ESTUDO SOBRE DOZE HOMENS E UM DESTINO, JESUS DE NAZARÉ...
A vida de doze homens foi repentinamente
mudada por um homem singular, que os alcançou com seu amor, vocacionou com um
chamado irrefutável, e os comissionou para uma excelente missão, a de
transformar o mundo como foram transformados, pregando a palavra de salvação a
toda criatura. Convém estudarmos as vidas destes homens assim como seus
chamados, e a experiência transformadora que tiveram com Jesus.
Veremos que eram homens com suas próprias
limitações, fraquezas e tendências, que foram lapidadas e aparadas por Cristo, a
quem deram de si, até a morte, “Talvez eles também, em sua maior parte, fossem
homens comuns, que só eram grandes devido à sua associação com Jesus.”
Cada um deles tem algo que há em nós. Cada
um deles teve suas próprias experiências com Jesus. Estavam longe de serem
perfeitos, e às vezes eram levados pelas mais terríveis ambições, pelo medo e
covardia, desânimo e incredulidade, passividade e impetuosidade.
Foi o testemunho vivo de que Cristo pode
salvar perfeitamente as vidas, e transformá-las, até que cheguem a ser do mais
alto quilate. Empreendamos, portanto, um estudo sintético dos doze apóstolos de
Jesus.
ANDRÉ,
O HOMEM QUE LEVA A CRISTO.
“André, irmão de Simão Pedro, era um dos
dois que ouviram João falar, e que seguiram a Jesus.” (Jo 1:40).
Seu nome deriva do grego AndreaS, Andreas,
e, em última análise, de anhr,anér, ou “homem, varão, varonil, vencedor”.
Originalmente discípulo de João Batista (Jo 1:35), através do testemunho deste
a respeito de Jesus, em que afirmava ser Ele o “Cordeiro de Deus” (Jo 1:36),
foi conduzido ao Mestre, que passou a seguir.
André não se demora a levar as pessoas a Cristo,
e a primeira coisa que fez após passar o dia com Jesus, foi informar a seu
irmão Pedro sobre este encontro, dizendo: “Achamos o Messias”. André convence a
seu irmão do aspecto messiânico de Jesus. Simão Pedro tem então um encontro com
Cristo.
Natural de Betsaida (gr. Bhqsaida,
Bethsaidá, do heb. Casa de Pesca; Jo 1:44), cidade à beira do Tiberíades, era
conterrâneo de Filipe (Jo 1:44), filho de João (Jo 1:42) e tinha por ofício a
pesca. Parece ter sido o primeiro apóstolo a ser chamado por Jesus.
Fora vocacionado juntamente com seu irmão,
quando, às margens do mar da Galiléia, “…lançavam redes ao mar, pois eram
pescadores” (Mc 1:16). Assim Jesus os convida a serem pescadores de homens.
Comissionou-o posteriormente ao apostolado
(Mt 10:2). Outro incidente que faz seu nome ser relatado é o da multiplicação
dos pães (Jo 6:1-15). Ali André leva mais um a Cristo. Desta vez um rapaz, que
com seus cinco pães de cevada pequenos e dois peixinhos, parecia ser uma
esperança para André. Felipe se esbarrou em sua intransponibilidade pragmática
e frieza calculista, não podendo oferecer mais do que um empecilho à fé
indispensável para a operação daquela maravilha.
André apresenta o que tinha à mão, embora
não visse a resolução do impasse. Mas, ao levar aquilo que tinha, proporcionou
ao Mestre uma das maravilhosas demonstrações de seu poder e amor. André
reconhece o valor de um menino que dá o seu pequeno lanche ao Senhor e sabe que
se levá-lo ao Mestre, algo acontecerá. E foi conforme sua fé.
Ainda o veremos resolvendo mais um impasse.
Uns gregos, que vieram adorar no dia da festa, desejavam ver o Mestre e
aproximaram de Filipe. O prático apóstolo Filipe, não sabendo como conduzir a
situação, leva-os a André, que generosamente os leva ao encontro de Jesus.
André mais uma vez leva almas ao encontro de Jesus Cristo. Primeiro, seu
próprio irmão, depois o menino, agora são os gentios, levados com amor pelo
“pescador de homens”.
Segundo tradições conservadas por Eusébio e
o apócrifo “Atos de André”, teria ele pregado em Bitínia, na Cízia, na
Macedônia, e na Acaia, onde talvez tenha sido crucificado em Patrasso, por
ordem do procônsul Eges, na cruz decussata, em forma de “X”, posteriormente
chamada de cruz de Santo André.
A última vez que vemos registrado o nome
deste apóstolo na Bíblia (At 1:13) o encontramos perseverando “…em
oração e súplicas…”, junto com os outros apóstolos e irmãos, no interior do
cenáculo, aguardando o Pentecostes, onde seria cheio do Espírito para continuar
a levar mais e mais almas ao encontro de Jesus.
FILIPE,
O PRÁTICO
“Disse-lhe Felipe: Senhor, mostra-nos o
Pai, e isso nos basta..” (Jo 14:8)
Seu nome, derivado do grego FilippoV,
Phílippos, tem a curiosa significação “amigo dos cavalos”. No dia que se seguiu
ao do encontro de Simão Pedro com Jesus, Felipe foi encontrado na Galiléia pelo
Senhor, que lhe disse as simples palavras: “Segue-me” (Jo 1:43).
