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terça-feira, 31 de outubro de 2017

EZEQUIEL UM VERDADEIRO HOMEM DE DEUS...


                                  EZEQUIEL UM VERDADEIRO HOMEM DE DEUS...
AUTOR E DATAS
Ezequiel era de família sacerdotal, filho de Buzi, o sacerdote. Ele mesmo foi sacerdote.  Os sacerdotes iniciavam seu serviço no templo aos trinta anos. Mas, no ano em que Ezequiel fez trinta anos ele se encontrava no cativeiro babilônico (1.1), a cerca de 1100 quilômetros distante do templo de Jerusalém. O profeta viveu entre os exilados, sua profecia foi formulada em meio às pessoas deportadas para as terras estranhas da Babilônia.

Ezequiel era um homem de amplos conhecimentos, não somente das tradições de sua nação, mas também de assuntos internacionais e da história. Sua familiaridade com tópicos gerais de cultura, desde a construção de navios até a literatura, é igualmente espantosa. Era dotado de grande intelecto e tinha capacidade de compreender questões de amplo alcance. Seu estilo é impessoal, mas em alguns trechos é apaixonante e bastante transparente (Caps. 16 e 23).

Na sua segunda vinda a Jerusalém (598-597), Nabucodonosor deportou para a Babilônia, o rei Joaquim e a família real, junto com outros dez mil membros da elite (2 Reis 24.12-14). Ezequiel estava entre eles. Era contemporâneo do profeta Jeremias, porém, mais jovem. Enquanto Jeremias profetizava em Jerusalém, Ezequiel anunciava a Palavra do Senhor aos que estavam cativos na Babilônia, junto ao rio Quebar. Era conhecido de Daniel, não sabemos se mantinha relações mais próximas com ele (14.20; 28.3). Ezequiel era casado, mas, sua esposa morreu durante o cativeiro (24.15-18).

Se o profeta tinha trinta anos quando começou seu ministério (1.1), e essa data corresponde ao quinto ano de exílio do rei Joaquim (1.2-3), então Ezequiel tinha por volta de vinte e seis anos quando foi levado cativo. A última data registrada no livro (26 de abril de 571 a.C., em 29.17) demonstra que o ministério de Ezequiel compreendeu pelo menos vinte e três anos. As circunstâncias de sua morte são desconhecidas. Pouco se sabe de sua vida antes do chamado para o ministério profético. Seu nome significa “Deus fortalece”, o que lembra sua obra de conforto e incentivo aos exilados.

Como Ezequiel contém mais datas que qualquer outro livro profético do Antigo Testamento, suas profecias podem ser datadas com considerável precisão. Doze das treze datas especificam ocasiões em que Ezequiel recebeu uma mensagem divina. A outra é a data da chegada do mensageiro que relatou a queda de Jerusalém (33.21).

Tendo recebido o chamado de Deus em julho de 593 a.C., Ezequiel continuou no exercício da vocação por 22 anos, sendo o último oráculo recebido em abril de 571 a.C. (29.17). Se o trigésimo ano citado no capítulo 1 e versículo 1 refere-se à idade de Ezequiel por ocasião do chamado, sua carreira profética excedeu em dois anos o período normal de serviço sacerdotal (Nm 4.3). Seu período de atividade coincide com o momento tenebroso de Jerusalém e antecede em 7 anos a sua destruição, em 586 a.C., continuando por mais 15 anos após essa data.

CONTESTAÇÕES HEBRAICAS
O livro de Ezequiel faz parte da subdivisão chamada Profetas Maiores do cânon hebraico e encontra-se logo após Isaías e Jeremias. A Bíblia em português adota a ordem da Septuaginta e coloca Ezequiel após Lamentações. Apesar do livro sempre ter feito parte do cânon hebraico, estudiosos judeus posteriores questionam seu valor pelas aparentes discrepâncias entre sua interpretação do ritual do templo e as prescrições da lei mosaica (Divergência no número e nos tipos de animais sacrificados na Festa da Lua Nova (Nm 28.11 e Ez 46.6). Os rabinos finalmente restringiram o uso público e particular de Ezequiel.

CONTEXTO HISTÓRICO
Ezequiel viveu em tempos de reviravolta internacional. O Império Assírio, que tinha conquistado e destruído o Reino do Norte, Israel em 722-721 a.C., começou a ceder diante dos golpes da Babilônia ressurgente. Em 612 a.C., a grande cidade assíria de Nínive foi conquistada por um exército aliado de babilônios e medos. Três anos mais tarde, o faraó Neco II do Egito marchou para o norte a fim de ajudar os assírios e tentar restabelecer a influência que o Egito tinha desde a mais remota antiguidade sobre a Palestina e a Síria. Em Megido, o rei Josias, de Judá tentou impedir o avanço do exército egípcio, foi totalmente derrotado, perdendo a vida na batalha (2Rs 23.29-30; 2Cr 35.20-24).

Judá passou a condição de vassalo do Egito. O faraó Neco empossou Jeoacaz, filho de Josias, como rei de Judá. Jeoacaz reinou apenas três meses e foi deposto por insubordinação (2Rs 23.31-35). Depois disso Neco instalou Eliaquim (nome real Jeoaquim), outro filho de Josias, como vassalo real em Jerusalém (609 a.C.). Jeoaquim reinou por onze anos (2Rs 23.34 – 24.7). Segundo Jeremias, o reinado de Jeoaquim foi caracterizado pela idolatria, injustiça social, roubo, assassinato, extorsão, adultério e rejeição a aliança do Senhor (Jr 22.1-17).

Judá continuou vassalo dos egípcios até a batalha de Carquemis em 605 a.C., quando Nabucodonosor e os babilônios venceram Neco e seu exército (2Rs 24.7). Judá e Jeoaquim passaram a pagar tributos à Babilônia. Contudo Jeoaquim tentou se rebelar e se livrar do jugo babilônico, quando Nabucodonosor foi incapaz de subjugar os egípcios do faraó Neco em outra batalha em 601 a.C. A estratégia de Jeoaquim mostrou ser imprudente. Os babilônios devastaram Judá para punir a deslealdade do rei vassalo. Jeoaquim morreu no mesmo mês em que Nabucodonosor iniciou a expedição para puni-lo. Ele foi sucedido por seu filho Joaquim, que teve de enfrentar a fúria de Nabucodonosor. Depois de um breve cerco a Jerusalém, Joaquim foi levado cativo com boa parte da população de Jerusalém, inclusive Ezequiel, em 597 a.C. (2Rs 24.8-12).

