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sábado, 31 de agosto de 2019

SAUDADES DE SIÃO


                                                           SAUDADES DE SIÃO
“Seu santo monte, belo e sobranceiro, é a alegria de toda a terra; o monte Sião, para os lados do Norte, a cidade do grande Rei” (Sl 48.2).
Quando Davi avistou Jerusalém, ele foi de encontro a algo espiritual de significado profético há séculos. Jerusalém esteve na mente de Deus por um longo tempo. É uma cidade cuja profunda história espiritual começa cerca de mil anos antes de Davi, na época de Abraão.
A primeira menção de Jerusalém na Bíblia ocorre em Gênesis 14, num momento em que Ló tinha sido levado cativo por forças invasoras. Em uma vitória militar impressionante, Abraão resgata Ló de seus captores e o leva de volta para casa em segurança. Após seu retorno, Melquisedeque saiu ao encontro de Abraão e abençoou. Melquisedeque era o rei de Jerusalém (Salém) e também o sacerdote do Deus Altíssimo (ver Gn 14.14-24). Sião era a região mais segura de Jerusalém e, portanto, sua mais antiga região – a “cidade velha”- podemos concluir que o trono de Melquisedeque era em Sião (mesmo que não fora chamada Sião na época). Poderíamos dizer, portanto, que Melquisedeque saiu de Sião a fim de abençoar Abraão.
Houve um segundo episódio com Abraão que relaciona-se com Sião. Quando Abraão levou seu filho, Isaque, ao Monte Moriá, amarrou-o e colocou-o em um altar improvisado (ver Gn 22). Abraão está por realizar o que Deus havia ordenado: sacrificar seu único filho. Uma voz do céu o deteve e, em vez do sacrifício de Isaque, Deus providenciou um carneiro para o holocausto. Isso tudo aconteceu em Moriá.
Moriá é uma colina dentro dos limites da cidade de Jerusalém contemporânea. Era o lugar onde Salomão construiu seu templo, e hoje é o lugar da Mesquita de Omar (a Cúpula da Rocha). Então, quando Abraão estava em Moriá, ele estaria dentro da região de Sião e na sede do governo de Melquisedeque.
Melquisedeque foi o primeiro sacerdote de Deus que aparece nas Escrituras, e não foi por acaso que o seu trono era em Sião (chamado Salém na época). Jesus Cristo foi mais tarde declarado como sendo um sacerdote da ordem de Melquisedeque (Sl 110.4). Como tal, Jesus é o legítimo herdeiro do trono de Sião.
A Bíblia traça uma linha de propósito profético entre Melquisedeque e Jesus Cristo (ver Hb 5-7). Davi entrou na matriz desse propósito divino quando ele escolheu, sob a direção do Espírito Santo, conquistar Sião.
E como Melquisedeque antes dele, Davi foi chamado por Deus para funcionar tanto em uma capacidade real como sacerdotal. É por isso que vemos Davi colocando uma estola de linho sacerdotal, que era uma peça de vestuário para os sacerdotes usarem na procissão da arca a Sião (1 Cr 15.27). Como um rei, Davi estava reivindicando também ser um sacerdote. Sabemos, contudo, que Davi não estava fingindo ser um sacerdote levítico já que ele não era da tribo de Levi. Qual o seu sacerdócio, então? Existe apenas uma possibilidade restante. Claramente, Davi viu a si mesmo servindo ao Senhor como um sacerdote da ordem de Melquisedeque, um sacerdócio que é tanto sacerdotal como real. Davi não tinha o direito de servir como sacerdote na ordem Aarônica, mas como um sacerdote da ordem de Melquisedeque foi lhe dado permissão divina para colocar a arca em campo aberto, se sentar junto dela, e ministrar ao Senhor.
Ao servir nesta posição sacerdotal, Davi mostrou que o Messias iria servir a Deus no mesmo sacerdócio. É por isso que Davi escreveu:
“O Senhor jurou e não se arrependerá: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque” (Sl 110.4).
O zelo de Davi por Sião estava enraizado em seu entendimento de que um dia o Messias iria governar em Jerusalém como um Sacerdote/Rei, assim como Melquisedeque fez séculos antes.
Jerusalém é uma cidade como nenhuma outra! Ela tem a distinção de ser o único lugar na terra que Deus escolheu como sua casa eterna (cf. Sl 132.13-14). É por isso que a história gira em torno desta cidade e os planos de Deus para ela. Existem pelo menos 685 cidades na terra com uma população maior do que Jerusalém, e ainda assim Jerusalém faz manchetes internacionais consistentemente mais do que a maioria delas. Qual é o negócio com Jerusalém? Por que é a cidade mais importante na terra? O que a torna tão diferente de outras cidades?
A resposta é que os olhos e os interesses de Deus são pregados sobre Jerusalém e, consequentemente, também os olhos de Satanás. Nenhum lugar da Terra corresponde a Jerusalém na intensidade da atenção celeste e da guerra espiritual.

Sião e Jerusalém

O nome de Sião foi usado inicialmente na Escritura para a pequena cidadela dentro de Jerusalém, onde Davi colocou o seu trono. Ao longo do tempo, no entanto, o Espírito Santo começou a ampliar o conceito de Sião na Escritura que às vezes Sião se refere a tudo de Jerusalém (por exemplo, o Sl 76.2), ou mesmo a toda nação de Israel (por exemplo, Is 3.16). Quando Sião é mencionada na Bíblia, portanto, o significado preciso do termo pode variar um pouco dependendo do contexto.
Eu acho a seguinte definição útil: Sião é Jerusalém, especialmente em relação à sua herança de Davi. Por “sua herança de Davi”, quero dizer a promessa de Deus para estabelecer o Filho de Davi sobre o trono de Sião para sempre (Sl 89.3-4, 29, 35-37; 132.11-18).

Deus disse sobre Sião:

“Pelo amor de Sião não me calarei, e por amor de Jerusalém não descansarei, até que saia a sua justiça como um resplendor, e a sua salvação como uma tocha acesa” (Is 62.1).
Não admira que Jerusalém esteja nos noticiários quase todos os dias! O próprio Deus trabalha sem descanso até que a justiça e a salvação de Jerusalém brilhe na terra.
A salvação de Jerusalém não é vista nem remotamente no momento. Homens olham para ela hoje e vêem opróbrio, contenda, teimosia e guerras religiosas. O que será necessário para transformar Jerusalém de sua condição atual para uma cidade que brilha diante de toda a terra? Só uma coisa pode efetuar esse tipo de transformação física, o retorno de Jesus Cristo. Somente quando Jesus estabelecer Seu trono em Sião Jerusalém irá tornar-se um louvor em toda a terra (ver Is 62.7).

Sião: Capital Política e da Adoração

Deus escolheu a fortaleza mais impenetrável em toda a terra de Canaã como a sede geográfica do trono e autoridade de Cristo. A reputação de Sião como invencível refletia a natureza duradoura do Reino de Cristo.
“Seu reino não será destruído, e o seu domínio durará até o fim” (Dn 6.26).
Davi estabeleceu o seu trono em Sião como uma declaração profética que, eventualmente, seu Filho, o Messias, iria reinar nesse exato lugar. No tempo de Davi, Sião foi a sede governamental para o trono de Davi. Usando um termo americano, Sião foi a “Casa Branca” de Davi.
Uma vez que ele estabeleceu sua capital política em Sião, Davi, em seguida, usou sua autoridade para estabelecer Sião como um lugar para adoração ao Senhor 24/7 (1 Crônicas 25). Davi entendeu o padrão de culto nos lugares celestiais (Sl 119.96). Ele observou que, sempre que o trono de Deus está estabelecido há adoração incessante diante dEle. Para cumprir esse padrão divino, Davi inaugurada a adoração e oração 24/7 na fortaleza de Sião. Essa casa de oração 24/7 representava a adoração e louvor que irão surgir incessantemente para Jesus quando Ele voltar à Terra e colocar o Seu trono em Sião. Este culto de estilo davídico continuará em Sião para sempre.

Sião, portanto, representa duas coisas:

• A sede da autoridade governamental;
• A sede da adoração incessante.
Quando Davi conquistou Sião, era para que ele pudesse estabelecer ambas as realidades de Sião em sua devida ordem. Estamos assistindo a um fenômeno sem precedentes ocorrendo na Terra agora. Casas de oração 24/7 estão surgindo por toda a terra. Como adoração incessante é estabelecida perante o Senhor Deus, ele fornece um ambiente onde a autoridade governamental de Cristo na terra possa ser exercida. E o inverso também é verdadeiro: sempre que o reino de Deus é estabelecido com autoridade em uma região, casas de oração 24/7 são edificadas ali.

