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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

A MORTE SOB A MORTE...

O Dilema Existêncial Humano 

Toda criatura humana enfrenta esse dilema. Não foi sua escolha vir ao mundo, mas não consegue fugir à realidade do fim de sua existência. O dilema existencial resulta da realidade da morte que tem que ser enfrentada. Em Eclesiastes, o pregador diz: “Todos vão para um lugar; todos são pó e todos ao pó voltarão”, Ec 3.20,21. São palavras da Bíblia e não de nenhum materialista contempoprâneo. Quanto à realidade da vida e da morte, o homem é, dentro da criação, o único que sabe que vai morrer. Analisemos alguns sistemas filosóficos os quais discutem esse assunto.

Definição Bíblica para a Morte 

1. O sentido literal e metafórico da palavra morte 

· Separação. No grego a palavra morte é thanatosque quer dizer separação. A morte separa as partes materiais e imateriais do ser humano. A matéria volta ao pó e a parte imaterial separa-se e vai ao mundo dos mortos, o Sheol – Hades, onde jaz no estado intermediário entre a morte e a ressurreição (Mt 10.28; Lc 12.4;Ec 12.7; Gn 2.7). 

· Saída ou partida. A morte física é como a saída de um lugar para outro (Lc 9.31; 2 Pe 1.14-16). 

· Cessação. Cessa a existência da vida animal, física (Mt 2.20). 

· Rompimento. Ela rompe as relações naturais da vida material. Não há como relacionar-se com as pessoas depois que morrem. A idéia de comunicação com pessoas que já morreram é uma fraude diabólica. 

· Distrinção. Ela distingue o temporal do eterno na vida humana. Toda criatura humana não pode fugir do seu destino eterno: salvação ou perdição (Mt 10.28). 

2. O Sentido bíblico e doutrinário da morte. 

· A morte como o salário do pecado (Rm 6.23). O pecado, no contexto desse versículo, é representado pela figura de um cruel feitor de escravos que dá a morte como pagamento. O salário requerido pelo pecado é merecidamente a morte. Como pagamento, a morte não aniquila o pecador. A verdade que a Bíblia nos comunica é que a morte não é a simples cessação da existência física, mas é uma consequência dolorosa pela prática do pecado, seu pagamento, a sua justa retribuição. Quando morre, o pecador, está ceifado na forma de corrupção aquilo que plantou na forma de pecado (Gl 6.7,8; 2 Co 15.21; Tg 1.15). 

· A morte é sinal e fruto do pecado. O homem vive inevitavelmente dentro da esfera da morte e não pode fugir da condenação. Somente quem tem a Cristo e o aceitou está fora desta esfera. Só em Cristo o homem consegue salvar-se do poder da morte eterna. Tiago mostra-nos uma relação entre o pecado e a morte quando diz: “Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência. Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte”, Tg 1.14-15. O pecado, portanto, frutifica e gera a morte. 

· A morte foi vencida por Cristo no Calvário. A resposta única, clara, evidente e idenpendente de quaisquer idéias filosóficas a respeito da morte é a Palavra de Deus revelada e pronunciada através de Cristo Jesus no Calvário (Hb 1.1). Cristo é a última palavra e a única solução para o problema do pecado e a crueldade da morte (Rm 5.17). 

Tipos Distintos de Morte 

A Bíblia fala de três tipos distintos de mortes: física, espiritual e eterna. 

· Morte Física. O texto que melhor elucida esta morte é 2 Sm 14.14, que diz: “Porque certamente morreremos e seremos como águas derramadas na terra, que não se ajuntam mais”. O que acontece com o corpo quando é sepultado? Depois de alguns dias, terá se desfeito e esvaído como águas derramadas na terra. É isso que a morte física acarreta literalmente. 

