JESUS
EU SOU VASO OU NARDO...
Marcos 14.3:9
3 – E, estando ele em Betânia, assentado à mesa, em casa de
Simão, o leproso, veio uma mulher, que trazia um vaso de alabastro, com unguento
de nardo puro, de muito preço, e quebrando o vaso, lho derramou sobre a cabeça.
4 – E alguns houve que em si mesmos se indignaram, e disseram:
Para que se fez este desperdício de unguento?
5 – Porque podia vender-se por mais de trezentos dinheiros, e
dá-lo aos pobres. E bramavam contra ela.
6 – Jesus, porém, disse: Deixai-a, por que a molestais? Ela
fez-me boa obra.
7 – Porque sempre tendes os pobres convosco, e podeis fazer-lhes
bem, quando quiserdes; mas a mim nem sempre me tendes.
8 – Esta fez o que podia; antecipou-se a ungir o meu corpo para
a sepultura.
9 – Em verdade vos digo que, em todas as partes do mundo onde
este evangelho for pregado, também o que ela fez será contado para sua memória.
Era o período da Páscoa, faltavam somente dois dias para a celebração.
Jesus estava passando por um momento difícil, estava sendo perseguido pela
cúpula religiosa de Israel e tramavam pelas suas costas a sua prisão,
condenação e morte.
Ele está em Betânia e é convidado para jantar na casa de um
homem, leproso, chamado Simão. Após o jantar, ainda reclinado sobre a mesa, uma
mulher se aproxima de Jesus e com um vaso de alabastro em suas mãos o quebra e
derrama sobre sua cabeça aquele óleo nobre, puro e de alto valor.
Instantaneamente algumas pessoas presentes ali ficam indignadas, dentre elas,
Judas faz a observação de que aquilo era um desperdício, pois poderia se vender
aquele óleo caro, com valor estimado em 300 denários e dar aos pobres ao invés
de usá-lo todo em Jesus.
Isto posto o texto acima serve de reflexão sobre algumas
verdades que estão implícitas no texto e que estão esquecidas nos dias de hoje,
verdades espirituais que descortinam para nós o real sentido e valor de servir
a Cristo e ao seu Reino, e que geram consequências não somente no mundo
espiritual, mas também, no natural.
O Alabastro era um vaso fabricado a partir de uma pedra
encontrada nas imediações de uma cidade Egípcia chamada Alabastron. Era
semelhante ao mármore, mas era mais maleável e facilmente se modelava os vasos
de perfumes. Sua base era arredondada e ia afinando até o gargalo.
1º. QUEBROU O VASO DE ALABASTRO
Por que o vaso de alabastro ao chegar ao gargalo ia afinando?
Porque como era um vaso especialmente para guardar perfumes, e algum muito caro
servia para dosar a quantidade a ser utilizada. Quando essa mulher quebrou o
vaso, ao quebrá-lo naquele momento ela quebraram várias outras coisas:
A religiosidade – 4 – E alguns houve que em si mesmos se
indignaram, e disseram: Para que se fez este desperdício de ungüento?
O ato dessa mulher era um ato de adoração. Ao criticarem esse
ato, estavam criticando a forma dessa mulher adorar a Jesus. Essa mulher
quebrou uma religiosidade que engessa as pessoas na sua forma de adorar a Deus.
Uma religiosidade que aprisiona as pessoas em códigos de conduta, em ética de
comportamento, uma religiosidade que determina um modelo correto de adoração a
Deus. Não Pode bater palmas, não pode pular, não pode dançar, não pode correr,
não pode gritar. Em II Samuel 6 a partir do versículo 16 a Arca da Aliança
vinha sendo conduzida para Jerusalém, o povo se alegrando e à frente o rei Davi
dançando e saltando de alegria, Mical esposa de Davi ao vê-lo, o criticou, o
desprezou, tudo porque Davi estava livre de suas vestes reais e estava coberto
apenas por uma túnica simples adorando a Deus. Existem algumas pessoas que
estão vestindo capa de adorador, sapato de adorador, anel de adorador, mas o
verdadeiro adorador veste túnica porque quem veste capa se encobre se esconde.
Quando mostramos a túnica, nos revelamos, revelamos quem é, revelamos nossa
essência. Despoje-se de toda veste real porque quando adoramos a Deus não
precisamos nos cobrir precisamos nos revelar para Deus.
Quando se trata de adorar a Deus não se segue modelos
estabelecidos por homens, mas o estabelecido por Deus, e o modelo estabelecido
por Deus é este: O adorem em espírito e em verdade porque o Senhor procura os
verdadeiros adoradores. Adore a Deus com o seu corpo dançando para Ele, adore a
Deus com a sua voz louvando a Ele, adore a Deus com o extravasar de alegria de
sua alma pulando, correndo, gritando para Ele!
