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quarta-feira, 13 de agosto de 2014

PAULO DE APOSTOLO A MÁRTIR DO CRISTIANISMO...


                                    PAULO DE APOSTOLO A MÁRTIR DO CRISTIANISMO...
Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado. 1Coríntios 2:2.
O apóstolo Paulo era um homem de convicções. Ele demonstrava posição firme e obstinação em suas proposições. Ninguém pode chamá-lo de volúvel ou maria-vai-com-as-outras. Havia sempre pertinácia e insistência em seus objetivos. Mas seu convencimento não era fruto de teimosia. Ele era um homem que baseava sua fé numa sólida experiência. Paulo tinha certeza de sua crença. Não o vemos dissimulando ou fazendo jogo de cintura. Era um homem de decisão. Quando afirmava que sua pregação se fundamentava em Cristo crucificado, estribava-se numa decisão. Avaliando os prós e os contras, ele chegou a uma conclusão: a mensagem do Evangelho tinha que ser proclamada sobre os alicerces da cruz. O seu conhecimento era centrado nos efeitos eternos da cruz. O apóstolo queria conhecer e queria pregar a verdade suficiente da cruz.
O cristianismo é o reflexo pleno da obra de Deus consumada na cruz. Ninguém pode ser considerado um cristão se não tiver as marcas da cruz em sua vida. Só os crucificados podem ostentar as cicatrizes da cruz. Não é possível tornar-se cristão sem os sinais da cruz em sua maneira de viver. Sem a cruz não há qualquer evidência de vida substituída. A salvação de Deus não é uma reforma de tapera, mas a demolição completa dos escombros e a construção de um novo edifício. Deus não faz restauração. A cruz extirpa o velho. A ressurreição implanta o novo. A cruz veio para crucificar o velho homem. Sem a morte do velho homem na cruz com Cristo, não há possibilidade da manifestação do novo homem com a ressurreição do Senhor Jesus Cristo. O apóstolo sabia que a morte antecede a ressurreição. Não somos salvos pela vida encarnada de Jesus. Somos salvos pela vida de Cristo ressurreto. Jesus perdeu a sua vida na cruz. A vida que Ele recebeu do ventre de Maria foi crucificada naquela cruz do Calvário. A vida que nos salva foi-nos dada pela ressurreição de Cristo dentre os mortos. É a vida da ressurreição que produz a salvação dos pecadores.
A obra de Cristo para a salvação dos pecadores tem dois tempos. A morte na cruz e a ressurreição dentre os mortos. Na morte, Jesus realizou a justificação plena e universal, a fim de nos reconciliar com Deus. Na ressurreição, Ele transferiu a vida que verdadeiramente pode salvar a todo aquele que crê na suficiência do seu sacrifício. Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida. Romanos 5:10. Estes dois pontos são fundamentais para a pregação do Evangelho. Não se pode pregar as boas novas da salvação sem apresentar claramente os dois lados. Parece que o fato que levou o apóstolo a tomar uma posição radical de anunciar somente a Jesus Cristo e este crucificado foi um aparente insucesso que ele teve em Atenas. Quando ele chegou ao berço da filosofia, foi despertado pelo censo religioso daquele povo e tomou um caminho a partir do altar ao deus desconhecido para falar de Jesus Cristo. Paulo focalizou sua pregação na criação do mundo e não na redenção do homem. Sua mensagem foi muito rica de detalhes, mas pouco específica no que tange à obra do Calvário. Ele foi metafórico quando abordou o processo da justificação pelo sacrifício de Cristo. Na verdade, ele omitiu a cruz. Sua ênfase foi a ressurreição. Ele pulou o primeiro degrau. Mas, não há ressurreição sem morte. A cruz precede o túmulo vazio. Ao anoitecer, pode vir o choro, mas a alegria vem pela manhã. Salmo 30:5b. A sexta feira sombria antecede a manhã radiante do domingo. A demolição da velha construção antepõe-se ao levantamento do novo edifício. Não há como falar de vida nova sem tratar da morte da velha vida.
Tudo indica que o apóstolo tropeçou na abordagem do assunto. A supressão da cruz, neste momento, foi essencial para sua decisão em Corinto. Ele, agora, não quer mais cometer o mesmo equívoco. Sua deliberação foi, definitivamente, proclamar Cristo crucificado como o tema central de sua pregação. A cruz não é um pormenor. Ela é o centro da revelação salvadora. Perder de vista sua singularidade é desvestir o cristianismo de sua unicidade. O que torna a experiência cristã particularmente distinta é a operação da graça por meio da cruz. Sendo assim, o apóstolo Paulo privilegia sua pregação com a notabilidade da cruz. É um grande prejuízo falar de Jesus Cristo sem ressaltar o valor eterno do seu sacrifício.