Conterrâneo dos irmãos André e Pedro, ou
seja, de Betsaida da Galiléia, após ouvir o impressionante chamado de Cristo,
foi ao encontro de Natanael, apresentando a Jesus através de uma afirmativa
específica e detalhada: “Achamos aquele de quem Moisés escreveu na Lei, e a
quem se referiram os profetas: Jesus de Nazaré, filho de José” (Jo 1:45).
Talvez Felipe estivesse querendo dizer:
“Sim, eu encontrei o Profeta (de quem Moisés escreveu na Lei), o Messias (a
quem se referiram os profetas)! Verifiquei bem cautelosamente e Jesus de Nazaré
se encaixa perfeitamente às predições!”. O prático Filipe podia crer apenas
naquilo que era perfeitamente analítico e comprovável. Diante do confuso e
atônito amigo, Felipe novamente apela para a inspeção comprobatória: “Vem, e
vê.” (Jo 1:46).
Quando da multiplicação dos pães, Felipe
soube calcular acuradamente o necessário para a multidão, mas já não pôde crer
no que fugia a seu raciocínio (Jo 6:7). O mesmo ocorre na ocasião em que os
gregos procuram a Jesus (Jo 12:20-22). Leva-os a André, pois não sabe como se
comportar diante do seguinte dilema: “Deveríamos levar gentios ao Mestre?”
André com simplicidade promove o encontro
das nações com Jesus, num prelúdio às missões universais comissionadas pelo Senhor, que
já na ocasião afirmou: “Mas eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a
mim” (Jo 12:32).
Também Filipe em sua praticidade, desejando
que Jesus mostrasse-lhes o Pai, pois isto lhes bastaria, extrai do Senhor a
maravilhosa sentença: “Quem me vê, vê o Pai” (Jo 14:9). A partir daí vemos este
apóstolo na lista dos que se achavam no cenáculo (Jo 1:13-14), após a ascensão
de Cristo.
NATANAEL,
O ISRAELITA SEM DOLO
“Jesus, vendo Natanael aproximar-se dele,
disse a seu respeito: Eis um verdadeiro israelita, em quem não há dolo!” (Jo
1:47).
Encontrado por Filipe, que fala com convicção
acerca do encontro com o Messias, Natanael ouve atentamente, até que ouve algo
que lhe suscita o preconceito: “Achamos aquele de quem Moisés escreveu na lei,
e a quem se referiram os profetas…” (Jo 1:45).
Natanael ouve com surpresa a noticia, e como
bom israelita, vê acender em si a esperança messiânica.
Ao prosseguir com a descrição, Filipe apaga a chama do zelo religioso de Natanael e atiça o fogo do preconceito: “…Jesus de Nazaré, filho de José.” (Jo 1:45b). De Jerusalém ou de Belém, a cidade de Davi, poderia vir o Messias, mas de Nazaré? Parecia ser impossível a Natanael. Felipe o convida a provar por si próprio: “Vem e vê.” (Jo 1:46).
Ao prosseguir com a descrição, Filipe apaga a chama do zelo religioso de Natanael e atiça o fogo do preconceito: “…Jesus de Nazaré, filho de José.” (Jo 1:45b). De Jerusalém ou de Belém, a cidade de Davi, poderia vir o Messias, mas de Nazaré? Parecia ser impossível a Natanael. Felipe o convida a provar por si próprio: “Vem e vê.” (Jo 1:46).
Ao encontrar-se com Cristo ouve uma
saudação elogiosa que o desconcerta: “Aqui está um verdadeiro israelita, em
quem não há nada falso.” (Jo 1:47). Jesus então afirma que o viu assentado sob
uma figueira, antes de Felipe o convidar. Natanael então crê e vê em Jesus a
pessoa do Filho de Deus, o Rei de Israel.
Observe: após a demonstração clara do
conhecimento de Cristo a seu respeito, o Messias poderia ter vindo de onde
veio, mas sem dúvida nenhuma haveria de ser o Rei de Israel, pensava Natanael.
Jesus então afirma que Natanael veria “…coisas maiores que esta…” (Jo 1:50),
até mesmo “…o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do
homem.” (Jo 1:51).
Pelo fato de Felipe encontrar-se sempre
agrupado com Bartolomeu (Mt 10:3; Mc 3:18; Lc 6:14) ou com Tomé, Bartolomeu e
Mateus (At 1:13), muito pensam que Natanael era o nome do discípulo cujo
sobrenome aramaico era “Filho de Tolmai” (Bar-Tolmai), o que faz acreditar que
Natanael e Bartolomeu sejam a mesma pessoa.
Seu nome significa “dádiva de Deus”. Provém
do grego Naqanahl, Nathanael, que por sua vem tem origem no hebraico
N’than’el(Nm 1:8).
Natural de Caná da Galiléia, próxima cerca
de 6 km de Nazaré, aldeia de Jesus. Foi um do grupo que viu a aparição de
Cristo no Mar da Galiléia, após sua ressurreição, conforme o relato de Jo 21:2.
Seu nome não está contido nas listas dos Doze, mas provavelmente é o mesmo que
o apóstolo Bartolomeu (gr. Bartholomaios, do aram. bar-talmai, “filho de
Tolmai”), encontrado em Mt 10:3
SIMÃO,
O ZELOTE
“Simão Cananeu…” (Mt 10:4; Mc 3:18)
Nos tempos do Novo Testamento os zelotes
formavam uma seita judaica, que representava o extremo do fanatismo nacional.
