ESTUDO AS CIDADES DA VIDA DO APOSTOLO
PAULO...
O Apóstolo de Tarso é
dos nomes mais estudados por biblistas, historiadores, teólogos, moralistas,
místicos, linguistas e outros. Todos encontram em Paulo motivos de estudo,
reflexão e espiritualidade. São vinte séculos de glória, de santidade, de
controvérsias, de bibliotecas inteiras dedicadas ao maior génio do
cristianismo, depois do seu divino Fundador. Vamos estudar algumas cidades que
tiveram maior importância no itinerário paulino.
TARSO, CIDADE DO
NASCIMENTO DE PAULO (1)
Paulo nasce em Tarso,
de pais judeus, da tribo de Benjamim, entre os anos 6 e 10, o que o torna
praticamente contemporâneo de Jesus: uns 10 anos mais novo. S. Jerónimo,
fundamentado em Orígenes, afirma outra coisa:
“Os pais de Paulo eram originários de Gyscal,
na província da Judeia, e quando toda a Província foi devastada pelo exército
romano e os judeus foram dispersos por todo o mundo, eles foram transportados a
Tarso, cidade da Cilícia. Paulo, ainda muito jovem, acompanhou os seus pais…”.
Nos Atos, aparece várias vezes o nome de Tarso
(9,11; 21,39; 22,3), cujos primeiros traços têm eco na Bíblia (Is 66,19) e onde
havia uma colónia judaica. A sua família deveria ser socialmente importante,
para atingir a cidadania romana (Act 16,37-39; 23,27); por isso, Paulo foi
cidadão romano por nascimento (22,25-29). Portanto, pelo facto de nascer em
Tarso, estava armado com as qualidades de duas culturas diferentes: as de
cidadão romano, conhecedor da cultura grega, e as de judeu, que o tornaram apto
para a imensa tarefa da evangelização.
Pensa-se que Paulo,
entre os anos 15 e 20, fez em Tarso os primeiros estudos, que o habilitaram a
fazer, depois, os “estudos superiores” de mestre rabino em Jerusalém. Consta
que Paulo, depois da sua conversão, voltou a Tarso, onde pregou a sua nova Fé.
Aí o foi buscar Barnabé, que o levou para Antioquia a fim de o ajudar na
evangelização dessa cidade. Por aí passou nalguma das suas viagens apostólicas,
a caminho da Ásia Menor. Não se fala de nenhuma comunidade cristã de Tarso, mas
aí existia certamente, devido à evangelização de Paulo e seus companheiros na
grande sinagoga local (Act 6,9; 14,1).
No tempo de Paulo,
Tarso era uma cidade comercial importante, com umas 500.000 pessoas. Por isso,
muitos judeus imigravam para lá. Paulo mostra-se orgulhoso por ter nascido
nessa cidade e confessa-o perante as autoridades romanas (Act 21,39). A grande
indústria da cidade era o tecido de cilício, feito de pêlo de cabra, desde
tempos imemoriais. Este era quase impermeável e servia para tendas, tapetes e
vestes de protecção. Tornou-se também veste de penitência.
Tarso (Tarsus) existe
ainda, no sul da Turquia actual, no centro de uma grande planície, a uns 20 km
do Mediterrâneo e a 50 ao sul da cadeia das montanhas do Taurus. Fora fundada
pelos fenícios, mas foi dominada por Hititas, Assírios, Persas, Gregos,
Romanos, Bizantinos e Turcos. Alexandre Magno banhou-se no seu rio, o Cydno
(navegável por barcos de pouca tonelagem); Cícero aí residiu como procônsul da
Cilícia; César aí viveu algum tempo e Marco António aí se encontrou com
Cleópatra. Cheia de privilégios, tornou-se capital da Cilícia, por onde passava
uma das vias romanas que conduzia a Éfeso.
Culturalmente, Tarso,
situada na província romana da Cilícia, entre o Ocidente e o Oriente, mostrava
também os seus trunfos no aspecto cultural e religioso: filósofos estóicos,
como Atenodoro e Nestor, rivalizavam com os de Alexandria e de Atenas e eram
conhecidos em Roma. A helenização da cidade, três séculos antes, pelos
selêucidas, manifestava monumentos dignos da sua categoria.
DAMASCO, CIDADE DA CONVERSÃO DE PAULO
Damasco é a cidade mais
conhecida da vida de Paulo, devido à sua conversão. A aparição de Jesus
ressuscitado nesta cidade transformou completamente a vida do nosso herói e foi
a partir desta conversão que Paulo apareceu pela primeira vez na história do
cristianismo. O autor dos Actos irá apresentar-nos o seu personagem em duas
etapas fundamentais, a saber: a conversão de Paulo no caminho de Damasco e a
sua missão no meio dos pagãos. Vejamos, pela pena de Lucas, como se confirmam
as palavras do Paulo perseguidor:
Paulo, entretanto,
respirando sempre ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor, foi ter com
o Sumo Sacerdote e pediu-lhe cartas para as sinagogas de Damasco, a fim de que,
se encontrasse homens e mulheres que fossem desta Via, os trouxesse algemados
para Jerusalém. Estava a caminho e já próximo de Damasco, quando se viu
subitamente envolvido por uma intensa luz vinda do Céu. Caindo por terra, ouviu
uma voz que lhe dizia: “Saulo, Saulo, porque me persegues?” Ele perguntou:
‘Quem és Tu, Senhor?’ Respondeu: ‘Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Ergue-te,
entra na cidade e dir-te-ão o que tens a fazer’ (Act 9,1-6).
