ou do trono (16:1,17; 21:3).
Caiu! Caiu a grande
Babilônia: Esta linguagem é a maneira profética de mostrar que Deus tiraria do
poder aqueles que dominavam e abusavam dos outros. Isaías profetizou contra o
rei da Babilônia histórica: “Como cessou o opressor! Como acabou a tirania!
Quebrou o SENHOR a vara dos perversos e o cetro dos dominadores, que feriam os
povos com furor, com golpes incessantes, e com ira dominavam as nações, com
perseguição irreprimível. Já agora descansa e está sossegada toda a terra.
Todos exultam de júbilo” (Isaías 14:4-7). Antes de prosseguir, devemos observar
a importância do caso da Babilônia antiga na interpretação da Babilônia
simbólica do Apocalipse. No Antigo Testamento, há várias profecias sobre a queda
da Babilônia. Estas profecias foram cumpridas na queda do domínio babilônico e
até na destruição da cidade, mas não literalmente de uma forma imediata e
desastrosa. A cidade “caiu” ao líder persa, Ciro o Grande, em 539 a.C., data
que geralmente marca o fim do império babilônico, mas as batalhas desta
conquista ocorreram em outros lugares, fora da cidade. Sabemos que os persas e
medos se juntaram para vencer os babilônicos. Isaías fala especificamente de
Ciro (45:1-2; 48:14-15) e dos medos como instrumentos de Deus neste castigo
(Isaías 13:17-20). Jeremias, também, foi específico quando disse que o castigo
da Babilônia viria logo no fim dos setenta anos do cativeiro de Judá (Jeremias
25:12), que os medos seriam o instrumento de Deus para castigá-la (51:11), que
a destruição dela seria repentina (51:8) e seria afundada como uma pedra jogada
no rio (51:63-64). Não podemos forçar uma interpretação literal, pois a cidade
permaneceu alguns séculos depois da invasão dos persas e medos, sendo desfeita
aos poucos como resultado dos estragos de várias invasões nas épocas dos
medo-persas, dos gregos e helenistas e até dos romanos. Não é possível mostrar
cumprimento literal de todos os detalhes das profecias da queda da Babilônia
antiga (alguns exemplos se encontram em Isaías 13:5,9-13,15-16; 14:22-23; 21:9;
43:14; 47:1,5; Jeremias 25:12-14; 50:1-2,9-10,21-46; 51:1-64). Usando o exemplo
de profecias sobre a Babilônia histórica, percebemos que profecias de
destruição nas Escrituras podem empregar linguagem poética e hiperbólica, podem
usar figuras específicas para falar de castigos mais gerais e podem comprimir
uma série de acontecimentos em um único evento. Com este entendimento, ainda
mantemos a nossa confiança nas afirmações do Apocalipse que as profecias seriam
cumpridas em breve. Não precisamos mostrar a destruição total e repentina da
cidade de Roma, nem a queda iminente do império romano. A linguagem profética
afirma a humilhação dos poderes que perseguiam os santos, e a história mostra
que foram, de fato, humilhados e derrotados.
E se tornou morada de
demônios, covil de toda espécie de espírito imundo e esconderijo de todo gênero
de ave imunda e detestável: A grande cidade que estava cheia de atividade e de
pessoas poderosas e ricas se torna uma cidade abandonada e suja (cf. Isaías
13:19-22). Mais uma vez, o contraste entre as duas principais cidades do livro
se torna evidente. A cidade mundana se torna lugar deserto e imundo, ocupado
por demônios e espíritos imundos. A cidade santa, a nova Jerusalém, será
habitada por multidões na presença do Senhor, e “Nela, jamais penetrará coisa
alguma contaminada” (21:27).
18:3 – pois todas as
nações têm bebido do vinho do furor da sua prostituição. Com ela se
prostituíram os reis da terra. Também os mercadores da terra se enriqueceram à
custa da sua luxúria.Este versículo repete alguns dos motivos do castigo de
Roma:
Pois todas as nações
têm bebido do vinho do furor da sua prostituição. Com ela se prostituíram os
reis da terra: A meretriz contaminou as nações com a sua maldade, avareza, etc.
Também os mercadores da
terra se enriqueceram à custa da sua luxúria: Roma foi um grande consumidor,
procurando e tomando para si tudo que traria prazer carnal ou glória material.