Primeira Ordem de Negócios de Davi

Davi foi prometido por Samuel que seria rei de Israel, mas isso não aconteceu de uma vez. Primeiro, ele passou cerca de dez anos sendo refinado no deserto. A última parte desse tempo foi no exílio na terra dos filisteus. Uma vez que sua preparação foi completa, lhe foi dado o reino de Israel em duas etapas.
Na primeira etapa, Davi foi coroado rei só da tribo de Judá. Sendo ele mesmo da tribo de Judá, seus familiares foram os primeiros a coroá-lo. Ele reinou sobre Judá sete anos a partir da cidade capital de Hebrom, enquanto Isbosete, filho de Saul, reinou sobre as outras onze tribos. Durante esse tempo, Jerusalém estava dentro dos limites da tribo de Benjamim, e estava, portanto, fora da jurisdição de Davi.
Sete anos mais tarde Isbosete morreu. E as onze tribos de Israel se reuniram e pediram a Davi para reinar sobre todas as doze tribos de Israel. Nos 33 anos seguintes, Davi foi rei sobre toda a nação.
Uma vez que Davi foi coroado rei das doze tribos, Jerusalém ficou sob sua jurisdição. Davi tinha esperando por esse momento e imediatamente iniciou a ação sobre Sião.
Ao ler as passagens bíblicas abaixo, observe como um evento seguido do outro. Primeiro veio a coroação de Davi como rei.
“Representantes de todas as tribos de Israel foram dizer a Davi, em Hebrom: “Somos sangue do teu sangue. No passado, mesmo quando Saul era rei, eras tu quem liderava Israel em suas batalhas. E o Senhor te disse:‘Você pastoreará Israel, o meu povo, e será o seu governante’”. Então todas as autoridades de Israel foram ao encontro do rei Davi em Hebrom; o rei fez um acordo com eles em Hebrom perante o Senhor, e eles ungiram Davi rei de Israel. Davi tinha trinta anos de idade quando começou a reinar, e reinou durante quarenta anos. Em Hebrom, reinou sobre Judá sete anos e meio, e em Jerusalém reinou sobre todo o Israel e Judá trinta e três anos” (2 Sm 5.1-5).
Eu quero que você observe, agora, o próximo versículo da Bíblia. Qual foi o primeiro ato de Davi como rei de Israel? Olhe isso.
“O rei e seus soldados marcharam para Jerusalém para atacar os jebuseus que viviam lá. E os jebuseus disseram a Davi:“Você não entrará aqui! Até os cegos e os aleijados podem se defender de você”. Eles achavam que Davi não conseguiria entrar, mas Davi conquistou a fortaleza de Sião, que veio a ser a Cidade de Davi” (2 Sm 5.6-7).
Primeiro veio a coroação sobre as doze tribos; em seguida, veio a conquista de Sião.
A prioridade de Davi como rei de toda a terra de Israel foi se direcionar para a fortaleza de Sião. Claramente, Sião estava em sua mira o tempo todo, porém ele não conseguiu invadir a fortaleza enquanto estava fora de sua jurisdição política. Uma vez que ele tinha a autoridade para fazer algo sobre isso, ele não parou nem por um momento e foi direto para Sião.
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante

sexta-feira, 30 de agosto de 2019

POR QUE EXISTE O SOFRIMENTO?


                                                   POR QUE EXISTE O SOFRIMENTO?
A Bíblia afirma que (…) há tempo para todo o propósito debaixo do céu (Ec 3.1). Não há acasos; Deus tem um propósito para cada acontecimento. Sendo assim, nós não podemos imaginar que Deus não tem propósitos para o sofrimento. Nem mesmo o sofrimento humano acontece por acaso.

1 – PROPÓSITOS DO SOFRIMENTO ENTRE OS ÍMPIOS
Manifestar o caráter santo de Deus Salmo 107.17 – Esse texto afirma que os ímpios serão afligidos por causa dos seus pecados. As dores e as angústias sobrevêm aos incrédulos como conseqüência das suas transgressões. Há pessoas que vivem com o coração longe de Deus, se afundam nas suas iniqüidades e que, quando sofrem, perguntam-se: “Por que eu tenho sofrido tanto?” Deus, por causa de Sua própria santidade, além de abominar o pecado não pode ficar impassível diante de práticas pecaminosas. Assim, Ele age permitindo o sofrimento àqueles que vivem na prática do pecado.
Promover a prática da justiça
Is 26.9 – O sofrimento que Deus permite aos ímpios tem por objetivo levá-los a aprender a viver uma vida reta. Uma das maneiras de se levar uma pessoa ímpia a viver uma vida correta é aplicando-lhe uma penalidade. A manifestação da justiça de Deus tem um efeito saudável dentro da sociedade, pois as pessoas começam a andar em retidão pelo medo da “punição”.
2 – PROPÓSITOS DO SOFRIMENTO ENTRE OS CRISTÃOS
Levar o crente de volta ao caminho correto Pv 3.11-12 – A dor é o “megafone” que Deus usa para fazer o “surdo” ouvir o que Ele tem a dizer. Quando estamos enfrentando dores e sofrimentos, devemos pedir a Deus para nos mostrar o caminho correto a seguir, para ajudar-nos em nossa conduta, fazendo-nos voltar para o caminho da retidão. Além do mais, é necessário compreender que esse tipo de ação permissiva de Deus (dor e sofrimento) não é sinal de que Ele nos abandonou. Pelo contrário, é sinal de que Ele nos ama, desejando nos levar a andar no melhor caminho: o caminho da vida.
Desenvolver uma capacidade de compaixão pelos outros
II Co 1.4-5 – Esse texto nos ensina algumas verdades acerca do sofrimento: É Deus quem nos conforta no sofrimento – No mundo, nós, que somos cristãos, sempre vamos passar por tribulações (Jo 16.33). Todavia, com Deus esse estado de miséria é aliviado. Por essa razão, no verso 3 Deus é chamado de “o Pai das misericórdias e Deus de toda consolação”. Deus está sempre disposto e é totalmente poderoso para nos consolar e nos confortar em nossos momentos de angústia e dor.
É Deus que nos capacita para confortar no sofrimento de outros – O sofrimento é uma excelente escola, onde aprendemos a consolar e confortar as pessoas da mesma maneira como Deus o faz. Nós, seres humanos, somos diferentes de Deus: Enquanto Ele conhece todas as coisas sem nunca as ter experimentado, nós só conseguimos aprender a fazer algo através da experiência. Nunca aprenderemos a confortar pessoas a menos que passemos pelo sofrimento e recebamos o conforto divino. Se o próprio Jesus teve de aprender a obedecer pelas coisas que sofreu, tendo de experimentar o sofrimento e a tentação para poder socorrer os que são tentados (Hb 2.8), quanto mais nós temos de aprender na prática sobre a consolação divina para podermos consolar os que estão sofrendo.
Deus enviou Cristo para que a nossa consolação transborde por meio dEle – Paulo também aprendeu a glorificar o merecedor de todas as graças que recebemos de Deus. Como recebemos a capacidade de consolar, temos de aprender a glorificar a Cristo, porque toda a nossa capacidade de confortar é transbordada por meio de Cristo.
Confirmar o valor da fé 

1 Pe 1.6-7 – O sofrimento é um meio que Deus usa para fazer o crente crescer na sua fé. Pedro diz que o sofrimento é comparado à ação do fogo – A ação do fogo é múltipla. Ele destrói, consome, aniquila; mas a Escritura cita o fogo aqui como um elemento purificador, um elemento que torna o objeto aprovado, aperfeiçoado, confirmado. O processo de confirmação de nossa vida em fé é comparado ao processo da depuração do ouro pelo fogo.

Pedro diz que a confirmação da fé vem por uma gama de sofrimentos – O fogo é sinônimo de sofrimento causado pelas provações: passamos por ele e por meio dele somos confirmados em nossa fé. Os destinatários da carta de Pedro estavam sendo provados com aflições. Não haveriam de sofrer por muito tempo, mas estavam sofrendo para que o valor da sua fé fosse confirmado. O sofrimento tem várias manifestações: Deus permite várias formas para causar crescimento no meio do seu povo. Por essa razão, Pedro diz que os crentes seriam contristados (entristecidos) “por várias provações”. Esse teste de fé está longe de ser uma experiência agradável.
Pedro diz que o sofrimento para a confirmação da fé vem quando necessário – Nem todos os cristãos que passaram pelo mundo experimentaram os sofrimentos dos quais Pedro falava. Por essa razão ele diz: “Nisso exultais, embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejais contristados por várias provações (…)”. A conclusão que se pode tirar dessa passagem é que nem todos sofrem, porque não é necessário que haja crescimento ou confirmação da fé somente por meio do sofrimento. O sofrimento não é algo inevitável ou necessário.
Pedro diz que o sofrimento para a confirmação da fé não é longo – Mesmo que em certas ocasiões o sofrimento possa vir sobre os crentes, ele não permanece para sempre. Pedro diz que os crentes são contristados “por breve tempo”. O sofrimento é de duração limitada. Aliás, não podemos nos esquecer de que a duração curta da provação está em contraste com a alegria de que vamos desfrutar amanhã. Mesmo que o sofrimento dure a noite inteira, a alegria vem pela manhã.
Aperfeiçoar o caráter cristão
Rm 5.3-4 – Nesse texto, Paulo afirma que o sofrimento é um meio que Deus usa para aperfeiçoar o caráter dos cristãos. Mas, diferentemente da versão Revista e Atualizada da Sociedade Bíblica Brasileira, há outras versões da Bíblia que traduzem o texto de uma forma diferente. A palavra “tribulações” é traduzida como “sofrimentos”, “perseverança” é traduzida como “paciência” e “experiência” é traduzida como “caráter provado”. Assim: Paulo diz que os sofrimentos produzem perseverança – Na língua grega, a palavra “perseverança” pode também ser traduzida por paciência, persistência, constância. Essas são algumas características que se apresentam no homem maduro, que se mantêm leal à sua f
é e aos seus propósitos mesmo quando está debaixo das maiores tribulações ou sofrimentos. Em geral, não crescemos quando estamos em plena calmaria de problemas. Em todos os ramos, o desenvolvimento aparece em hora de crise ou sofrimento.