· Morte Espiritual. Este tipo tem dois sentidos n a perspectiva bíblica; negativo e positivo. No sentido negativo, a morte pode ser identificada pela expressão bíblica “morte no pecado”. É um estado de separação da comunhão com Deus. Significa estar debaixo do pecado, sob o seu domínio (Ef 2.1,5). O seu efeito é presente e futuro. No presente, refere-se a uma condição temporal de quem está separado da vida de Deus (Ef 4.18). No futuro, refere-se ao estado de esterna separação de Deus, o que acontecerá no Juízo Final (Mt 25.46). 

No sentido positivo é a morte espiritual experimentada pelo crente em relação ao mundo. Isto é: a sua pena do pecado foi cancelada e, agora vive livre do domínio do pecado (Rm 6.14). Quanto ao futuro, o cristão autêntico terá a vida eterna. Ou seja: a redenção do corpo do pecado (Ap 21.27; 22.15). 

· Morte eterna. É chamada a Segunda morte, porque a primeira é física (Ap 2.11). Identificada como punição do pecado (Rm 6.23). Também denominada castigo eterno. É a eterna separação da presença de Deus – a impossibilidade de arrependimento e perdão (Mt 25.46). Os ímpios, depois de julgados, receberão a punição da rejeição que fizeram à graça de Deus e, serão lançados no Geena (lago de fogo) (Ap 20.14,15; Mt 5.22,29,30); 23.14,15,33). Restringe-se apenas aos ímpios (At 24.15). Esse tipo de morte tem sido alvo de falsas teorias que rejeitam o ensino real da Bíblia.

Texto áureo 

“ E no Hades, ergueu os olhos , estando em tormentos , e viu ao longe Abraão e Lázaro, no seu seio.” (Lc 16.23). 
Para onde as pessoas vão ao morrerem? Esta é uma pergunta intrigante que todos fazem em algum momento da vida. A Bíblia nos fala do juízo final, quando todos serÃo encaminhados para seus lugares eternos: O céu ou o lago de fogo. E antes desse julgamento? Onde estarão os mortos? 

O estado intermediário representa um lugar espiritual fixo onde as almas dos mortos aguardam a resposta de seus corpos , para apresentarem-se, posteriormente, perante o Supremo Juiz. 
O estado intermediário, é o estado do morto entre a morte a ressurreição. 

Argumento histórico. Se questão da vida após além- morte estivesse fundamentada apenas em teoria e conjecturas filosóficas, ela já teria desaparecido. Mas as provas na crença da imortalidade estão impressas na experiência da humanidade. 

Argumento teleológico. Procura que a vida ao ser humano tem uma finalidade além da própria vida física. Há algo que vai além da matéria de nossos corpos, é a parte espirítual. Quando Jesus aboliu a morte e trouxe á luz a vida e a incorrupção, estava, de fato, desfazendo a morte espiritual e concedendo vida eterna., a imortalidade ( 2 Tm 1.10). A vida humana tem uma finalidade superior , uma razão de ser, um desígnio. 

Argumento moral. Há um governador moral dentro de cada ser humano chamado consciência que reage as suas ações. Sua existência dentro do espirito humano indica sua função interna, como um sensor moral, aliado a soberania divina. 

Argumento metafïsico. Os elementos imateriais do ser humano, denunciam o sentido metafïsico que compõem a sua alma e espírito. Esses elementos são indissolúveis; portanto, como evitar a realidade da vida além da morte? Ë impossível ? A palavra imortalidade no grego é athanasia e significa 
literalmente ausênsia de morte. No sentido pleno somente Deus possui vida total , imperecível e imortal (1 Tm 1.17). Ele é a fonte da vida eterna e ninguém mais pode dá-la. No sentido relativo, o crente possui imortalidade conquistada pelos méritos de Jesus no Calvário ( 2 Tm 1.8-12). 

O que é estado intermediário: 

1. É uma habitação espiritual fixa e temporal . Biblicamente, o Estado intermediário é um modo de existir entre a morte física e a ressurreição final do corpo sepultado. No Antigo Testamento, esse lugar é identificado como Sheol (no hebraico), e no Novo Testamento como Hades (no grego). Os dois termos dizem respeito ao reino da morte (Sl 18.5; 2 Sm 22.5,6). É um lugar espiritual em que as almas dos mortos habitam fixamente até que seus corpos sejam ressuscitados, para a vida eterna ou para a perdição eterna. É o estado das almas e espíritos, fora de seus corpos, aguardando o tempo em que terão de comparecer perante Deus. 