Pelo fato do império controlar o comércio entre os continentes de Europa,
África e Ásia, as nações exportadoras dominadas pelos romanos se enriqueceram
por causa desse comércio. A luxúria é o desejo descontrolado, um termo que,
muitas vezes, descreve a sensualidade e lascívia.
18:4 – Ouvi outra voz
do céu, dizendo: Retirai-vos dela, povo meu, para não serdes cúmplices em seus
pecados e para não participardes dos seus flagelos
Ouvi outra voz do céu,
dizendo: Retirai-vos dela, povo meu, para não serdes cúmplices em seus pecados:
Esta linguagem vem de Isaías 52:11, um trecho que fala sobre o fim do cativeiro
dos israelitas. Deus promete trazer o seu povo remido de volta para Sião, mas
exige que venha sem a impureza e a idolatria praticada por seus opressores. A
purificação e a fidelidade do povo seriam essenciais para a comunhão com o
santo Senhor (52:1-6).
Paulo emprega a mesma
linguagem em um apelo à santidade (2 Coríntios 6:14 - 7:1). Para ser o povo de
Deus e manter e gozar a comunhão com o Senhor, é necessário ser santificado.
Esta santidade é oposta à imundícia e à luxuria da meretriz.
E para não
participardes dos seus flagelos: Se participar dos pecados, receberiam o mesmo
castigo. Deus chama o povo dele para ser separado. A santificação é uma
exigência fundamental do evangelho como base da comunhão com Deus: “Segui a paz
com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor, atentando,
diligentemente, por que ninguém seja faltoso, separando-se da graça de Deus”
(Hebreus 12:14-15).
18:5 – porque os seus
pecados se acumularam até ao céu, e Deus se lembrou dos atos iníquos que ela
praticou.
Porque os seus pecados
se acumularam até ao céu: A voz do sangue de Abel chegou ao Senhor, pedindo
vingança (Gênesis 4:10). O clamor de Sodoma e Gomorra subiu até Deus, trazendo
sua ira na destruição das cidades (Gênesis 18:20-21). A meretriz acumulou tanta
iniqüidade que chegou até ao céu.
Deus se lembrou dos
atos iníquos que ela praticou: O Senhor não podia ignorar a maldade de Roma.
Ela se exaltou em rebeldia contra Deus e contra a sua vontade. O castigo se
tornou inevitável.
18:6 – Dai-lhe em
retribuição como também ela retribuiu, pagai-lhe em dobro segundo as suas obras
e, no cálice em que ela misturou bebidas, misturai dobrado para ela.
Dai-lhe em retribuição
como também ela retribuiu, pagai-lhe em dobro segundo as suas obras: A justiça
divina opera-se pelo princípio da colheita: “Aquilo que o homem semear, isso
também ceifará” (Gálatas 6:7). Roma conduziu outras nações a participarem na
sua iniqüidade e a sofrerem as conseqüências nos flagelos de Deus. Agora, veio
a hora da retribuição.
No cálice em que ela
misturou bebidas, misturai dobrado para ela: Induzir outros ao pecado não é ato
de amor ou amizade. Causa sofrimento e os leva ao castigo. Por ter feito isso,
a meretriz terá que beber do cálice da ira de Deus (cf. comentários sobre
14:8,10).
18:7 – O quanto a si
mesma se glorificou e viveu em luxúria, dai-lhe em igual medida tormento e
pranto, porque diz consigo mesma: Estou sentada como rainha. Viúva, não sou.
Pranto, nunca hei de ver!
O quanto a si mesma se
glorificou e viveu em luxúria, dai-lhe em igual medida tormento e pranto: O
castigo na medida do crime cometido. Ele se entregou à luxúria sem limites, e
agora sofreria tormento sem limites.