Paulo diz que a perseverança produz experiência – Essa é parte da reação em cadeia. Assim como os sofrimentos produzem a perseverança (ou paciência, ou constância, ou persistência), esta produz experiência. Na língua grega, a palavra “experiência” pode ser traduzida por “caráter provado”. A idéia é a de alguém que foi testado e saiu vitorioso no teste, tendo desenvolvido um caráter amadurecido pelos sofrimentos.
Paulo diz que a experiência produz esperança – O sofrimento do cristão o conduz à perseverança, à firmeza, à constância e à paciência porque eles são conectados à esperança. Há alguma coisa no final que os faz levantar os olhos e crer na mudança dos acontecimentos. Para o cristão, o sofrimento é o ponto em que o poder da esperança fica cada vez mais claro, ligando o nosso presente ao futuro de vitória, porque para o cristão “os sofrimentos do tempo presente na são para comparar com a glória a vir ser revelada em nós” (Rm 8.18).
Conclusão
Quando você estiver sofrendo pelas mais variadas razões, lembre-se de que você não é um desafortunado, mas um amado de Deus. Os sofrimentos pelos quais você tem passado são maneiras belamente estranhas de Deus fazer bem à sua vida.
– Ele tem levado você de volta ao caminho dele, que é o caminho da vida, endireitando as suas veredas tortuosas. Se Deus não lhe houvesse mostrado o seu amor disciplinador, onde você estaria ainda? 
– Ele tem ensinado você a ter compaixão dos outros que sofrem. 
– Ele tem confirmado o valor da sua fé, por meios das tribulações pelas quais você passa. 
– Ele tem aperfeiçoado o seu caráter.

Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante

quinta-feira, 29 de agosto de 2019

A BATALHA ESPIRITUAL


                                                      A BATALHA ESPIRITUAL
Pela graça e para glória de Deus chegamos ao início de um novo ano letivo. E começamos muito bem! Ao longo destes três primeiros meses de 2019 estaremos estudando sobre assuntos muito práticos e dentro de uma realidade comum a todos nós, tudo submetido ao grande tema geral batalha espiritual.
Devido a pluralidade religiosa de nosso país, sincretismo pelo qual noções estranhas sobre o mundo espiritual são disseminadas entre os cristãos, escassez de conhecimento bíblico e teológico, além da falta de discernimento espiritual, este tema tem se feito cercar de muitos engôdos, superstições e até heresias perniciosas. Entretanto, com a “palavra da verdade” (2Tm 2.15) em nossas mãos e corretamente interpretada, removeremos não só dúvidas, mas equívocos presentes na mente de muitos irmãos, bem como afastaremos toda prática contrária a sã doutrina, e instruiremos nosso povo sobre a verdadeira batalha espiritual e como ser vitorioso nela a cada dia!
I. Batalha espiritual

  • Deus e o diabo não têm forças iguais
Filosofias e religiões antigas têm proposto um dualismo no universo, uma luta de forças equiparadas entre o bem e o mal. Religiosos menos instruídos chegam a supor inclusive que Deus estaria em uma luta equilibrada contra satanás, sendo este um grande rival daquele. Todavia, não há rival para Deus! Nem mesmo o líder dos espíritos caídos, o “deus deste século” (2Co 4.4) ou “príncipe deste mundo” (Jo 12.31) pode apresentar-se como um oponente de força igual ao El Shadday, o Deus todo poderoso! Em duas sentenças bíblicas podemos ver a disparidade de força do nosso Deus:
1°. Eu vi Satanás caindo do céu como relâmpago (Lc 10.18, NVI). Neste texto Jesus fala da derrota de satanás mediante o avanço do reino de Deus e a pregação do Evangelho de poder, além de dá-nos uma antevisão da derrota definitiva do nosso adversário (conf. Rm 16.20). Na arena espiritual, satanás não é páreo para o grande Eu Sou! Tanto é que Jesus nos confere o poder divino que pode garantir vitória na batalha contra o mal: “Eis que vos dou poder para pisar serpentes e escorpiões, e toda a força do inimigo, e nada vos fará dano algum” (Lc 10.19).
2°. “…porque maior é o que está em vós do que o que está no mundo” (1Jo 4.4). O mundo está no maligno e o maligno é o príncipe deste mundo, todavia maior é o que está conosco! Logo, como poderia haver uma luta de forças iguais entre Deus e o diabo, entre o bem e o mal, entre a luz e as trevas? É bastante conhecida a frase do reformador alemão Martinho Lutero: “Satanás é um cachorro na coleira de Deus”. Podemos ficar tranquilos e confiantes: nosso Deus venceu, vence e sempre vencerá! E quem estiver do lado dele em meio às batalhas espirituais, com certeza também vencerá! Como cantamos, “Vencerá, vencerá, por seu sangue vencerá; vencerá, vencerá, sempre vencerá…” [1]
  • A realidade da batalha espiritual
Agora, feitas essas considerações, devemos dizer que de modo algum podemos negar a existência de uma batalha espiritual. Ela existe e estamos no meio dela. Doutro modo não faria sentido as Escrituras nos advertirem:
Efésios 6.12: “a nossa luta não é contra pessoas, mas contra os poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais” – perceba que o texto fala de luta (gr. pale) ou batalha. Apenas atente: não é uma luta de Deus contra o diabo, mas a “nossa luta” que é contra, em resumo, as forças espirituais do mal. Somos nós, enquanto Igreja do Senhor, luz do mundo e sal da terra, lutando para tomar dos domínios de satanás as vidas preciosas para Deus, além de nos mantermos inabaláveis! (v. 13)
2Coríntios 10.4: “As armas com as quais lutamos não são humanas; pelo contrário, são poderosas em Deus para destruir fortalezas” – novamente o apóstolo Paulo fala de luta, e que não se vale de armas carnais, de fabricação humana, mas espirituais e poderosas em Deus. Se por um lado é um equívoco superestimar as forças das trevas, como muitos místicos e fanáticos por ocultismo e demonologia o fazem, por outro lado é igualmente errado subestimar essa realidade e ignorar a necessidade de constante vigilância, prudência e autoridade no nome e poder do Senhor. Com minha mãe, uma fiel e humilde serva do Senhor, aprendi que Jesus só entra se lhe abrirmos as portas; satanás, porém, aproveita as brechas!
 Com muita propriedade nos lembra que as armas dos nossos oponentes também são espirituais e não físicas. Destaca este autor que, “embora eles não possam nos ferir fisicamente, nos violentar sexualmente ou nos fazer levitar, podem nos tentar a trair, roubar e mentir” [2],além de muitos outros pecados, crimes e atos desumanos. Em vista disso, precisamos atentar prontamente para a exortação do apóstolo Pedro: “Sejam sóbrios e vigilantes. O inimigo de vocês, o diabo, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar” (1Pe 5.8).
  • Abusos sobre o assunto
Não é de hoje que o assunto batalha espiritual é destoado por pessoas ingênuas que padecem de conhecimento genuíno. Mais especialmente com o crescimento do pentecostalismo e do neopentecostalismo, têm-se notado abusos cada vez mais constantes tanto no discurso quanto na prática, especialmente naquelas igrejas em que não se vê uma tradição teológica.
Por um lado, vê-se um tratamento trivial, jocoso e irreverente por parte de alguns crentes ingênuos, que ficam a fazer piadas com o nome ou as obras do inimigo; por outro lado, vê-se pregadores renomados e até igrejas pujantes superestimando os poderes infernais, fazendo afirmações e criando doutrinas sobre o reino espiritual que definitivamente não encontram respaldo nas Escrituras e somente exaltam a figura do diabo.
Nalgumas igrejas neopentecostais Brasil afora, o diabo tem tido, em muitos cultos, mais voz do que a própria Palavra de Deus. É tanta conversa com o diabo antes de expulsá-lo que não sobra tempo para o louvor a Deus, as orações ao Senhor e a pregação da maravilhosa Palavra! Os chamados “cultos de libertação” têm há muito se transformado em um verdadeiro talk show com o diabo: pastores invocando satanás para que ele apareça e encarne no corpo de uma alma infeliz, quando começa a sessão de entrevistas com o “pai da mentira” (Jo 8.44), como se ele merecesse crédito no que diz. Algumas dessas entrevistas com demônios são tão absurdas que a gente fica sem saber se tudo não passa de uma encenação ou se o diabo realmente resolveu entrar na brincadeira para entreter os ingênuos, transformando a igreja em circo e mantendo os crentes o mais distante possível da verdade das Escrituras e alheios às reais pelejas espirituais.
Com um pouco de Bíblia mal interpretada, acrescentando-se sincretismo religioso e uma pitada de fanatismo é possível se criar uma boa (ou péssima!) receita para falsas doutrinas e heresias perniciosas! Todavia, precisamos aprender a “não ir além do que está escrito” (1Co 4.6), bem como não transformar experiências pessoais em confissões doutrinais, e ainda estarmos amadurecidos na fé e na Palavra para provarmos os espíritos, se procedem de Deus ou não, visto que muitos falsos profetas se têm surgido no mundo (1Jo 4.1).

