OS ENIGMAS DO LIVRO DE JÓ
SINCERO, RETO E TEMENTE A DEUS; E DESVIAVA-SE DO MAL.
Diante dos eventos apocalípticos que tem ocorrido no início do ano de 2011, acredito que o livro de Jó deverá ser um dos consolos e abrigos, perguntas e respostas recorrentes à verdade e justiça de Deus, do homem e do mundo. Acredito que até um incrédulo poderá se consolar com a vida de Jó e suas indagações existenciais. Esse mês, a série: Livro de Jó, estára realimentando a fé e a certeza da Graça e Soberania de Deus sobre todas as coisas, principalmente o sofrimento e causas naturais.
(1) O temor de Deus e o desviar-se do mal são o fundamento da vida irrepreensível e da retidão de Jó (cf. Pv 1.7). “Sincero” refere-se à integridade moral de Jó e à sua sincera dedicação a Deus; “reto” denota retidão nas palavras, nos pensamentos e atos.
(2) Esta declaração da retidão de Jó é reafirmada pelo próprio Deus no versículo 8 e em 2.3 onde, claramente, se vê que Deus, pela sua graça, pode redimir os seres humanos caídos, e torná-los genuinamente bons, retos e vitoriosos sobre o pecado. Esta declaração envergonha e expõe os erros do ensino evangélico modernista, o qual afirma que:
(a) nenhum crente em Cristo, mesmo com toda assistência do Espírito Santo, pode ter a mínima esperança de ser irrepreensível e reto nesta vida; e
(b) os crentes podem estar certos de que pecarão todos os dias, por palavras, pensamentos e obras, sem nenhuma esperança de vencer a carne nesta vida.
1:1 JÓ. Tudo indica que Jó viveu na época dos patriarcas (Abraão, Isaque e Jacó, aproximadamente em 2100—1800 a.C.). A maioria dos eruditos crê que a terra de Uz ficava a sudeste da Palestina e do mar Morto, ou ao nornorte da Arábia (ver a introdução ao livro de Jó). Outros crêem que a terra de Uz ficava ao nordeste do mar da Galiléia, na direção de Damasco.
1:5 MEUS FILHOS. Como pai piedoso, Jó tinha muito zelo pelo bem-estar espiritual de seus filhos. Vivia atento à conduta e modo de vida deles, orando a Deus para que os protegesse do mal e que experimentassem da parte de Deus a salvação e suas bênçãos. Jó exemplifica o pai de coração voltado para os filhos, dedicando-lhes tempo e atenção necessários para mantê-los afastados do pecado.
1:6-1:7 SATANÁS. Antes da morte e da ressurreição de Cristo, Satanás tinha acesso vez por outra à presença de Deus, quando então questionava a sinceridade e retidão dos fiéis (ver 1.6-12; 2.1-6; 38.7; Ap 12.10). Por outro lado, a Bíblia não declara em nenhum lugar que Satanás tem acesso direto a Deus na nova aliança (ver Mt 4.10 nota), embora ele continue acusando os crentes. O crente pode eliminar essas acusações por meio do sangue de Cristo, de uma boa consciência e da Palavra de Deus (cf. Mt 4.3-11; Tg 4.7; Ap 12.11). Nossa confiança é reforçada pelo fato de termos como nosso Advogado perante o Pai o Senhor Jesus Cristo (1 Jo 2.1), que está à sua destra, intercedendo por nós (Hb 7.25).
1:8 OBSERVASTE TU A MEU SERVO JÓ? A essa altura, o livro apresenta o conflito entre Deus e o seu grande adversário, Satanás. Deus aqui repta Satanás a observar em Jó o triunfo da graça e salvação divinas. Na vida deste seu servo fiel, Deus demonstrou que seu plano de redimir a raça humana, do pecado e do mal, é exeqüível.
1:9 PORVENTURA, TEME JÓ A DEUS DEBALDE? Satanás reagiu ante a declaração de Deus, de ser Jó um homem piedoso, e passou a acusar tanto a Jó quanto a Deus.
(1) Satanás questionou os motivos de Jó e, portanto, a veracidade da sua retidão, afirmando que o amor que Jó tinha a Deus era realmente egoísta e que ele adorava a Deus somente porque tirava proveito disso. Satanás deixou claro que o amor que Jó tinha a Deus não era sincero.
(2) Satanás insinuou, ainda, que Deus era ingênuo, que se deixara enganar, e que obtivera a devoção de Jó mediante a concessão de bênçãos e suborno (vv. 10,11). Satanás concluiu que Deus tinha falhado no seu propósito de reconciliar a raça humana consigo mesmo. Se Deus deixasse de proteger Jó, e de lhe conceder riquezas, saúde e felicidade, ele (Jó) blasfemaria dEle na sua face! (v. 11).
1:10 CERCASTE. Posto que Satanás vem para roubar, matar e destruir (cf. Jo 10.10), Deus coloca uma cerca de proteção em volta dos seus, para abrigá-los dos ataques de Satanás. Essa “cerca” é qual “muro de fogo” espiritual, de proteção para os fiéis de Deus, de modo que Satanás não possa atingi-los. “E eu, diz o SENHOR, serei para ela [Jerusalém] um muro de fogo em redor” (Zc 2.5).
(2) Todos os crentes que fielmente procuram amar a Deus e seguir a direção do Espírito Santo têm o direito de pedir e de esperar que Deus mantenha esse muro de proteção ao seu redor e de suas respectivas famílias.
1:11 TOCA-LHE EM TUDO QUANTO TEM, E VERÁS SE NÃO BLASFEMA DE TI NA TUA FACE! Nos versículos 6-12 estão propostas as perguntas principais do livro. É possível o povo de Deus amá-lo e servi-lo por causa daquilo que Ele é, e não apenas por causa das suas dádivas? O justo pode manter sua fé em Deus e seu amor por Ele em meio a tragédias incompreensíveis e sofrimentos imerecidos?
1:12 SOMENTE CONTRA ELE NÃO ESTENDAS A TUA MÃO. Deus permitiu a Satanás destruir os bens e a família de Jó; porém, Ele fixou um limite até onde Satanás podia ir e não lhe concedeu o poder de morte sobre Jó. Satanás lançou tempestades e pessoas violentas contra Jó (vv. 13-19).
1:20 E SE LANÇOU EM TERRA, E ADOROU. Jó reagiu às fatalidades que lhe aconteceram, com intensa aflição; mas também, com humildade, submeteu-se a Deus e continuou a adorá-lo em meio à mais severa adversidade (v. 21; 2.10).
(1) Posteriormente, Jó reagiu à calamidade ininterrupta, revelando dúvida, ira e sentimento de isolamento de Deus (7.11). Mesmo nesse período de trevas e de fé vacilante, Jó não se voltou contra Deus, todavia expressou francamente diante dEle suas queixas e sentimentos.
(2) O livro de Jó demonstra como o crente fiel deve enfrentar os contratempos da vida. Embora possamos enfrentar sofrimentos severos e aflições inexplicáveis, devemos orar, pedindo graça para aceitar o que Deus permitir que soframos, pedindo-lhe também a revelação e compreensão do seu significado. Deus cuidará dos nossos confusos sentimentos e lamentos, se os levarmos a Ele — não com rebeldia, mas com sincera confiança nEle como um Deus amoroso.
(3) O livro revela que Deus aceitou bem as indagações de Jó (38—41) e que, no final, declarou que Jó falara “o que era reto” (42.7).
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante
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