Era um grupo de patriotas anti-romanos que desejavam o retorno à observação da
Lei e à conquista da liberdade nacional pela expulsão dos romanos.
Sua fé no messianismo do Antigo Testamento
era limitada à reconquista da independência judaica. Eles acreditavam somente
no culto de Yahweh, e estavam convencidos de que a aceitação de uma dominação
estrangeira era uma blasfêmia contra seu Deus único.
O partido parece ter tido origem na revolta
contra o recenseamento feito por Quirino. A seita constituía uma minoria e era
considerada pelos outros judeus como subversiva e perigosa. Suas táticas eram
semelhantes as dos modernos terroristas políticos; muitas vezes faziam
incursões e matavam, atacando estrangeiros e os judeus suspeitos de
colaboracionismo. Foram eles os principais responsáveis pela explosão da
rebelião contra Roma, em 66.
Após a queda de Jerusalém mantiveram focos
de resistência no país e o movimento continuou até a explosão da nova rebelião
de 132-135 sob Adriano. Simão (do gr. Simon, e do heb. Shimon), um dos
discípulos de Jesus, era chamado “o zelota”, ou “zelote” (Lc 6:15; At 1:13),
provavelmente por ter sido antes um membro desta seita.
Em várias passagens, vista em várias
versões temos a idéia de seus epítetos (zelador, cananita, cananeu, entre
outros), que além de classificá-lo quanto às suas convicções políticas,
determinismo patriótico e inflexibilidade ideológica, nos diferenciam este de
seu homônimo, Cefas, o Simão Pedro.
Nos tempos de Jesus eram muito comuns as
ações da ordem deste movimento partidário, e pelo que se indica Simão
possivelmente era um deles, desejoso de que o Messias surgisse nestes tempos
tão difíceis e Israel fosse liberto definitivamente das mãos do Império.
Sua esperança messiânica teve seu
desenvolvimento até o encontro com o próprio Messias, que o chamou (Mt 10:1-4;
Mc 3:18), comissionou e elegeu um dos doze, dirigindo-lhe ao apostolado.
A vitória de Simão o zelote, não mais
estaria calcado em um movimento político e temporal, mas no Senhor Jesus, o Rei
dos reis, cujo domínio o tempo não desvanece nem os poderes terreais e efêmeros
podem esvaziar. Ele é eterno Rei de Israel e salvador do mundo, a quem o zelote
abraçou, mais aguerrida e decisivamente que à sua própria causa política, que
desvaneceu diante da luz maravilhosa de seu esperado Messias.
TIAGO,
O MENOR.
“Também ali estavam algumas mulheres
olhando de longe, entre elas Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago o Menor e de
José, e Salomé” (Mc 15:40)
O desconhecido Tiago, o Menor, era um dos
apóstolos de Jesus, e estava entre os doze. Uma das poucas referências que
encontramos sobre ele está em Mc 15:40, que se segue: “Algumas mulheres estavam
olhando de longe. Entre elas estavam Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, o
menor, e de José, e Salomé.”
Era filho de Alfeu (Mt 10:3) e de Maria que, com Maria Madalena e Salomé “…compraram aromas para irem ungir o corpo de Jesus.” (Mc 16:1).
Era filho de Alfeu (Mt 10:3) e de Maria que, com Maria Madalena e Salomé “…compraram aromas para irem ungir o corpo de Jesus.” (Mc 16:1).
Sem qualquer dúvida é um personagem
extremamente enigmático, a respeito do qual os evangelistas e escritores
neotestamentários pouco revelam. Uma grande lição que aprendemos do anonimato e
“pequenez” de Tiago, o menor, é que o Senhor Jesus Cristo o quis ter entre seus
Doze, e posteriormente este discípulo e apóstolo muito fez para seu Senhor,
embora sem o ter sido referido em parte alguma.
Devemos, como discípulos e enviados do
Senhor, não procurar reconhecimentos ou proeminência, mas verdadeira comunhão
com Deus e eficiente proclamação do evangelho do Senhor Jesus Cristo.
Diferentemente do seu homônimo, o ambicioso e explosivo Filho do Trovão, com
Tiago, o Menor, aprendemos que “… é necessário que ele cresça e que eu diminua”
(Jo 3:30).
JUDAS,
O PERSEVERANTE
“Perguntou-lhe Judas (não o Iscariotes): O
que houve Senhor, que te hás de manifestar a nós, e não ao mundo?” (Jo 14:22)
Judas (gr. IoudaV, Ioúdas, heb. Yhudah,
Judá), filho de Tiago (Lc 6:16), também chamado Lebeu (gr. LebbaioV, Lebbaios)
e apelidado Tadeu (gr. QaddaioV, thaddaios, aram. thaddai)(Mt 10:3).
O que fez seu nome constar em outra
passagem do Evangelho de João (e em nenhum outro lugar, nos evangelhos
sinóticos) foi sua pergunta ao Senhor Jesus, registrado pelo escritor da
seguinte forma: “Disse-lhe Judas, não o Iscariotes: Senhor, por que pretendes
manifestar-te a nós, e não ao mundo?” (Jo 14:22); ao que o Senhor lhe
respondeu: “Se alguém me amar, guardará a minha palavra.
