ABANDONANDO O LAR PARA APASCENTAR
PORCOS...
“Quando ele finalmente
voltou ao seu juízo, disse consigo mesmo: “Lá em casa até os empregados tem
comida de sobra, e aqui estou eu, morrendo de fome!”
NVI: “Caindo em si, ele
disse: Quantos empregados de meu pai tem comida de sobra, e eu aqui, morrendo
de fome!…”
Esta é a terceira
mensagem apresentada neste texto e como já dissemos logo na primeira, o que
temos aqui não é uma história sem conexão com a vida real, mas é na realidade
um quadro na vida real de cada um de nós. E na noite de hoje eu quero
analisá-la a partir desta expressão que a traz: “caindo em si”.
Com certeza esta será
uma parábola que você nunca mais vai se esquecer porque com esta já são quatro
mensagens nestes últimos dias sobre este texto … e ainda temos mais quatro! Por
isso, já não precisamos mais ler todo o contexto porque a historia esta vida em
sua mente.
“CAINDO EM SÍ”. – Este
é o marco divisor na história. Parece que até então o moço estava fora de si, fora
de seu juízo normal, é também, e podemos dizer que este também é um quadro da
humanidade porque parece que ela vive fora de si: guerras, desamor, egoísmo,
uma terrível inversão de valores a ponto de em alguns momentos a pessoa que é
honesta sentir-se constrangida de ser.
Às vezes dá vontade de
mandar fazer uma camiseta com os seguintes dizeres: Sou minoria, Sou
heterossexual, Sou honesto e Monogâmico. – Porque as vezes a gente se sente
como se fosse um estranho no ambiente em que vivemos. A exaltação do
homossexualismo, do adultério, da desonestidade, das falcatruas… e a que vive
só com a esposa e não queremos outra, as vezes nos sentimos como um estranho.
E parece que o moço do
texto estava fora de si porque todo o relato é de uma vida desastrada. Passa
por cima dos direitos do irmão, ele, caçula, não tinha o direito de pedir
herança, abandona um lar onde tem segurança, vai para uma terra estranha, gasta
tudo o que tem, cai na miséria, vai cuidar de porcos, suprema humilhação para
um judeu, até o momento em que, na palavra de Jesus “Ele caiu em si”.
Parece que muitas
pessoas também vivem fora de si hoje, não tem nenhuma preocupação com valores
espirituais e por vezes são direcionadas tão somente pelos sentidos, vivem como
se fossem animais, que não tem razão, tem apenas instintos. Ele segue aquilo
que os seus instintos o impulsionam.
“Caiu em si”, e diz o
texto que a partir deste momento, ele faz uma reflexão sobre sua situação,
reordena a sua vida, e muda todo o trajeto. Talvez tenhamos pessoas que não sejam
depravadas, não estejam zombando de uma camiseta “hetero, honesto e
monogâmico”, mas talvez tenhamos pessoas que estejam vivendo um pouco fora de
si, que não estejam com a vida muito bem em ordem, precisando redirecionar os
valores, reavaliar a sua existência e que estejam à semelhança deste moço
passando por frustração e sentindo um desperdício enorme da vida porque estão
fora de si.
E sabe o que acontece
quando o homem cai em si? Caindo em si a vida mudou, caindo em si ele passa por
um momento de reflexão, olha para dentro da sua vida, se auto analisa, ele para
de colocar a culpa nos outros, para de tentar cegar-se a si mesmo e começa a
ver-se como realmente é.
Primeira afirmação que
acontece quando o homem cai em si: ELE TOMA CONSCIENCIA DO SEU ESTADO REAL.
Quantos trabalhadores do meu pai tem comida de sobra e eu estou aqui morrendo
de fome. Agora ele enxergou a situação. Veio uma fome, torrou tudo o que tinha,
viveu sem pensar no dia de amanhã, quando chegou a fome foi procurar ajuda e
conseguiu um emprego que não era lá o melhor do mundo, foi para uma fazenda
cuidar de porcos.