Porque diz consigo
mesma: Estou sentada como rainha. Viúva, não sou. Pranto, nunca hei de ver!: Na
sua arrogância, Roma se achou invencível. Ela dominava o mundo, e nem imaginou
alguém capaz de tirá-la de sua posição exaltada. A cidade de Roma e os seus
imperadores chegaram a ser adorados como deuses. A confiança exagerada dela nos
lembra dos edomitas no Antigo Testamento: “A soberba do teu coração te enganou,
ó tu que habitas nas fendas das rochas, na tua alta morada, e dizes no teu
coração: Quem me deitará por terra? Se te remontares como águia e puseres o teu
ninho entre as estrelas, de lá te derribarei, diz o SENHOR” (Obadias 3-4; cf. a
profecia semelhante sobre a Etiópia e a Assíria em Sofonias 2:15). Os
versículos 7 e 8 claramente tomam a sua linguagem de uma profecia sobre a
Babilônia histórica: “Ouve isto, pois, tu que és dada a prazeres, que habitas
segura, que dizes contigo mesma: Eu só, e além de mim não há outra; não ficarei
viúva, nem conhecerei a perda de filhos. Mas ambas estas coisas virão sobre ti
num momento, no mesmo dia, perda de filhos e viuvez; virão em cheio sobre ti,
apesar da multidão das tuas feitiçarias e da abundância dos teus muitos
encantamentos” (Isaías 47:8-9). Compare, agora, o que viria sobre a Babilônia
do Apocalipse.
18:8 – Por isso, em um
só dia, sobrevirão os seus flagelos: morte, pranto e fome; e será consumida no
fogo, porque poderoso é o Senhor Deus, que a julgou.
Por isso, em um só dia,
sobrevirão os seus flagelos: morte, pranto e fome; e será consumida no fogo: A
auto-confiança da Babilônia a deixa totalmente despreparada e vulnerável quando
vem o juízo de Deus. Mais um versículo de Isaías salienta o perigo que a
Babilônia e Roma enfrentaram, o mesmo que enfrentamos hoje numa sociedade
dominada pelos avanços da ciência e da tecnologia: “Porque confiaste na tua
maldade e disseste: Não há quem me veja. A tua sabedoria e a tua ciência, isso
te fez desviar, e disseste contigo mesma: Eu só, e além de mim não há outra”
(Isaías 47:10). A palavra traduzida “flagelos” é a mesma que descreve, em
outros livros do Novo Testamento, os açoites de castigo (Atos 16:23,33; 2
Coríntios 6:5; 11:23). Aqui e outras vezes no Apocalipse, identifica os
“açoites” de castigo que vêm de Deus.
Porque poderoso é o
Senhor Deus, que a julgou: Roma se achou poderosa, mas se enganou. Deus é o
verdadeiro Onipotente, e ele julgou a meretriz. Ela não escapará deste castigo.
Paulo disse: “A fraqueza de Deus é mais forte do que os homens” (1 Coríntios
1:25).
As Reações à Queda da
Babilônia (18:9-20)
As reações à queda da
meretriz são duas: lamentação e exultação. Primeiro, encontramos a lamentação
repetida por três grupos de dependentes de Roma: os reis, os mercadores e os
pilotos. Todos se expressam com variações do mesmo refrão: “Ai! Ai da grande
cidade” (10,16,19). Depois, três categorias dos dependentes de Deus (santos,
apóstolos e profetas) são convidados a exultarem sobre a meretriz caída (20).
Agora, as lamentações:
Os reis lamentam sobre
a meretriz (18:9-10)
18:9 – Ora, chorarão e
se lamentarão sobre ela os reis da terra, que com ela se prostituíram e viveram
em luxúria, quando virem a fumaceira do seu incêndio
Ora, chorarão e se
lamentarão sobre ela os reis da terra... quando virem a fumaceira do seu
incêndio: Os mesmos reis que odiavam a meretriz e contribuíram à destruição
dela (17:16) agora lamentam a queda da Babilônia. Apesar de detestar a meretriz
que os dominava (17:18), eles viviam do comércio gerado pela luxúria dela. A
destruição da meretriz teria um impacto econômico muito negativo para os países
comerciantes.
18:10 – e,
conservando-se de longe, pelo medo do seu tormento, dizem: Ai! Ai! Tu, grande
cidade, Babilônia, tu, poderosa cidade! Pois, em uma só hora, chegou o teu
juízo.
E, conservando-se de
longe, pelo medo do seu tormento: As nações participaram dos lucros, e até dos
erros, mas não querem se envolver na hora do castigo.
Dizem: Ai! Ai! Tu,
grande cidade, Babilônia, tu, poderosa cidade! Pois, em uma só hora, chegou o
teu juízo: A poderosa cidade que dominava os reis do mundo recebe a justa
recompensa por seu erro. O juízo de Deus chega repentinamente, tomando a orgulhosa
meretriz de surpresa.