Meu Pai o amará, e viveremos para ele e
nele faremos morada.” (Jo 14:23). O cenário que envolve a passagem é a última
ceia; o palco, a roda de discípulos à mesa; ao final da ceia. Jesus instrui
seus discípulos acerca do futuro, da promessa do Espírito Santo, o ensinamento
de amar a Cristo e guardar seus ensinamentos (Jo 14:21).
De onde vem, Senhor, e quais teus planos?
E teus intentos, quem conhecerá?
Nós te seguimos já faz quase quatro anos
Inda há mistérios que nos falta alcançar
A pergunta de Judas provocou no Senhor o desejo de instar com os discípulos a perseverança em segui-lo, mesmo em face do que brevemente ocorreria: a traição, prisão, julgamento, negação de seu discípulo Pedro, sentença e morte. Diante dos ensinamentos do Mestre e de sua consolação através de Seu Espírito, Judas prosseguiu em direção ao alvo, mostrando ser realmente o discípulo perseverante.
E teus intentos, quem conhecerá?
Nós te seguimos já faz quase quatro anos
Inda há mistérios que nos falta alcançar
A pergunta de Judas provocou no Senhor o desejo de instar com os discípulos a perseverança em segui-lo, mesmo em face do que brevemente ocorreria: a traição, prisão, julgamento, negação de seu discípulo Pedro, sentença e morte. Diante dos ensinamentos do Mestre e de sua consolação através de Seu Espírito, Judas prosseguiu em direção ao alvo, mostrando ser realmente o discípulo perseverante.
JUDAS,
O TRAIDOR
“Entrou então Satanás em Judas, que tinha
por sobrenome Iscariotes, que era um dos doze” (Lc 22:3)
Este é sem dúvida o mais intrigante
personagem dentre a fileira dos apóstolos. Porque foi convocado, só o Senhor o
sabe. Porque traiu ao seu Senhor não podemos discernir com acurada certeza. Por
fim nos intriga muitíssimo o fato de repleto de remorso (e não arrependimento
sincero), ter-se desfeito do minúsculo preço da traição, que nem sequer pode
usufruir.
Também sua morte é cercada de curiosas
ocorrências.
Mesmo seu sobrenome causa algumas divergências. Diz Champlin, que “os problemas textuais do nome Iscariotes estão ligados a seu significado.”
Mesmo seu sobrenome causa algumas divergências. Diz Champlin, que “os problemas textuais do nome Iscariotes estão ligados a seu significado.”
Segundo a maioria dos eruditos,
‘IskariwthV, Iskariotes (‘Iskariwq, Iskarioth) se deriva do hebraico Ish
K’ryoth, “homem de Queriote”, ainda sob o ponto de vista de Champlin, que tem
na forma variante apo KaruwtouhV, apo Kariotou, “[filho] de Iscariotes” de Jo
6:71 apoio a essa derivação. Keriote seria uma aldeia no sul da Judéia, lar de
Simão, pai de Judas.
Faz parte do grupo de cidades pertencentes
à tribo de Judá, segundo o hall de Js 15:20-63, onde é chamada de
“Queriote-Hezrom (que é Hazor)” Js 15:25. Notamos que Judas Iscariotes tinha
descendência junto à tribo de Judá, como Jesus, diferentemente dos demais
apóstolos, todos advindos da Galiléia. Seu nome Judas Iscariotes é sempre
diferenciado nas listas dos Doze, seguido de sentenças que o definem como o
traidor. Mateus informa que Jesus chamou seus discípulos, dentre os quais
“Judas Iscariotes, aquele que o traiu.” (Mt 10:4).
Marcos acrescenta que para fazê-lo, Jesus
“subiu ao monte, e chamou para si os que ele quis; e vieram a ele. E nomeou
doze para que estivessem com Ele…” (Mc 3:13,14) e definiu: “…a Judas
Iscariotes, o que o entregou.” (Mc 3:19). Jesus conhecia o seu caráter desde o
princípio (Jo 6:64; 13:21), embora os apóstolos não tivessem a menor suspeita,
mesmo tendo o Senhor claramente mostrado com um inequívoco sinal (Jo 13:26-28).
Lucas informa que já era dia quando Jesus
os chamou e trata Judas de “…o traidor.” (Lc 6:16). João ressalta que Jesus
afirma que um dos doze “…é um diabo.” (Jo 6:70). O termo nesta passagem (gr
diaboloV, diabolos) talvez tenha aqui sentido de “caluniador, “adversário” ou
mesmo “informador”), sendo que de qualquer forma Judas teve mesmo todas estas
características.
Sem forçar qualquer sentido ou incidente,
este Iscariotes foi:
1)Caluniador – Quando da unção do Senhor em
Betânia (Jo 12:4-6), Judas objetou a respeito do gasto do ungüento, porém o
escritor revela que não foi por ter cuidado com os pobres, senão “…por que era
ladrão, e tinha a bolsa, e tirava o que ali se lançava” (Jo 12:6). Ao fazer
isto, Judas implicitamente caluniava ao Senhor, expressando que não era digno
de receber tamanha honraria.
2) Adversário – Não foi indubitavelmente
Judas um adversário ao Senhor, levando-o indiretamente à morte por sua traição,
aceitando as sugestões do Adversário, fazendo-lhe a sua vontade, tendo até
mesmo este entrado nele (Lc 22:3)?