Isto aconteceu por volta do ano 37 d. C., não
no silêncio da oração, na mesa de estudo ou no remanso silencioso do deserto,
mas no campo da luta de Paulo contra os cristãos. Deste texto se infere que
Paulo se converteu em Damasco. A prova disto é apresentada por ele próprio, ao
afirmar que, depois de ir para a Arábia, regressou a Damasco (Gl 1,16-17).
Mal se converteu, Paulo
começou a pregar aos judeus: Começou imediatamente a proclamar nas sinagogas
que Jesus era o Filho de Deus (Act 9,20). Depois deste trabalho como pregador,
Paulo retirou-se para a Arábia (Gl 1,17). Voltou novamente a Damasco (9,20-30,
Gl 1,18-24), seguindo depois para Jerusalém.
De qualquer modo, Paulo
começou a viver a fé cristã, integrado na comunidade cristã que antes
perseguiu. Aí participa nas catequeses, nos sacramentos, sobretudo na
Eucaristia e nas demais actividades da comunidade, inclusive na pregação da Fé
que perseguira a judeus e pagãos (Act 2,42-47). Os Actos apontam alguns
pormenores de tradições locais de Damasco: Rua Direita, casa de Judas; é referido
também que Paulo recebe o Espírito e é baptizado em Damasco, num esquema
semelhante ao de Cornélio (Act 10; 1 Cor 12,13; Rm 6,3-4).
A pregação de Paulo irá
surpreender sobretudo os judeus da sinagoga, que lhe movem uma perseguição,
pela “traição” feita. Daí, o episódio pitoresco em que Paulo foge da cidade,
pelas muralhas, dentro de um cesto (Act 9,25): Paulo alojou-se na casa de um
cristão, que ficava junto das muralhas e, de noite, escapou dessa maneira,
fugindo da fúria dos judeus e nabateus, assalariados por aqueles (Act 9,23-25;
2 Cor 11,32-33). Isto aconteceu três anos depois da sua chegada a Damasco (Gl
1,18).
Damasco é uma cidade
com 4.000 anos de história e está situada num grande oásis, com abundância de
água, a menos de 100 km do Mediterrâneo, num cruzamento de estradas, entre a
Mesopotâmia, a Turquia e Israel, e a Palestina, para sul. A primeira notícia de
Damasco encontra-se no frontispício do templo do deus Amon, em Karnak (Egipto),
do tempo do faraó Tutmosis III (ca. 1482 a. C.), ficando sob o domínio deste
país durante três séculos. Na década de 1940-1950, Damasco tinha ainda uns
300.000 habitantes; mas na década de 1960 cresceu enormemente, devido à
“invasão” de gente de outras cidades e de soldados.
Damasco foi o lugar de
encontro dos nómadas arameus durante dois mil anos. Quando o Antigo Testamento
fala de Damasco, fá-lo quase sempre neste contexto, e a língua deste povo foi
falada desde o Irão à Anatólia, por comerciantes e administradores. No séc. V
da nossa era, o império bizantino tinha centros importantes em Damasco, Bosra e
Palmira. Entre 660 e 750 foi a primeira capital do império muçulmano.
Sendo centro importante
entre vários impérios, Damasco tornou-se lugar de refúgio de todos os
perseguidos da região, e não só: da Anatólia, do Iraque, da Palestina, durante
as cruzadas, da Espanha, durante as perseguições aos mouros e judeus, do
Cáucaso, durante a invasão russa, da Arménia, do Líbano e do Irão. Hoje é uma
enorme cidade, capital da Síria.
ANTIOQUIA DA SÍRIA E
ANTIOQUIA DA PISÍDIA (2)
1. ANTIOQUIA DA SÍRIA
A cidade de Antioquia
da Síria (Antakya, na Turquia actual) é uma cidade diferente de Antioquia de
Pisídia e é, talvez, depois de Tarso e Damasco, a cidade mais importante para
Paulo. De facto, ele aí viveu alguns anos (Act 11,19-26) e foi aí que se tornou
o maior missionário de todos os tempos. É sobretudo de Antioquia que Paulo
parte e para onde volta das suas viagens apostólicas, enviado pela comunidade
de Antioquia.