II. Principais crenças da pseudobatalha espiritual

Não há dúvida de que ao longo deste trimestre muitas crenças equivocadas sobre batalha espiritual serão desfeitas ou corrigidas à luz da sã doutrina. Porém, começamos hoje desfazendo três ensinos que estabelecem uma pseudobatalha, isto é uma falsa (pseudo em grego significa falso) batalha espiritual. São ensinos encontrados em muitas igrejas neopentecostais (e na respectiva literatura de seus pregadores e mestres) que, não raro, superestimam a presença ou atividade dos espíritos das trevas.
  • Mapeamento espiritual
A doutrina do mapeamento espiritual procede da teoria dos demônios territoriais, segundo a qual cada território de uma nação está sob o comando de determinados espíritos malignos que precisam serem conhecidos, neutralizados e vencidos para que o reino de Deus possa prosperar ali. Essa teoria não tem respaldo bíblico, senão numa interpretação frágil e forçada de passagens bíblicas como Daniel 10.13,20 ou Marcos 5.10, que de modo algum estabelecem a doutrina dos demônios territoriais ou de uma necessidade de se proceder um mapeamento espiritual da ação demoníaca para somente então derrota-los.
Não poucas igrejas neopentecostais, agindo sob pretensas revelações e “direcionamentos de Deus”, têm realizado os chamados atos proféticos nas casas, ruas, rios, mares, florestas ou em praças públicas, para expulsar estes espíritos que foram detectados através do suposto mapeamento. Alguns usam água ungida, outros preferem óleo importado de Israel, há quem use farinha e outros elementos quase sempre vinculados a algum fato miraculoso do Antigo Testamento. 
“Demarcamos territórios através da unção, da oração, da profecia, dos atos proféticos, utilizando vinho, pão e azeite. Os territórios que Deus entrega em nossas mãos não são temporais, são eternos, mas se não vigiarmos perderemos o que conquistamos. Os atos proféticos são fatores fundamentais para essa conquista” [3]
Resta apenas saber em que parte do evangelho está ordenado à Igreja proceder um mapeamento dos espíritos malignos ou o uso de atos proféticos para tomar-lhes territórios. Esta não parece ter sido a estratégia de Jesus, dos apóstolos e daquela igreja primitiva.
  • Maldição hereditária
…de uns anos para cá, a igreja evangélica tem sido bombardeada com ensinamentos estranhos que nascem da observação indevida de alguns textos bíblicos do Antigo Testamento, os quais dizem respeito a Israel e não à Igreja. Tais textos têm sido mal interpretados e mal aplicados pelos expoentes dessas doutrinas concernentes a uma sucessão de pecados herdados dos ancestrais e que precisam ser tratados por meio de alguns rituais. Soma-se a isso, a tentativa de adaptação das terapias praticadas pela Psicologia no aconselhamento pastoral sob o pretexto de “cura interior”, induzindo pessoas a sessões de indução mental, onde se constatam comportamentos regressivos, supostamente, até à idade uterina. (…) O que esses “terapeutas espirituais” tentam fazer é arrancar confissões de pecados escondidos no inconsciente e rastrear pecados cometidos por ancestrais como pais, avós, bisavós etc. [4]
O poeta inglês William Shakespeare dizia que até mesmo o diabo citará a Bíblia quando isso lhe for conveniente. De fato, lendo a tentação de Jesus em Mateus 4, e vendo o diabo citar o Salmo 91 para tentar Jesus a cometer suicídio, vemos como o inimigo é sorrateiro no mau uso da Bíblia. Não à toa, dizer que o diabo foi o primeiro hermeneuta da história, porque foi o primeiro a fazer menção das palavras de Deus e interpretá-las, ainda que de modo propositalmente torcido para levar Eva a comer o fruto proibido no Éden. [5]
Assim sendo, não deve causar-nos espanto que a teoria da maldição hereditária tenha pretensão de ser bíblica, enquanto cita textos mal interpretados do Antigo Testamento, como Deuteronômio 5.9, onde Deus prenuncia ao povo de Israel e sob o antigo pacto – já superado na cruz de Cristo! – vingança contra as famílias daqueles judeus que persistissem em práticas pecaminosas. Todavia, uma rápida meditada nos versículos iniciais de Ezequiel 18 seria suficiente para remover esse engano, visto que está escrito: “A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a iniquidade do pai, nem o pai levará a iniquidade do filho. A justiça do justo ficará sobre ele e a impiedade do ímpio cairá sobre ele” (Ez 18.20).
Todavia, não é só a Bíblia que é mal interpretada, mas os próprios fatos e a realidade em volta são sempre tratados com um toque de fanatismo por parte dos propagadores da teoria da maldição hereditária. 
As maldições são transmitidas de geração a geração. Companhias seculares (leigas) de seguro sabem disso. É por isso que perguntam: “Há algum caso de doença do coração em sua família? Há deficiência renal? Alta pressão sanguínea? Diabetes?” Êxodo 20.5 diz que os pecados dos pais são visitados nos filhos, até a quarta geração [6]
Chega a ser risível pensar que as companhias de seguro imaginam que pessoas que sofrem de doenças congênitas ou genéticas estão debaixo de maldição.
A doutrina da “quebra de maldição hereditária”, tem deixado um saldo negativo com pessoas frustradas, neurotizadas e outras em tratamento psiquiátrico, já que este tipo de manipulação não deu resposta às crises da alma e nem mudou circunstâncias para os que esperavam nela como revelação última da causa primeira dos males que afligem o indivíduo. [7]
O agravo ao texto bíblico e os efeitos danosos sobre a mente dos crentes que abraçam esta doutrina constituem razão suficiente para nos posicionarmos contra essa prática de quebra de maldições hereditárias, coisa em que nem Jesus nem seus apóstolos nunca se ocuparam!
  • Crentes possessos por demônios
De todas as aberrações doutrinárias que vimos até aqui, esta deve ser a mais grave!  “enquanto o Espírito Santo pode habitar no espírito [do crente], os demônios podem habitar na carne… Eles se escondem em algum lugar nos cantos”. Demonstra como esse ensino está mais comprometido com relatos de experiências missionárias do que com um sólido respaldo bíblico quando afirma: “o fato de o nosso corpo ter-se tornado o templo do Espírito Santo não quer dizer que jamais poderá ser ocupado por maus espíritos. […] Todos quantos se envolvem no ministério de libertação testemunham a manifestação de demônios em cristãos” [10]. Mas eu pergunto: Jesus e os apóstolos não estiveram envolvidos no ministério de libertação das almas oprimidas do primeiro século? Por que eles não testemunham para nós a manifestação de demônios em cristãos?
 Doutrina da Confissão Positiva, ensinava que o homem “é um espírito – tem alma – e vive num corpo” [11]. A partir desse conceito errado de tripartição humana e de um estudo superficial da antropologia, desenvolveu-se a tese de que o espírito do crente permanece intacto e protegido por Deus, enquanto que a carne e a alma podem sofrer possessões demoníacas. Se você lembrou das teorias gnósticas do segundo século, que propunham um dualismo entre o espírito e a carne do homem, saiba que você não pensou sozinho. Há realmente um parentesco entre ambas – e espúrias – teorias!
Como estamos sempre querendo insistir na necessidade de confirmarmos nossas doutrinas numa exposição clara e fiel das Escrituras, volto a questionar se há amparo bíblico para a doutrina da possessão demoníaca dos crentes. Que crente verdadeiramente salvo foi possuído por demônios nos tempos bíblicos? Apenas ressalte-se desde já que “dar lugar ao diabo” e cair em suas armadilhas (pecando por pensamento, palavra ou ação) não significa necessariamente estar endemoninhado, isto é, tomado em seu corpo pelos poderes das trevas.