Tudo indica que houve uma nova fase na exposição do Evangelho, com o episódio de Atenas. Paulo não apenas pregava a Cristo, mas Cristo crucificado. Esta tônica evidencia todo o modelo do Novo Testamento. Quando examinamos as pregações do livro de Atos, notamos uma estrutura homilética semelhante. Todos os sermões apresentam uma introdução variada, uma mensagem comum e uma conclusão também diferente. Cada pregador introduz o seu assunto com peculiaridade e termina de modo muito original. Mas no que concerne à mensagem, todos eles são redundantes. O Evangelho consiste em anunciar a morte e ressurreição de Jesus Cristo, porque a boa notícia é fazer saber que esta morte e ressurreição estão associadas à nossa experiência. Pregar o Evangelho e não proclamar a morte e ressurreição de Cristo é desconsiderar o Evangelho. Segundo o apóstolo Paulo, o Evangelho é a pregação da morte e ressurreição de Cristo. Irmãos, venho lembrar-vos o Evangelho que vos anunciei, o qual recebestes e no qual ainda perseverais; por ele também sois salvos, se retiverdes a Palavra tal como vo-la preguei, a menos que tenhais crido em vão. Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras. 1Coríntios 15:1-4. Aqui temos a fórmula do Evangelho: M+R=E, ou seja, Evangelho é igual a morte mais ressurreição. As boas novas da salvação estão contidas na morte e ressurreição de Cristo. A boa notícia do Evangelho é anunciar aos homens que a morte e ressurreição de Cristo correspondem à morte do pecador e à ressurreição de um novo homem, pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas. Efésios 2:10.
Muita gente pode pregar a Bíblia, mas não pregar o Evangelho. A ordem de Jesus para os seus discípulos foi centralizada na pregação do Evangelho: Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. Marcos 16:15. As Escrituras mostram que o Evangelho se apoia na morte e ressurreição de Cristo. Olvidar a cruz na pregação é deixar de pregar a mensagem básica do Evangelho. Oswald Chambers afirmava: Quando você se achar face a face com uma pessoa com um problema espiritual, lembre-se de Jesus na cruz. Se aquela pessoa puder chegar a Deus de qualquer outro modo, então a cruz de Jesus Cristo é desnecessária. Se você puder ajudar outros com sua compaixão ou compreensão, você é um traidor de Jesus Cristo. A decisão do apóstolo Paulo era incisiva: nada além de Cristo crucificado. Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por sua própria sabedoria, aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura da pregação. 1Coríntios 1:21. Mas que pregação? A do Evangelho que salienta a primazia da cruz. A ausência da cruz reflete a tendência humanista de solucionar a rebeldia do pecado com paliativos. Sem a ênfase radical da cruz, nossa pregação não passa de um acordo diplomático. Certamente, a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus. 1Coríntios 1:18. Isto não é assunto comercial. O Evangelho não mercadeja com as almas. A salvação não negocia vantagens. A loucura da cruz é decisiva. Só a morte do pecador juntamente com Cristo pode garantir uma libertação verdadeira. Ninguém pode escapar desta sentença inapelável e gozar plena salvação. A mensagem da cruz não é facultativa, por isso, a insistência inflexível: decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado. Paulo não era um homem cabeçudo, mas criterioso. Ele sabia que esta era a ênfase da mensagem de Deus. Toda doutrina que não estiver baseada na cruz de Jesus levará o ouvinte para a direção errada. A moralidade pode manter os homens fora dos tribunais, mas só a cruz de Cristo pode afastar totalmente os pecadores da condenação eterna. Sendo assim, pregar a mensagem da cruz é uma decisão muito sábia...
Bispo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciência da Religião Dr. Edson Cavalcante


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