Antioquia foi fundada
em 300 a. C. por Seleucus Nicanor, em honra de seu pai, Antíoco; tornou-se a
capital do reino selêucida (300-264) e, a partir de então, capital da província
romana, que ia da Cilícia (incluindo Tarso) até ao sul da Palestina. Foi a
capital do Oriente romano, desde 64 a. C. até à fundação de Constantinopla, em
330 d. C.. A província da Judeia, até ao ano 70 d. C., dependia do delegado do
imperador de Roma, que morava em Antioquia. A partir de 637, perdida pelos
bizantinos, ficou sob o domínio muçulmano. De 965 a 1085 volta aos bizantinos.
De 1098 a 1268, ficou na posse dos cruzados; em 1268 é tomada pelos árabes e em
1516, pelos turcos otomanos.
Entre os séc. III-V,
esta cidade foi sede de uma escola teológica, a “Escola de Antioquia”,
diferente da “Escola de Alexandria”. Eram dois modos de ler a Escritura: a
primeira fazia uma leitura tipológica do Antigo Testamento, enquanto a segunda
faz uma leitura alegórica. Estas escolas deixaram rastos ao longo de toda a
história da Igreja e, ainda hoje, marcam a sua influência na leitura da Bíblia.
1.1. PAULO EM ANTIOQUIA
A chegada de Paulo a
Antioquia deve-se a Barnabé que, tendo sido enviado a Antioquia, foi a Tarso
buscar Paulo para o ajudar na evangelização desta grande cidade (Act 11,22-26).
Barnabé tinha conhecido Paulo aquando da sua primeira visita à cidade-mãe (Act
9,26-29), por volta dos anos 43-44. Em Act 13,1-2, ele aparece já como um dos
membros importantes desta comunidade, onde preparou a sua estratégia para as
Viagens missionárias.
Antioquia tinha sido
evangelizada, primeiramente, pelos judeus helenistas fugidos da perseguição de
Jerusalém, à qual Paulo não era, de modo nenhum, alheio (Act 11,19). Assim se
tornou a primeira comunidade cristã fora da Palestina. Aí havia uma grande
colónia judaica e, como havia muitos prosélitos judeus nessa comunidade, terão
sido estes os primeiros a aderir ao cristianismo. Paulo inicia aí a sua
pregação entre judeus e pagãos, o que leva à conversão de uma grande multidão
(Act 11,24-26), de modo que as igrejas da Judeia ficaram admiradas com tal
sucesso (Gl 1,21-24). Foi a partir de tal sucesso que a cidade deu aos
discípulos de Cristo o nome de cristãos, para os distinguir dos simples judeus
(Act 11,26c). Terá sido nestas pregações que um médico pagão, chamado Lucas, se
converteu ao cristianismo (Cl 4,14). Ele será um dos grandes companheiros de
Paulo, a partir do ano 53, e deixou-nos o terceiro Evangelho e os Actos do
Apóstolos. Este último livro é para nós a principal fonte de conhecimento da
vida de Paulo.
1.2. ANTIOQUIA, PONTO DE PARTIDA DAS VIAGENS
DE PAULO
Antioquia era uma das
grandes cidades do império, rivalizando com Roma e Alexandria, com uns 500.000
habitantes. Estava ligada ao mar pelo rio Orontes, em cuja foz se encontrava o
porto de Selêucia (a 30 km). Paulo utilizou este porto várias vezes nas suas
Viagens por mar; pois a igreja de Antioquia, sendo a comunidade de Paulo, será
a sua rampa de lançamento para outras terras de missão. Hoje está reduzida a
uma pequena cidade do sul da Turquia.
Sabendo da pobreza em
que viviam muitos irmãos da comunidade de Jerusalém, a comunidade de Antioquia,
sob a orientação de Paulo reuniu ajudas, a fim de socorrer a Igreja-mãe de
Jerusalém, num momento especial de penúria. Paulo e Barnabé são os escolhidos
para levar a colecta a Jerusalém (Act 11,27-30). De volta, trazem consigo João
Marcos, que irá participar na primeira Viagem missionária (Act 12,25).
Foi em Antioquia da
Síria que surgiu, pela primeira vez, a questão de impor os preceitos da Lei de
Moisés aos pagãos convertidos ao cristianismo (Act 15,1-5), polémica que irá
dar origem ao “concílio” de Jerusalém. Paulo e Barnabé partem de Antioquia como
delegados da comunidade. Também os delegados da outra parte judeo-cristã
enviaram os seus representantes e travou-se a discussão, que foi resolvida por
intervenção especial de Pedro e Tiago (Act 15,7-29).
2. ANTIOQUIA DE PISÍDIA
Antioquia de Pisídia
foi o ponto de chegada da primeira Viagem missionária, cujos personagens
centrais foram Paulo e Barnabé. Esta Viagem começou em Antioquia da Síria e
terminou nesta cidade. As etapas desta são-nos narradas em Act 13-14, que tem
como etapas principais Chipre, Perga, Icónio e Listra. Mas o centro desta
viagem é Antioquia de Pisídia. Foi aí que Paulo fez um famoso discurso,
considerado um autêntico credo histórico (Act 13,16-41).