Mas ele cai em si e
toma consciência de seu estado real: “quantos trabalhadores de meu pai tem
comida de sobra e eu estou aqui morrendo de fome”. – Eu preciso ser honesto comigo
mesmo: não sou mais aquele moço, já vendi o meu anel, não estou mais com roupa
de grife, estou coberto de trapos, estou cheirando a porco, não estou mais
comendo estrogonofe de champignon, o que estou comendo agora é comida de
porcos. Ele viu a sua situação e caiu em si!
Outra questão
interessante: Ele não culpou ninguém. Estou morrendo de fome e o problema é
meu….. – Porque também é muito fácil colocar a culpa nos outros. Com que
facilidade nós passamos pela síndrome de Adão: “a mulher que tu me deste”, ou
seja, há sempre alguém para culpar: “Não, eu estou assim porque o meu pai era
incompreensível. Não, eu estou assim porque o ambiente em que fui criado era
terrível e isso é uma Maldição Hereditária…
A gente é massificado
por esse sociologismo de porta de botequim: tudo é culpa da sociedade. O jovem
assumiu a culpa: eu estou assim e o problema é meu! (Nós erramos muito quando
transferimos a culpa que é nossa para os outros.) Sem dúvida a nossa vida
começa a ser transformada quando olhamos para nós vendo o nosso erro.
Isso nos faz lembrar a
história de Davi. Cobiçou a mulher do próximo, tomou a mulher do próximo e
mandou o próximo numa cilada para que morresse. – Ou seja, ele não só toma a
mulher do outro mas é o autor intelectual de um homicídio.
E aí o profeta Natã
começa a contar uma história bonita para ele: era um homem que tinha muitas
ovelhas e tinha um coitadinho que só tinha uma, dormia no colo dele, ele tinha
todo o carinho com esta ovelha, e esse sujeito que tinha tantas ovelhas foi lá
matou o coitadinho e tomou a ovelha do coitadinho.
Davi ficou indignado e
disse: imagine, matar o sujeito para tomar a ovelha dele. Esse cara deve
morrer… E aí Natã diz: tu és este homem! É impressionante como Davi estava
sendo severo com uma história fictícia criada por Natã e não estava enxergando
o que ele fizera e neste momento parece que raiou alguma coisa na sua
consciência, o Espírito lhe mostrou o que ele fizera e a palavra dele para o
profeta é esta: Pequei!
O Salmo 51 que é uma
das peças mais belas da Bíblia é onde ele canta a sua dor e a sua confissão de
pecado depôs que foi acusado pelo profeta. “Contra ti, contra ti somente
pequei, e fiz o que é mal diante dos teus olhos para que sejas puro quando
julgares e justo quando falares”. Agora ele reconhece que errou e a vida
começou a mudar a partir daí.
No salmo 32, salmo
gêmeo do 51, composto na mesma ocasião ele diz assim: “enquanto eu me calei os
meus ossos envelheceram por causa da minha dor”. Ele estava sofrendo no seu
físico por causa de um problema emocional. Distúrbios psicossomáticos, doenças
que surgem por causa de situação emocional, espiritual inadequada. A vida
começou a mudar quando ele reconheceu isto.
I Reis 8:46 diz que
“Não há homem que não peque” e em Romanos 6:23 a palavra de Deus diz que “todos
pecaram e destituídos estão da glória de Deus”..
Por isso nesta noite a
Parábola do Filho Pródigo desafia você a olhar para o seu próprio estado
espiritual.. Até porque é mais fácil olhar para a pessoa que está ao seu redor,
perto do banco, e reconhecendo alguma coisa apontar o pecado dela.
Mas é a sua vida! Que
não suceda com você o que aconteceu com duas pessoas que estavam brigadas na
igreja e terminado o sermão pastoral, sobre pacificação, eles não se tinham se
visto ainda, e um chegou e disse: Pastor, excelente mensagem, pena que o irmão
fulano não estava aí para ouvir. Logo depois chegou o outro e disse: Muito boa
mensagem, pena que o irmão beltrano não estava aí para ouvir.
