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quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

TEMPLO, TABERNÁCULO, SINAGOGA E IGREJA...


                                  TEMPLO, TABERNÁCULO, SINAGOGA E IGREJA...
Lc. 5.36 – 38.

               Temos muito a aprender – a igreja – com Moisés. A aliança mosaica e os quarenta anos no deserto não se limitaram a formar a fé dos hebreus; eles têm muito a nos ensinar sobre a natureza da igreja.
               Os elementos centrais da aliança mosaica eram três: tabernáculo, sacerdócio e sacrifício. Esses elementos constituíam a base revelada para a relação de aliança entre Deus e seu povo escolhido. Estabelecia o caminho aprovado para se chegar a Deus no ofício do sacerdote, oferecendo sacrifício, na expiação pelos pecados, Deus habitando em meio ao seu povo em fidelidade à aliança no tabernáculo. 
               O surpreendente ensino do Novo Testamento, especialmente no livro de Hebreus, é que Jesus Cristo é o cumprimento do sacrifício, sacerdócio e tabernáculo. O Senhor Jesus é Sumo Sacerdote. Portanto, não há necessidade mais de sacerdote humano a favor de outros (Hb 4.14; 8.1). O sacerdócio foi expandido para incluir todos os crentes (1Pe 2.9; Ap 1.6).
               De modo semelhante, Jesus Cristo é o verdadeiro e perfeito sacrifício, oferecido uma vez por todas. Não sendo necessário nenhum outro ou mesmo seja possível (Hb 7.27; 9.14, 25 – 28; 1Pe 3.18). O sistema sacrificial era prefigurado na aliança mosaica e se cumpriu na morte de Cristo. O único sacrifício aceitável para a igreja é aquele em que ela se apresenta a si mesma como um “sacrifício vivo” (Rm 12.1,2) e oferece “sacrifício de louvor” (Hb 13.15).  
               Embora não seja muito enfatizado, é também verdade que Jesus Cristo é o cumprimento do tabernáculo (Hb 8 – 9). Assim sendo, não há mais necessidade de um tabernáculo terrestre. “E o Verbo se fez carne e habitou (literalmente, tabernaculou) entre nós” (Jo 1.14; compare Jo 1.17). Jesus identificou seu corpo com o templo (Jo 2.19 – 21).
               O corpo de Cristo é, em certo sentido, “o verdadeiro tabernáculo” (Hb 3.6; 1Tm 3.15; Ef 2.21,22; 2Co 6.16).
               Teologicamente sacrifício, sacerdócio e tabernáculo passaram com a vinda de Cristo e o nascimento da igreja. Historicamente, também todos esses elementos passaram com a destruição de Jerusalém em 70 d. C. Se tornaram odres velhos.

               Não houve nenhuma interrupção nas atividades da igreja quando da destruição do templo pelos romanos. Na realidade a igreja nasceu sem sacerdócio, através do sacrifício de Jesus e sua habitação como cabeça do seu povo. Tendo em vista que ambos, a igreja e Cristo, eram as três coisas: Tabernáculo, sacrifício e sacerdote.
               A igreja institucionalizada tem caído em tentação tentando restaurar esses três elementos. Estabelecendo sacerdócio profissional, convertendo a graça redentora em um novo sistema sacrificial e construindo grandes catedrais belas e frias – odres velhos para guardar vinho velho.
               A simbologia do Tabernáculo
               Na aliança mosaica, o tabernaculo era o símbolo da presença de Deus. Ex 25.8,9. A idéia central era a habitação de Deus no meio do seu povo.
               Porque Deus não podia habitar de verdade no coração das pessoas? Por causa dos seus pecados e rebeldia, sua habitação tinha de ser simbólica. Foi erguido o tabernáculo de acordo com o modelo revelado no monte (Ex 26.30; At 7. 44; Hb 8.5).
               A igreja tem hoje o grande privilégio de ser a habitação do Espírito Santo (Jo 14.17; 14.23; Ap 3.20).
               Haverá também um cumprimento eterno, escatológico, dessa idéia de habitação de Deus. Ap 21.3; compare Ez 37. 27,28. É este o significado da cidade santa: a habitação eterna, espiritual, real e perfeita de Deus com o seu povo. Portanto, obviamente não há ali nenhum “santuário, porque o seu santuário é o Senhor, o Deus Todo-poderoso, e o Cordeiro” (Ap 21.22). Ali haverá perfeita comunhão de Deus com seu povo, os santos. Sem limitação de tempo e espaço.
               A tríplice progressão é: Primeiro, Deus habitando simbolicamente entre o seu povo numa tenda chamada tabernáculo. Segundo, Deus realmente habitando dentro do coração e na comunidade do seu povo mediante o Espírito Santo. Terceiro, Deus habitando eternamente com o seu povo, em perfeita e inseparável comunhão, na era vindoura.
               O tempo decorrido entre o tabernáculo, por Moisés, e Cristo foi de mais de 1.200 anos da história do povo de Deus. Com o reinado de Davi e Salomão, o tabernaculo foi substituído pelo templo.
A pergunta que se deve fazer é, teria o tabernáculo e o templo exatamente o mesmo significado? O tabernáculo simbolizava não só a presença de Deus Santo entre o povo, mas também de um Deus móvel. Deus não estava aprisionado ali em uma tenda. O Deus Todo-poderoso, Criador do universo é livre e imprevisível. Ele é sempre fiel consigo mesmo, mas não necessariamente às nossas idéias preconcebidas. O tambernáculo é símbolo de Deus em ação e um povo móvel. O tabernáculo não foi idéia de Moisés, era de acordo com o modelo revelado no monte. Deus é dinâmico e o seu povo também deve ser. Nm 9.17-23.
                Quanto ao templo, podemos ver que Deus não disse a Davi que edificasse para ele uma casa. 2Sm 7. 5-7. Era idéia de Davi conforme 2Sm 7.2. A própria monarquia não era idéia de Deus. 1Sm 8. 4- 9.
Mas em ambos os casos (reinado e templo) Deus ajustou seu plano a desejos humanos, por causa de seus próprios propósitos.
               Embora o templo não fosse idéia de Deus, ele honra as boas intenções de Salomão e também a sua criatividade. 1Rs 6.12-13. Deus manteria sua aliança com o povo desde que Salomão e o povo fossem fiéis.
               Uma certa legitimidade é atribuída ao templo do Antigo Testamento, mas ela é de caráter essencialmente tipológico e escatológico. Baseia-se no reinado de Davi como o tipo do reino eterno de Cristo.
               Quanto à passagem de Ageu, que diz: “encherei de glória esta casa,… A glória desta última casa será maior do que a da primeira” Ag. 2.7, 9. Aqui se faz uma referencia ao futuro escatológico (como em outras passagens similares) e não ao templo pós exílio.  
               Tanto o tabernáculo como o templo representa a presença de Deus (não é a habitação) dele com o seu povo. Ver At. 7.44-48.  
               Conclusão
               Se os edifícios da igreja têm alguma justificativa, só pode ser de ordem prática – simplesmente um lugar para se reunir e desenvolver funções essenciais, conforme a necessidade.
               Do ponto de vista teológico, edifícios de igrejas são na melhor das hipóteses desnecessários e, na pior, idolátricos. Tanto o sacerdócio, como o sacrifício, assim como o tabernáculo já passou.
               Por causa do Sacrifício de valor eterno de Cristo, a igreja toda exerce o sacerdócio e é o tabernáculo do Espírito Santo.
               O vinho novo do evangelho deve ser colocado em odres novos. Deus está fazendo tudo novo, um novo homem, com coração novo, para ir morar em um novo céu.
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante

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