Antioquia foi fundada
pelos gregos (imperador Seleucos Nicanor), no séc. III a. C., recebendo o seu
nome de Antíoco I. Entre os anos 10 e 7 a. C. – ou seja por altura do
nascimento de Jesus – passou para o domínio de Roma. O imperador Tibério (14-37
d. C.) mandou construir aí uma grande praça semelhante à de Perga.
Desta cidade restam
apenas o estádio e o anfiteatro. Era, então, a cidade maior da Panfília
(província romana desde 25 a. C.-43 d. C.). Foi destruída pelos árabes no séc.
VIII e hoje apresenta apenas ruínas romanas e bizantinas. Os seus monumentos
foram utilizados como pedreira, para a construção da aldeia de Yalvaç, 2 km a
sudoeste, pelos árabes e turcos.
2.1. PAULO EM ANTIOQUIA DE PISÍDIA
Para chegar a Antioquia,
Paulo e Barnabé partiram de Perga, fazendo uns 160 km a pé, para chegar a
Antioquia de Pisídia. As dificuldades desta Viagem eram enormes, tendo que
passar pelos lugares mais altos da cadeia do Taurus, por pequenos caminhos,
atravessando rios a pé, com risco de afogamento, de ladrões, que assaltavam as
pessoas, apesar dos guardas dos viajantes, que não podiam estar em todo o lado
(2 Cor 11,26). A estrada dirigia-se depois para noroeste, pela região
montanhosa entre o lago Egerdir (Egridir) e o lago Karalis (Beysehir), para
chegar ao sopé do monte Sultan dag, onde se situava Antioquia, a uns 1.100 m de
altura.
A estadia dos
missionários nesta localidade é apresentada muito esquematicamente. A pregação
começou pela sinagoga, que existia desde Antíoco III, pois (segundo Flávio
Josefo (A. J., XII, 147-153), este tinha transferido para lá judeus da
Mesopotâmia e da Babilónia, para manter a segurança das fronteiras. Paulo faz
aí um memorável discurso, em que segue o esquema de um discurso querigmático
dos primeiros tempos da Igreja bastante diferente da teologia paulina (Act
13,16-41). Os judeus rigorosos revoltaram-se e pediram às autoridades locais
para os expulsarem da cidade. Os missionários foram expulsos de Antioquia pelos
judeus, mas bem acolhidos pelos pagãos.
Um dado que não podemos
esquecer, nesta primeira etapa da evangelização de Paulo, é o facto de ele
decidir seguir o método de evangelização a começar pelos judeus, isto é, pelas
sinagogas. Mas também é nas sinagogas que acontece o confronto entre o judaísmo
e o cristianismo nascente. Paulo insiste no mistério pascal, ou seja, na
morte-ressurreição de Cristo como centro da mensagem cristã. O recurso ao
Antigo Testamento pretende levar à aceitação de Cristo como Messias, cuja morte
é atribuída aos judeus, mas não a todos; apenas aos de Jerusalém (Act 2,14-36;
13,32-37). Este foi o primeiro discurso, de que nos falam os Actos, no qual
mostra o fracasso da Lei para a justificação, tema que desenvolverá em Gálatas
e Romanos.
Aqui, a oferta do
perdão de Jesus aos judeus teve como efeito a dúvida e, mais tarde, a
perseguição aos missionários, depois de no sábado seguinte, todos ouvirem
Paulo. Esta perseguição insere-se na teologia judaica do zelo pela Lei, que julgaram
ultrajadas pela pregação de Paulo, atingindo precisamente o mesmo efeito da
pregação dos helenistas em relação a ele próprio. Ele é agora vítima da mesma
doutrina que antes perseguia. O facto de Paulo e Barnabé sacudirem o pó dos
pés, ao saírem de Antioquia de Pisídia (Act 36,51), é um gesto profético para
dizer que esses judeus são os responsáveis pela ruptura com o cristianismo (At
13,46.51).
Na segunda Viagem
missionária, o grupo de Paulo visitou novamente as comunidades cristãs que
tinham fundado em Derbe, Listra, Icónio e Antioquia de Pisídia, a caminho de
Tróia/Tróade, a fim de seguir para a Europa.
ÉFESO, “CIDADE DE PAULO”
A história da cidade de Éfeso perde-se na
noite dos tempos. Por ela passaram povos muito diferentes: Jónios, Cimérios,
Lídios, Gregos, Persas, Selêucidas, o reino de Pérgamo e outros. Em 133 a. C.,
tornou-se cidade romana, uma grande metrópole do Oriente, capital e símbolo da
província romana da “Ásia”.
1. ESTADIA DE PAULO EM
ÉFESO
Foi esta enorme cidade
que Paulo encontrou, na sua terceira Viagem missionária. Apesar das tentativas
de ir pregar o Evangelho na província romana da “Ásia”, durante a segunda
Viagem, Paulo só entrou em Éfeso durante a terceira Viagem (Act 19). Ao passar,
pela primeira vez, aí deixou os seus colaboradores, Áquila e Príscila, que se
põem imediatamente a evangelizar. Mais tarde, vindo do mal-estar que sentiu em
Antioquia, depois do incidente com Pedro, voltará para uma estadia mais longa.