III. Vamos à Bíblia

  • Mapeamento espiritual é bíblico?
Embora se apele muito para o caso de Daniel (10.13,20 – o “príncipe da Pérsia” que lutou contra o anjo que veio trazer a resposta da oração de Daniel) para tentar respaldar a doutrina dos espíritos territoriais e do mapeamento espiritual, fato é que em  lugar nenhum está dito que Daniel precisou conhecer os demônios que estavam impedindo a resposta de sua oração chegar, muito menos está dito que ele tenha “amarrado” estes demônios através de palavras de ordem ou atos proféticos! De igual modo, nunca vemos Jesus ou seus discípulos mapeando as áreas de Israel ou as terras dos gentios para detectarem através de um GPS espiritual a presença de espectros das trevas nas proximidades. O que vemos é Jesus e seus discípulos pregando o evangelho “a toda criatura” (Mc 16.15) e dando demonstrações do poder de Deus por onde iam, através de sinais e maravilhas.
Quando se deparavam com pessoas endemoninhadas, nunca esbravejavam: “demônio, saia desse território! Saia dessa cidade! Saia desse país!”, mas apenas ordenavam que saíssem daquelas pessoas que até então estavam sob seus domínios (conf. At 16.16,18). Não tenho dificuldades para concordar que satanás possa, como dizia Leon Wood, indicar emissários especiais para influenciar governos contra o povo de Deus [12]. Todavia, isso só demonstra a livre atuação do mal e a articulação no reino das trevas, e não um controle meticuloso e exclusivo de um ou alguns demônios sobre determinada região, e que uma vez vencidos, estes demônios nunca tornarão àquele território e que a igreja finalmente descansará ali em berço esplêndido. Este ensino nunca foi o ensino de Jesus ou de seus apóstolos!
Quando Jesus ordenou ao adversário “Vá embora, satanás” (Mt 4.10, NAA), nos é dito que o diabo obedeceu e afastou-se de Jesus, mas somente “até momento oportuno” (Lc 4.13). Logo, não é verdade que sob uma palavra de ordem o diabo e seus asseclas se afastarão em definitivo. Nas palavras do apóstolo Pedro, “o diabo, vosso adversário, anda em derredor…” (1Pe 5.8). Todavia, se a exemplo de Jesus nós hoje resistirmos ao diabo, ele fugirá! (Tg 4.7) E se ele manifestar-se no corpo de alguém, teremos o poder divino ao nosso favor para pisar sobre toda força do inimigo (Lc 10.18). “Em meu nome expulsarão demônios”, nos prometeu Jesus (Mc 16.17).
  • Maldição hereditária é bíblica?
Sobre a maldição no antigo pacto mosaico, “A maldição no tempo da lei visava a coibir os crentes contra a possibilidade de se desviarem para outros deuses, mas: ‘Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós’” [13]. De fato, como propõe este pastor e também teólogo, a doutrina da maldição hereditária nada tem a ver com as doutrinas cristãs ortodoxas e mais “assemelha-se à doutrina dos espiritas, no que tange ao ‘carma’ e a dos mórmons, que vasculham a história de vida dos antepassados, a fim de se redimirem por eles, valendo-se do ‘batismo pelos mortos’” [14]. Maldição hereditária é o “outro evangelho” (Gl 1.8,9)!
Nenhum pecador está obrigado a confessar pecados de seus ancestrais, nem mesmo facultativamente! Cada um há de prestar contas diante de Deus por suas obras (Rm 14.12). Paulo não exortou Timóteo a ter cuidado com os pecados de seus ancestrais, mas a ter cuidado de si mesmo (1Tm 4.16). Uma verdade axiomática das Escrituras e que é conhecida de todos os crentes é esta: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2Co 5.17). Ou ainda há maldição e o amaldiçoado não está em Cristo, ou está em Cristo verdadeiramente e agora vive em novidade de vida! Mas definitivamente não existe um salvo genuíno vivendo debaixo de maldição! Essa batalha espiritual pela quebra de maldição hereditária não passa de falácia, falsa doutrina e propaganda gratuita para satanás.
  • Possessão demoníaca por parte dos crentes é bíblico?

Primeiro, o próprio Cristo impede a possibilidade de um cristão ser possuído por demônios. Usando a ilustração de uma casa, Jesus pergunta: Como pode alguém entrar em casa do homem valente e furtar os seus bens, se primeiro não manietar o valente, saqueando, então, a sua casa? (Mt 12.29) No caso de uma pessoa possuída por demônios, o homem valente é, obviamente, o diabo. Logo, no crente, em quem habita o Espírito Santo, o homem valente é Deus. A força do argumento de Cristo leva, inexoravelmente, à conclusão de que, para os demônios possuírem os crentes, deveriam primeiro ter de deter aquele que os ocupa – o próprio Deus! [15]
Reforçaria ainda que, nas palavras de Paulo, somos templo e morada do Espírito de Deus (1Co 6.19). E Paulo não diz “o vosso espírito é o templo”, mas “o vosso corpo é o templo”. A palavra templo (gr. naos) significa santuário, isto é, lugar sagrado! Os demônios se escondem “nalgum lugar” do corpo do crente, eu venho dizer que “todo lugar” no corpo do crente é lugar sagrado do Espírito Santo, e onde o Espírito Santo domina não há espaço para demônios se esconderem!
Ressalte-se que influência demoníaca é uma coisa, possessão demoníaca é outra bem diferente! Pedro deu lugar ao diabo e deixou-se por ele influencia, quando emprestou sua boca, por falta de vigilância, para que o inimigo tentasse, através de suas palavras, impor embaraços ao ministério de Cristo (Mt 16.22,23). Na verdade, qualquer um de nós corre semelhante risco, por isso a advertência nos está dada: “Não deis lugar ao diabo” (Ef 4.27). Todavia, possessão demoníaca é o corpo estar sob a posse dos demônios. Como pode o lugar sagrado do Espírito Santo, que é o corpo do crente, transformar-se em posse de satanás? O texto bíblico é claro: “fostes comprados por bom preço” (1Co 6.20) e pertencemos aquele que nos comprou! Além do que, “o que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo, e o maligno não lhe toca” (1Jo 5.18).
Conclusão
Estamos em guerra contra os poderes das trevas. Não vamos subestimá-los nem superestimá-los, mas vamos enfrentá-los no poder e no nome de Jesus Cristo, o maior dos maiorais! Para um novo ano, uma nova disposição. Oremos mais, vigiemos mais, nos consagremos mais, estudemos mais a Palavra, e coloquemo-nos sob os cuidados daquele que tem todo poder tanto no céu quanto na terra (Mt 28.18). Se assim fizermos, nenhum mal será páreo para nós!
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante

quarta-feira, 28 de agosto de 2019

DIVÓRCIO E NOVO CASAMENTO


                                                    DIVÓRCIO E NOVO CASAMENTO
 Preliminares: definições bíblicas do significado de certas palavras: 

- Prostituição é qualquer favor sexual entre um homem e uma mulher sem marido, feito por dinheiro ou por outras recompensas materiais.


- Fornicação, num sentido1, estrito, é qualquer favor sexual entre um homem e uma mulher sem marido, feito consensualmente, sem ser por dinheiro nem por outras recompensas materiais.
Fornicação, num sentido2, mais amplo, é qualquer atividade sexual não permitida por Deus na Sua Palavra, a Bíblia (isto inclui fornicação num sentido restrito, adultério, prostituição, homossexualismo masculino e feminino (lesbianismo), bestialismo, etc.)

- Casamento não é o ato de o homem, pela primeira vez ou não, quer por estupro ou por fornicação consensual, ter favores sexuais de uma determinada mulher (virgem, ou viúva, ou divorciada, ou prostituta, ou que é fornicária com outros homens). Casamento é a solene promessa mútua (explícita ou tácita, usualmente ante testemunhas e formalmente), entre um homem e uma mulher, de serem esposo e esposa, formarem um casal, uma família, serem uma só carne, indivisivelmente, com toda fidelidade prometida, até que a morte os separe.

- Adultério é quebra (de uma vez por todas fica quebrada) dos votos de um casamento.

- Adulterar é desrespeitar (de uma ver por todas fica desrespeitado), é infringir (de uma vez por todas fica infringido) o pacto de um casamento.

- Adúltero é quem adulterou (isto é, desrespeitou [de uma ver por todas fica desrespeitado], é quem infringiu [de uma vez por todas fica infringido] o pacto do casamento (seja o casamento do adúltero, ou o da adúltera). Assim, como quem já cometeu um assassinato leva a pecha de assassino até o fim da sua vida, do mesmo modo quem já adulterou uma vez carrega a pecha de adúltero até o fim da sua vida. Assim, como a perda da virgindade (ou a amputação de um braço) é de uma vez para sempre, do mesmo modo o adultério. Adúltero é quem passou do estado de jamais ter adulterado, para o estado de já ter adulterado, mesmo que depois tenha se arrependido e parado o pecado.