3) Informador – Judas foi o informante dos
judeus e os Sinóticos registram sua visita aos principais dos sacerdotes, o
acordo sobre a traição e o preço a ser pago (Mt 26:14-16), cuja soma de trinta
moedas de prata (gr. argirion, arguírion, dinheiro de prata) era uma provável
referência a Zc 11:12 e equivalia a quase um salário mensal e ao preço de um
escravo.
Judas era o tesoureiro do grupo, pois
“…tinha a bolsa…” (Jo 12:6). Era avarento (Mt 26:14,15), hipócrita e desonesto
(Jo 12:5,6). Por ocasião da Páscoa, à tarde, Jesus “…assentou-se à mesa com os
doze.” (Mt 26:20) o que indica obviamente que Judas estava entre eles.
O Senhor afirmou que um deles o trairia,
dando o bocado molhado a Judas, em quem entrou Satanás, como o indicativo de
sua traição. Judas tomou o bocado e saiu da presença do Senhor, com a intenção
de traí-lo.
Judas entrega Jesus à multidão que o
prenderia dizendo: “Eu te saúdo, Rabi!” (Mt 26:49) e com um beijo o traiu,
sendo chamado pelo Senhor de “…amigo.” (Mt 26:50). Sentindo remorsos, “…vendo
que Jesus fora condenado, trouxe, arrependido, as trinta moedas de prata dos
principais sacerdotes e anciãos, dizendo: Pequei, traindo sangue inocente.” (Mt
27:3,4).
Atirou “…para o templo as moedas de prata,
retirou-se e foi-se enforcar.” (Mt 27:5). Com as moedas compraram um campo para
sepultar os estrangeiros, o Campo de Sangue (Mt 27:7,8), AgroV AimatoV, Agros
Aimatos, ou Aceldama, de akeldama.
A última citação sobre Judas encontra-se em
At 1:25, onde sabemos que ao enforcar-se, precipitou-se, rompendo-se pelo meio,
e toda as suas entranhas se derramaram. É entendido como predições a respeito
desse personagem, as seguintes passagens:
1) “Fique deserta a sua habitação, e não
haja quem nela habite” (Sl 69:25).
2) “Em paga do meu amor são meus
adversários; mas eu faço oração. Deram-me mal pelo bem, e ódio pelo meu amor.
Põe acima dele um ímpio, e Satanás esteja à sua direita. Quando for julgado
saia condenado; e em pecado se lhe torne a sua oração. Sejam poucos os seus dias,
e outro tome seu ofício” (Sl 109:4-8).
3) “Até o meu próprio amigo íntimo, em quem
eu tanto confiava, que comia do meu pão, levantou contra mim o seu calcanhar”
(Sl 41:9).
4) “Eu disse-lhes: Se parece bem aos vossos
olhos, dai-me o que me é devido, e, se não, deixai-o. E pesaram o meu salário,
trinta moedas de prata. O Senhor pois me disse: Arroja isso ao oleiro, esse
belo preço em que fui avaliado por eles. E tomei as trinta moedas de prata, e
as arrojei ao oleiro na casa do Senhor” (Zc 11:12,13).
5) “Pois não era um inimigo que me
afrontava: então eu o teria suportado; nem era o que me aborrecia que se
engrandecia contra mim, porque dele me teria escondido. Mas era tu, homem meu
igual, meu guia e meu íntimo amigo. Praticávamos juntos suavemente, e íamos com
a multidão à casa de Deus” (Salmo 55:12-14).
6) “Aquele meu companheiro estendeu a sua
mão contra os que tinham paz com ele; violou o seu pacto. A sua fala era macia
como manteiga, mas no seu coração havia guerra; as suas palavras eram mais
brandas do que o azeite, todavia eram espadas desembainhadas. Mas tu, ó Deus,
os farás descer ao poço da perdição; homens de sangue e de traição não viverão
metade dos seus dias..” (Sl 55:20,21,23)
Cumpriram-se cabalmente todas estas
predições na pessoa, atos, palavras e sentença deste estranho Iscariotes.
JOÃO,
O AMADO
“Ora, achava-se reclinado sobre o peito de
Jesus um de seus discípulos, aquele a quem Jesus amava.” (Jo 13:23)
O corriqueiro nome João provém do grego
IwannhV, Ioannes, que por sua vez adveio do hebraico Yohanan (2 Rs 25:23),
“Yahweh é benigno”, “Graça ou favor de Deus”.
Filho de Zebedeu, irmão de Tiago, recebeu
com este irmão o nome de Boanerges (Filhos do trovão) da parte de Jesus (Mc
3:17). Foram convocados, ao que se indica, após Pedro e André, sendo
companheiros de Simão e também pescadores. Estando num barco com o pai,
consertando as redes, deixaram tudo imediatamente e seguiram a Jesus (Mt 4:21,
Mc 1:19). Parece ter sido de uma próspera família, pela presença de empregados
junto ao ofício de seu pai (Mc 1:20).
Figurava na lista dos doze (Mt 10:2)
acompanhando sempre a Jesus com Tiago e Pedro, como na transfiguração (Mt
17:1), na cura da sogra de Pedro (Mc 1:29), da filha de Jairo (Mc 5:37) e no
Getsêmani (Mt 26:37).