É nesta altura que se confirmam e fundam outras comunidades na província da
“Ásia”. Paulo instalou-se em Éfeso, da qual fez “a sua cidade”, pois ficava
mais perto das outras comunidades por ele fundadas, tanto no território
asiático como na Grécia. Aí encontrou já uma comunidade com um pregador
importante, Apolo, que mantinha estreitas relações com Corinto (At 18,24-28).
Paulo aí se instalou durante dois anos e meio (52-55), ensinando durante várias
horas, alguns dias por semana.
Como alguns (judeus) se
mostrassem renitentes e não acreditassem, dizendo mal da «Via» perante a
multidão, rompeu com eles, afastou-se com os seus discípulos e começou a
ensinar diariamente na escola de Tirano. Isto prolongou-se por dois anos, de
modo que todos os habitantes da Ásia, tanto judeus como gregos, puderam ouvir a
palavra do Senhor (At 19,8-10).
2. PAULO ESCRITOR
Foi de Éfeso que Paulo
escreveu grande parte das suas Cartas. Quando morava em Éfeso já tinha
evangelizado a Galácia, a Macedónia e a Acaia; naturalmente, é a estas
comunidades que ele escreve Cartas. Foi dali que ele escreveu, pelo menos,
quatro cartas (ou pequenos bilhetes) que se encontram reunidas nas duas Cartas
aos Coríntios (1 Cor 5,9; 2 Cor 2,4); escreve daí também aos Filipenses, quando
se encontrava preso e também aos Gálatas.
Assim, uma parte do
grupo de colaboradores de Paulo nessa província aparece nas Cartas que escreveu
em Éfeso e noutras: Epafras (em Cl e Flm); Arquipo, que era missionário no vale
do Lycos, onde se situavam as igrejas de Colossos, Laodiceia e Hierápolis. De
Éfeso, seu “quartel general”, Paulo envia correspondência, recebe mensagens e
envia mensageiros. Foi o que aconteceu com a missão de Tito a Corinto, onde
havia problemas, que o próprio Paulo, mais tarde, tentará resolver (2 Cor
7,6.13; 8,6.23).
Éfeso foi também o
lugar do cativeiro a que foi sujeito, durante o qual escreveu as chamadas Cartas
do Cativeiro (Filipenses, Colossenses e Filémon). Os Atos não falam dessa
prisão, mas os elementos das suas Cartas levam a essa conclusão (2 Cor
11,23-33; Fl 2,25-30; Flm). Em 1 Cor 15,32, Paulo fala também destas
perseguições:
Se fosse apenas por
motivos humanos, de que me adiantaria ter combatido contra as feras em Éfeso?
Se os mortos não ressuscitam, comamos e bebamos porque amanhã morreremos.
E em 2 Cor 1,8 é ainda mais explícito acerca
dos sofrimentos suportados em Éfeso: Não queremos, irmãos, que ignoreis a
tribulação que nos sobreveio na Ásia. Fomos maltratados em extremo, acima das
nossas forças, até ao ponto de perdermos a esperança de sobreviver. É ainda aos
anciãos de Éfeso que Paulo dirige um discurso de despedida, onde podemos colher
elementos para conhecermos as actividades de Paulo, a nível apostólico (At
20,18-21) e profissional (At 20,33-34).
3. PAULO E A DEUSA ÁRTEMIS
Mas aos dois cativeiros
de Éfeso temos de juntar o levantamento popular contra Paulo e a comunidade
cristã, devido à inveja dos ourives, que começavam a perder no negócio da deusa
Ártemis.
O problema do ouro e da
cobiça vem nos Evangelhos, e Lucas é especialmente sensível a esta questão.
Éfeso era famosa pelo seu culto à deusa grega Ártemis, nome efésio da deusa
Diana, cuja estátua era considerada uma das sete maravilhas do mundo, e
pretendia-se que a sua efígie tinha caído do céu (Act 19,35). Era a grande
deusa oriental, filha de Zeus e irmã gémea de Apolo. Multidões eram atraídas
pelo seu culto, que consistia em orgias e ritos mágicos. Esta antiga deusa da
caça e das florestas tinha recebido uma nova incumbência nessa região, a partir
do séc. VI a. C.: proteger a fertilidade. Por isso, a imensa estátua estava
revestida de cachos de seios femininos. As festas anuais atraíam milhares de
peregrinos, que vinham adorar a estátua, que era levada por toda a cidade,
acompanhada por outros 29 ídolos em ouro.
Tal como hoje, os
ourives faziam imagens e toda a espécie de recordações piedosas. Mas, quando a
pregação cristã começou a ter muitos adeptos, desenganados por tal culto, as
quedas nas vendas de objectos religiosos provocaram a ira dos fabricantes. A
resposta dos ourives não se fez esperar: fizeram uma grande manifestação (Act
19,28). Um tal Demétrio lançou o alarme no meio dos da sua profissão, com uma
espécie de comício, que arrastou a grande multidão do povo (Act 19,23-27).