Não é a questão de
procurar saber a quem o pastor está falando, a quem vai caber a carapuça. Mas a
pergunta é esta: Como é que eu estou vivendo? Estou perto de deus ou estou
vivendo em rebelião? Qual é o meu estado real? Como esta minha comunhão com
Deus? Tenho paz no coração? Tenho tranqüilidade espiritual? Tenho a certeza da
companhia de Deus no meu viver? Como estou administrando a minha vida?
Quando o homem cai em
si ele toma consciência do seu estado real, olha para a sua vida, reconhece os
seus erros, bate no peito. Ele reconhece que está em pecado, não mais se justifica
e não tenta nenhuma lei de compensação. Pelo contrário ele reconhece: O meu
estado não é bom, preciso mudar. Por isso, Cair em si é tomar consciência de
seu estado real.
Quando o homem cai em
si ele ENCAMINHA OS SEUS PASSOS NA DIREÇÃO CERTA. É a segunda afirmação. Porque
o texto diz que quando a fome chegou ele foi bater na porta de estranhos. O
estranho, bastante sarcástico, sabendo que ele era um judeu, mandou cuidar de
porcos, uma coisa triste.
Agora não, ele
reconhece: “levantar-me-ei e irei ter com meu pai”. – A palavra pode ser dura
mas é isto que a palavra de Jesus nos mostra: Virar as costas para o pai,
insistir em traçar o seu destino sem ele, e caminhar na direção do chiqueiro, é
caminhar na direção da lama, é descer a ladeira com o breque de mão solto.
Agora ele resolve
voltar para a casa do pai, reconhece que apenas uma pessoa pode entender o seu
problema e estender-lhe a mão: o seu pai. – Se alguém pensa que pode resolver a
sua vida sem a graça do pai celestial, deixando Deus de lado está num equívoco
muito profundo: Porque só o pai resolve!
É assim que muitas
pessoas vivem, para alguns a vida nunca entra nos eixos, parece um para-raio
para atrair problemas. Vivem correndo apagando incêndios, resolve uma crise
aqui, outra ali, sai de uma crise aqui e mergulha em outra, nunca consegue
colocar a vida em ordem. Pessoas que vivem batendo em portas estranhas ao invés
de buscar a casa do Pai.
Há gente que reconhece
o erro e continua sentada, acha que magicamente, de uma maneira ou de outra, a
coisa vai dar certo. Aliás, em matéria de esperança nós brasileiros somos
mestres. Há até uma peça de Plínio Marcos intitulada “Brasileiro: Profissão
esperança”. Ou seja, de uma maneira ou de outra as coisas vão dar certo.
Entretanto o jovem não
só reconhece que estava errado, ele tomou consciência disso, e em seguida
encaminhou seus passos na direção certa: “levantar-me-ei e irei ter com meu
pai”.
Em outras palavras:
chega de estranhos! – E esta é uma postura que as pessoas precisam assumir. Em
Jeremias 2:13 há uma palavra de Deus nestes termos: “O meu povo cometeu dois
pecados terríveis: eles Me abandonaram (a Mim a fonte de água da vida), e
construíram para si poços furados, que não prendem a água”.
Voltar é uma atitude da
pessoa que é sensata, que caiu em si. Porque a nossa preocupação é esta: o que
é que vão dizer se eu mudar? O que dirão se eu não mudar? Qual é a situação de
quem não quer mudar? De quem reconhece o erro e insiste nele? Se continuasse
ali a palavra dele se cumpriria: quantos empregados de meu pai têm fartura de
pão e eu estou morrendo de fome. Era a morte. Longe do pai é a morte.
Quando o homem cai em
si: primeiro, toma consciência do seu estado real; segundo, encaminha seus
passos na direção certa; em terceiro e último lugar, ELE PEDE PERDÃO AO PAI.
Isto fica bem claro quando os dois se encontram e o filho diz: “Pai, pequei
contra Deus e contra o senhor, e não mereço mais ser chamado seu filho”. O que
mais poderia dizer? Só isto.