Os mercadores lamentam
sobre a meretriz (18:11-17a)
18:11 – E, sobre ela,
choram e pranteiam os mercadores da terra, porque já ninguém compra a sua
mercadoria,
E, sobre ela, choram e
pranteiam os mercadores da terra, porque já ninguém compra a sua mercadoria:
Confirmação do motivo egoísta da tristeza das nações! Não choraram por amor de
Roma, e sim por perda de lucros! O egoísmo e o materialismo são características
de pessoas carnais. Roma mostrou este mesmo espírito, e os sujeitos que
participavam da prostituição dela, também, se mostraram carnais. “Mercadores”
vem de uma palavra que sugere atacadistas, aqueles que transportaram mercadoria
de longe para vender em grandes quantidades.
18:12-14 – mercadoria
de ouro, de prata, de pedras preciosas, de pérolas, de linho finíssimo, de
púrpura, de seda, de escarlata; e toda espécie de madeira odorífera, todo
gênero de objeto de marfim, toda qualidade de móvel de madeira preciosíssima,
de bronze, de ferro e de mármore;
13 e canela de cheiro,
especiarias, incenso, ungüento, bálsamo, vinho, azeite, flor de farinha, trigo,
gado e ovelhas; e de cavalos, de carros, de escravos e até almas humanas.
14 O fruto sazonado,
que a tua alma tanto apeteceu, se apartou de ti, e para ti se extinguiu tudo o
que é delicado e esplêndido, e nunca serão achados.
Mercadoria de ouro, de
prata, de pedras preciosas...: Esta lista de produtos mostra a extrema riqueza
da meretriz. Consumia todo tipo de mercadoria de luxo, até escravos. A
opulência de Roma levou a cidade ao exagero de um consumismo desenfreado, e as
nações exportadoras lucraram com isso.
A lista de mercadoria
nestes versículos é paralela, embora mais resumida, à lista de Ezequiel 27 e
28. Aquela profecia falou da mercadoria comprado por Tiro, um porto que
controlava, na sua época, uma boa parte do comércio do Mediterrâneo. Os
produtos citados vêm de diversos países em continentes diferentes. Roma, na
época do Apocalipse, controlava o comércio no mar Mediterrâneo e, com isso, uma
boa parte dos negócios entre os continentes da Ásia, África e Europa. A palavra
traduzida “mercadoria” normalmente indica frete de um navio.
Estes versículos
reforçam a interpretação da meretriz como símbolo de Roma e sua vida comercial
e materialista.
Nunca serão achados:
Depois de gerações de luxo, Roma não teria mais o domínio comercial e a
facilidade de obter estas mercadorias. Perderia poder e prosperidade e, como
consequência, sua capacidade de satisfazer seus próprios apetites.
18:15-17a – Os
mercadores destas coisas, que, por meio dela, se enriqueceram, conservar-se-ão
de longe, pelo medo do seu tormento, chorando e pranteando,
16 dizendo: Ai! Ai da
grande cidade, que estava vestida de linho finíssimo, de púrpura, e de
escarlata, adornada de ouro, e de pedras preciosas, e de pérolas,
17 porque, em uma só
hora, ficou devastada tamanha riqueza!
Os mercadores destas
coisas, que, por meio dela, se enriqueceram, conservar-se-ão de longe, pelo
medo do seu tormento, chorando e pranteando, dizendo Ai! Ai da grande cidade:
Os mercadores, como os reis (18:10), ficam longe da meretriz e repetem o refrão
de lamentação: “Ai! Ai da grande cidade!”
Que estava vestida de
linho finíssimo, de púrpura...: A descrição da meretriz (17:4). Agora ele deixa
claro o significado, frisando a prosperidade e materialismo da cidade.
Porque, em uma só hora,
ficou devastada tamanha riqueza: A Babilônia tinha tudo, e se achava superior a
todos. Agora, pela declaração de Deus, perde tudo.
Os pilotos lamentam
sobre a meretriz (18:17b-19):
18:17b – E todo piloto,
e todo aquele que navega livremente, e marinheiros, e quantos labutam no mar
conservaram-se de longe.