E a manifestação passou
a vias de facto: o povo reuniu-se no teatro da cidade, arrastando consigo dois
colaboradores de Paulo, Gaio e Aristarco, para fazerem ali uma espécie de
justiça popular. Paulo foi dissuadido de comparecer por dois “asiarcas”,
autoridades locais encarregadas de organizar o culto do imperador, com quem
certamente mantinha contatos amistosos. A multidão era tão grande que muitos
nem sequer sabiam o motivo da reunião no teatro (At 19,32). Um judeu quis
falar, talvez para defender os cristãos, mas a multidão não lho permitiu,
gritando durante duas horas: Grande é a Ártemis dos efésios! O chanceler da
cidade falou à multidão para a acalmar, dizendo que os direitos dos ourives
seriam assegurados, depois de eles recorrerem legalmente à justiça.
Este quadro, belamente
descrito pelo autor dos Atos, mostra um flash da vida de uma cidade helenista,
onde o cristianismo começava a deitar raízes. Mostra ainda que o cristianismo é
tudo menos uma religião de sacristia – como, por vezes, o querem fazer crer
alguns dos nossos pseudo-intelectuais. A evangelização cristã começou, assim,
por ameaçar certos interesses instalados: económicos, sociais, religiosos e
outros. O texto manifesta ainda a força do Direito romano, que mantinha, não
apenas a ordem pública, mas também a legalidade de reunião e a defesa das
opiniões pessoais. Foi este estado de coisas que permitiu o nascimento e
crescimento do cristianismo. Esta mesma legalidade romana irá intervir nos
últimos capítulos dos Actos (20-28), em vários processos que a elite farisaica
levantara contra Paulo.
Depois da sua estadia
em Éfeso, Paulo foi novamente visitar as igrejas até Tróade, onde tomou o barco
de volta para Cesareia, com uma breve escala em Mileto, para visitar os anciãos
de Éfeso. Foi aqui que ele fez o seu famoso discurso de despedida dos anciãos
desta comunidade (Act 20,17-38).
Em 431, um concílio
reunido em Éfeso condenou, apressadamente, o patriarca de Constantinopla,
Nestório, acusado de separar demasiadamente a condição divina da humana, em
Cristo, e de se recusar a aceitar Maria como Mãe de Deus (theotokos). De facto,
em Éfeso encontramos ainda hoje várias ressonâncias marianas: aí se encontra
uma tradição ligada ao túmulo de S. João Evangelista; o “túmulo de Lucas”, a
igreja de S. João evangelista, onde se realizou o concílio, e sobretudo o
túmulo de Maria, a lembrar a sua “dormição” e Assunção ao céu.
CORINTO, CIDADE DOS CONFLITOS.
O relativo “insucesso” de Atenas e a falta de
aceitação da Palavra por parte do Areópago levou Paulo a afastar-se para
Corinto, cidade famosa pelos seus portos e pelos Jogos Ístmicos. Corinto era
uma antiquíssima cidade, cuja fundação se deve aos fenícios. Essa parte da
antiga Corinto ainda se encontra aberta ao visitante no alto de um monte
sobranceiro à Corinto do tempo dos romanos, aquela onde Paulo anunciou o
Evangelho durante algum tempo. Trata-se da acrópole de Corinto.
Em 338, Filipe II da
Macedónia tinha vencido Atenas, fazendo de Corinto a capital política da Liga
Pan-helénica. Durante dois séculos, Corinto foi a cidade mais importante da
Grécia. As ligações comerciais com a Ásia Menor e com Roma foram determinantes
para o seu desenvolvimento. Foi destruída pelos Romanos em 146 a.C., quando
dela tomaram posse; mas uma nova Corinto nascia em 44 a.C., quando foi feita
colónia romana. Essa cidade tinha crescido muito quando S. Paulo a encontrou
mergulhada no seu trabalho, nos seus vícios, nas suas religiões, na sua
filosofia greco-romana. Centenas de milhares de pessoas de todas as raças e
condições sociais moviam-se nesse mundo heterogéneo de Corinto.
A moderna Corinto é já
uma terceira cidade. A Corinto de Paulo era a Corinto romana edificada sobre as
ruínas que eles próprios tinham feito em 144 a. C. Nesta havia dois portos,
Léches e Cêncreas, situados de um e de outro lado do “istmo de Corinto”. Estes
portos foram determinantes para o seu desenvolvimento e faziam de Corinto uma
cidade cosmopolita onde se cruzavam civilizações, filosofias, línguas e
religiões. Esta variedade de credos, filosofias e mentalidades irá provocar vários
problemas a Paulo e à comunidade de Corinto, criando diferentes tipos de
divisão, às quais Paulo responderá, sobretudo na Primeira Carta aos Coríntios
(1 Cor 1,12; 12-14).