Nabucodonosor estabeleceu Zedequias, tio de Joaquim, como governante de Judá. Este governou até a destruição de Jerusalém, em 586 a.C. Embora Zedequias tenha se tornado o último rei de Judá, Joaquim era considerado o último governante legítimo da linhagem de Davi.

PROPÓSITO E MENSAGEM
A profecia de Ezequiel é marcada por visões e ações simbólicas. Já se pode observá-las nos primeiros capítulos. Neles predominam a visão vocacional (caps 1 a 3) e algumas ações simbólicas. Numa delas o profeta come um rolo (livro) (caps 2 e 3), noutra realiza simbolicamente o cerco de Jerusalém (caps 4 e 5). Visões e ações simbólicas similares se repetem em passagens subsequentes. Até mesmo a morte da mulher de Ezequiel transforma-se em um gesto simbólico (caps 24 e 33). Enfim, a linguagem simbólica marca amplamente o estilo deste profeta.

A mensagem profética e estrutura literária de Ezequiel estão intimamente ligadas. A mensagem de três partes do livro é na verdade, uma teodiceia (defesa ou interpretação do julgamento de Deus a Judá e a destruição resultante), e ela corresponde às três dimensões ou fases do ministério de Ezequiel aos exilados. Os capítulos de 1 a 24 antecedem a queda de Jerusalém e são dirigidas à casa rebelde de Judá. O propósito da comissão divina de Ezequiel era trazer a nação de Israel advertências da parte de Deus, sobre o julgamento iminente (2.3-8), deixar bem claro a responsabilidade de cada geração pelos seus pecados (18.20) e convidar aos que tivessem aquebrantamento de coração ao arrependimento, com o conselho: “Arrependam-se e vivam” (18.21-23,32).

Após a destruição de Jerusalém em 587 a.C., Ezequiel voltou sua atenção às nações vizinhas de Israel que participaram do “dia da angústia de Jacó” (caps. 25 a 32) e se alegraram com ele. Mas, a sua arrogância não contaria com a isenção do juízo divino, elas também foram advertidas de que Deus planejara visitá-las com ira e vingança por seus delitos (25.1-11). Nesta fase do ministério de Ezequiel, estava implícito para Israel que o Senhor Deus realmente era justo em seu governo soberano das nações (28.24-26)

A parte final do livro promete a renovação da aliança e a restauração da monarquia davídica em Israel (caps 33 a 48). Aliás, quando o capitulo 37 se refere às tribos, fala justamente da união dos divididos Judá e Israel em torno do descendente de Davi. Mas o novo tempo davídico não será a repetição do velho. Este Davi estará destinado apascentar o rebanho seguindo as pisadas de Javé, que busca a ovelha desgarrada e machucada (34.16). O novo Davi será justo e dedicado aos pobres. A esperança messiânica de Ezequiel está de acordo com a dos grandes profetas de séculos anteriores, que haviam prenunciado a vinda do Messias (Is 9.6-7), nascido na pequena Belém (Ml 5).

Os capítulos 40 a 48 trazem detalhes do projeto do novo templo em Jerusalém, cidade com a qual Deus mantém uma aliança eterna (16.60). Este projeto do templo é uma das visões mais estupendas do livro. Não só delineiam uma espécie de maquete do santuário, mostra que o Novo templo estará sob o controle dos sacerdotes, não de governantes.

Os profetas do Antigo Testamento pressupõem e ensinam a soberania de Deus sobre toda a criação, sobre todos os povos e nações, bem sobre o desenvolvimento da história. Em nenhum outro livro da Bíblia a soberania e o controle de Deus são expressos de modo mais claro e abrangente do que no Livro de Ezequiel. Desde o primeiro capítulo, que relata com realismo a invasão avassaladora da presença de Deus no mundo de Ezequiel, até a última expressão da visão do profeta “O Senhor está aqui”, o livro faz soar a soberania de Deus.

A soberania absoluta de Deus também se evidencia em sua mobilidade. Ele não está limitado ao Templo em Jerusalém, pode abandonar o santuário em Jerusalém, para reagir contra o pecado do povo, como também por sua imensa graça e misericórdia visitar seus filhos no exílio da Babilônia. Deus tem liberdade para condenar e também para perdoar. Seus juízos severos contra Israel refletem em uma análise mais profunda a demonstração de sua graça. Deus é santo. O pecado é uma afronta a sua santidade e deve ser julgado. Israel é uma nação rebelde, porém o exílio tem o propósito de produzir uma nação purificada, um remanescente disposto a viver em obediência a Deus (6.8; 9.8; 11.12-13; 12.16; 14.22-23).

O exílio tinha acontecido, em parte, como resultado da culpa acumulada por gerações de israelitas que tinham se rebelado contra Deus e sua lei. Mesmo que a culpa tenha sempre uma dimensão de um todo, ou seja, toda a nação, Ezequiel enfatizou as conseqüências individuais da desobediência e da transgressão (18.1-32; 33 1-20).

A VISÃO DAS RODAS
As visões arrebatadoras de Ezequiel foram essências para a mensagem geral do livro por dois motivos: Em primeiro lugar, ela reforçavam a veracidade do conhecimento do profeta sobre o papel divino na queda de Judá e a destruição de Jerusalém. A ênfase escatológica predominante nas visões do profeta mostrou aos exilados que as promessas de Javé ainda eram válidas, os ossos secos poderiam ganhar vida e voltarem a se reunir.

Em segundo lugar acima de tudo, as visões de Ezequiel foram meios não convencionais de transmitir o conhecimento de Deus aos exilados. Sua visão de rodas é especial por aparecer três vezes no texto, ao contrário do chamado de Ezequiel (caps 1 a 3), do julgamento de Jerusalém (cap. 10) e da restauração de Israel (caps 43 a 46.

