ELISEU, A VIÚVA E O AZEITE...
Muitas vezes julgamos que por seguir Jesus nossos caminhos
serão facilmente transpostos, nossas portas serão abertas, nosso fardo será
leve, nosso jugo suave, mas quando nos deparamos com as aflições, cobramos bom
ânimo: algumas vezes a Ele nos voltamos tantas outras, apenas nos revoltamos.
Não fora diferente no passado, quando a viúva recorre ao
profeta Eliseu, ao rumor iminente de que credores viriam buscar os dois filhos
para servirem-nos de servos.
Em sua petição, o argumento inicial era de que o marido lhe
fora servo fiel, temente ao Senhor e nada lhe deixara – a ela e aos filhos – a
não ser dívidas e uma botija de óleo.
“Que te hei de eu fazer?” Atenta Eliseu.
Quantas vezes permanecemos silentes em meio a situações
adversas, querendo nos valer das próprias mãos, dos próprios recursos, quando
Jesus nos diz para a Ele recorrermos. Quantas mais, até nos equivocamos, ao
julgar nosso comportamento irrepreensível perante as coisas do Reino. Quantas
mais falamos até de forma inequívoca?
Ele quer ouvir nossa voz, nosso clamor, nossa petição. Mas
também quer nossa proximidade, nosso caminhar, nosso coração.
A viúva recorreu ao profeta; aquele de quem ela tinha
conhecimento; de quem o marido servira.
“O que é que tens em tua casa?”
O profeta não se deixara levar pela emoção daquele pranto,
antes questiona a provisão que os mantivera até aquele momento. O palco não
mais era ocupado pela figura central – o marido – agora, a ela cabia suprir as
necessidades prementes; era-lhe necessário encher-se de ânimo e coragem, para
atuar no palco de uma nova situação.
Com certeza, teve tempo suficiente para perceber como estava
seu coração, seu comprometimento, seu envolvimento, seu caminho e seu caminhar
com o Senhor, a partir daquelas palavras – quem sabe até jamais pensara ouvi-las
– mas que fizeram toda a diferença.
A viúva tinha convicção de que o marido era servo fiel do
profeta – temente ao Senhor - entretanto, faltavam-lhes recursos materiais e
espirituais. Seria por descuido? Por falta de entendimento da Palavra? Sabia que
em casa havia apenas uma botija de óleo e nada mais, muito embora também se
declarasse “serva” do profeta.
Moisés, já deixara registrado em Deuteronômio - um dos seus
cinco livros que compõem a lei mosaica – capítulo 28, que exaltados seriam
todos aqueles que atentassem à voz do Senhor; que os inimigos que por ventura
viessem a se levantar por um caminho, por sete sairiam; por cabeça seriam
colocados; a muitos emprestariam, jamais algo tomariam emprestado; no fruto do
ventre se veria abundância, entretanto, cativos seriam levados os filhos.
Quantos pais, hoje, frequentam igrejas, são simpatizantes,
membros, obreiros, pastores, mas seus filhos são escravos das drogas, das
doenças, da prostituição, da homossexualidade, do adultério, casamentos
fracassados.
Quanto engano! Quanto equívoco!
A frente do profeta encontrava-se a viúva a prantear.
“Vai, pede para ti vasos emprestados a todos os teus
vizinhos, vasos vazios, não poucos”.
Vazios estavam seus vasos. O marido servira ao profeta;
temente era a Deus, mas, quem sabe deixara faltar o óleo em casa. Vazios
ficaram os vasos – da viúva e dos filhos – que agora necessitavam recorrer
tanto às benesses dos vizinhos, quanto encontrar vasos para serem preenchidos
do óleo.
Fechados estavam todos, julgando que o cabeça suprira a
necessidade espiritual do lar, quando na verdade, deveriam estar na presença de
Deus – todos.
Entrementes, ao invés de receber uma palavra de alívio, de
consolo, de conforto, é-lhe cobrada uma posição perante as coisas de Deus.
Isso é o que nos acomete, muitas vezes, quando estamos
passando por situações adversas àquelas que pressupomos melhor para nosso
viver. Uma doença em família, uma perda brusca de um ente querido, uma perda
financeira, e nos descuidamos do essencial, o invisível aos nossos olhos –
abandonamos o único que pode nos trazer resposta, alívio, consolo; mostrar-nos
o Caminho. Buscamos o homem, quando deveríamos mesmo era criar intimidade com o
Senhor, ao ponto de podermos chamá-lo de Pai – Papai.
Um Pai do qual se pode assentar à mesa, fartar-se de toda
regalia que se coloca sobre ela, manter diálogo franco e aberto, expor-lhe o
coração por inteiro, posto que chamados fomos para servi-lo, como filhos, não
como servos.
“Então, entra, e fecha a porta sobre ti, e sobre teus filhos,
e deita o azeite em todos aqueles vasos, e põe à parte o que estiver cheio”.
Após esvaziarem-se das mágoas, das tristezas, da falta que a
presença do marido e pai deixara naquela casa, abrirem os olhos e o coração
para se irmanarem a vizinhança – a família espiritual – a sós, os três, começam
a preencher os vasos com óleo.
Visível se torna o desejo do Senhor para com a viúva e os
filhos, não diferente com relação a nossa postura. Ele nos quer por completo,
livre de embaraços, para que sirvamos de exemplo, primeiro para nossos mais
próximos – os da nossa própria casa.
Ao nos pedir que adentremos o mais íntimo do nosso ser, quer
nos auxiliar na difícil tarefa de lançar fora os entraves que atrapalham nossa
ascensão a Ele; não apenas a nossa pessoa, mas partindo daqueles que nos são
mais próximos, para abarcar o maior número possível de pessoas.
“Vai, vende o azeite, e paga a tua dívida; e tu e teus filhos
vivei do resto”.
Jesus não só nos dá a oportunidade de vivermos da Palavra
como do azeite – o Espírito Santo – como também nos dá o pleno conhecimento de
que nossa dívida fora paga na cruz do calvário – a nossa, a de nossos filhos e
de todos aqueles que O buscar...
BISPO/JUIZ.MESTRE E DOUTOR EM ÊNFASE E DIVINDADE. DR.EDSON
CAVALCANTE
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