 1) Que Diz DEUS [na Sua PALAVRA] a Quem Quer se Divorciar ou Recasar?


Vamos procurar ler todos os versículos sobre o assunto?


Gênesis 2:23,24 Então disse o homem: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne (a) ; ela será chamada varoa, porquanto do varão foi tomada. (24) Portanto deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e UNIR-SE-Á à sua mulher, e serão UMA só carne.(a)


NOTA a) O plano de Deus é o casamento ser indissolúvel. Quem se divorcia sofre como se dilacerasse seu próprio corpo.


Deuteronômio 24:1-4 Quando um homem (b) tomar uma mulher e se casar (c) com elase ela não achar graça aos seus olhos por haver ele encontrado nela coisa vergonhosa (d), far-lhe-á uma carta de divórcio e lha dará na mão, e a despedirá de sua casa. .... 2  Se ela, pois, saindo da sua casa, for e se casar com outro homem, 3  E este também a desprezar, e lhe fizer carta de repúdio, e lha der na sua mão, e a despedir da sua casa, ou se este último homem, que a tomou para si por mulher, vier a morrer, 4  Então seu primeiro marido, que a despediu, não poderá tornar a tomá-la, para que seja sua mulher, depois que foi contaminada; pois é abominação perante o SENHOR; assim não farás pecar a terra que o SENHOR teu Deus te dá por herança."

NOTA b) Note, em todos os textos deste estudo, e em toda a Bíblia, que Deus nunca expressamente declarou aceitar, mesmo com desgosto, que a mulher (mesmo que "inocente" e o marido culpado) se divorcie!!!... Talvez aceite- com- desgosto, como o faz para com o homem "inocente", mas ninguém pode ter esta certeza!...
A Bíblia também não traz nenhum exemplo de uma mulher crente se divorciando do seu marido, mesmo que mau.
Ora, sem existir preceito, nem permissão, nem exemplo na Bíblia que seja elogiado (ou, pelo menos, não reprovado), então o melhor, o mais seguro, é a mulher realmente crente ir pelo lado da segurança... Isto é, reconhecer que Deus pode nem sequer aceitar- com- desgosto que uma mulher se divorcie, por motivo algum!...

NOTA c) Para o judeu, o casamento tinha duas fases: a primeira, já indissolúvel (exceto por pecado sexual da mulher) ia da pública- e- oficial troca de juras de "viveremos juntos e fielmente, até à morte", e se estendia até o dia de irem morar juntos; a segunda fase ia daí em diante e também era indissolúvel (também exceto por pecado sexual da mulher). Compare Mt 1:18,19 (José e Maria estavam casados, mas não tinham coabitado): "18 ¶  Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de se ajuntarem, achou-se ter concebido do Espírito Santo. 19  Então José, seu marido, como era justo, e a não queria infamar, intentou deixá-la secretamente." (Mt 1:18-19 ACF)
 
NOTA d) Que é esta "coisa vergonhosa" de Dt 24:1, o ÚNICO motivo expressamente aceito- mesmo- com- desgosto por Deus para o divórcio? ("Tolerado", não ordenado! "Com desgosto", não com aprovação e prazer!). Vejamos:

- Quanto aos dias de Israel: era um pecado na área moral-sexual, grave, mas bem menor que adultério, lesbianismo, bestialismo, etc., pois estes deviam ser punidos por apedrejamento. Alguns motivos válidos para o divórcio poderiam ser, por exemplo: "brincadeiras sexuais" da mulher com outro homem, antes do casamento;
exigir aberrações tais como sexo anal ou oral;
sadismo ou masoquismo ou qualquer outra perversão;
permanente e injustificadamente recusar-se a ter sexo com seu cônjuge; ou
exigir pagamento ou impor pesadas condições para isto;
exigir posições acrobáticas ou humilhantes;
durante o ato conjugal, sussurrar palavras de amor a outra pessoa, ou exprimir repulsa/ zombaria/ insulto, ou
gritar imoralidades a plenos pulmões para ser ouvida a quilômetros;
viver conversando pornografia, etc.

- Quanto aos dias de hoje, onde não há apedrejamento:
não se refere ao homem ter "deixado de vibrar" pela esposa,
não se refere à "incompatibilidade de gênios",
nem às dezenas de outras desculpas esfarrapadas e sem- vergonhas de hoje:
refere-se a pecado grave na área moral-sexual. Além dos exemplos anteriores, podemos adicionar: adultério, lesbianismo, bestialismo, etc.
- Compare Mt 19:3-9, abaixo.
Deut 24:2-4: (2) Se ela, pois, saindo da casa dele, for e se casar com outro homem,(3) e este também a desprezar e, fazendo-lhe carta de divórcio, lha der na mão, e a despedir de sua casa; ou se este último homem, que a tomou para si por mulher, vier a morrer;(4) então seu primeiro marido que a despedira, não poderá tornar a tomá-la por mulher, depois que foi contaminada; pois isso é abominação perante o Senhor. Não farás pecar a terra que o Senhor teu Deus te dá por herança. (e)
   e) Este trecho (1-4) é cheio de condicionais, e não está ordenando nem prazerosamente aprovando o divórcio, só está limitando o mal de uma prática da época: SE um homem descobrir "coisa vergonhosa" na sua esposa, SE ele não puder perdoá-la, e SE ele a repudiar, ao menos dê-lhe carta de divórcio, e saiba (aqui está o mandamento!) que, SE ela vier a ser divorciada ou se tornar viúva de casamento posterior, jamais poderá ser aceita por esposo anterior (aqui está o mandamento!).
 
Oséias 3:1-3 Disse-me o Senhor: Vai outra vez, ama uma mulher, amada de seu amigo, e adúltera (f), como o Senhor ama os filhos de Israel, embora eles se desviem para outros deuses, e amem passas de uvas. (2) Assim eu comprei para mim tal mulher por quinze peças de prata, e um hômer e meio de cevada; (3) e lhe disse: Por muitos dias tu ficarás esperando por mim; não te prostituirás, nem serás mulher de outro homem; assim também eu esperarei por ti.               Oséias 2:7, 14-16 Ela irá em seguimento de seus amantes, mas não os alcançará; buscá-los-á, mas não os achará (f); então dirá: Irei, e voltarei a meu primeiro marido, porque melhor me ia então do que agora (f)  (14) Portanto, eis que eu a atrairei, e a levarei para o deserto, e lhe falarei ao coração. (f) (15) E lhe darei as suas vinhas dali, e o vale de Acor por porta de esperança; e ali responderá, como nos dias da sua mocidade, e como no dia em que subiu da terra do Egito. (16) E naquele dia, diz o Senhor, ela me chamará meu marido; e não me chamará mais meu Baal.(f)                 Oséias 14:8 Efraim dirá: Que mais tenho eu com os ídolos? Eu o tenho ouvido e isso considerarei; eu sou como a faia verde; de mim é achado o teu fruto.(f)

f) O ideal de Deus é o cônjuge inocente mostrar graça, perdão, misericórdia, compaixão, amor. Oséias tipificou este amor perdoador da parte de Deus, quando o Senhor o mandou procurar e casar com uma prostituta: ela, depois de certo tempo, começou a traí-lo repetida e nauseantemente, mas ele, misericordiosamente, cuidou dela nos seus terríveis sofrimentos, pacientemente a esperou e perdoou, até que ela realmente se arrependeu e aprendeu a amá-lo!
 


Malaquias 2:14-16. Todavia perguntais: Por que? Porque o Senhor tem sido testemunha entre ti e a mulher da tua mocidade, para com a qual procedeste deslealmente sendo ela a tua companheira e a mulher da tua aliança.(15) E não fez ele somente um, ainda que lhe sobejava espírito? E por que somente UM? Não é que buscava descendência piedosa? Portanto guardai-vos em vosso espírito, e que ninguém seja infiel para com a mulher da sua mocidade. (16) Pois EU DETESTO O DIVÓRCIO(g) diz o Senhor Deus de Israel, e aquele que cobre de violência o seu vestido; portanto cuidai de vós mesmos, diz o Senhor dos exércitos; e  não sejais infiéis.

g) Esta é a chave de toda a questão: Deus ODEIA o divórcio, a quebra do juramento "até que a morte nos separe". Como o homem tem o coração duro e não perdoa como Deus nos perdoa, Deus com desgosto DISCIPLINOU o divórcio já praticado pelo homem, para limitar seu mal. Mas amar & perdoar são os ideais perfeitos de Deus para os nossos casamentos, mesmo se nossos cônjuges nos traírem: Deus ODEIA o divórcio! Há algo mais claro do que isto???...


Mat 5:31-32. 31 Também foi dito (h): Quem repudiar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio. (32) Eu, porém, vos digo que todo aquele que repudia sua mulher (b), a não ser por causa de infidelidade (i,k), a faz adúltera; e quem casar com a repudiada, comete adultério.(i,,j)

h) Este é dito dos homens, não de Deus, de modo algum: "O homem que quiser, divorcie-se de sua mulher, por qualquer motivo que alegue, desde que lhe dê carta de divórcio, para ela também ficar livre para recasar."

i) Deus somente expressou aceitar- mesmo- com- desgosto um divórcio iniciado por um homem cuja esposa esteja em grave pecado moral-sexual.