Os detalhes desta visão estranha e complexa, com suas criaturas bizarras e seus dispositivos fantásticos, desafiam qualquer explicação. Todavia, a intenção básica da visão é inconfundível. O Deus de Ezequiel e dos hebreus vive e reina nos céus, majestoso em sua diversidade transcendente. Ele exerce controle absoluto sobre toda a criação, mesmo os israelitas cativos na Babilônia. O próprio Senhor está numa carruagem magnífica, possibilitando seu movimento e representando sua presença em qualquer direção. Além disso, seus olhos vêem tudo e por isso, ele certamente agirá a favor do seu povo no tempo certo.

FILHO DO HOMEM
O Senhor chamou Ezequiel pelo título de “Filho do Homem” umas noventa vezes no livro. Só há uma ocorrência da expressão em outro livro do Antigo Testamento, que é em Daniel (8.17). Empregada para enfatizar a humanidade do mensageiro comparado a origem divina da mensagem. A expressão também revela a natureza simbólica da vida e do ministério de Ezequiel, tanto para os hebreus exilados quanto para os que permaneceram em Jerusalém. Ezequiel fez o papel de servo totalmente engajado no propósito de Deus, deixando sua vida servir de ilustração viva da casa rebelde de Israel (as representações simbólicas que previram o cerco babilônico, a pilhagem de Jerusalém e o exílio dos hebreus – capítulos 4 e 5).

PROFETIZANDO FORA DE ISRAEL
Ezequiel foi feito profeta entre exilados. Ele é o primeiro a profetizar fora da terra de Israel. Isto significa uma ruptura decisiva na história da profecia bíblica: alguém se apresentar como profeta longe da terra santa. E este justamente vem do grupo dos sacerdotes, aqueles que mais expressamente aproximavam e identificavam a ação de Javé em profecias com a terra da promessa. Costumavam celebrar as ações salvíficas de Deus apenas em relação a Israel. Havia tendência em restringir as ações de Javé ao tamanho dos limites de Israel. Os mais exaltados até mesmo tendiam a ligar a presença de Deus apenas ao templo, templo de Jerusalém. Este lugar era tido como morada de Javé. Quem quisesse prestar culto ao Senhor, deveria peregrinar até Sião. Ali estava como que sediada a divindade.

Outros profetas se preocuparam em grande parte com a idolatria de Israel, com degradação moral, com as intrigas e alianças com povos estrangeiros para se proteger, deixando de confiar no Senhor. Proclamam o juízo divino, mas também falam da restauração e redenção futura.

O vasto alcance da mensagem de Ezequiel tem semelhança com tudo isso, a grande diferença é que ele focaliza Israel de modo incomparável como povo santo. Israel, ao contaminar o culto que prestava ao Senhor Jeová, tornara-se impuro e contaminara o templo, a cidade, o pais inteiro. Diante dessa contaminação, Deus teria de retirar sua presença e castigar o povo com destruição.

Mas a fidelidade de Deus para com a aliança e seu desejo de salvar eram tão grandes, que Ele avivaria de novo o seu povo, seria o Bom Pastor. Compassivo com as suas ovelhas, purificando suas impurezas e os recolocando de volta ao lugar de onde nunca deveriam ter saído se tivessem se mantido fiel ao Senhor.     

SEQUÊNCIA DA MENSAGEM
Os livros de Isaías, Jeremias, Ezequiel e também Sofonias, trazem a mensagem na mesma seqüência estrutural: 1) sentença contra Israel, 2) sentença contra as nações, 3) consolação para Israel. Mas nenhum consegue revelar com tanta clareza e simetria este padrão como Ezequiel. A visão do templo profanado, pronto para destruição (caps 8 a 11), é contrabalançada pela visão do templo restaurado (caps 40 a 48). O Deus apresentado em ira agitada (cap. 1) também é apresentado como o Deus consolador (48.35). O chamado de Ezequiel para anunciar o juízo divino (cap. 3) é contrabalançado com seu chamado para ser arauto de um novo tempo (cap. 35).

ORGANIZAÇÃO
As revelações proféticas de Deus através de Ezequiel foram transmitidas aos hebreus oralmente e, ao que tudo indica registradas em data posterior, conforme comprovam expressões como “diga-lhes” (14.4), “conte uma parábola” (17.2-3), “pregue” (20.46) e muitas outras citações. A falta de ordem cronológica rígida da literatura pode ser evidencia da compilação dos oráculos por Ezequiel, já que é provável que se fosse outro a organizar, teria se preocupado com a seqüência exata do material, já que existem datas no texto que poderiam ser seguidas.

Nenhum outro livro profético contém tantas informações cronológicas como Ezequiel. O profeta era consciente da importância de sua mensagem para aquele momento histórico. A cronologia da segunda metade do primeiro milênio a.C., incluindo o período de Ezequiel é conhecida através dos registros cronológicos da Bíblia e de outros documentos, em diversas línguas, provenientes do antigo Oriente Próximo. Observações astronômicas registrados por antigos escribas permitem relacionar os calendários antigo e moderno com um alto grau de confiabilidade. Ezequiel contém indicações de data em diversas passagens (1.1-2; 8.1; 20.1; 24.1 etc.). Estas datas situam-se no período entre 593 a 573 a.C.

A estrutura geral dos oráculos de Ezequiel contribui para o propósito básico da mensagem do profeta, isto é a soberania de Deus. Os oráculos dos capítulos 1 a 24, contra Jerusalém enfatizam o ensinamento de Ezequiel a respeito da soberania de Jeová sobre Israel, chamando a atenção para o juízo que viria por causa da desobediência a aliança com o Senhor.

CONCLUSÃO
Ezequiel é o único livro profético inteiramente autobiográfico. Ele foi escrito na primeira pessoa a partir da perspectiva do próprio profeta. Se comparado com outros livros proféticos, Ezequiel apresenta um número maior de ações simbólicas (3.22-26; 4.1-14; 12.10-20; 21.6-, 18-24; 24.15-24; 37.15-28). O profeta se identificava com sua mensagem: ele sofreu no próprio corpo as conseqüências de representar Deus diante do seu povo, e de representar a nação sob o julgamento de Deus. Ezequiel faz uso de muitas parábolas (12.21-22; 16.44; 18.2-3).