E todo piloto, e todo
aquele que navega livremente, e marinheiros, e quantos labutam no mar
conservaram-se de longe: Já observamos a importância do poder de Roma sobre o
mar Mediterrâneo. As economias de nações dependiam do comércio com Roma e, por
isso, os reis lamentaram (18:9-10). Os mercadores dependiam deste comércio,
dando-lhes motivo para chorar (18:11-17). Os pilotos, também, dependiam do
transporte de mercadoria. Mas, como os outros, eles ficam longe na hora do
castigo da grande cidade, porque não querem sofrer com ela.
18:18 – Então, vendo a
fumaceira do seu incêndio, gritavam: Que cidade se compara à grande cidade?
Então, vendo a
fumaceira do seu incêndio, gritavam: Que cidade se compara à grande cidade?: As
palavras de blasfêmia de novo! Os aliados do diabo se exaltaram diante dos
homens tanto que os habitantes da terra acreditavam, por um tempo, nas suas
arrogantes afirmações (cf. os comentários sobre Miguel e a besta do mar em
13:4, lição 22). Mas o motivo desta arrogância sumiu numa nuvem de fumaça
subindo da cidade!
18:19 – Lançaram pó
sobre a cabeça e, chorando e pranteando, gritavam: Ai! Ai da grande cidade, na
qual se enriqueceram todos os que possuíam navios no mar, à custa da sua
opulência, porque, em uma só hora, foi devastada!
Lançaram pó sobre a
cabeça e, chorando e pranteando, gritavam: Uma cena igual à lamentação dos
pilotos quando Tiro caiu (Ezequiel 27:27-32). Lançar pó sobre a cabeça mostra
angústia e tristeza (Jó 2:12; Ezequel 27:30).
Ai! Ai da grande
cidade: O terceiro refrão destas lamentações.
Na qual se enriqueceram
todos os que possuíam navios no mar, à custa da sua opulência, porque, em uma
só hora, foi devastada!: O motivo dos pilotos, como o dos mercadores, é
egoísta. Nada de tristeza pela meretriz. Eles choram porque perderam os seus
contratos como transportadores.
A Exultação dos Santos
(18:20):
Os reis, mercadores e
pilotos podem lamentar, mas a queda da Babilônia é ocasião de alegria para os
servos do Senhor!
18:20 – Exultai sobre
ela, ó céus, e vós, santos, apóstolos e profetas, porque Deus contra ela julgou
a vossa causa.
Exultai sobre ela, ó céus,
e vós, santos, apóstolos e profetas, porque Deus contra ela julgou a vossa
causa: Os habitantes da terra podem lamentar, mas os que habitam no céu
celebram a vitória! A causa dos fiéis foi o assunto das orações dos santos
(5:8; 8:4) e das petições das almas debaixo do altar no quinto selo (6:9-11).
Santos, apóstolos e profetas foram perseguidos e oprimidos por aqueles que
habitam sobre a terra. A queda da Babilônia, a meretriz que bebera o sangue dos
santos (17:6), foi um passo importante na direção da vindicação total da causa
dos servos do Senhor.
A Derrota Total da
Babilônia (18:21-24)
A primeira vez que a
palavra Babilônia aparece no Apocalipse foi para anunciar aqueda dela (14:8). A
última vez que aparece (18:21) é para declarar a sua derrota total e final.
18:21 – Então, um anjo
forte levantou uma pedra como grande pedra de moinho e arrojou-a para dentro do
mar, dizendo: Assim, com ímpeto, será arrojada Babilônia, a grande cidade, e
nunca jamais será achada.
Então, um anjo forte
levantou uma pedra como grande pedra de moinho e arrojou-a para dentro do mar:
Foi um anjo forte que procurou alguém para abrir o livro e revelar a vontade de
Deus (5:2). Foi um anjo forte que desceu do céu e jurou que o mistério de Deus
seria cumprido (10:1-7). Agora, um anjo forte joga a grande pedra no mar,
declarando a finalidade do castigo previsto. Jesus usou a figura de lançar
alguém no mar com uma grande pedra de moinho pendurada no pescoço para
descrever a morte (Mateus 18:6; Marcos 9:42). Este ato simbólico do anjo declara
a morte, a derrota total, da meretriz.