Quanto ao recasamento, isto é, casamento após o divórcio:

i1) Somente no caso do homem ser totalmente inocente (como isto é raro!) e a mulher ser culpada de grave pecado moral-sexual, Deus aceita- com- desgosto que a parte inocente volte a se casar (mas não com esposa que ele já divorciou e foi depois de outro homem, ver [e]).
i2) Deus expressou não tolerar que a mulher culpada volte a se casar.
i3) Deus não expressou aceitar- mesmo- com- desgosto que a mulher divorciada e totalmente inocente (que coisa rara!) volte a se casar. Talvez aceite- com- desgosto, como para com o homem inocente, mas ninguém pode ter esta certeza. A Bíblia também não trás nenhum exemplo de uma mulher crente, mesmo injustamente divorciada pelo seu marido, voltando a se casar com outro homem.

Ora, sem existir preceito, nem permissão, nem exemplo na Bíblia que seja elogiado (ou, pelo menos, não reprovado), então o melhor, o mais seguro, é a mulher realmente crente ir pelo lado da segurança... Isto é, reconhecer que Deus pode nem sequer aceitar- com- desgosto que uma mulher divorciada se case com outro homem, estando seu ex-marido vivo!... Ademais, há o terrível risco de que Rm 7:3 (abaixo) também se aplique à mulher divorciada (mesmo que seja  absolutamente inocente), ninguém tem certeza de que não... Compare também 1 Co 7:39-40, abaixo.
 
j) Pela construção da frase, vemos que "comete adultério" não expressa algo contínuo {*}, exprime apenas um ponto no tempo, não que o recasamento é um adultério CONTÍNUO. Por isso, não podemos exigir que um recasado, crente ou não, interrompa seu atual casamento. {* Ver nota de 1Jo 3:9, no apêndice abaixo)
Mateus 19:3-12. 3 Aproximaram-se dele alguns fariseus que o experimentavam, dizendo: É lícito ao homem repudiar sua mulher por QUALQUER motivo? (h) (4) Respondeu-lhe Jesus: Não tendes lido que o Criador os fez desde o princípio [um] homem e [uma] mulher (a), (5) e que ordenou: Por isso deixará o homem pai e mãe, e unir-se-á a sua mulher; e serão os dois UMA só carne? (6) Assim já não são mais dois, mas UMA só carne. Portanto o que Deus ajuntou, não o separe o homem (a). (7) Responderam-lhe: Então por que mandou (g,h) Moisés dar-lhe carta de divórcio e repudiá-la? (8) Disse-lhes ele: Pela dureza de vossos corações Moisés vos permitiu (g,h) repudiar vossas mulheres; mas não foi assim desde o princípio. (9) Eu vos digo porém, que qualquer que repudiar sua mulher (b) , a não ser por causa de FORNICAÇÃO (k), e casar com outra, comete ADULTÉRIO; e o que casar com a repudiada também comete adultério(i3,j). (10) Disseram-lhe os discípulos: Se tal é a condição do homem relativamente à mulher, não convém casar. (d)  (11) Ele, porém, lhes disse: Nem todos podem aceitar esta palavra, mas somente aqueles a quem é dado. (12) Porque há eunucos que nasceram assim; e há eunucos que pelos homens foram feitos tais; e outros há que a si mesmos se fizeram eunucos por causa do reino dos céus. Quem pode aceitar isso, aceite-o.
k) "Porneia", em Grego, abrange qualquer pecado sexual: fornicação (mulher solteira), ou adultério (mulher casada), ou prostituição (mulher paga), etc.

Rom 7:3. De sorte que, enquanto viver o marido (n) , será chamado ADÚLTERA, se for de outro homem; mas, se ele morrer, ela está livre da lei, e assim não será adúltera se for de outro marido (i3) .
 

n) Isto se refere a um marido não divorciado dela. Se ele já tivesse se divorciado, não seria mais seu marido, mais sim seu EX-marido. Contrário ao que dizem os romanistas, o divórcio (mesmo sem justificativa, errado, terrivelmente pecaminoso, odiado por Deus e de terríveis dores e consequências ) DISSOLVE o casamento, a irrespondível PROVA disto é que, mesmo no VT, a mulher divorciada casava de novo sem ser considerada adúltera [= "já quebrou promessa do casamento"] e sem ser (por isso) apedrejada. Note que Jesus, em João 4, pronuncia que a samaritana tinha tido 5 MARIDOS (fica implícito que através de divórcio de cada um e casamento com o seguinte: na improvável hipótese de que ela tivesse enviuvado 5 vezes para só depois de cada vez casar com o marido seguinte, isto não teria sido censurável nem sequer trazido à baila) e agora vivia com um homem em fornicação, sem casar, portanto Jesus reconheceu que as 5 primeiras uniões tinham sido casamentos, casamentos válidos!


 
I Coríntios 7:10-15, 27, 39-40. Todavia, aos casados, mando, não eu mas o Senhor, que a mulher não se aparte do marido; (11) se, porém, se apartar (l) , que fique sem casar, ou se reconcilie com o marido; e que o marido não deixe a mulher. (12) Mas aos outros digo eu, não o Senhor: Se algum irmão tem mulher incrédula, e ela consente em habitar com ele, não se separe dela. (13) E se alguma mulher tem marido incrédulo, e ele consente em habitar com ela, não se separe dele.  (m) (14) Porque o marido incrédulo é santificado pela mulher, e a mulher incrédula é santificada pelo marido crente; de outro modo, os vossos filhos seriam imundos; mas agora são santos. (15) Mas, se o incrédulo se apartar, aparte-se; porque neste caso o irmão, ou a irmã, não está sujeito à servidão; pois Deus nos chamou em paz. (27) Estás ligado a mulher? não procures separação. Estás livre de mulher? não procures casamento. (39) A mulher está ligada enquanto o marido vive; mas se falecer o marido, fica livre para casar com quem quiser, contanto que seja no Senhor. (i3) (40) Será, porém, mais feliz se permanecer como está, segundo o meu parecer, e eu penso que também tenho o Espírito de Deus.
l) Em Grego, o verbo "apartar" está na voz passiva, devia ser traduzido "for apartada". Na Bíblia, a mulher pode sofrer a ação do marido dela se apartando, mas nunca pode praticar a ação de se apartar, divorciar-se do marido!

m) Deus não tolera, mesmo com desgosto, que o CRENTE (homem ou mulher), mesmo que casado com descrente, tome a INICIATIVA do divórcio (exceto o marido [inocente] de esposa em grave pecado sexual).


2) Como Tratar um Divorciado? (mesmo que ele tenha, para sua infelicidade, desobedecido todas as instruções do Senhor).


2.1. Com amor.
João 4:10 Respondeu-lhe Jesus [à Samaritana]: Se tivesses conhecido o dom de Deus e quem é o que te diz: Dá-me de beber, tu lhe terias pedido e ele te haveria dado água viva.

1 Tessalonicense 5:14 Exortamo-vos também, irmãos, a que
      admoesteis os insubordinados, {sem grosseria, mas muito firme e severamente, tirar a cegueira da mente do ouvinte e colocá-la no lugar, dizer-lhe toda a verdade, advertir, avisar das consequências, repreender, reprovar}
      consoleis os desanimados,
      ampareis os fracos e
      sejais LONGÂNIMOS para com todos.

2 Timóteo 2:24,25 e ao servo do Senhor não convém contender, mas sim ser brando para com todos, apto para ensinar, paciente;
(25) corrigindo com mansidão os que resistem, na esperança de que Deus lhes conceda o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade,

2.2. Se ele e seu cônjuge não tiverem feito recasamentos: aconselhá-los a se arrependerem, se perdoarem, voltarem uma para o outro, novamente se unirem.
Provérbios 10:12 O ódio excita contendas; mas o amor cobre todas as transgressões.

Oséias 3:1-3; 2:14-15; 2:16;14:8:
Oséias 3:1-3 Disse-me o Senhor: Vai outra vez, ama uma mulher, amada de seu amigo, e adúltera (f), como o Senhor ama os filhos de Israel, embora eles se desviem para outros deuses, e amem passas de uvas. (2) Assim eu comprei para mim tal mulher por quinze peças de prata, e um hômer e meio de cevada; (3) e lhe disse: Por muitos dias tu ficarás esperando por mim; não te prostituirás, nem serás mulher de outro homem; assim também eu esperarei por ti.               Oséias 2:7, 14-16 Ela irá em seguimento de seus amantes, mas não os alcançará; buscá-los-á, mas não os achará (f); então dirá: Irei, e voltarei a meu primeiro marido, porque melhor me ia então do que agora (f)  (14) Portanto, eis que eu a atrairei, e a levarei para o deserto, e lhe falarei ao coração. (f) (15) E lhe darei as suas vinhas dali, e o vale de Acor por porta de esperança; e ali responderá, como nos dias da sua mocidade, e como no dia em que subiu da terra do Egito. (16) E naquele dia, diz o Senhor, ela me chamará meu marido; e não me chamará mais meu Baal.(f)                 Oséias 14:8 Efraim dirá: Que mais tenho eu com os ídolos? Eu o tenho ouvido e isso considerarei; eu sou como a faia verde; de mim é achado o teu fruto.