ESBOÇO DE EZEQUIEL 
I. O início da visão e chamada de Ezequiel 1.1-3.21
Visões introdutórias 1.1-28
O encargo dos profetas 2.1-3.21
II. Profecias e visões sobre a destruição de Jerusalém 3.22-24.27
Oráculos de julgamento 3.22-7.27
Visões de idolatria no templo 8.1-11.25
O exílio e cativeiro de Judá 12.1-24.27
III. Oráculos da ruína contra nações estrangeiras 25.1-32.32
Contra Amom 25.1-7
Contra Moabe 25.8-11
Contra Edom 25.12-14
Contra a Filistia 25.15-17
Contra Tiro 26.1-28.19
Contra Sidom 28.20-26
Contra Egito 29.1-32.32
IV. Profecias de restauração 33.1-48.35

Ezequiel como vigia 33.1-33
Deus como Pastor 34.1-31
Julgamento contra Edom 35.1-15
Restauração de Israel 36.1-37.28
Julgamento contra Gogue 38.1-39.29
Restauração do templo 40.1-46.24
Restauração da terra 47.1-48.35...
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante 

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

A SARÇA ARDENTE...


                                                         A SARÇA ARDENTE...

E apascentava Moisés o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote em Midiã; e levou o rebanho atrás do deserto e veio ao monte de Deus, a Horebe. E apareceu-lhe o Anjo do SENHOR em uma chama de fogo, no meio de uma sarça; e olhou, e eis que a sarça ardia no fogo, e a sarça não se consumia. E Moisés disse: Agora me virarei para lá e verei esta grande visão, porque a sarça não se queima. E, vendo o SENHOR que se virara para lá a ver, bradou Deus a ele do meio da sarça e disse: Moisés! Moisés! E ele disse: Eis-me aqui. E disse: Não te chegues para cá; tira os teus sapatos de teus pés; porque o lugar em que tu estás é terra santa. Disse mais: Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó. E Moisés encobriu o seu rosto, porque temeu olhar para Deus (Êxodo, 3.1-6).

Moisés, o libertador, profeta e legislador de Israel; viveu 120 anos. A sua vida está dividida em três fases. Os primeiros 40 anos viveu no Egito, como príncipe. A segunda fase de 40 anos viveu no deserto de Midiã, como pastor de ovelhas. E os últimos 40 anos, como servo de Deus, conduzindo o povo de Deus à terra prometida.
Moisés passou 40 anos no Egito, sendo treinado para viver na corte de Faraó. Moisés era príncipe e herdeiro do trono de Faraó, ele foi instruído em todas as ciências do Egito, era comandante do exército de Faraó e era poderoso em obras e palavras. Mas, por haver matado um egípcio, temeu a fúria do rei e fugiu para se refugiar no deserto de Midiã; onde passou 40 anos apascentando as ovelhas de seu sogro Jetro. 
Moisés passou 40 anos no deserto, sendo treinado por Deus para ser o libertador de Israel. Moisés precisava aprender lições e ser moldado por Deus, muitas vezes é preciso passarmos pelo deserto para depois entendermos a vontade de Deus nas nossas vidas. É melhor estar no deserto e no anonimato dentro da vontade de Deus, do que estar na mira dos holofotes e recebendo os aplausos da mídia, fora da vontade de Deus. Todos os planos de Moisés no Egito fracassaram, mas Deus tinha planos excelentes na sua vida, e o levantou como profeta e libertador de Israel.

Moisés no Egito. At.7.22
Era príncipe e herdeiro do trono de Faraó.
Era poderoso em obras e palavras.
Era comandante do exército de Faraó.

Moisés no deserto.
Lugar de aprendizado (faculdade de Deus).
Lugar de mudança de caráter.
Lugar de experiências profundas com Deus.

AS TRÊS MENSAGENS DA SARÇA:

1. Humildade.

Moisés precisava entender, que nas coisas humildes, simples e desprezíveis, Deus manifesta o seu poder, e que não seria o seu status de príncipe nem a sua sabedoria que iria libertar os filhos de Israel do Egito.

2. Provisão.

Moisés precisava aprender, que mesmo no deserto Deus prover a vitória para a sua vida. Depois dos longos quarenta anos, sendo pastor de ovelhas, servindo ao seu sogro, Deus decidiu mudar a sua história.

3. Surpresa.

Moisés foi surpreendido por Deus, ele nunca esperava que Deus falasse com ele através de uma sarça pegando fogo. Era costume esse tipo de espinheiro pegar fogo, devido a alta temperatura do deserto, mas Moisés viu algo especial naquela sarça, ela queimava e não se consumia.
Obs.: A sarça não pegou fogo de baixo para cima, mas de cima para baixo. Porque o fogo da sarça não era  da terra, mas do céu.

Conclusão:
Moisés subiu ao monte horebe, como pastor de ovelhas. Porém quando desceu, era libertador de Israel. Porque Jeová-jiréh mudou a sua história para sempre. Quem fica no deserto debaixo da vontade de Deus, terá a sua história mudada por Deus e receberá dupla honra. 

Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante

domingo, 29 de outubro de 2017

ENOQUE ANDOU COM DEUS...