Assim, com ímpeto, será
arrojada Babilônia, a grande cidade, e nunca jamais será achada: Em relação à
interpretação literal ou figurada desta profecia, leia os comentários sobre
18:2. Da mesma maneira que entendemos as profecias sobre a Babilônia histórica,
aceitamos estas profecias sobre a destruição da Babilônia simbólica. O ponto
não é a forma do castigo, mas sua certeza. Ela afirmou, na sua arrogância, que
nunca veria pranto (18:7). Deus declara que ela nunca será vista, e nunca verá
a vida! A Babilônia foi jogada no mar e se afundou. Jamais levantará a sua mão
contra os servos do Senhor. Compare a profecia sobre a Babilônia antiga em
Jeremias 51:63-64.
O estado de morte da
meretriz é descrito nas figuras nos versículos seguintes. É uma cidade morta.
Não há nela os sons de festa, nem os sons do trabalho de fábricas, nem de
produção de alimentos; não há luz, pois a cidade se escureceu. O que acha é
apenas o sangue dos santos, motivo da morte da meretriz.
18:22 – E voz de
harpistas, de músicos, de tocadores de flautas e de clarins jamais em ti se
ouvirá, nem artífice algum de qualquer arte jamais em ti se achará, e nunca
jamais em ti se ouvirá o ruído de pedra de moinho.
E voz de harpistas, de
músicos, de tocadores de flautas e de clarins jamais em ti se ouvirá: A festa
acabou! A alegria da música, característica de uma cidade de luxúria e
prosperidade, cessou. A Babilônia nunca voltaria a ter a mesma alegria.
Nem artífice algum de
qualquer arte jamais em ti se achará: A cidade era um centro de atividade
comercial, mas agora pararam para sempre as atividades de artesanato e
produção.
Nunca em ti se ouvirá o
ruído de pedra de moinho: Nenhum barulho de produção de alimentos. O silêncio
da morte toma conta da cidade.
18:23-24 – Também
jamais em ti brilhará luz de candeia; nem voz de noivo ou de noiva jamais em ti
se ouvirá, pois os teus mercadores foram os grandes da terra, porque todas as
nações foram seduzidas pela tua feitiçaria.
24 E nela se achou
sangue de profetas, de santos e de todos os que foram mortos sobre a terra.
Também jamais em ti
brilhará a luz de candeia: Mais um sinal de uma cidade morta. Nenhum som e
nenhuma luz.
Nem voz de noivo ou de
noiva jamais em ti se ouvirá: O casamento sempre é um sinal de esperança, de
planos para o futuro (Mateus 24:38). Mas a Babilônia não tem futuro; não terá
nela as vozes de noivos.
Pois os teus mercadores
foram os grandes da terra: A Babilônia foi exaltada e exercia poder e
influência sobre os outros. Os motivos do castigo dela são resumidos em dois
pontos:
Porque todas as nações foram seduzidas pela
tua feitiçaria: A meretriz seduziu as nações, que participaram com ela na sua
prostituição. Este envolvimento dos povos com a Babilônia foi um dos pontos
principais deste capítulo.
E nela se achou sangue
de profetas, de santos e de todos os que foram mortos sobre a terra: Mais uma
vez, ele volta ao motivo maior do castigo de Roma. Perseguia os santos e se
embriagou com o sangue deles (17:6). Deus castiga a Babilônia como ato de
justiça, trazendo a merecida vingança pela perseguição do povo do Senhor. A
súplica do quinto selo está sendo respondida!
Conclusão
O anjo de Deus desceu
do céu e declarou: “Caiu! Caiu a grande Babilônia” (18:2). Seguiu-se o coro dos
habitantes da terra lamentando a queda da grande meretriz. Os reis, os
mercadores e os marinheiros repetiam o mesmo refrão: “Ai! Ai da grande cidade”
(18:10,16,19). A cena final deste capítulo descreve a cidade, antigamente
grande e ativa, tomada pelo silêncio de uma tumba. A Babilônia, por se exaltar
e por se colocar em oposição a Deus, foi jogada no mar e totalmente derrotada
pelo Senhor. E os santos, os fiéis que não cederam às pressões da perseguição,
celebraram a vitória da justiça divina...
BISPO/JUIZ. MESTRE E
DOUTOR EM ÊNFASE E DIVINDADES DR. EDSON CAVALCANTE
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