É curioso como há gente
que insiste em dizer tantas outras coisas. Poderia se desculpar. Há uma
diferença entre se desculpar e pedir perdão. As desculpas são atenuadas, muitas
vezes é fumaça no olho. Desculpa por qualquer coisa. Agora, o pedido de perdão
é um bater no peito: Pai pequei contra Deus e o senhor e não mereço ser chamado
seu filho. Na confissão dele está o reconhecimento de que não merecia nada.
Às vezes nos
desculpamos porque julgamos que podemos receber de novo alguma coisa, porque
temos méritos, temos virtudes. É só colocar as coisas em pratos limpos: olha me
desculpe aí. É uma forma polida de dizer: vamos continuar como antes. Mas o
pedido de perdão é reconhecer que estou errado, que não tenho mérito, não
mereço ser filho, quero ser tratado como um empregado. Ele pediu por
misericórdia.
Ele não pediu justiça,
pediu clemência, misericórdia, o que quero é uma vaguinha aqui como se fosse
empregado. E isso nos faz lembrar quando Jesus contou uma história de dois
homens que foram ao templo para orar. Um achava que era o supra-sumo da
bondade, tinha caído do céu aqui na terra, estava aqui por acidente. “Oh Deus!
Te dou graças porque sou um homem bom. Jejuo duas vezes na semana”. A lei
mandava jejuar uma vez por ano e ele jejuava 104 vezes. Isto que é gostar de
jejum.
“Dou o dízimo de tudo
que possuo. O Senhor está vendo esse fariseu, esse publicano, eu não sou igual
a ele. O Senhor deve estar muito contente em me ver aqui na igreja. Quando eu
chego acho que os anjos ficam até felizes. Eu abrilhanto o culto”.
O outro, disse Jesus,
nem levantou os olhos, não tinha coragem, batia no peito e dizia: “Senhor tem
misericórdia de mim, o pecador”. É interessante que ele não disse um pecador
mas o pecador, o pecador por excelência. Diz Jesus que o homem que achou que
Deus lhe devia alguma coisa saiu de lá vazio e o homem que batia no peito
voltou para casa realizado. Porque Deus aceita pecadores, perdoa pecadores,
porque trata conosco não na base do nosso mérito, porque não temos, mas na base
da sua misericórdia. A sua misericórdia é para necessitados e carentes.
E agora o moço só podia
pedir clemência, misericórdia. E na verdade irmãos, Deus só tem um ponto fraco
que é sua misericórdia. Se há alguma coisa onde o homem consegue acessar o
coração de Deus não é por sua religiosidade, não é por frases feitas, não é por
cantar bem forte no culto, mas por apelar por misericórdia.
Nesta noite você
precisa também olhar para dentro da sua vida e ver se não precisa pedir perdão
a Deus. Se não há coisas erradas que você assumiu e que vem praticando e que
nesta noite precisa dizer: Senhor me perdoa! Não mereço nada, mas estou errado.
Porque aquele que pede perdão recebe perdão.
Quando o homem cai em
si, toma consciência de seu estado real, encaminha seus passos na direção
certa, pede perdão ao pai. E como consequência destas três atitudes a sua vida
é consertada, tudo entra nos eixos, agora, ele que estava numa situação
miserável volta, não como empregado, é recebido como filho e a história termina
com festa.
Quando o homem cai em
si ele é recebido por Deus, há alegria no coração de Deus e há alegria no
coração do perdoado. A mais profunda experiência que uma pessoa pode ter é a
experiência de que Deus a perdoou, que Deus a aceitou, que não tem nada contra
ela, que está alegre porque ela voltou. Dois limites nas atitudes do moço:
Antes de cair em si, morrendo, definhando, entristecendo o pai. Depois de cair
em si, restaurado e alegrando o coração do pai.
Nesta noite eu convido
você a cair em si, a olhar para dentro da sua própria vida, a tomar consciência
do seu estado real, a ser crítico e analítico com você mesmo, a encaminhar os
seus passos na direção certa, a pedir perdão pelas coisas erradas e suplicar a
misericórdia e a aceitação. Hoje um convite para você CAIR EM SÍ...
Bispo. Capelão/Juiz
Mestre e Doutor em Ênfase e Divindades
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