                                                      ENOQUE ANDOU COM DEUS...
Hebreus 11:5,6
“Pela fé, Enoque foi trasladado para não ver a morte; não foi achado, porque Deus o trasladara. Pois, antes da sua trasladação, obteve testemunho de haver agradado a Deus. De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam.” (Hb 11.5,6).
Talvez uma das figuras mais impressionantes da Bíblia seja Enoque. Ele estava vivendo na terra entre as pessoas, comendo com elas, andando, conversando; e, de repente, todos o procuraram e não o encontraram. Ele desapareceu completamente. Deus o transladou. Deus o arrebatou.
Você já pensou em alguma coisa desse tipo? Você está andando na rua e, de repente, você desaparece? Deus o toma para Ele? Deus olha para você aqui na terra e diz: “Ah, você já está tão parecido com as pessoas aqui do céu. Você não tem mais nada das pessoas aí da terra. E Eu tenho tantas saudades de você. Gosto tanto de conversar com você. Sabe, vou trazer você para ficar eternamente comigo”. E, então, Deus arrebata você?
Foi isso que aconteceu com Enoque: ele foi arrebatado. Isso aconteceu porque ele agradou a Deus por causa da sua fé. E a sua fé se baseou em dois pontos:
1) Deus existe – a certeza do invisível (v.6). 2) Deus recompensa – a confiança no cumprimento das promessas (v.6). (Obs.: Voltamos em Hb 11.1: a confiança no cumprimento das promessas e a certeza do invisível).
1) Deus existe
Enoque viveu em um tempo em que as pessoas não acreditavam em Deus. Elas podiam até mesmo afirmar com a boca que acreditavam na existência dEle. Contudo, no dia a dia, viviam como se Deus não existisse.

Judas fala sobre isso em Jd 14,15. “Quanto a estes foi que também profetizou Enoque, o sétimo depois de Adão, dizendo: Eis que veio o Senhor entre suas santas miríades, para exercer juízo contra todos e para fazer convictos todos os ímpios, acerca de todas as obras ímpias que impiamente praticaram e acerca de todas as palavras insolentes que ímpios pecadores proferiram contra ele”.
Obras ímpias – As pessoas não estavam nem aí para Deus. Elas praticavam obras ímpias. Elas viviam de qualquer maneira. Não lhes importava o que Deus dizia. Não lhes importavam os valores de Deus.
Relativização: Elas viviam os próprios valores. Elas não buscavam os valores de Deus. Elas não buscavam aquilo que era absoluto aos olhos de Deus Elas haviam relativizado todas as coisas. O padrão do que é certo deixou de ser Deus. O padrão do que é certo ficou sendo a vontade do próprio ser humano. Por exemplo: Se Deus estabelece o padrão de não mentir; as pessoas diziam que a questão da mentira é relativa, e, que, em determinadas circunstâncias, deve-se mentir. Se Deus estabelece o padrão de não cobiçar, as pessoas diziam que a questão da cobiça é relativa, e, que, em determinadas circunstâncias, deve-se cobiçar. Se Deus estabelece que o padrão é o sexo dentro do casamento, por causa do vínculo de compromisso e da aliança, as pessoas diziam que o sexo deveria acontecer em qualquer momento, desde que as pessoas se imaginassem comprometidas umas com as outras.
Enquanto as pessoas relativizavam todas as coisas, mostrando com as suas práticas que não acreditavam em Deus, Enoque continuava proclamando a existência de Deus. Ele continuava vivendo segundo os padrões de Deus, sendo fiel à Palavra.
E não somente isso. Enoque não apenas vivia segundo a Palavra de Deus, mas também ele chamava as pessoas à mudança de conduta. Ele não ficou passando a mão na cabeça das pessoas dizendo: “Deus é amor. Deus é cheio de graça. Pode continuar vivendo da mesma maneira”. Não! Antes, Enoque anunciou a verdade. Ele tinha a certeza da existência de Deus. Ele tinha a certeza da existência dos padrões absolutos de Deus. Ele não abriu mão desses valores absolutos por causa da sociedade. Ele se levantou cheio de ousadia e profetizou contra aquelas pessoas.
Por isso ele obteve testemunho de haver agradado a deus. Por isso ele foi arrebatado!
Mas não apenas isso. A fé de Enoque não se apoiava somente na certeza da existência de Deus. Ela também se apoiava na convicção de que Deus recompensa. Enoque agradou a Deus porque ele cria na existência de Deus e também tinha a certeza de que Deus recompensava aqueles que o buscavam.
2) Deus recompensa
Enoque tinha a certeza de que não era fútil viver da maneira como ele vivia. Ele tinha a convicção de que experimentaria benefícios por viver daquela maneira. Ele não estava andando em santidade por causa de um ideal. Ele andava em santidade por que ele tinha a certeza de que era o melhor para ele. Ele teria ganhos por andar daquela maneira. As pessoas precisam saber que a vida com Deus tem a promessa da vida aqui e da vida por vir. Deus recompensa.

Mas como Enoque conseguiu forças para viver dessa maneira? Profetizando contra o pecado e permanecendo firme, olhando para as recompensas celestiais? Em Gênesis, nós encontramos a resposta. O capítulo cinco, versículo 24, diz que Enoque andou com Deus. Relacionamento. Construído. Dia após dia. Como em uma caminhada. Perseverança. Continuidade. Constância. Não ao imediatismo. Um relacionamento com o Senhor é como uma longa caminhada. Não se chega ao destino no primeiro dia, nas primeiras horas, nos primeiros minutos. A cada dia novos passos são dados, a intimidade é construída, e o relacionamento é fundamentado. Enoque andou com Deus, e a cada dia sua fé no invisível foi consolidada, e então, o próprio Senhor o recompensou.
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante

sábado, 28 de outubro de 2017

FELIZ COM JESUS...

                                                            FELIZ COM JESUS...


Então, disse-lhe: Se a tua presença não for conosco, não nos faças subir daqui. Disse, pois: Irá a minha presença contigo para te fazer descansar (Êxodo,33.15,14).

Nada nem ninguém substitui a presença de Deus, Deus disse a Moisés que não iria com o povo, mas enviaria um Anjo (Ex.33.1-3). Observe que nesse caso este Anjo, claramente, é uma personificação Jesus Cristo. Moisés por sua vez não aceitou a proposta de Deus, porém ele exigiu que a presença do próprio Deus fosse com eles, não o Anjo como seu representante. Moisés desfrutava de um grau de tão grande intimidade com Deus que além de exigir a presença de Deus, ele também rogou que Deus lhe mostrasse a sua Glória (Ex.33.18-23). Deus disse a Moisés: A minha presença irá contigo para te fazer descansar.

A IMPORTÂNCIA DA PRESENÇA DE DEUS.