Proibiu certo homem que expulsava demônios
por um impulso faccionista, sendo censurado por Jesus (Lc 9:49,50). Desejou com
seu irmão que descesse fogo do céu para consumir samaritanos que não receberam
a Jesus (Lc 9:51-56), assim como ambicionou assentar-se com seu irmão ao lado
de Jesus em tronos (Mt 20:21).
Este discípulo “…a quem Jesus amava, estava
reclinado no seio de Jesus” (Jo 13:23, 19:26, 21:20), assistiu ao julgamento
(Jo 18:16) e crucificação (Jo 19:26) do Senhor. Jesus entregou sua mãe Maria aos
seus cuidados (Jo 19:27). Foi o primeiro a chegar ao sepulcro de Cristo (Jo
20:4), sendo um dos primeiros a contemplar a evidência maravilhosa da
ressurreição: o túmulo vazio.
Após o Pentecostes, com companhia de Pedro
ia ao templo, efetuou uma cura (At 3:1) e apresentou-se perante o sinédrio (At
4:13,19). Apesar de “…iletrado e indouto…” (At 4:13) era intrépido no falar,
pelo poder Daquele que o usou junto com Pedro para realizar a cura do coxo de
nascença à porta Formosa, a fim de esmolar (At 3:2).
Pastor da Igreja de Éfeso, foi levado para
a ilha de Patmos, no Egeu, em tempos de dura perseguição, aparentemente ao
mesmo tempo em que o apóstolo Pedro fora crucificado e Paulo decapitado.
Escreveu as Revelações (Livro de Apocalipse) em 95 d.C, relatando as visões e
profecia recebidas ali naquela solitária ilha. Presume-se ainda ter sido o
autor do Evangelho e das três epístolas que levam seu nome. É o apóstolo do
amor (1 Jo 4:8,11).
TOMÉ,
O INCRÉDULO QUE CREU
“Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu, e Deus
meu!” (Jo 20:28)
O nome Tomé tem origem no grego QwmaV, Thomas, vindo pelo aramaico teoma, “gêmeo”. Era também chamado Dídimo (gr. DidumoV, Didymos, “gêmeo” (Jo 11:16, 20:24, 21:2) como um sobrenome ou mesmo apelido). Mostrou-se leal e até mesmo disposto a seguir o Mestre, mesmo que lhe custasse a vida.
O nome Tomé tem origem no grego QwmaV, Thomas, vindo pelo aramaico teoma, “gêmeo”. Era também chamado Dídimo (gr. DidumoV, Didymos, “gêmeo” (Jo 11:16, 20:24, 21:2) como um sobrenome ou mesmo apelido). Mostrou-se leal e até mesmo disposto a seguir o Mestre, mesmo que lhe custasse a vida.
Em sua pergunta sobre o caminho a seguir,
retira do Senhor uma das afirmativas mais belas de toda as Escrituras: “Eu sou
o caminho, a verdade e a vida, ninguém vem ao Pai senão por mim.” (Jo 14:6).
Não estava com os discípulos quando veio
Jesus à tardinha onde estavam trancados com medo dos judeus (Jo 20:24). Tomé
descrê e pede provas palpáveis e concretas da ressurreição, o que recebeu oito
dias depois, quando Jesus apresentou-se como da primeira vez. Mostrou Jesus
ressurreto ao incrédulo apóstolo suas mãos e seu lado, repreendendo-lhe: “…não
sejas incrédulo, mas crente.” (Jo 20:25,27). Então Tomé vê em Jesus seu Senhor
e Deus (Jo 20:28).
Contemplou-lhe no lago Tiberíades (Jo
21:2), que é o da Galiléia, após a ressurreição. Reuniu-se com os demais no
cenáculo, perseverando em oração (At 1:13), não mais um descrente, mas um homem
cheio de fé.
MATEUS,
O RESGATADO
“Partindo Jesus dali, viu sentado na
coletoria um homem chamado Mateus, e disse-lhe: Segue-me. E ele, levantando-se,
o seguiu.” (Mt 9:9)
Mateus é a transliteração do nome grego
MaqqaioV, Matthaios, do aramaico Mattai, que tem origem no hebraico Matan’yah
(2 Rs 24:17), “o dom de Yahweh” ou “presente de Deus”). Em Mc 2:14 é chamado
Levi (gr. Leui, Leui), filho de Alfeu. Em Lc 5:27 relata-se seu nome e ofício.
É identificado como publicano já em Mt
9:9,10: “E Jesus, passando adiante dali, viu assentado na coletoria um homem,
chamado Mateus, e disse-lhe: ‘Segue-me’. E ele, levantando-se, o seguiu. E
aconteceu que, estando ele em casa sentado à mesa, chegaram muitos publicanos e
pecadores, e sentaram-se juntamente com Jesus e seus discípulos.”.
É assim que é identificado na lista de Mt
10:3: “…Mateus, o publicano…”. Por ser publicano era rejeitado pelo seu povo,
os judeus. Os romanos criaram um sistema de concessões na cobrança de impostos,
que, nos dias de Cristo, já completava duzentos anos de operação, atendendo às
necessidades do império.
A pesada tributação era intolerável, até
mesmo mais ainda por ser imposição de uma potência estrangeira. Além dos
impostos cobrados por Roma, havia os de Herodes. O magistrado romano franqueava
uma área ao coletor de impostos que se encarregava de arrecadar os devidos
impostos. O que detinha a franquia cobrava do povo valores superiores aos
estipulados.