A hipocrisia – 5 – Porque podia vender-se por mais de trezentos
dinheiros, e dá-lo aos pobres. E bramavam contra ela.
A adoração dessa mulher quebra com a hipocrisia desses homens,
entre eles Judas, que queria que ela não derramasse o nardo sob o pretexto de
vendê-lo e o dinheiro dá-lo aos pobres. Mas isso era apenas um pretexto, pois a
real intenção de Judas era vender o nardo e colocar o dinheiro na sacola para
que, então, ele pudesse roubar e se dar “bem”. A atitude dessa mulher deixou
uma verdade profunda para os dias de hoje: Quando se dá um presente valioso
para alguém, o valor que fica em destaque não é o do presente em si, mas é o de
quem recebe o presente! Por isso Jesus repreendeu aqueles homens dizendo:
“Porque vocês molestam essa mulher? Ela fez uma boa obra. Os pobres vocês
sempre os terão, e quando quiserem poderão fazer o bem a eles, mas a mim, nem
sempre vocês me terão.”
O comprometimento dos valores espirituais – 7 – Porque sempre
tendes os pobres convosco, e podeis fazer-lhes bem, quando quiserdes; mas a mim
nem sempre me tendes.
A atitude dessa mulher mostra-nos que os seus valores
espirituais não estavam comprometidos pelos materiais, e, se em algum momento
estiveram, a partir do encontro com Jesus isso foi quebrado.
Para ela pouco importava o valor do nardo, o quanto ela tinha
pago por ele ou o que ele poderia render como lucro financeiro. Para ela o que
importava era ungir o seu Rei, sim, alguns estudiosos dizem que ela o ungia como
a um Rei e para ela era isso o que importava. Ele era o Rei da sua vida, da sua
alma, do seu espírito.
Temos visto um “modismo evangélico” que cria fórmulas de
persuasão do povo para encher suas igrejas. É o lenço, a rosa, o sabonete, a
aliança, a chave, os selos, o carnê, tudo pelos milagres, pelas bênçãos, menos
pelo próprio Deus. Criam-se campanhas megalomaníacas, deturpa-se a Palavra de
Deus, criam-se mecanismos de busca de milagres de Deus, porque o que importa é
a benção, é a vitória, é a conquista, mas não se busca a Deus pela sua
essência. Os homens estão à procura de fama, poder, riqueza, notoriedade. Deus
procura os fiéis Salmos 101:6 – Os meus olhos estarão sobre os fiéis da terra,
para que se assentem comigo; o que anda num caminho reto, esse me servirá. Quem
são os fiéis? São os que como essa mulher, não se dobrou ao sistema religioso,
não se venderam ao mundo, não se dobraram diante de Jezabel como Elias, não se
contaminaram com as iguarias do rei como Daniel não se dobrou diante da estátua
de Nabucodonosor como Sadraque, Mesaque e Abdenego, não esconderam para debaixo
do tapete os seus pecados como Davi, não fugiram do propósito como Neemias, não
fugiram ao chamado de Deus como Isaías. Na verdade a real intenção do coração
comprometido com o mundo é o lucro financeiro, é o balanço contábil no final do
mês, é a quantidade de dízimos e ofertas menos o próprio Deus. É o carro
importado, é a lancha no iate clube, é a fazenda de milhares de alqueires.
Resultado disso?
Criam-se pessoas doentes na alma, pessoas sem base bíblica, sem
sustentação na Palavra de Deus, sem alicerces sólidos que serão capazes de
suportar os embates da vida, e assim, tornam-se pessoas fracas espiritualmente
a ponto se serem alvos fáceis das tentações do mundo e com isso comprometerem
os valores espirituais em detrimento dos materiais e que poderão levá-las a
perdição de sua salvação. Compromete-se a fidelidade, a santidade, a submissão,
a aliança com Deus.
A si mesma diante de Deus, a sua natureza pecaminosa, com seus
traumas, medos, angustias e aflições. – 3 – E, estando ele em Betânia,
assentado à mesa, em casa de Simão, o leproso, veio uma mulher, que trazia um
vaso de alabastro, com unguento de nardo puro, de muito preço, e quebrando o
vaso, lho derramou sobre a cabeça.
Ao quebrar o vaso era como se essa mulher estivesse quebrando a
si mesma diante de Deus. Mostrando a sua essência, não tendo medo de expor seus
pecados, suas falhas, seus erros, pois não há como consertar um vaso rachado.