1. ESTADIA DE PAULO EM
CORINTO
Quando Paulo chegou a
Corinto, vindo de Atenas, encontrou lá o casal judeu Áquila e Príscila, expulso
de Roma no tempo do imperador Cláudio, na perseguição contra os judeus. Devem
ter sido expulsos por discussões acerca do cristianismo, que certamente
professavam. Estamos no ano 49. Paulo trabalhava na casa de Áquila e Priscila,
que fabricavam tendas. Serão estes compatriotas seus que Paulo irá encontrar
também em Roma e em Éfeso.
Em Corinto,
realizavam-se os Jogos Ístmicos, porque a cidade estava situada junto ao istmo
que ligava a Acaia à península do Sul. Estes jogos forneceram a Paulo as
metáforas desportivas de 1 Cor 9,24-27; a abundância de templos e divindades
pagãs (Apolo, Athena, Afrodite, Asclépio, Dionísio, Demeter e Coré) colocaram a
Paulo o problema das carnes imoladas aos ídolos (1 Cor 8,4-6), etc. O templo de
Afrodite atraía numerosos peregrinos, numa religiosidade nada consentânea com o
cristianismo.
No fim da sua estadia,
Paulo será levado pelos seus próprios compatriotas à presença do procônsul Galião,
que era irmão de Séneca (At 18,12). Este acontecimento pode situar-se nos anos
52-53 (ou entre Julho-Outubro de 51). Por outro lado, sabemos que ele ficou em
Corinto um ano e seis meses (At 18,11) Portanto, a sua estadia em Corinto
aconteceu entre os anos 49-53 (do Inverno de 49 ou 50 até ao Verão de 51 ou 52.
2. APOSTOLADO JUNTO DE
JUDEUS E PAGÃOS
Quando chegava, Paulo
dirigia-se à sinagoga da cidade. Era o lugar de encontro dos seus concidadãos.
Mas a sinagoga de Corinto não o presenteou com mimos, acusando Paulo de ser um
desordeiro em relação à Lei (At 18,6-7; 1 Ts 2,14-16). Por isso, foi na praça
pública (agora) de Corinto que Paulo compareceu perante Galião, mas este
recusou-se a ouvir as acusações dos judeus, dizendo tratar-se apenas de um
conflito de palavras entre eles:
Sendo Galião procônsul
da Acaia, levantaram-se os judeus, de comum acordo, contra Paulo e levaram-no
ao tribunal. «Este homem – disseram eles – induz as pessoas a prestar culto a
Deus de uma forma contrária à Lei.» Paulo ia abrir a boca, quando Galião disse
aos judeus: “Se se tratasse de uma injustiça ou grave delito, escutaria as
vossas queixas, ó judeus, como é meu dever. Mas como se trata de um conflito
doutrinal sobre palavras e nomes e acerca de vossa própria Lei, o assunto é
convosco. Recuso-me a ser juiz em semelhante questão”. E mandou-os sair do
tribunal. Então todos se apoderaram de Sóstenes, o chefe da sinagoga, e
puseram-se a bater-lhe diante do tribunal. E Galião não se importou nada com
isso (At 18,12-17).
O autor dos Atos viu nesta declaração, não um
desprezo do pro cônsul em relação com o cristianismo nascente (como seu irmão,
Séneca), mas o facto de ele considerar que judeus e cristãos constituíam uma só
religião. Isto seria sinal de que o cristianismo já gozava dos mesmos
privilégios dos judeus.
Expulso da sinagoga,
Paulo entrega-se ao apostolado junto dos pagãos de Corinto. É nesta altura que
Lucas alude a uma visão que reconforta Paulo e o convida a não desistir (At
18,9-10). Por outro lado, Timóteo traz a Corinto boas notícias de Tessalónica,
que o consolam nesta tribulação (1 Ts 3,6-7).
3. A COMUNIDADE DE CORINTO
Saída de um mundo tão
díspar e complicado como era o de Corinto, a comunidade cristã vai
necessariamente ressentir-se dessas diferenças. Do ponto de vista religioso, os
dois grupos eram o judeu e o pagão com preponderância para este último. Não
obstante isso, Paulo vai tomar precauções para que os antigos costumes não
sejam motivo de maior divisão da comunidade (carnes imoladas aos ídolos e
outros). Do ponto de vista social, a grande maioria da comunidade era composta
por gente simples, carregadores do porto, escravos (a casa de Cloé: 1,11) que,
depois do trabalho, quando chegavam às refeições (ágape) já nada encontravam
para comer (1 Cor 11,20-21).
Mas também havia gente
rica, intelectuais que tinham a sabedoria humana e não a sabedoria da cruz (1
Cor 3,1-4). Havia ainda gente rica que tinha a sabedoria da cruz: Áquila e
Priscila, ricos comerciantes de Roma, de Éfeso e Corinto; a já referida Cloé, e
Crispo, antigo chefe da sinagoga e batizado por Paulo (1 Cor 1,14); Gaio,
também batizado por ele, recebia a igreja em sua casa, e Erasto, tesoureiro da
cidade e o seu irmão Quarto (Rm 16,23). No bairro do porto de Cêncreas, havia
uma comunidade cristã presidida por uma mulher, Febe, diaconisa na igreja de
Cêncreas (Rm 16,1). Paulo conhecia bem Cêncreas: foi aí que embarcou (Act
18,18) e aí fundou uma comunidade, que ficava a 9 km do centro de Corinto
(agora). Para além destas divisões, havia as filosofias gregas, que eram motivo
de divisão, por causa da “sabedoria humana”.