Não por pouco o povo odiava os publicanos,
cobradores de impostos. Não poderiam aceitar um compatriota arrecadando
impostos em detrimento do povo para uma nação usurpadora. Dentro deste
ambiente, Mateus, o Levi publicano, odiado, visto como terrível traidor da
nação, não apenas recebe a aproximação do Senhor, mas também seu maravilhoso e
inescusável chamado, ao qual prontamente atende!
Como impulso de agradecimento por sua
aceitação da parte do Mestre, Mateus providencia “…um grande banquete em sua
casa; e havia ali uma multidão de publicanos e outros que estavam com eles à
mesa.” (Lc 5:29), registrado pelo próprio autor com a devida parcimônia (Mt
9:10-13), em sua humildade de um Levi transformado pelo maravilhoso encontro com
o Mestre Jesus.
Autor do Evangelho que leva seu nome,
escrito em hebraico. Fora enviado como apóstolo (Lc 6:15) e tem seu nome nas
quatro listas dos apóstolos (Mt 10; Mc 3; Lc 6; At 1). Segundo a tradição, após
o período em que pregou aos judeus, seu povo, foi para outras nações, tendo em
Etiópia o centro de seu trabalho. Segundo alguns escritores teve a morte de um
mártir.
TIAGO,
O AMBICIOSO
“Vendo isto os discípulos Tiago e João,
disseram: Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para os consumir?” (Lc
9:54)
Tiago (gr. IakwboV, Iákobos, do heb.
Iahkhob, Jacó). Filho de Zebedeu e Salomé, irmã da mãe de Jesus (Mc 15:40; Mc,
16:1; Jo 19:25); portanto, primo de Jesus, que o chamou juntamente com seu
irmão João, o amado, quando ambos estavam no barco de pesca com o pai,
consertando as redes (Mt 4:21; Mc 1:19).
Possivelmente tinha certa posição, pois seu
pai tinha empregados em seu ramo de trabalho, a pesca (Mc 1:20). Deixando seu
pai com os “jornaleiros” (diaristas), seguiu a Jesus com seu irmão, aos quais o
Senhor chamou de BoanhrgeV, Boanerges, que quer dizer “filhos do trovão” (Mc
3:17).
Esteve na sinagoga de Capernaum
(Cafarnaum), num sábado, ouviu os ensinos do Mestre, maravilhando-se da sua
doutrina, presenciando a expulsão do espírito imundo de certo homem por Jesus
(Mc 1:21-28). Esteve na casa de Pedro, quando da cura de sua sogra (Mc
1:29-30). Sua mãe pediu que ele e seu irmão pudessem assentar com Jesus no seu
trono (Mt 20:20-28).
Perguntou, com seu irmão João ao Mestre
Jesus se queria que ordenassem que descesse fogo do céu para consumir os
samaritanos, que não receberam Jesus (Lc 9:54).
Testemunhou privilegiadamente a
ressurreição da filha de Jairo (Mc 5:37); a agonia do Getsêmani (Mt 26:37); a
transfiguração (Mt 17:1) e a pesca miraculosa (Lc 5:10). Após a ressurreição de
Cristo, encontra-se junto ao Tiberíades (Mar da Galiléia) com “…Simão Pedro e
Tomé, chamado Dídimo, e Natanael…e outros dois dos seus discípulos.” (Jo 21:2).
Tiago e seu irmão são identificados com “os
filhos de Zebedeu” nesta passagem . Ali o Senhor ressurreto se manifesta a
estes. Encontra-se no cenáculo perseverando em oração e súplicas, junto com os
outros (At 1:13). Morre à espada por ordem de Herodes Agripa I, que “…estendeu
suas mãos sobre alguns da igreja, para os maltratar…” (At 12:1,2), o que teria
ocorrido possivelmente em 42 d.C.
PEDRO,
A PEDRA
“Respondeu-lhe Simão Pedro: Tu és o Cristo,
o Filho do Deus vivo.” (Mt 16:16)
Pedro (gr. PetroV, Pétros, aram. Kéfa ou
Céfa, “pedra” ou “rocha”), cujo nome original era o hebraico Shim”on, que
aparece na sua forma grecizada Sumewn, Symeon apenas em At 15:14 e 2 Pd 1:1. Em
outras passagens aparece como o nome grego Simwn, Simon, em Mt 10:2, 17:25; Mc
1:16, etc.
Comumente é chamado pelo sobrenome grego
PetroV, Pétros, nome masculino formado do substantivo feminino petra, “rocha”;
originalmente o aramaico Kéfa, usado na forma grecizada KhfaV, Kefas, em Jo
1:42; 1 Co 1:1 e tantas outras passagens em algumas epístolas paulinas.
Filho de IwannhV, Ioannes, João (Jo 1:42,
Contemporânea) ou Iwna, Iona, Jonas (Jo 21:15-17, Rev. e Corr.; Mt 16:17, onde
é chamado por Jesus de Simão Barjonas (gr. Simwn Bariwna, Simon Bariona), ou
seja, filho de Jonas.)