Não tem como colocar um superbonder porque pode até colar, mas a marca, a
cicatriz fica. Para ser um vaso novo, sem marcas ou cicatrizes tem que se
quebrar diante de Deus e oferecer o seu melhor para Ele. Jeremias 18:4 – Como o
vaso, que ele fazia de barro, quebrou-se na mão do oleiro, tornou a fazer dele
outro vaso, conforme o que pareceu bem aos olhos do oleiro fazer.
Ao quebrar o vaso essa mulher estava dizendo que iria derramar
tudo, não teria volta, ou seja, não iria guardar nada, a última gota do nardo
seria derramada sobre a cabeça de Jesus. Que somente Ele era digno de receber
aquele óleo. Tudo era dEle, por Ele e para a glória dEle. Era uma entrega
total!
O nardo era um óleo extraído da raiz de uma planta da Índia
chamada Nardostachys jatamansi que crescia nas montanhas do Himalaya. A
distância e a raridade da planta eram os ingredientes que tornava o nardo
caríssimo e tão muito procurado.
Alguns estudiosos calculam que nos dias de hoje esse óleo
valeria aproximadamente R$ 60.000,00.
“O amor não calcula
meticulosamente menos ou mais. Não se preocupa em saber quão pouco pode ser
decentemente oferecido. Se deu tudo o que tinha, então deu o mundo inteiro, e
ainda seria pouco.”
2º. DERRAMANDO O NARDO
300 denários equivaliam a um ano de salário de um trabalhador
daquela época. Isso significava dizer que essa mulher deu a Jesus um ano de seu
trabalho. Significava dizer que essa mulher pagou um alto preço pelo nardo.
Significava dizer que ela ofereceu a Jesus algo de valor, algo que lhe custou
muito. Esse óleo tornou-se mais valioso ainda por causa daquele em quem foi
derramado. A mensagem dessa mulher ao derramar o nardo sobre a cabeça de Jesus
foi essa: “O valor desse nardo puro não se compara ao valor de Jesus para minha
vida!”
Isso me faz pensar: O que temos oferecido a Jesus?
Muitas vezes só oferecemos problemas, questionamentos, revoltas,
críticas, mágoas.
Oferecemos o resto. O resto do nosso tempo, o resto da nossa
dedicação, o resto do nosso compromisso, o resto da nossa atenção, o resto dos
nossos esforços… Será que é isso que ele merece de nós?
Minha consciência me leva a pensar:
Como posso dar o resto de mim à alguém que me deu o melhor que
eu sou?
Como posso dar o resto do que tenho à alguém que me deu tudo que
tenho?
Tudo que tenho tudo que sou o ar que eu respiro tudo provém
Dele.
A minha esposa, marido, filhos, ministério, trabalho, recursos,
sentimentos, a vida, tudo provém Dele.
Por isso, dê o seu melhor para Deus. Dê o melhor tempo, o melhor
louvor, a melhor adoração, a melhor oferta, a melhor atenção.
Deus não espera outra coisa de um filho.
Davi perguntou: Salmos 116:12 – Que darei eu ao SENHOR, por
todos os benefícios que me tem feito?
Quando Davi foi oferecer sacrifícios a Deus depois de ter
passado por uma prova muito grande ele disse a Araúna em II Samuel 24:24 – “Não
oferecerei ao meu Deus aquilo que não me custe nada.”
3º. O BOM PERFUME DE CRISTO
Ao derramar o nardo sobre Jesus essa mulher estava fazendo um
ato profético revelado pelo próprio Jesus: 8 – Esta fez o que podia;
antecipou-se a ungir o meu corpo para a sepultura.
O nardo derramado sobre Jesus era o desejo da alma dessa mulher
que o cheiro da morte não pairasse sobre Ele, estava dizendo que a morte não
lhe deixaria o cheiro, porque não seria capaz de contê-lo ou detê-lo, como não
pôde que Ele venceria a morte, como venceu e ressuscitou. Ela queria que aquele
aroma perdurasse, se entranhasse pela eternidade, chegasse ao trono de Deus e
inundasse o céu com seu aroma.
Essa mulher tinha amor, fé e era uma adoradora em potencial e
isso não tem preço, e isso nem a morte tira. É hora de nos quebrarmos diante de
Deus, derramar o nosso nardo, ou seja, a nossa alma diante de Deus, a essência
da nossa adoração, do nosso amor e fé e
derramar sobre aquele que venceu a morte e está vivo em nós, pois nós somos o
bom perfume de Cristo (II Co 2:15) e o seu nome é Jesus.
Ele é o meu Rei, o meu Senhor, o meu tudo, tudo que tenho e tudo
que sou.
Só Ele pode exalar o bom perfume da salvação.
Nele, por Ele, para Ele.
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião
Dr. Edson Cavalcante
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