segunda-feira, 2 de janeiro de 2012
EIS-ME AQUI...
A VOCAÇÃO DE ISAIAS
Introdução:
- A chamada de Isaías (Is 6.1-13)
- Isaías tem conhecimento da morte do rei Uzias1, e cônscio do desgosto nacional ante as dificuldades e perigos que a nação tinha agora que enfrentar, Isaias vai e penetra nos átrios do templo para se aproximar de Deus. É então que raia perante os seus olhos a visão relatada neste capítulo. Pouco antes, oprimiam-no o abandono a que o país se encontrava votado e o trono vazio, mas agora vê o Senhor Deus nas alturas, com todo o poder do universo às Suas ordens (1).
- No pensamento e ânimo do profeta agigantava-se neste momento a consciência da santidade do Deus de toda a terra (2-4) e, convicto do seu próprio pecado e indignidade, o profeta exclama que está totalmente perdido (5).
- Segue-se a mensagem de misericórdia salvadora. Até junto dele voou um dos serafins, tocando-lhe nos lábios com uma brasa acesa tirada do altar (6), e eis que no seu coração ecoam palavras avassaladoras de amor soberano (7). Só depois deste perdão absoluto é que lhe é dada à incumbência de trabalhar para o Senhor Deus, e o profeta ouve a voz do Senhor que pergunta quem está disposto a cumprir a Sua ordem (8).
- A mensagem é, na realidade, de condenação para a raça escolhida, e ninguém a poderia transmitir de ânimo leve (9-13); mas mesmo ali, dentro do recinto da casa de Deus, o jovem Isaías aceita o repto e sai, levando sobre si o peso da ordenação divina.
- Isaias é foi chamado e comissionado por Deus, Isaias considerou a profecia como o ministério de sua vida e, com notável prontidão, acei¬tou a tarefa que, desde o princípio, se afiguraria inútil: advertir e condenar (6:9-13). Todas as suas profecias giram em torno de "Judá e Jerusalém" (1:1). Ele é o "profeta universal de Israel", suas profecias entremeavam com a história sempre que a ocasião exigisse (Is 7:20,36-39). "Nenhum profeta do AT", diz Robinson, "aliou tão perfeitamente quanto Isaías, a visão terrena e a sagacidade, bem como a coragem, convicção, diversidade de talentos e unidade de propósitos, de um lado, com amor pela retidão e um aguçado entendimento da santidade e da majestade do Senhor, do outro". Por isso era capaz de transmitir o seu ensino profético em varias formas literárias.
I.A VISÃO DO PROFETA.
- Vi ao Senhor (1). No meio de toda a inquietação e agitação, o profeta constata que Deus guarda os Seus. O Senhor (1) ver Jo 12.41, onde a idéia inerente a esta passagem sugere a versão dos Targuns: "Vi a glória do Senhor".
- Aqui, a manifestação da divindade revela-se claramente na pessoa de Cristo, Filho de Deus. A revelação divina é sempre outorgada ao homem mediante a pessoa do Filho unigênito do Pai. "Ninguém jamais viu a Deus".
- Como sucedeu tão freqüentemente nos tempos dos patriarcas e santos do Velho Testamento, temos aqui a atividade eterna do Deus de toda a terra transmitida ao homem através do Filho eterno.
- Trono (1). Acentua-se a certeza da soberania do Senhor Deus. Só há um dominador que rege o rolar incessante da história. Os serafins (2). Esta palavra é traduzida de várias maneiras; há quem prefira "serpente ardente", ou "áspide ardente voadora" (ver Is 14.29; Is 30.6), enquanto que outros tradutores optam por "seres exaltados ou nobres". No caso presente, tratava-se evidentemente de figuras aladas de forma humana, pois lemos que tinham mãos, pés e voz. O seu ministério incessante era louvar o Senhor e revelar a glória divina. Clamavam uns para os outros (3), em antífona: "Em cânticos respondiam, cantando, uns aos outros". Santo, Santo, Santo (3); a repetição exprime grande ênfase. Comparar com Jr 7.4; Jr 22.29; Ez 21.27. Revela-se aqui o conteúdo intensamente espiritual da visão. Doravante, para Isaías, todos os antigos conceitos que aprendera brilharão com uma chama nova e ainda mais radiante. No meio de um povo cada vez mais atolado na busca de coisas alheias a Deus e que, portanto, de forma alguma se coadunavam com um sentido elevado e santo da Sua glória, Isaías vê agora que o Deus de Israel é, antes de mais, santo. De futuro, Deus será para ele "o Santo de Israel". Fumaça (4); provavelmente, símbolo da shekináh misturada com a cólera divina. O significado da alusão a Yahweh como "o Santo de Israel1".
- Is-6.5 Ai de mim (5). O efeito desta visão no profeta é imediato e avassalador. Unido com a nação no seu afastamento de Deus, e preso nos seus próprios desejos e hábitos pecaminosos, Isaías só se pode considerar perdido. Um homem de lábios impuros (5). Ver Jó 40.4-5.
- A visão de Deus na Sua santidade produz a consciência da nossa indignidade e impureza aos Seus olhos. Foi, sem dúvida, por Isaías saber que a sua vida seria consagrada à proclamação da mensagem do Senhor Deus que ele sentia aqui a pecaminosidade e indignidade dos seus lábios para serviço tão excelso. A sua sensação de necessidade é imediatamente satisfeita pela ação de um dos serafins (6). Purificado (7), expiado.
- Com respeito à ação purificadora do fogo, ver Nm 31.22-23; Ml 3.2; Mt 3.11. Alguns anos atrás, George Deakin ensinou-me uma verdade usando um argumento bastante lógico. Ter visão sem missão, torna-nos visionários; ter missão sem visão, leva-nos a trabalhar demais; ter visão e missão faz de nós missionários. E é mesmo. Isaías teve uma visão no ano em que morreu o rei Uzias. Talvez haja alguém à nossa frente, impedindo que tenhamos uma visão ampla de Deus. O preço a ser pago pelo crescimento espiritual é bastante elevado, e, às vezes, doloroso também. Você estaria preparado para ter uma visão a esse preço; a perda de um amigo ou de sua carreira? E para essa transformação de alma não se oferecem descontos especiais. Se alguém deseja apenas ser salvo, santificado e só, não há lugar para ele nas fileiras do Senhor.
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[1] Esta expressão ocorre em ambas as partes de Isaías, mas é difícil encontrá-la alhures no cânon bíblico. Trata-se de uma das designações mais notáveis de Deus comuns a ambas as seções, e de um assunto de importância primacial.O espírito de adoração é realçado neste título que vem do hebraico laeÞr"f.yI vAdïq.sendo traduzido no grego pela expressãoqeo.n to.n a[gion tou/ Israhle, no latim Dominum Sanctum Israhel , esta expressão é encontrada também no saltério (Sl 78.41;Sl 89.18). A Santidade de Deus, acima de todas as coisas, é que serve de inspiração para este regozijante louvor (cfr. Jo 15.9-11).Exaltado sobre tudo e inteiramente separado de todo o mal, de tudo que conspurca Lv 11:44(Ex 15:11; Lv 11:43-45; Dt 23:14; Jó 34:10); Sendo absolutamente Perfeito, Puro e Integro em Sua natureza e caráter 1Jo 1:5; Sl 99:9 (Is 57:15; Ha 1:13; 1Pe 1:15-16).A santidade de Deus é o Seu atributo mais exaltado e destacado, que governa todos os demais! Is 6:3; São santos: o Pai Jo 17:11, o Filho At 3:14 (Is 41:14) e o Espírito Santo Ef 4:30. Deus odeia o pecado Ha 1:13 (Gn 6:5-6; Dt 25:16; Pv 6:16-19; 15:9,26); deleita-se naquilo que é santo e reto Pv 15:9 (Lv 19:2; 20:26); não ouve, antes Se separa do pecador Is 59:1-2 (Ef 2:13; Jo 14:6); liberta o piedoso arrependido, fazendo-o frutificar 1Pe 2:24 (Rm 8:1-4; 6:22). O Santo revela a pecaminosidade e malignidade dos nossos pecados Jó 42:5-6 (Is 6:5); Sendo Santo, Deus exige arrependimento, expiação antes do perdão He 9:22; 10:19; Ef 1:7 (Cl 1:14); Santo em graça e o amor remidor Rm 5:6-8; (Jo 3:16); Ele é Santo para causa-nos reverência e temor He 12:28-29 (Ex 3:4-6; Is 6:1-3).
- Isaías teve uma visão em três dimensões. Vejamos (Is. 6:1-9).
·Seu olhar se dirigiu para o alto: viu o Senhor;
·Para dentro de si: viu a si mesmo;
·Para fora: viu o mundo.
- Sua visão tinha altura: viu o Senhor alto e sublime; profundidade: viu as profundezas do seu coração; e largura: viu o mundo.
- Foi uma visão da santidade. Ó amados, como nossa geração precisa ter uma visão de Deus em toda a sua santidade! E foi uma visão da iniqüidade: "estou perdido! De lábios impuros!" e foi uma visão do desalento Divino, implícito nas palavras: "quem há de ir por nós?".
- E nesta hora em que vivemos, quando a média das igrejas está mais envolvida com promoções do que com orações; incentiva mais a competição, e se esquece da consagração, e substitui a propagação do evangelho pela autopromoção, é imperativo que tenhamos essa visão tríplice.
- Ninguém vai além da visão que tem. Teólogos intelectualizados não tem condições de romper a cortina de ferro da superstição e das trevas por trás das quais, há milênios estão perecendo milhões e milhões de indivíduos. Talvez só homens com menos intelecto, mas com uma visão maior, sejam capazes disso.
- Um bom estímulo para nossa alma seria permanecermos trementes na presença deste Deus Santo, todos os dias, antes de sairmos para o trabalho. Aquele que teme a Deus, não teme os homens. O que se ajoelha diante de Deus não se curva em nenhuma situação. Se tivéssemos diariamente uma visão deste Deus santo, iríamos sentir-nos deslumbrados diante da sua onipresença, extasiados ante sua onipotência, silenciosos diante de sua onisciência e quebrantados diante de sua santidade. E a santidade Dele se tornaria nossa. A maior vergonha de nossos dias é que a santidade que ensinamos é anulada pela impiedade de nosso viver.
- Antes de Isaías passar pela experiência descrita no capítulo 6 de seu livro, ele proferiu uma série de "ais" para diversas pessoas. Mas, naquele momento, ele viu a si mesmo e disse: "ai de mim!""Sou eu, sou eu mesmo, Senhor, quem está precisando de oração", diz um hino "negro espiritual". E como isso é verdade!
- Será que não há quadros com imagens impuras pendurados nas paredes de nossa mente?
- Não haverá alguma impureza escondida em algum cantinho de nosso coração?
- Será que poderíamos convidar o Espírito Santo para caminhar conosco de mãos dadas pelos corredores dele?
- Não haverá em nós intenções ocultas, motivações secretas e quartos fechados cheios de toda sorte de impurezas, a controlar nossa alma! Em cada um de nós existem três pessoas: a que achamos que somos, a que os outros pensam que somos, e a que Deus sabe que somos.
- Geralmente somos muito condescendentes com nós mesmos, e por demais rigorosos com os outros, a não ser quando estamos buscando a verdadeira vitória espiritual. Vamos pedir a Deus que localize com seu penetrante olhar esse corrupto, impuro e malcheiroso ego, para que ele seja arrancado de nós e "crucificado com ele... (para que) não sirvamos o pecado como escravos" (Rm. 6:6). Não adiante dar outros nomes ao pecado; continua sendo pecado.
- É muito fácil encontrarem-se justificativas para todos os tipos de pecados; é só querer. Mas quando o Espírito Santo nos sonda o coração e conhece o que vai em nós, não passa a mão em nossa cabeça, nem tão pouco nos lesa.
- Vamos nós também pedir visão a Deus; uma visão para o alto, para dentro de nós e para fora. Assim como aconteceu com Isaías, ao olharmos para o alto, veremos o Senhor em toda a sua santidade; ao olharmos para dentro de nós, iremos ver-nos exatamente como somos e enxergaremos nossa necessidade de purificação e poder; e ao olharmos para fora veremos o mundo que está perecendo sem o conhecimento do Salvador. "Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração: prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho eterno" (Sl. 139:23, 24). Só então teremos unção nos púlpitos e ação nos bancos.
II.A MENSAGEM DO PROFETA.
- A mensagem que cumpria transmitir era de castigo solene. O povo iria ouvir e ver, mas não compreenderia o que a mensagem implicava. Cada vez estaria mais cego; o seu coração endureceria, em vez de ficar mais sensível; a nação seria destruída como um carvalho e como uma azinheira (13), "mas, se ainda a décima parte dela ficar, tornará a ser pastada". A idéia exprime uma devastação completa, mas mesmo assim ainda há promessas para o futuro. Os próprios troncos cortados florescerão e crescerão, e o remanescente (semente santa) do povo será reunido para servir o Redentor Todo Poderoso de Israel e voltar ao Seu domínio. A expressão "santa semente" falta na versão dos Setenta, mas ocorre no rolo de Isaías encontrado com os chamados Manuscritos do Mar Morto.
- Na visão que o profeta Isaías teve, os Serafins cantavam, "... Santo, santo, santo é o Senhor dos exércitos; a terra toda está cheia da sua glória" Isaías 6:3.
- Quando vemos a partir deste ponto de vista divino, cada acontecimento no curso da vida humana em todas as eras e em todas as nações tem, não importa quão insignificante possa parecer-nos seu lugar exato no desenvolvimento do plano eterno.
- Os Desígnios eternos de Deus têm relações com as causas precedentes e exerce influência sempre crescente através dos seus efeitos, de maneira a estar relacionada com todo o sistema de coisas e desempenha sua parte individual na manutenção do perfeito equilíbrio desta ordem mundial.
- Muitos exemplos podem ser dados para mostrar que acontecimentos da maior importância têm muitas vezes dependido do que à época pareceu ser acontecimentos dos mais fortuitos e triviais. A inter-relação e conexão de acontecimentos é tal que se um destes fosse omitido ou modificado, toda a seqüência seria também modificada ou simplesmente não aconteceria. Por conseguinte, a certeza de que a administração divina se apóia na pré-ordenação de Deus estendida a todos acontecimentos, tanto grandes como pequenos. E, especificamente, nenhum acontecimento é pequeno demais; cada um tem o seu lugar exato no plano divino, e alguns, somente alguns, são relativamente maiores que outros. O curso da história, portanto, é infinitamente complexo, ainda assim, uma unidade aos olhos de Deus. Esta verdade, junto com a razão para tanto, é lindamente sumarizada no Catecismo Menor, que diz que, "Os Decretos de Deus são o seu eterno propósito, segundo o conselho da sua vontade, pelo qual, para a sua própria glória, ele preordenou tudo o que acontece".
- Esconder as verdades divinas e endurecer ainda mais o coração de Israel era a missão de Isaías: 6:9-10 Vai e dize a este povo: Ouvis, de fato, e não entendeis, e vedes, em verdade, mas não percebeis.10 Engorda o coração deste povo, e endurece-lhe os ouvidos, e fecha-lhe os olhos; não venha ele a ver com os seus olhos, e a ouvir com os seus ouvidos, e a entender com o seu coração, e a converter-se, e a ser sarado.
- Em vez de trazer restauração presente, a mensagem profética está predestinada a trazer mais dureza e incredulidade. Isaías fará o coração do povo de Israel mais duro e mais incessível a voz de Deus. A mensagem em vez de fazê-los perceberem sua extrema necessidade de perdão, na verdade, fará é privá-los da graça. A palavra profética está destinada a obstacular os corações, as mentes e os sentimentos da Nação de Israel. Assim o arrependimento não poderia ser dado e Deus traria justo juízo sobre Seu povo.
- Isaías tem uma mensagem aos ocasionais "amigos" de Deus, aos que não ouvem pela dureza de seus corações, aos que são superficiais por causa da negligencia e aos que estão procurando riquezas e posses, e não o verdadeiro Sumo Bem.
- Deus usará a pregação de Isaías para endurecer os corações. Do mesmo modo que a pregação do Evangelho é um aroma de morte para os rebeldes que endurecem seus corações, é também aroma de vida para os filhos de Deus (2 Co. 2:15,16). Não que a força e poder de salvar residam no som da palavra ou venha da energia de quem prega (1 Co. 3:7,8). Mas o Espírito Santo usa a pregação como um tubo ou canal; Ele penetra na profundeza da alma, como a Bíblia fala (Hb. 4:12; 1 Pd.1:23), com o propósito de dar, somente por Sua graça e bondade, entendimento aos filhos de Deus para os capacitar a perceber e compreender o grande mistério da sua salvação através de Jesus Cristo (At. 16:14; Ef. 1:18,19).
- Quanto àqueles homens malvados e ímpios que Deus, como justo juiz, cega e endurece em razão de pecados anteriores, ele somente lhes recusa a graça pela qual poderiam ser iluminados em seus entendimentos e movidos em seus corações, mas às vezes tira os dons que já possuíam, e os expõem os objetos que a sua corrupção torna ocasiões de pecado; além disso, os entrega às suas próprias paixões, às tentações do mundo e ao poder de Satanás: assim acontece que eles se endurecem sob as influências dos meios que Deus emprega para o abrandamento dos outros. (Rom. 1:24-25, 28 e 11:7; Dt. 29:4; Mc. 4:11-12; Mt. 13:12 e 25:29; II Reis 8:12-13; Sl.81:11-12; I Cor. 2:11; II Cor. 11:3; Ex. 8:15, 32; II Cor. 2:15-16; Isa. 8:14).
III.Conclusão.
- Isaias foi "o grande profeta", suas profecias foram extremamente relevantes para o bem-estar dos judeus do século VII e VIII a.C. sendo uma importante figura carismática, Isaias foi considerado considerado o "profeta messiânico", "o evangelista do A.T", homem dotado de uma erudição singular e de uma capacidade espiritual maiúscula no que se refere ao dom divino da revelação. Às vezes conselheiro dos reis em assuntos religiosos, éticos e políticos, muitas vezes crítico do ritualismo e da religiosidade sem espiritualidade, Isaias sempre focalizou a primazia do relacionamento entre o indivíduo com Yahweh por meio da Santa Palavra de Deus.
- Isaias, assim como os outros profetas do Senhor, era guiado pela sua aspiração de justiça e emitiu tonitruantes e poderosos comentários sobre a moralidade da vida nacional judaica. O apelo universal e eterno dos profetas deriva de sua procura por uma consideração fundamental dos valores humanos. Palavras como as de Isaías (1:17) devem servir para a igreja como padrão absoluto de conduta santa e irrepreensível : "Aprendei a fazer bem; praticai o que é reto; ajudai o oprimido; fazei justiça ao órfão; pleiteai a causa das viúvas"
- É necessário nos colocarmos como destinatários da mensagem do profeta e inquirirmos a nós mesmo sobre os efeitos da mensagem em nosso modus vivendi. A mensagem que Isaías recebeu para transmitir a Judá e Jerusalém expõe a extrema necessidade da igreja ser sensível à voz de Deus. E através do que estamos continuamente ouvindo nos nossos cultos, nos nossos estudos bíblicos, e nas nossas leituras e meditações, é dever corresponder às expectativas de Deus para Seu povo.
a.Não estaríamos nos equiparando aos destinatários desta mensagem profética?
b.Não estariam os nossos corações gordos; os nossos ouvidos endurecidos e os nossos olhos fechados para as coisas divinas?
c.O tanto ouvir já não tem calejado os nossos ouvidos?
d.A nossa acomodação espiritual não tem entupido as nossas veias e a nossa letargia não tem tirado a força do nosso coração?
e.Será que já não somos mais capazes de enxergar as necessidades e os desafios divinos colocados diante de nós?
Nota: _______________________________________
[1] O Rei Uzias ou Azarias: Um Reinado de Prosperidade
Sobressalente na história de Judá figura o reino de Uzias (791-740 a.C.). Inclusive ainda quando sucederam diversos acontecimentos durante seu governo de cinqüenta e dois anos, o relato bíblico é relativamente muito breve (2 Cr 26.1-23; 2 Rs 14.21-22; 15.1-7). É notável o fato de que durante este longo período, Uzias foi o único governante só por dezessete anos. tão eficaz foi em levantar Judá da vassalagem, até convertê-la num poder nacional forte, que é reconhecido como o mais capaz dos soberanos do Reino do Sul que se conhece desde Salomão.
Quando Uzias foi subitamente elevado ao trono, as esperanças nacionais de Judá estavam afundadas em seu ponto mais baixo desde a divisão do reino salomônico. A derrota a mãos de Israel não foi mais que uma enorme calamidade. Resulta duvidoso que Uzias for capaz de fazer mais que reter um esboço de governo organizado durante os dias de Joás. Pôde ter reconstruído as muralhas de Jerusalém, mas se Amasias permaneceu em prisão durante o resto do reinado de Joás, teria sido cosa fútil para Judá afirmar sua força militar nesse momento. Embora Amasias ganhou sua liberdade em 782 a.C., quando morreu Joás, é também duvidoso que tivesse o respeito de seu povo quando a totalidade da nação estava sofrendo as conseqüências de sua desastrosa política. Muito verossimilmente Uzias continuou usando com plena autoridade de uma considerável influência nos assuntos de estado, já que Amasias fugiu finalmente a Laquis.
O silêncio da Escritura no concernente à relação entre Israel e Judá nos dias de Jeroboão II e Uzias, parece garantir a conclusão de que prevaleceu a amizade e a cooperação. A vassalagem de Israel deve ter acabado, quanto muito à morte de Amasias, ou talvez com sua liberação, quinze anos antes. Além de restaurar as muralhas de Jerusalém, Uzias melhorou as fortificações que rodeavam a cidade capital. O exército foi bem organizado e equipado com as melhores armas.
Uma boa preparação militar conduz à expansão. Para o sudoeste, as muralhas de Gate foram atacadas e destruídas. Jabne e Asdode também capitularam a Judá, conforme Uzias pressionava até derrotar os filisteus e os árabes. Enquanto Amasias tinha subjugado Edom, Uzias estava então em condições de estender as fronteiras de Judá tão ao sul como Elate, no golfo de Acaba. O recente descobrimento do selo de Jotão, filho de Uzias, testemunha a atividade judaica no Elate durante este período [1]. Para o leste, Judá impôs seu poder sobre os amonitas, que tiveram de pagar tributo a Uzias. Por outra parte, as dificuldades internas de Israel, após a morte de Jeroboão, podem ter permitido a Uzias o ter as mãos mais livres na zona transjordana [2]. Economicamente, Judá marchou bem sob Uzias. O rei estava vitalmente interessado na agricultura e no crescimento do boiadeiro. Grandes rebanhos em zonas do deserto necessitavam cavar poços e levantar torres de proteção. Os cultivadores de vinhedos expandiram sua produção. Se Uzias promoveu esses interesses a começos de seu longo reinado, deve ter tido um efeito muito favorável sobre o estado econômico de toda a nação.
A expansão territorial colocou a Judá no controle de cidades comercialmente importantes, e nas rotas que conduziam à Arábia, o Egito e outros países. No Elate, sobre o Mar Vermelho, as industrias e as jazidas de cobre e ferro que tanto floresceram sob o reinado de Davi e no de Salomão, foram reclamadas para o Reino do Sul. Embora Judá ficou para atrás a respeito do Reino do Norte em sua expansão econômica e militar, gozou de um sólido crescimento sob a liderança de Uzias, e continuou sua prosperidade inclusive quando Israel começou a declinar após a morte de Jeroboão. O crescimento de Judá e sua influência durante este período só foram inferiores aos experimentados nos dias de Davi e Salomão [3].
A prosperidade de Uzias esteve diretamente relacionada com sua dependência de Deus (2 Cr 26.5,7). Zacarias, um profeta, por certo desconhecido, efetivamente instruiu o rei, quem aproximadamente no 750 a.C. tinha uma atitude totalmente saudável e humilde para com o Senhor.
À altura de seu êxito, porém, Uzias assumiu que podia entrar no templo e queimar o incenso. Com o apoio de oitenta sacerdotes, o sumo sacerdote cujo nome era também o de Azarias enfrentou a Uzias, ressaltando que aquilo era prerrogativa daqueles que estavam consagrados para tal propósito (Êx 30.7 e Nm 18.1-7). Irritado, o rei desafiou os sacerdotes.
Como resultado do juízo divino, Uzias enfermou de lepra. Pelo resto de seu reinado, ficou reduzido ao ostracismo fora de seu palácio, e lhe foram negados seus privilégios sociais. Não pôde nem sequer entrar no templo. Jotão foi elevado à categoria de co-regente e assumiu as responsabilidades reais pelo resto da vida de seu pai.
A ominosa ameaça da agressão síria também afundou as esperanças nacionais de Judá durante a última década do longo e proveitoso reinado de Uzias. Se havia acariciado as esperanças de restaurar a totalidade do império salomônico para Judá, após a morte de Jeroboão II, Uzias as viu desfeitas pelo ressurgir do poderio assírio. No 745 a.C., Tiglate-Pileser III começou a expandir seu império. Em seu ataque inicial, submeteu a Babilônia. Então, se voltou para o oeste, para derrotar a Sarduris III, rei de Urartu. Durante esta campanha norocidental (743-738 a.C.) encontrou oposição quando se dirigiu à Síria. Em seus anais, se menciona combatendo em Arpal contra Azarias, rei de Judá [4]. Esta batalha está datada por Thiele a começos da campanha norocidental, preferivelmente no 743. embora Tiglate-Pileser esmagou a oposição conduzida por Azarias (Uzias), não afirma ter tomado tributos procedentes de Judá. Devido a que Menaém tinha pagado uma enorme soma para evitar uma sangrenta invasão dos ferozes assírios, Tiglate-Pileser não fez avançar seus exércitos para o sul, sobre Judá, nesta época. Uzias esteve, portanto, em condições de manter uma política antiassíria com um Israel pró-assírio como estado-tampão no norte...
BISPO/JUIZ.DR.EDSON CAVALCANTE
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