Era originário de Betsaida da Galiléia (Jo
1:40-42), cidade de seu irmão André e de Filipe (Jo 1:44), sendo ambos irmãos
pescadores (Mc 1:16). Em Mt 8:5,14 encontramo-lo residindo em Capernaum, cuja
sogra fora curada por Jesus. Um dos primeiros discípulos vocacionados, foi
levado a Jesus por seu irmão André (Jo 1:41), que lhe diz: “Achamos o Messias
(que, traduzido, é o Cristo)”.
Seu chamado está estreitamente ligado ao de
Tiago e João, no relato de Mateus. Ali o escritor relata que se deu logo ao
início do ministério de Jesus, após seu batismo e tentação, quando estava
“…andando junto ao mar da Galiléia…” quando “…viu a dois irmãos, Simão, chamado
Pedro, e André, os quais lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores. E
disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens. Então eles,
deixando logo as redes, seguiram-no.” (Mt 4:18,19).
Nas listas dos doze encontra-se em primeiro
lugar (Mt 10:2; Mc 3:16; Lc 6:14; At 1:13). Andou por sobre o mar (Mt 14:29);
confessa que Jesus é o Cristo, por revelação divina (Mt 16:16; Jo 6:68);
reprova a Jesus, opondo-se ao anúncio da paixão, sendo asperamente repreendido
por Jesus (Mt 16:22,23); presencia a ressurreição da filha de Jairo (Lc 8:51),
a transfiguração (Mt 17:1), e a agonia de Jesus (Mt 26:37), na companhia de
Tiago e João, que, com este último é enviado por Jesus para preparar a Páscoa
(Lc 22:8).
Fisga o peixe com a moeda na boca, com a
qual Jesus pagou o imposto do templo, para ambos (Mt 17:24-27); pergunta a
respeito do perdão (Mt 18:21) e da recompensa pela renúncia a todas as coisas
(Mt 19:27); promete lealdade e é advertido (Mt 26:33-35); sendo repreendido
veladamente por não vigiar no Getsêmani (Mt 26:40); questiona a respeito da
figueira (Mc 11:21) e dos sinais da segunda vinda, com Tiago, João e André (Mc
13:3); tem seus pés lavados por Jesus (Jo 13:6-10); inquire acerca do traidor
(Jo 13:24); na prisão de Jesus, no jardim, agride a Malco, decepando-lhe a
orelha (Jo 18:10-11).
A ressurreição é anunciada “…aos
discípulos” e enfaticamente “…a Pedro” (Mc 16:7) de modo consolador, por ter
tão veementemente negado ao Senhor (Mc 14:68). Com João, sendo precedido por
este, examina o túmulo vazio, onde se encontrava o Senhor (Jo 20:6); que
ressuscitado, lhe aparece (1 Co 15:5).
Assiste a ascensão (At 1:15); prega no
Pentecostes (At 2:14), cura o coxo (At 3:7); sendo ameaçado pelo sinédrio (At
4:17); repreende a Ananias e Safira (At 5:3); é liberto do cárcere por um anjo
(At 5:19); foi enviado a Samaria junto com João para conferirem o Espírito aos
discípulos (At 8:14).
Rejeita a proposta de Simão, o mago (At
8:20-24); cura Enéas, paralítico (At 9:34); ressuscita Dorcas (At 9:40); visita
Cornélio, quando tem a visão do lençol (At 10); defende-se em Jerusalém (At
11:5), é preso por Herodes (At 12:4) sendo liberto por um anjo (At 12:9) e
comparece perante o concílio de Jerusalém (At 15:7).
Considerado como uma coluna na Igreja
primitiva (Gl 2:9) é resistido por Paulo (Gl 2:11); vai para Babilônia, onde
trabalha (1 Pe 5:13). Possivelmente tenha sido perseguido e martirizado ao
mesmo tempo em que Paulo, durante as perseguições de Nero.
A tradição afirma que não se julgava digno
de ser crucificado como seu Senhor, e ao seu próprio pedido, fora crucificado
ponta-a-cabeça. Esta tradição é geralmente atribuída a Orígenes. Escreveu duas
epístolas.
CONCLUSÃO
“A estes doze enviou Jesus…” (Mt 10:5)
Assim vemos, em poucas palavras, o
desdobrar histórico de cada herói bíblico. Homens falhos, pequenos, medrosos,
tremulantes, apaixonados e explodindo em ímpeto e vontade.
Vemos a doçura, a camaradagem, o apreço.
Lemos coisas que não podemos sequer imaginar em homens chamados pelo Senhor.
Ambição, inveja, covardia. Intemperança e intempestividade. Repreensibilidade,
onde esperávamos o infalível. Incredulidade, onde o inabalável. Disputa em
lugar de humildade. Erro, onde procurávamos perfeição, que só será atingida na
glória.
Porque ao folhearmos as páginas impregnadas
de ação, lutas, facções, medo, perseguições, amor, traição e queda, não
cuidemos empreender uma coletânea biográfica. Estaremos a ver, das mãos
perfeitas e ternas de Jesus o escrever suave da transformação profunda e
verdadeira em cada coração, em cada vida, em toda alma vocacionada, e o
soerguer poderoso de cada homem de chama bruxuleante, o fortalecer dos joelhos
outrora caídos, o revigorar das mãos, que antes pálidas, então erguidas para
conduzir, na direção do Espírito Santo da promessa tantas outras almas que
precisam conhecer que o poder de Deus se aperfeiçoa em suas fraquezas...
Bispo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em
Ciência da Religião Dr. Edson Cavalcante
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