A nação de Israel era imbatível diante dos seus inimigos, porque a presença de Deus era com eles. Quando acontecia ao contrario eles eram derrotados e dominados pelos inimigos. O rei Davi, sempre vencia nas batalhas que travava contra seus inimigos, porque a presença de Deus era com ele. Davi valorizava tanto a presença de Deus na sua vida, que quando ele pecou contra Deus e percebeu que a presença de Deus não mais estava com ele, ele clamou a Deus e disse: Contra ti, contra ti somente pequei, e fiz o que a teus olhos é mal... Purifica-me com hissopo, e ficarei puro; lava-me, e ficarei mais alvo do que a neve. Esconde a tua face dos meus pecados e apaga todas as minhas iniquidades. Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova em mim um espírito reto. Não me lances fora da tua presença e não retires de mim o teu Espírito Santo (Sl.51.4,7,9-11). No caso do rei Saul, ele perdeu completamente a presença do SENHOR, e o seu fim foi trágico; por ele não ter tido um sincero arrependimento e por não valorizar a presença de Deus na sua vida. Infelizmente, muitos cristãos não dão importância a presença de Deus na sua vida, muitos são influenciados pelas circunstâncias e se rendem ao pecado, são enganados, destruindo assim a sua vida de  relacionamento com Deus e perdendo a sua presença. Certo pensador disse: Eu prefiro viver uma vida simples com a presença de Deus, do que viver rodeado de riquezas e prazeres, e sem a sua presença. Davi chegou ao ponto de desprezar todas as suas riquezas em detrimento da presença de Deus, Ele diz: Tu és meu o meu SENHOR; não tenho outro bem além de ti (Sl.16.2). Só a presença de Deus nos satisfaz, o resto são entretenimento.

A PRESENÇA DE DEUS NOS PROPORCIONA: 

1. ALEGRIA.
Far-me-ás ver a vereda da vida; na tua presença há abundância de alegrias; à tua mão direita há delícias perpetuamente (Sl.16.11).

2. DESCANSO.
Disse, pois: Irá a minha presença contigo para te fazer descansar (Ex.33.14).

3. PROTEÇÃO.
Tu os esconderás, no secreto da tua presença, das intrigas dos homens; ocultá-lo-ás, em um pavilhão, da contenda das línguas (Sl.31.20).

Finalmente, viver sem a presença de Deus é viver vazio, sem rumo e sem esperança.
A presença de Deus: No céu é glória. Na terra é poder. No inferno é juízo. Na igreja é graça. 

Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante.

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

DEUS É SANTO...

                                                        DEUS É SANTO...
Isaías, Ezequiel, e João foram levados ao céu e tiveram o privilégio de ver e sentir o Senhor no ambiente celestial de adoração. Suas reações e observações são interessantes. Os quatro seres viventes, os 24 anciãos, a multidão, todos que se encontram no cenário do céu concordam em sua adoração diante da manifestação do mesmo atributo do Deus que não tem igual: Santo, Santo, Santo. Os seres criados para adorar ao Senhor no céu, que não pecaram e não conhecem as conseqüências do pecado, clamam: Santo. Será que eles não iriam se acostumar à santidade de quem eles dirigem a sua adoração? Isaías, o primeiro a visitar este lugar, relatou que os adoradores clamam: Santo, Santo, Santo. Ezequiel teria feito sua visita logo depois de Isaias e os adoradores celestiais ainda clamavam: Santo, Santo, Santo. João teria sido o último autor da bíblia a visitar este santuário do universo. Séculos mais tarde os adoradores ainda estavam clamando: Santo, Santo, Santo!
No ambiente de culto celestial o atributo mais notável da pessoa de Deus é a Sua santidade.
Em Isaías 1:12-18, Deus trata com o povo de Israel: eles estão vindo para O adorar de uma maneira que Ele não aceita. O que fica claro é que o povo tinha adotado uma forma de adorar, mas sua adoração não tinha a essência do que Deus queria. Eles traziam ofertas e sacrifícios e participavam das festas, mas faltava o que Deus procurava. O profeta revela que quando Deus olhava, Ele via o sangue do pecado nas mãos das pessoas, e por mais que multiplicassem os seus clamores, os Seus olhos e ouvidos estavam fechados. Ele não aceitava esta adoração. Faltava o quebrantamento de coração que Deus procurava no adorador da descendência de Adão. O problema desse povo não foi o desconhecimento dos caminhos ou do caráter de Deus. Eles sabiam do próprio pecado. Apenas não tratavam o pecado que tinham cometido. E Deus via isso.
Apocalipse 3:14-22 contém a carta de Jesus para a igreja em Laodicéia. Nesta, Jesus trata duramente a igreja por sua postura orgulhosa e religiosa. Jesus denuncia a falta de quebrantamento na vida da igreja. Ele disse que precisavam de “vestidos brancos” para denunciar o estado de pecado que continuava na igreja. O resultado disso tudo era: Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo. (v.20) Este versículo é citado de forma imprópria quando usamos em evangelização. O texto nos revela que Jesus estava revelando Sua postura em relação a igreja: Ele estava do lado de fora! Jesus tinha saído da igreja e eles nem perceberam. Ele estava à porta pedindo para entrar. O povo tinha se calejado em relação a seu pecado. Eles estavam vivendo religiosamente sem tratar o pecado que sabiam que tinha cometido.
Creio que nós cometemos o mesmo erro hoje. Eu estava afinando meu violão para dirigir a adoração do nosso culto em casa. O Espírito Santo começou a falar comigo: Pára, pára, pára…o que você está fazendo? Eu respondi: afinando o violão para adorar. O que te leva a pensar que Deus vai receber sua adoração depois do jeito que você falou com sua esposa e seu filho agorinha? Eu tinha discutido com eles uns 10 minutos antes e eu estava sentindo o peso de culpa pela maneira que os tratei. A pergunta do Espírito Santo foi uma espada de dois gumes: Ele denunciou meu pecado e me chamou ao arrependimento e ao mesmo tempo me fez avaliar minhas motivações para o “culto”. Eu respondi: Tudo bem. O Senhor tem razão. Depois do culto vou chamá-los e pedir perdão. Porque depois do culto? Eu esperneava no meu espírito procurando uma razão para não confessar na hora. Nisso ressoavam duas palavras na minha cabeça: orgulho e soberba. Porque esperar? O culto era para quem? Para mim? Para as pessoas? OU PARA DEUS? Ele é Santo. Ele sabe tudo que foi falado, tudo que eu fiz. Era meu orgulho e soberba que me impediam de reconhecer isso antes de querer “cultuar” a Deus.
Obedecendo ao Espírito, eu chamei minha família e confessei. Voltando ao violão ouvi: Pára, pára, pára… você sabe que o pecado do sacerdote contamina o povo. Eu tinha lido Levítico 4 naqueles dias que fala sobre isso. E eu sabia aonde o Espírito Santo queria chegar e eu esperneava no espírito de novo… Vou ficar envergonhado… Vou perder autoridade diante destas pessoas… Orgulho… Soberba… Pedi a atenção de todos e confessei. Ao oferecer a oportunidade para outros tratarem o que fosse necessário, para a minha surpresa, quase todos corresponderam. Faço esta observação para transmitir o que o Espírito Santo ministrou a mim nesta experiência.
Qual é o motivo do nosso “culto”? Em que condição nos apresentamos coletivamente diante de Deus? Será que O tratamos como Santo? Ou O tratamos como um vovô “caduco” que está olhando a sua “netaiada” sem percepção de quem são e o que fazem? Ao “cultuar” a Deus, esperamos ter alguma experiência real/sobrenatural com Ele? O culto é uma reunião social ou um encontro dos Pai com seus filhos e O Noivo com a Sua noiva? Se é um encontro assim, porque carregamos tanto pecado para o culto esperando que Deus ignore isso e manifeste a Sua presença?
Creio que o culto pode ser um encontro coletivo com Deus. À luz das Escrituras (tanto o “velho”, como o “novo” testamento), podemos observar que Deus repara nosso estado na hora de cultuarmos. As Escrituras mostram que Deus faz distinção entre o “pecador” que precisa se converter e o “filho” que vem adorar ao Pai. Em relação ao filho, Deus espera que ele trate o pecado que tem. Porque? Porque somos convertidos. Porque Jesus nos trouxe de volta ao Pai. Porque o Espírito Santo está em nós e nos convence dos nossos pecados na hora em que os cometemos. E principalmente porque o sacrifício de Jesus foi radical: Ele deu a Sua vida para nos tirar do domínio do pecado, proporcionando perdão em todo momento. Nosso problema não é “desconhecimento” do que é ou não é pecado. Nosso problema é que vamos para o culto sem tratar o pecado que temos cometido. E ainda esperamos a manifestação de Deus! O pecado faz separação entre nós e o Senhor (Is. 59:2).
Tenho uma preocupação com os adoradores “proféticos, radicais, apaixonados, e extravagantes” hoje. Se não levarmos a santidade do Senhor a sério, iremos gerar em nossos cultos a mesma religiosidade com outras formas. Se não tratarmos o pecado, confessando para a pessoa contra quem pecamos, restituindo o que roubamos e reconciliando-nos com o próximo, podemos cair no mesmo estado que a bíblia denuncia como adoração que Deus não aceita. Saibamos ouvir o Espírito Santo na hora que Ele convence do pecado para tratarmos na hora que Ele opera. Assim poderemos adentrar o mesmo ambiente onde Isaías, Ezequiel e João foram levados para proclamarmos em adoração.
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

MENSAGEM AOS GÁLATAS...


                                                     MENSAGEM AOS GÁLATAS...
Carta de Paulo aos Gálatas é um dos livros que compõe o Novo Testamento e faz parte de uma das treze cartas escritas pelo apóstolo. Neste estudo bíblico faremos um panorama da Carta aos Gálatas, conhecendo o contexto histórico, propósito e características da epístola.

O autor da Carta aos Gálatas

Historicamente o apóstolo Paulo sempre foi aceito como sendo o autor da Carta aos Gálatas, embora alguns estudiosos a partir do século 18 começaram a sugerir que a epístola tenha sido pseudônima, ou seja, alguém a escreveu usando o nome de Paulo.
No entanto, o estilo literário e a teologia empregada na epístola não deixam dúvidas que o apóstolo Paulo foi o autor em questão, e os argumentos contrários a essa afirmação são demasiadamente fracos.
Também vale dizer que nos primeiros versículos da epístola já encontramos uma declaração de autoria do próprio Paulo, além de sua menção a um grupo de pessoas que o acompanhava na ocasião em que a carta foi escrita (Gl 1:1,2).

Data e contexto histórico da Carta aos Gálatas

Existe uma grande dificuldade em determinar a data em que a Carta aos Gálatas foi escrita, isso porque também há uma dificuldade considerável em estabelecer os destinatários da carta. É bastante claro que o apóstolo escreveu aos “gálatas” (Gl 1:2; 3:1), porém não sabemos exatamente a quais gálatas ele estava se referindo, se aos gálatas do sul ou do norte.Á Ele poderia estar escrevendo a toda comunidade cristã da província da Galácia, ou especificamente ao povo celta que habitava o norte da Galácia e que eram conhecidos como “gálatas”.
Se considerarmos a primeira sugestão, a melhor data seria entre 48 e 49 d.C., após sua primeira viagem missionária. Lembrando também que em sua primeira e segunda viagens missionárias o apóstolo visitou as cidades do sul da Galácia, sendo elas: Antioquia da Pisídia, Icônico, Listra e Derbe. Se essa data estiver correta então a Carta aos Gálatas pode ser o escrito mais antigo do apóstolo que temos disponível.
Caso o apóstolo tenha escrito a epístola aos gálatas do norte, então provavelmente isso ocorreu em uma data próxima a sua terceira viagem missionária, quando passou pela região da Galácia e Frígia (At 18:23).
Boa parte dos estudiosos que defendem essa possibilidade acredita que o apóstolo tenha escrito a epístola durante o período de dois anos em que esteve em Éfeso (At 19), ou durante o período de viagem pela Macedônia rumo à Grécia (At 20:1-6; 2Co 2:13). Logo, a epístola teria sido escrita entre 54 e 55 d.C.
Com base em toda dificuldade apresentada, o mais correto seria estabelecer um período entre 49 e 55 d.C. a qual certamente a epístola foi escrita.