Exortá-los a, além de pôr em 1º lugar o temor e a glória de Deus,
em 2º as suas felicidades reais e eternas,
devem também pensar nos filhos.

Não queremos dizer que filhos de um casamento que terminou na mais amarga catástrofe tenham que ser, eles mesmos, aberrações/ amargurados/ infelizes até o fim da vida; também não queremos dizer que bons e felizes casais que são também bons pais tenham total garantia de que seus filhos serão salvos, bons e felizes;

mas o fato duro e advertido pela Bíblia é que o pecado tem repercussões até a 3ª e 4ª gerações (Ex 34:7 "Que guarda a beneficência em milhares; que perdoa a iniqüidade, e a transgressão e o pecado; que ao culpado não tem por inocente; que visita a iniqüidade dos pais sobre os filhos e sobre os filhos dos filhos até à terceira e quarta geração." l (Êx 34:7 ACF));

e TODAS as pessoas que NÓS conhecemos e que são profundamente incapazes de um casamento feliz (ou que são homossexuais, lésbicas, sadoquistas, masoquistas, ou pervertidos em geral), são filhos de um casamento desfeito e profundamente infeliz, são filhos profundamente amargurados e que odeiam ao menos um dos pais. Compungidos lhe perguntamos, ó pai e mãe: O QUE APROVEITA A VOCÊ GANHAR "O MUNDO INTEIRO" l, E VER SEU FILHO PERDIDO???

2.3. Se ele ou seu cônjuge estiver casado com outra pessoa: aconselhá-los a se perdoarem (Provérbios 10:12 (acima): "O ódio excita contendas, mas o amor cobre todos os pecados.") e a manterem seus atuais casamentos
(Deus nunca ordenou que devam romper ou prejudicar o atual casamento. Em Grego, "comete pecado [contra a repudiada]", de Mt 5:32 e 19:9 [acima] não está no tempo contínuo. O fato de o homem culpado [ou da mulher em geral] se recasar (solenemente aceitando o outro em casamento) foi um pecado, sem dúvida, mas manter o atual casamento (manter a solene promessa) não é um pecado contínuo!).

2.4. Se o divorciado se arrepender de todos os seus pecados:
a) Pode ser salvo, crendo.
João 4:10,18, 42 Respondeu-lhe Jesus [à Samaritana] : Se tivesses conhecido o dom de Deus e quem é o que te diz: Dá-me de beber, tu lhe terias pedido e ele te haveria dado água viva. (18) porque cinco maridos tiveste, e o que agora tens não é teu marido; isso disseste com verdade. (42) e diziam à mulher: Já não é pela tua palavra que nós cremos; pois agora nós mesmos temos ouvido e sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo.

b) Pode ser batizado e ser membro atuante de uma igreja local.
- Se o divorciado agora demonstra arrependimento sincero "Oh, Deus, perdoa-me, sou um miserável pecador e pequei contra minha primeira esposa e contra Ti, ao divorciá-la. Se eu pudesse voltar no tempo, então nunca, jamais teria contribuído para o divórcio. Pequei miseravelmente, não tenho nenhuma desculpa. Se fosse exigido por Ti e fosse a solução Tua, eu me separaria de minha atual esposa para voltar à primeira, ou para sempre viveria como eunuco.",
- Se o divorciado agora não vive de modo que seria disciplinado se fosse membro da nossa igreja local, e se foi salvo e foi aceito por Cristo, por que seria recusado por nós?
Atos 8:36,37 "E indo eles caminhando, chegaram a um lugar onde havia água, e disse o eunuco: Eis aqui água; que impede que eu seja batizado? (37) E disse Felipe: é lícito, se crês de todo o coração. E, respondendo ele, disse: Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus." Ver 2.3b, acima.

- UMA NOTA DE BOM SENSO: Suponhamos que Homem1 casou com Mulher1, e Homem2 casou com Mulher2, e todos os quatro são maravilhosos membros de nossa igreja, ambos os homens sendo piedosos diáconos e evangelistas e professores, e ambas as mulheres sendo piedosas professoras e evangelistas. Mas amontoam-se problemas em ambos os casamentos, e nenhum dos quatro lida com eles do modo bíblico para os superar. De um em um chegam ao pastor e perguntam se podem decidir viver como eunucos, e o pastor firmemente os repreende e ensina que Mt 19:11-12 vem no contexto de virgens que se revoltam contra o mandamento de não poder se divorciar por qualquer imbecil desculpa de "incompatibilidade de gênios", mas a ordem de Deus para os que já fizeram as promessas solenes do casamento é de nunca negar o corpo ao cônjuge 1Co 7:2-5. Por causa da evidências dos problemas, cada casal é pessoalmente advertido e exortado por irmãos da igreja agindo individualmente, mas os ignora; pelo pastor e sua esposa juntamente com outro diácono e sua esposa, novamente os ignora; pela igreja, e responde com desdém. Cada casal parte para separação de corpos (e de casas) e novamente recebem as três ondas de firme mas amoroso aconselhamento, e responde com revolta. A igreja, triste mas firme em obedecer a Deus, disciplina os dois casais com suspensão do rol de membros até que se arrependam, mas continua a os exortar continuamente. Cada casal começa a mover divórcio na justiça do país, portanto a igreja solene e firmemente os repreende e adverte, mostrando que divorciar-se já é exatamente adultério, pois adultério significa qualquer quebra das solenes promessas de casamento. Ambos os casais consumam o divórcio. A igreja, chorando de tristeza, os disciplina com a exclusão do rol de membros, e fica orando e continuamente exortando a que voltem atrás e reatem os seus casamentos. Vão morar cada um dos quatro em um país diferente. Cada um nunca teve relações senão com seu EX-cônjuge, mas todos passaram para a categoria "já cometeu adultério", por ter rompido seu casamento. Poucos anos depois, por acaso, Homem1 e Mulher2 se encontram e começam a namorar e casam tendo vivido sexualmente puros até o dia de seus segundos casamentos (a solene troca de promessas), depois filhos chegam em sucessão. O mesmo acontece com Homem2 e Mulher1. Que dizemos nós? Sim, todos pecaram em se divorciar, depois em não voltar para seus ex-cônjuges, depois em se casar segunda vez. Mas, depois da solene troca de promessas dos segundos casamentos, Deus os reconhece e quer que sejam perfeitos. 15 anos depois, um reavivamento ocorre na vida de cada um dos quatro e, por outros motivos, logo depois têm que voltar a morar na nossa cidade. Isoladamente, cada casal procura a nossa igreja, marido e esposa choram sinceramente arrependidos e envergonhados, em assembleia publicamente expressam estarem o mais profundamente arrependidos e envergonhados de seus pecados, pedem perdão, dizem que dariam tudo para poderem voltar anos atrás e nenhum deles ter se divorciado, e sinceramente afirmam que, se for exigido por Deus e pela igreja, estão dispostos a viver cada um como se fosse um eunuco, viver em casas separadas, e perguntam o que fazer para voltarem a ser membros da igreja. Esta, dando graças a Deus e grandemente se alegrando com o arrependimento, mas ainda muito triste lembrando de toda a tragédia, amorosamente diz que eles pecaram muito gravemente em se divorciarem e recasarem, eles para sempre passaram para a categoria "já adulterou, em quebrar as promessas do casamento", mas agora Deus reconhece como perfeitamente válido o segundo casamento deles, não vivem em incessante adultério, os filhos não são bastardos, etc. - - - MAS, do mesmo modo como não fica bem os dois casais andarem todos juntos (isto pode trazer tentações, amarguras, dar a aparência do mal ("casamento grupal"), servir de escândalo), também não fica bem ficarem na mesma igreja, portanto SERÁ MELHOR FICAREM EM IGREJAS DIFERENTES.

c) Só não pode ser pastor nem diácono. 1 Timóteo 3:2,12."É necessário, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma só mulher, temperante, sóbrio, ordeiro, hospitaleiro, apto para ensinar;
(12) Os diáconos sejam maridos de uma só mulher, e governem bem a seus filhos e suas próprias casas."

Por extensão, eu diria que divorciado e novo cônjuge de divorciado não devem ter absolutamente nenhum cargo ou função que impliquem grau nenhum de liderança (formal ou informal) na sua igreja: não devem ser pastor, membro da diretoria, diáconos, presidentes de departamentos, maestros, solistas no coral, professores, palestrantes, líderes, etc

Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante