INDISCIPLINADOS NA IGREJA, EXPULSAR OU DOUTRINAR
De tempos em tempos, surgem membros da igreja com ideias revolucionárias que causam grandes prejuízos na obra evangelística da igreja. Agem com a melhor das intenções, porém muitas vezes, na contramão da doutrina por serem superficiais e com pouca experiência na Palavra. Tal fato é observado desde os tempos da igreja primitiva. Esta é uma questão interna da igreja: Trata-se de crentes problemáticos que, por se acharem zelosos na Palavra, ultrapassam a doutrina ensinada pelo Senhor e seus apóstolos para “melhorar” a igreja. Devemos ser zelosos sim, mas alguns estão dispostos a iniciar uma “inquisição”, uma guerra santa, ou até prática de bullying, massacrando primeiramente os da própria igreja, por julgar que são mornos na fé. O resultado disto é altamente destrutivo, visto que tal atitude engloba o orgulho e o julgamento, duas coisas explicitamente condenadas pelo ensinamento cristão.
“[…] Não ultrapasseis o que está escrito; a fim de que ninguém se ensoberbeça a favor de um em detrimento de outro.” (1Co 4:6)
Esta é uma situação onde o insurgente pode parecer zeloso, e a sua vítima, um membro de mal caráter. A palavra de Deus nos ensina como lidar com esta situação na comunidade cristã. Em Rm 14:10 está escrito:
“Tu, porém, por que julgas teu irmão? E tu, por que desprezas o teu? Pois todos compareceremos perante o tribunal de Deus.”
Os apóstolos do Senhor ensinaram como tratar esses irmãos causadores de tumulto. Paulo, por exemplo, na epístola ao Tito, escreve que é necessário fazê-los calar:
“É preciso fazê-los calar, porque andam pervertendo casas inteiras, ensinando o que não devem, por torpe ganância.” (Tt 1:11)
“[…] Repreende-os severamente, para que sejam sadios na fé.” (Tt 1:13)
“Evita o homem faccioso, depois de admoestá-lo primeira e segunda vez, pois sabes que tal pessoa está pervertida, e vive pecando, e por si mesma está condenada.” (Tt 3:10-11)
TOLERÂNCIA
Certa vez, um grupo de judeus trouxe a JESUS uma mulher adúltera e perguntaram-lhe se era lícito apedrejá-la conforme a lei. Ora, todos nós sabemos o que o Senhor respondeu: “Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra.” (Jo 8:7). Depois que os acusadores da mulher foram embora, o Senhor disse: “Vai e não peques mais” (Jo 8:11). Observamos nesta passagem que JESUS não concordou com a ação pecaminosa da mulher, mas lhe deu uma nova chance com a esperança de vê-la transformada pelas Suas Palavras.
DOUTRINAR OU EXPULSAR?
Paulo exortou Timóteo a disciplinar com paciência e mansidão os pervertidos (2Tm 2:24-26), com a esperança de que estes voltem à sensatez espiritual; porém aos coríntios ordenou que expulsassem o malfeitor da igreja (1Co 5:9-13). Isto não é contradição, mas ao observarmos o contexto, fica claro que Paulo falava de situações diferentes.
A severidade da atitude da igreja dependerá da gravidade do pervertimento daquele membro: Todos tem a segunda chance, por isso, Paulo diz: “depois de admoestar primeira e segunda vez ” (cf. Tt 3:10) . Primeiramente, o objetivo da disciplina é de corrigir as pessoas segundo as Palavras do Senhor, não de condenar; mas depois de advertir o malfeitor (o que promove tumultos desta natureza e aquele que é acusado), este não se demonstrar arrependido e insistir em viver no pecado, deve ser expulso da igreja para que os seus pecados não contagiem os demais membros (1Co 5:5-7). Se se arrepender, deve ser readmitido na igreja (2Co 2:6-7).
O objetivo da punição não é de exaltar o punidor e nem de promover “limpeza moral” na igreja, e sim de levar o punido a uma reflexão dos seus atos, e consequentemente ao arrependimento. Ainda, o propósito da punição não é de ser malvado ou demonstrar uma atitude de “sou mais santo que você”. Particularmente, é para ser feito em amor por aquela pessoa, em obediência e honra a Deus, e com temor pelo bem da família da fé.
A VÍTIMA
A vítima neste caso, é o agredido pelo “inquisidor”. Se o irmão agredido está em processo de crescimento na fé, devemos saber tolerar algumas das suas atitudes, porque peca por não ter conhecimento, ou por ainda não ter força suficiente para dar passos firmes na fé. Por este, devemos orar e admoestar, estendendo as mãos, porém isto não significa que devemos concordar com os seus pecados. Já se tal irmão está cometendo graves pecados, é necessário a igreja agir imediatamente.
“Acolhei ao que é débil na fé, não, porém, para discutir opiniões” (Rm 13:14)
“Ora, nós que somos fortes devemos suportar as debilidades dos fracos e não agradar-nos a nós mesmos. Portanto, cada um de nós agrade ao próximo no que é bom para edificação.” (Rm 15:1-2)
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante.
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