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terça-feira, 30 de agosto de 2011

A MISSIONÁRIA FRIDA VINGREN...



 
FRIDA VINGREN: exemplo de dedicação
Missionária sueca pioneira no Brasil marcou a história da AD no país

Para aqueles que tiveram a oportunidade de conviver com ela, ficou o exemplo de uma mulher que dedicou a vida à obra de Deus. Para os que não a conheceram, fica o registo histórico da vida da missionária Frida Vingren que, ao lado do marido, o missionário Gunnar Vingren, foi pioneira da Assembleia de Deus no Brasil.
Nascida em Junho de 1891, no norte da Suécia, Frida Strandberg era de uma família de muitos irmãos. Seus pais eram crentes luteranos e criaram a família num ambiente cristão. Frida formou-se em enfermagem. Em Estocolmo, na Suécia, foi chefe da secção de enfermaria do hospital onde trabalhava. Tornou-se membro da Igreja de Filadélfia de Estocolmo, onde foi baptizada nas águas pelo Pastor Lewi Pethrus, em 24 de Janeiro de 1917. Pouco tempo depois, recebeu o baptismo no Espírito Santo e o dom de profecia. Em uma das visitas de Gunnar Vingren à Suécia devido ao seu debilitado estado de saúde, ele conheceu Frida, com quem travou forte amizade.
O chamado para a obra missionária sempre a impulsionou. Nessa época, surgiu na Suécia um movimento por miss~pes, onde muitos jovens estavam imbuídos do desejo de ganhar almas para Cristo. Após comunicar ao Pastor Pethrus que o Senhor a chamara para o campo missionário brasileiro, Frida ingressou em um Instituto Bíblico na cidade de Götabro, província de Närkre. O curso era frequentado por pessoas que já tinham o chamado para missões e por aqueles que tinham apenas a vocação missionária.
Frida veio para o Brasil no ano de 1917, enviada pela igreja sueca e obedecendo ao chamado de Deus. Confirmando o que o Senhor já havia falado várias vezes com eles na Suecia, Frida e Gunnar casaram-se em 16 de Outubro de 1917 em Belém do Pará, numa cerimónia presidida pelo missionário Samuel Nyström. O casal teve seis filhos: Ivar; Rubem; Margit; Astrid; Bertil e Gunvor. O período em que viveram no Brasil, de 1917 a 1932, foi totalmente dedicado ao trabalho missionário. Junto ao marido, ao longo da sua vida, passou por todo o tipo de sofrimento, aflição e dificuldade. Mas, ao lado do esposo, nunca desistiu de trabalhar pela salvação de almas. Além de todo o sofrimento e dos cuidados com o marido, o lar e os filhos, Frida dedicava-se ao trabalho da Igreja com bastante zelo. Era enérgica em tudo, tendo desprendimento em compreender e resolver todas as situações.
Recém-casados, Frida e Gunnar tiveram que se adaptar ao clima quente do Brasil e à falta de conforto da casa onde viviam. Contudo, mesmo quando só tinham banana com farinha para comer, sentiam o poder de Deus e a presença do Espírito Santo em suas vidas. O casal passou por todas as dificuldades, orando e jejuando. Prova de que foram realmente escolhidos para uma missão tão árdua. De acordo com os relatos do filho Ivar, publicados na “Revista Obreiro”, em 1986, Frida e Gunnar eram duas personalidades completamente opostas, mas que se completavam. Ele sempre foi extrovertido e gostava muito de louvar ao Senhor, enquanto ela era mais emotiva, dedicando-se mais a chorar em oração pela Obra, pedindo a Deus pela evangelização no Brasil e pela salvação das almas.
Em Março de 1920, a irmã Frida foi acometida de malária, sofrendo com terríveis ataques de febre. Durante dois meses e meio, a luta pela vida foi tamanha, a ponto do marido pedir a Deus que a curasse ou a levasse para si. Nesse período, a Igreja em Belém colocou-se em oração e jejum, esperando de Deus um milagre, que ocorreu em 3 de Junho de 1920. Depois do seu restabelecimento, ela enfrentou o problema de saúde do marido. A partir do final daquele ano, Gunnar Vingren começou a sofrer de esgotamento físico, em consequência da dedicação exclusiva ao trabalho do Senhor, e pelas várias vezes que também contraiu malária. Por esse motivo o casal decidiu passar um período na Suécia. O retorno ao Pará ocorreu em Fevereiro de 1923.
Depois de muitos anos no Pará, a família Vingren, nessa época com quatro filhos, decidiu ir para o Rio de Janeiro. A mesma vontade de ganhar almas para Cristo continuou e o casal alugou uma casa no bairro de São Cristóvão, Zona Norte da cidade, onde inaugurou o primeiro salão de cultos da AD no Estado. A irmã Frida continuou desenvolvendo actividades evangelísticas e abrindo frentes de trabalho em muitos lugares. A obra social da Igreja, bem como grupos de oração e de visita, ficou sob a responsabilidade da missionária. O Dom de ensinar podia ser visto nas classes da Escola Dominical. Na abertura dos cultos, fazia a leitura bíblica inicial e, quando o marido se ausentava em visita ao campo, era a irmã Frida quem o substituía pregando e dirigindo os trabalhos. Ele gostava de ministrar estudos bíblicos.
O desprendimento da missionária e a sua forte actuação na obra de Deus, muitas vezes foi motivo de crítica por parte de alguns. Mas, mesmo assim, ela nunca se limitou a desempenhar a função que o Senhor havia colocado em seu coração. Foi dirigente oficial dos cultos realizados aos domingos na Casa de Detenção no Rio e, pela facilidade que tinha para se expressar, pregava em todos os pontos de pregação da AD do Rio de Janeiro, em praças e em jardins. Os cultos ao ar livre promovidos no Largo da Lapa, na Praça da Bandeira, na Praça Onze e na Estação Central eram dirigidos pela irmã Frida.
Pela facilidade que tinha pela palavra escrita, Frida destacou-se entre os mais importantes colaboradores dos jornais “Boa Semente”, “O Som Alegre” e o “Mensageiro da Paz” (que substituiu os dois primeiros a partir de 1930). Ela escrevia e traduzia mensagens evangelísticas, doutrinárias e de exortação. Foi também comentarista das “ Lições Bíblicas de Escola Dominical” na década de 30. Além de escrever, Frida sempre se dedicou à música. Cantava, tocava órgão, violão e compunha hinos de grande valor espiritual. A Harpa Cristã contém cerca de 23 hinos de sua autoria, entre eles “Deixai entrar o Espírito de Deus” (nº 85) e “Uma flor gloriosa” (nº 196).
Depois de quinze anos dedicados ao nosso país, e de muito sofrimento por amor à Obra, a família Vingren decidiu retornar à Suécia em Setembro de 1932. Dias antes da partida, a filha Gunvor faleceu, vítima de uma infecção na laringe. Frida faleceu em 30 de Setembro de 1940, sete anos após o falecimento do marido.
Muitas vezes mal compreendida, questionada e criticada, Frida tinha a certeza do seu chamado. Sua única convicção era de que o Senhor Jesus a acompanhava em todos os momentos de sofrimento e luta. Ela entrou para a História como um dos maiores nomes do Movimento Pentecostal no Brasil.
BISPO/JUIZ.DR.EDSON CAVALCANTE

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