DISCIPLINA
Hebreus 12.7 NVI
“Suportem as dificuldades, recebendo-as como disciplina: Deus os trata como filhos. Ora, qual o filho que não é disciplinado por seu pai?”
O estudo que estamos fazendo na carta aos Hebreus tem nos conduzido a reconhecer a superioridade de Cristo. Nada, absolutamente nada, deve ocultar a Sua glória. Somos instados a nos submeter inteiramente a Ele, pois é o único digno de toda a honra.
Dentro do texto da lição de hoje, o autor da carta determina os limites da nossa luta contra o pecado (Hb 11.4). Os leitores são informados de que não resistimos ao pecado a ponto de derramar o próprio sangue. Consideremos duas possibilidades dessa afirmação. A primeira, que os crentes a quem a carta foi escrita não haviam passado por uma perseguição como a dos mártires (Hb 11.35-38). A segunda possibilidade é que os sofrimentos na luta contra o pecado nunca tiveram a dimensão dos que Jesus sofreu quando Seu suor se tornou como gotas de sangue (Lc 22.44).
I. A corrida da fé (Hb 12.1-3)
A motivação dessa corrida
“a nuvem de testemunhas”. Este capítulo inicia-se com uma palavra de ligação com o capítulo anterior, “portanto”. Dessa forma, o autor convida seus leitores a considerar que, da mesma maneira como os crentes que entraram para a galeria da fé confiaram inteiramente em Deus e se entregaram a Ele, devemos também seguir o exemplo deles. Há um grande número de pessoas que nos observam e precisam ver o poder do Deus em Quem confiamos através da nossa fé. Nossa relação com Deus deve causar nas pessoas que nos rodeiam o mesmo impacto causado pelos heróis da fé.
As exigências dessa corrida
a. Desembaraçar-se de todo peso
Esse peso não precisa ser necessariamente um pecado. Pode referir-se a limitações que prejudicam a corrida da fé. Entre elas podemos mencionar o medo de sofrer por causa da fé, o desânimo para obedecer aos princípios do evangelho, a dúvida do poder de Deus, o desejo de receber gratificações imediatas.
b. Desembaraçar-se de todo pecado
Não deixar que o pecado nos assedie, isso é uma questão de decisão. Há coisas de que gostamos, mas por causa de nosso amor a Deus decidimos não fazer mais. Temos, por meio da leitura da Bíblia, a luz que nos dará clareza sobre esses pecados. Assim como o salmista, devemos orar diariamente pedindo que os pecados intencionais não nos dominem (Sl 19.13). Devemos afirmar a essas vontades pecaminosas que Cristo é o Senhor do nosso ser, que queremos Lhe obedecer e honrá-Lo.
c. Correr com perseverança
Um ponto que se deve destacar é a atitude de “ser perseverante”. Na carreira cristã, corremos para o prêmio que nos é proposto, não podemos nos deter ante obstáculos. Os atletas vencedores são os que superam os grandes obstáculos. Muitas vezes, julgamos os obstáculos além das condições humanas, mas os atletas persistem e vencem. Assim também devemos para alcançar as conquistas espirituais. Sempre buscar vencer em Jesus.
d. Olhar para Jesus
A expressão “olhando firmemente para…” sugere a pessoa desviando o olhar de uma coisa ou pessoa e concentrando-se em outra. Fala também da impossibilidade de olhar em duas direções ao mesmo tempo. Jesus é suficiente, pois Ele é o “Autor e Consumador da fé”, quer dizer que tudo começa e termina Nele. Mas Ele também é exemplo de perseverança, pois suportou não somente a cruz, mas também a oposição dos pecadores.
II. A disciplina de Deus (Hb 12.4-13)
A figura usada pelo profeta Jeremias ( Jr 18.1-6) ao considerar o homem como barro e Deus como oleiro nos ajuda a entender o valioso processo da disciplina. Nossa natureza, assim como o barro, não possui nenhum valor. Nada existe no barro que ele possa fazer por si próprio de modo a atribuir a si algum valor. Da mesma forma, qualquer beleza que exista em nós é resultado da ação de Deus em nós. É o que se chama de graça, isto é, favor imerecido. Já a disciplina é o processo que Deus usa para transformar aquilo que não tem valor em algo precioso.
No texto do nosso estudo de hoje, aprenderemos que Deus nos disciplina para que participemos da Sua santidade (v.10). No versículo 7, existe a exortação para suportar as dificuldades. Elas são apresentadas como agentes de Deus para nos disciplinar.
A quem Deus disciplina?
Nesse texto, aprendemos que Deus disciplina, de maneira particular, Seus filhos, que são as pessoas que confessam o nome de Jesus como Senhor. Podemos fazer um paralelo na relação pai e filhos carnais. Pais que amam os filhos os disciplinam. O autor de Hebreus ensinou: se vocês não são disciplinados, e a disciplina é para todos os filhos, então vocês não são filhos legítimos, mas ilegítimos.
Assim, cabe fazer uma boa avaliação sobre essa palavra. Você percebe que tem sido disciplinado por Deus? Pode citar exemplos disso?
Por que Deus disciplina?
Não existe em nós beleza natural, pois a queda nos fez perder esse aspecto. Nosso caráter está inclinado a pecar. O bem que desejamos fazer não conseguimos, mas o mal que não queremos fazer fazemos (Rm 7.19). Deus, em Seu amor, busca fazer esta mudança radical: tornar aquilo que por natureza é feio e sem utilidade em algo belo e útil. Seus meios de nos disciplinar visam transformar o velho homem em um novo homem, segundo Cristo, levando Seus filhos à maturidade, a fim de atingirem a medida da plenitude de Cristo (Ef 4.13). Só assim eles poderão vê-Lo.
Para que Deus disciplina?
Normalmente, o ser humano não gosta de ser disciplinado. Na Nova Versão Internacional (NVI), o versículo 7 inicia com uma recomendação: “suportem as dificuldades”. Apesar delas não serem agradáveis, são importantes. As dificuldades são instrumentos de Deus para o nosso crescimento espiritual. Precisamos converter nosso gosto, que aparentemente é bom, mas que na verdade não é, por um prazer do qual nossa carne não se agrada, entretanto, é bom, perfeito e agradável a Deus. Deus nos disciplina para aproveitamento, a fim de sermos participantes da Sua santidade (Hb 12.10).
Conclusão
Devemos olhar firmemente para Jesus. Essa visão atenta deverá nos motivar a: (1) restabelecer as mãos descaídas; (2) fortalecer os joelhos que têm tendência para vacilar; (3) fazer caminhos retos para os pés.
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante.
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