No meio de tanta
diversidade, Paulo sentirá a necessidade de lembrar permanentemente que Cristo
não está dividido e que é no ágape e na Eucaristia que se realiza o corpo
místico de Cristo (1 Cor 11,23-26); sentirá ainda a necessidade de falar do
amor com as palavras insuperáveis de 1 Cor 12,31-13,13.
4. EM CORINTO COMEÇOU O NOVO TESTAMENTO
Podemos dizer que foi
em Corinto que começou o Novo Testamento. De facto, quando Paulo escreveu de
Corinto à Igreja de Tessalónica, não deve ter pensado que estava a iniciar o
Novo Testamento. Como se demorou pouco tempo em Tessalónica, por causa dos
judaizantes, ficou preocupado com a jovem comunidade, sobre a qual recebe boas
notícias em Corinto, por meio de Timóteo. É este o motivo por que lhe escreve
uma Carta, que será o primeiro escrito do Novo Testamento. Paulo deixara em
Tessalónica uma comunidade ainda mal organizada e sujeita às seduções do
paganismo – de que provinha, na sua maioria (1 Ts 1,9) – e à perseguição.
Compreende-se, pois, a sua inquietação pela sorte dos crentes (1 Ts 2,17;
3,1.5). Com os seus companheiros, tinha partido para Bereia e, depois, sozinho,
para Atenas e Corinto, onde se lhe vêm juntar Silvano/Silas e Timóteo (At
18,5). Timóteo, entretanto, tinha sido enviado a Tessalonica (1 Ts 3,1-2) e
trouxera boas notícias. É neste contexto que é escrita a Primeira Carta aos
Tessalonicenses, a partir de Corinto, entre os anos 50 e 52. De facto, as treze
Cartas de Paulo são todas anteriores aos Evangelhos, tais como os temos hoje.
Com efeito, conforme o
livro dos Atos, Paulo separou-se dos companheiros ao deixar Bereia; e reuniu-se
novamente com eles apenas em Corinto. Mas esta Carta supõe que os dois
companheiros se reuniram com Paulo em Atenas, donde ele reenviou imediatamente
Timóteo a Tessalônica:
Por isso, não podendo
resistir mais, aceitámos que nos deixassem sós em Atenas, e enviámos Timóteo,
nosso irmão e colaborador de Deus no Evangelho de Cristo, para vos confirmar e
encorajar na vossa fé (1 Ts 3,1-2).
5. ÉFESO E CORINTO
Pelas suas Cartas,
Paulo vai alimentando a fé das comunidades e respondendo aos diversos problemas
que estas lhes colocam. Assim, quando Paulo está em Éfeso continua em contato
com a igreja de Corinto, que ficava do outro lado do Mar Egeu. Havia relações estreitas
entre as duas cidades. Um enviado privilegiado era Apolo, que pregava em
Corinto quando Paulo chegou à “Ásia” (At 19,1), e foi ao encontro de Paulo em
Éfeso (1 Cor 16,12). Há também a família da senhora Cloé, que lhe traz notícias
de Corinto (1 Cor 1,11). Esta tinha, possivelmente, uma empresa comercial e
aproveitava os seus funcionários para enviar notícias a Paulo. Todos eles eram
cristãos e reuniam-se na casa de Cloé. Há ainda três outros mensageiros,
Estefani, Fortunato e Arcaico (1 Cor 16,15-18), que levaram mesmo uma carta
para Paulo. O primeiro deste grupo foi o primeiro que Paulo batizou em Corinto
(1 Cor 1,16).
No sentido inverso, há
também enviados de Éfeso para Corinto. Sobretudo a missão de Timóteo (1 Cor
4,17), de Tito (2 Cor 12,18; 7,6). Mais diplomata que Timóteo, é Tito que
resolve a crise de Corinto, onde é enviado de novo para organizar a coleta para
Jerusalém (2 Cor 8,1-6). São eles que levam as duas Cartas aos Coríntios.
Estas, no estado atual, são a fusão de várias pequenas cartas: resposta às
informações da família de Cloé (1 Cor 1-6); resposta trazida pelos três citados
mensageiros (1 Cor 7-15); a carta “escrita nas lágrimas” (2 Cor 10-13); a carta
da reconciliação (2 Cor 1-7); e os bilhetes relativos à organização da coleta
para a igreja de Jerusalém (2 Cor 8-9). Deste modo, Corinto torna-se uma das
mais interessantes cidades onde S. Paulo anunciou Jesus Cristo...
Bispo. Capelão/Juiz.
Mestre e Doutor em Ênfase e Divindades Dr. Edson Cavalcante