2. É um lugar de consciência ativa e ação racional. Segundo Jesus descreveu esse lugar, o rico e Lázaro participam de uma conversação no Sheol-Hades, estando apenas em lados diferentes (Lc 16.19-31). O apóstolo Paulo descreve-o, no que tange aos salvos, como um lugar de comunhão com o Senhor (2 Co 5.6-9; Fp1.23). A Bíblia denomina-o como um “lugar de consolação” , “seio de Abraão” ou “Paraíso” (Lc 16.22,25; 2Co 12.2-4). Se fosse um lugar neutro para as almas dos mortos, não haveria razão para Jesus identificá-lo com os nomes que deu. Da mesma forma, “o lugar de tormento”não teria razão de ser, se não houvesse consciência naquele lugar. 

Rejeita-se segundo a Bíblia, a teoria de que o Sheol-Hades é um lugar de repouso inconsciente. A Bíblia fala dos crentes falecidos como “os que dormem com o Senhor”(1 Co 15,6; 1 Ts 4,13), e isto não refere-se a uma forma de dormir inconsciente, mas de repouso, de descanso. As atividades existentes no Sheol- Hades não implicam que os mortos possam sair daquele lugar, mas que estão retidos até a ressurreição de seus corpos para apresentarem-se perante o Senhor (Lc 16.19,31; 23.43; At 7.59). 

O Sheol-Hades, antes e depois do Calvário 

1. Antes do Calvário. O Sheol-Hades dividia-se em três partes distintas. Para entender essa habitação provisória dos mortos, podemos ilustrá-lo por um círculo dividido em três partes. A primeira parte é o lugar dos justos, chamada “Paraíso”, “seio de Abraão”, “lugar de consolo” (Lc 16.22,25; 23.43). A Segunda é a parte dos ímpios, denominada “lugar de tormento” (Lc 16.23). A terceira fica entre a dos justos e a dos ímpios, e é identificada como “lugar de trevas”, “lugar de prisões eternas”, “abismo” (Lc 16.26; 2 Pe 2.4; Jd v. 6). Nessa terceira parte foi aprisionada uma classe de anjos caídos, a qual não sai desse abismo, senão quando Deus permitir nos dias da Grande Tribulação (Ap 9.1-12). Não há qualquer possibilidade de contato com esses espíritos caídos; habitantes do Poço do Abismo. 

2. Depois do Calvário. Houve uma mudança dentro do mundo das almas e espíritos dos mortos após o evento do Calvário. Quando Cristo enfrentou a morte e a sepultura e as venceu, efetuou uma mudança radical no Sheol-Hades (Ef 4.9,10; Ap 1.17,18). A parte do “Paraíso” foi trasladada para o terceiro céu, na presença de Deus (2 Co 12.2,4), separando-se completamente das “partes inferiores” onde continuam os ímpios mortos. Somente, os justos gozam dessa mudança em esperança pelo dia final quando esse estado temporário se acabará, e viverão para sempre com o Senhor, num corpo espiritual ressurreto. 

Essa doutrina Bíblica fortalece a nossa fé ao dar-nos segurança acerca dos mortos em Cristo, e é a garantia de que a vida humana tem um propósito elevado, além de renovar a nossa esperança de estar para sempre com o Senhor. 

Entendemos assim, pelas escrituras que a alma permanece viva e consciente após a morte do corpo. Nesse estado, a alma do justo já se encontra na presença do Senhor, em um lugar que normalmente denomina-se “paraíso”. O ímpio, por sua vez, já se encontra em tormentos no inferno. Tais lugares são de permanência temporária, até que venha o Juízo Final. 

Após o juízo, os justos serão introduzidos no céu e os ímpios serão lançados no lago de fogo...
BISPO/JUIZ.DR.EDSON CAVALCANTE

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