Propósito e características da Carta aos Gálatas

Sabemos que foi o apóstolo Paulo quem fundou as igrejas da Galácia. Todavia, logo depois dos gálatas terem recebido o verdadeiro Evangelho que havia sido pregado pelo apóstolo, surgiram pessoas que começaram a se levantar contra o ministério de Paulo (Gl 4:17) e também a pregar um “outro evangelho” completamente distorcido do que tinha sido ensinado (Gl 1:6,7).
Basicamente esse falso evangelho que estava sendo pregado ensinava que os gentios que se tornavam cristãos deveriam seguir as tradições judaicas e praticar as obras da lei, pois isso influenciaria diretamente no processo de salvação (Gl 6:12).
Assim, esses falsos mestres ensinavam aos gálatas que a fé em Cristo não era o suficiente, mas eles também deveriam praticar a circuncisão (Gl 2:3-5; 5:2,6,11; 6:12-15). Uma das principais táticas dessas pessoas era atacar pessoalmente o apóstolo Paulo.
A defesa feita pelo próprio apóstolo no decorrer da Epístola aos Gálatas nos ajuda a entender um pouco o tipo de artimanha que esses indivíduos estavam utilizando. Em Gálatas 2:1-10, Paulo fala de sua relação com os apóstolos de Jerusalém, os líderes da Igreja Primitiva, destacando sua autoridade apostólica e legitimidade do Evangelho que ele anunciava. Talvez com isto ele estivesse respondendo algum tipo de acusação que afirmava que, de alguma forma, ele era insubordinado e agia por conta própria, sem a autorização dos anciãos da Igreja.
É possível também que tenham acusado o apóstolo de ter mudado de ideia quanto ao seu parecer com relação aos gentios que se tornavam cristãos, ou seja, sugerindo que Paulo teria inicialmente defendido a circuncisão (Gl 5:11), mas depois mudou seu discurso para poder atrair mais facilmente os gentios (Gl 1:10). Sobre isso, o próprio apóstolo deixou bem claro que sua mudança de pensamento aconteceu em decorrência de uma revelação divina recebida diretamente de Cristo (Gl 1:11-24).
Infelizmente, como toda heresia, rapidamente esse falso evangelho começou a se alastrar entre os gálatas, fazendo com que eles abraçassem o falso ensino, questionassem a autoridade de Paulo e iniciassem um processo de deserção do verdadeiro Evangelho.
Essa era a situação dos gálatas quando o apóstolo escreveu essa epístola (Gl 1:6-7), onde vários crentes queriam estar sob o julgo da Lei e ser, principalmente, circuncidados (Gl 4:21; cf. 5:1). O resultado foi uma série de conflitos e dissensões na comunidade cristã da Galácia (Gl 5:15; 6:3-5).
Logo, o principal propósito de Paulo ao escrever a Carta aos Gálatas foi expor a verdade sobre o Evangelho,mostrando a suficiência da obra de Cristo e ensinando que a salvação vem pela fé no Senhor Jesus (Gl 2:5,14).
Na Epístola aos Gálatas, Paulo foi enfático ao afirmar que a salvação é um dom gratuito de Deus, que todo o processo pertence a Ele, isto é, não qualquer participação humana na salvação, e que tudo se resume na graça de Deus e não no merecimento do homem (Gl 1:3,6,15; 2:19,21; 6:18) que apenas pode recebê-la pela fé e não por obras (Gl 2:15,16).
O apóstolo também demonstrou toda a sua indignação ao explicar que aqueles agitadores negavam completamente os pontos principais do verdadeiro Evangelho de Cristo (Gl 3:1; 5:12). Também alertou que o novo ensino transmitido por eles corrompia o Evangelho genuíno e precisava ser combatido a todo custo (Gl 1:8).
Na Carta aos Gálatas Paulo pregou sobre a obra redentora de Cristo na cruz, onde o Senhor carregou sobre si a maldição da Lei que estava sobre nós, nos libertando do pecado e da morte (Gl 3:13; 6:14), nos vestindo com sua justiça (Gl 3:26,27), nos unindo a Ele e fazendo-nos novas criaturas, nos dando o direito de adoção de filhos (Gl 4:4,5; 6:15). O apóstolo também apontou para a verdade de que é o Espírito Santo que nos capacita a vivermos de uma forma que agrada a Deus (Gl 5:16-25).

Esboço da Carta aos Gálatas

  1. Saudações iniciais (1:1-5): Um pequeno prefácio onde Paulo se identifica como apóstolo de Jesus e saúda seus leitores.
  2. Descrição do problema (1:6-10): Paulo denuncia o falso evangelho que surgiu na Galácia, o qual exigia dos cristãos gentios a prática de costumes judaicos como circuncisão para que a salvação fosse efetuada, num tipo de salvação por obras, um ensino completamente contrário à doutrina da justificação pela fé.
  3. Autenticação e relatos históricos (1:11-2:21): Paulo demonstra a autoridade de seu apostolado, enfatizando que ele recebeu a mensagem do Evangelho diretamente de Cristo. Nessa seção Paulo fala sobre seu chamado (1:11-17), sobre os líderes da Igreja em Jerusalém (1:18-2:10) e sobre o conflito com o apóstolo Pedro (2:11-21).
  4. Provas teológicas da justificação pela fé (3:1-4:31): Paulo expos diversos argumentos teológicos para explicar que a salvação pela fé é a verdadeira mensagem do Evangelho de Cristo. Nesta seção, Paulo usou principalmente o registro sobre a fé de Abraão presente no Antigo Testamento.
  5. Exortações práticas (5:1-6:10): Paulo fala sobre a liberdade em Cristo e o poder do Espírito Santo que nos capacita a viver do modo que agrada a Deus sem confiarmos na carne. Ele também fala sobre as bênçãos que alcançam aqueles que vivem pela fé e o julgamento divino que aguarda os que se desviam do Evangelho genuíno.
  6. Conclusão apostólica (6:11-18): O apóstolo faz uma advertência final resumindo a sua carta e também faz uma saudação final.
  7. Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante.