PARA SER PASTOR É NECESSÁRIO FALAR EM
LÍNGUAS?
Esta questão de falar em línguas
ou do dom de línguas, como uma obrigatoriedade para se exercer o pastorado é
muito usada e ensinada em certos grupos e igrejas cristãs, e está vinculada a
outras questões (como batismo com Espírito Santo e contemporaneidade dos
dons espirituais), mas estas demais questões não serão trabalhadas neste
artigo e procurarei me restringir especificamente a questão ora posta no título
do artigo e se ela encontra respaldo e apoio nas Escrituras Sagradas.
Analisemos então biblicamente
esta questão e normas utilizadas por muitos.
Para iniciar nossa análise
verificamos que o apóstolo ensina categoricamente em 1 Coríntios que o dom de
"línguas" é somente um entre muitos dons, que não é concedido a todos
os cristãos. Parece que não há bases sólidas para a distinção que algumas
pessoas tentaram fazer entre as referências a "línguas" em Atos e em
1 Coríntios 12 e 14, no sentido de que a primeira se refira ao
"sinal" de línguas, que todos devem apresentar, e as outras o "dom"
de línguas, que somente alguns recebem. Na verdade, alguns líderes de igrejas
pentecostais e do movimento carismático estão aceitando agora que
"línguas" não são um sinal indispensável do dom do Espírito e
concordo com eles, pois a conversão de uma pessoa não é confirmada pelo dom de
línguas mas, segundo a Palavra, pelos frutos que ela revela durante sua vida
cristã, portanto, dom de línguas como evidência de conversão é facilmente
descartado quando submetemos este conceito ao crivo bíblico.
Mas, a questão que desejo trabalhar
aqui é se o dom de línguas é critério bíblico para se exercer o pastorado.
Vamos lá então.
O argumento usado pelos que
defendem o dom de línguas obrigatório para um pastor é de que este cristão
precisa estar “cheio do Espírito” ou usando outro termo, estar na “plenitude do
Espírito” para exercer seu ministério com poder dos Céus e então, a evidência
de ser cheio do Espírito ou desta plenitude do Espírito é o falar noutras
línguas.
Será?
Analisemos isso.
1. Analisando biblicamente, a questão da plenitude do Espírito ou do
enchimento do Espírito?
Como é possível conseguir esta
plenitude e este enchimento? Para podermos responder à estas perguntas, vamos
primeiro analisar o "mandamento para sermos cheios" do Novo
Testamento.
O Mandamento para Sermos Cheios
O mandamento "Enchei-vos do
Espírito".
Preste atenção a quatro aspectos
deste verbo.
Em primeiro lugar, ele está no modo imperativo.
"Enchei-vos" não é uma
sugestão que pode ser tentada, uma recomendação branda, uma advertência educada.
É uma ordem que Cristo nos dá, com toda a autoridade de um dos apóstolos que
Ele escolheu. Não temos nem um pouco mais de liberdade para escapar desta
obrigação do que temos das obrigações éticas que formam o contexto, isto é,
falar a verdade, trabalhar honestamente, ser gentil e perdoar uns aos outros,
ou viver em pureza e amor. A plenitude do Espírito Santo não é opcional, mas
obrigatória para o cristão.
Em segundo lugar, ele está na forma plural.
O mesmo ocorre com o verbo
anterior, "não vos embriagueis com vinho". Os dois imperativos de
Efésios 5:18, tanto a proibição como a ordem, são escritos para toda a
comunidade cristã. Eles têm aplicação universal. Nenhum de nós deve
embriagar-se; todos devemos ser cheios do Espírito. Enfaticamente, a plenitude
do Espírito Santo não é um privilégio reservado para alguns, mas uma obrigação
de todos. Assim como a exigência de sobriedade e domínio próprio, a ordem de
buscar a plenitude do Espírito é dirigida a todo o povo de Deus, sem exceção.
Em terceiro lugar, o verbo está na voz passiva: "Sede
enchidos".
Uma outra tradução seria:
"Deixai-vos encher pelo Espírito". Uma condição importante para gozar
da sua plenitude é entregar-se a Ele sem receios. Mesmo assim, não devemos
pensar que somos apenas agentes passivos ao recebermos a plenitude do Espírito,
assim como quando alguém fica bêbado. Torna-se bêbado bebendo; ficamos cheios
do Espírito também bebendo, como no ensino do nosso Senhor em João 7:37.
Em quarto lugar, o verbo está no tempo presente.
É bem sabido que, na língua
grega, se o imperativo está no aoristo, ele se refere a uma ação única; se está
no presente, a uma ação contínua. Assim, quando em Caná, Jesus disse:
"Enchei d'água as talhas" (João 2:7), o imperativo aoristo mostra que
ele queria que o fizessem somente uma vez. O imperativo presente "sede
enchidos com o Espírito", por sua vez, não indica alguma experiência
dramática ou determinante, que resolve o problema para o bem, porém uma
apropriação continua.
Isto é reforçado na Carta aos
Efésios pelo contraste entre o "selo" e a "plenitude" do
Espírito. Duas vezes o apóstolo escreve que seus leitores foram
"selados" com o Espírito Santo (Efés. 1:13; 4:30). Os aoristos são
idênticos e aplicam-se a todo crente arrependido. Deus o aceitou e colocou nele
o selo do Espírito, autenticando-o, marcando-o e garantindo-o como Seu. Todos
os crentes são "selados", mas nem todos permanecem
"cheios", porque o selo foi colocado uma vez, no passado, enquanto a
plenitude é (ou deveria ser) presente e contínua.
Talvez aqui uma ilustração ajude
a mostrar que a plenitude de Espírito não deve ser uma experiência estática,
mas progressiva. Comparemos duas pessoas. Uma é um bebê, recém-nascido e
pesando três quilos, que começou a respirar há pouco. A outra é um homem feito,
com 1,80m de altura e 75 quilos de peso. Ambos são aptos e saudáveis; ambos
estão respirando normalmente; pode-se dizer dos dois que estão "cheios de
ar". Então, qual é a diferença entre eles? A diferença está na capacidade
dos seus pulmões. Ambos estão "cheios", porém uns estão mais cheios
que os outros porque sua capacidade é muito maior.
O mesmo vale para vida e
crescimento espirituais. Quem pode negar que um bebê recém-nascido em Cristo
está cheio do Espírito? O corpo de qualquer crente é o templo do Espírito Santo
(1 Cor. 6:19); podemos dizer que o Espírito, ao entrar em seu templo, não o
preenche? Um cristão maduro e piedoso, perseverando há muitos anos, também está
cheio do Espírito. A diferença entre os dois está no que pode ser chamado de
seus pulmões espirituais, ou seja, a medida da sua compreensão com fé do
propósito que Deus tem para eles.
Isto se torna evidente na
primeira oração do apóstolo pelos cristãos de Éfeso. Ele diz:
"Que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o
Pai da glória, vos conceda espírito [ou, talvez, "Espírito"] de
sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dele, iluminados os olhos do
vosso coração, para saberdes qual é a esperança do seu chamamento, qual a
riqueza da glória da sua herança nos santos, e qual a suprema grandeza do seu
poder para com os que cremos ... "(Efés. 1:17-19).
Este texto bíblico desenvolve os
estágios do crescimento espiritual. Os que "crêem" experimentam a
plenitude do poder de Deus. Porém primeiro precisamos "conhecer" sua
grandeza, e para isso, carecemos que o Espírito Santo ilumine os olhos dos
nossos corações.
Portanto, a seqüência é esta:
iluminação, conhecimento, fé, experiência. Conhecemos com a iluminação, e pela
fé passamos a gozar o que conhecemos. Nossa experiência de fé, portanto, está
amplamente condicionada pelo nosso conhecimento de coração.
Além disto, quanto mais sabemos,
maior se torna nossa capacidade espiritual, bem como nossa responsabilidade de
exigir pela fé a nossa herança. Por isso, quando alguém acaba de nascer do
Espírito, sua compreensão do plano de Deus para si geralmente é muito limitada,
e sua experiência é proporcionalmente limitada. Todavia, à medida que o
Espírito Santo ilumina os olhos do seu coração, diante dele abrem-se horizontes
com os quais antes ele dificilmente sonhara. Ele começa a ver e compreender a
esperança do chamamento de Deus, as riquezas da herança de Deus e a
grandiosidade do poder de Deus. Ele é desafiado a abraçar pela fé a plenitude
do propósito que Deus tem para ele.
A tragédia é que, muitas vezes,
nossa fé não acompanha o ritmo do nosso conhecimento. Nossos olhos são abertos
para verem cada vez mais os aspectos maravilhosos do propósito que Deus tem
conosco em Cristo, porém nos abstemos de tomar posse dele pela fé. Este é um
dos meios de perdermos a plenitude do Espírito, não necessariamente por
desobediência, mas por fala de fé. Nossos pulmões se desenvolvem, mas não os
usamos. Precisamos estar sempre nos arrependendo da nossa descrença e clamar a
Deus para que ele aumente a nossa fé, de maneira que, à medida que nosso
conhecimento cresce, nossa fé possa crescer com ele e possamos estar sempre
tomando posse de maiores partes da grandeza do propósito e do poder de Deus.
2. Quais são, então, as evidências da Plenitude ou
Enchimento do Espírito?
Uma segunda passagem do Novo Testamento dá ênfase à
evidência da plenitude do Espírito, apesar de também incluir uma ordem de ser
cheio, que precisamos estudar com cuidado.
Quais são as características de uma pessoa cheia do Espírito de Deus
hoje?
Não pode haver dúvidas de que a
principal evidência é moral, não miraculosa, e reside no Fruto do Espírito, não
nos dons do Espírito. Já tivemos oportunidade de constatar que os coríntios,
que tinham sido batizados com o Espírito e ricamente dotados dos dons do
Espírito, mesmo assim provaram ser cristãos "não espirituais", porque
lhes faltava a qualidade moral do amor (1 Cor. 3:1-4).
Eles se vangloriavam de uma
certa plenitude, o que fez Paulo escrever-lhes com um toque de sarcasmo:
"Já estais fartos" (cheios, 4:8)! Mas não era a plenitude do Espírito
Santo. Se eles estivessem cheios do Espírito, obviamente teriam estado cheios
de amor, o primeiro fruto do Espírito. O amor é o poderoso elo de união entre o
fruto e os dons do Espírito. Isto não ocorre somente porque sem amor os dons
são sem valor (1 Cor. 13), mas também porque o amor requer os dons como
equipamento necessário para poder servir outros.
No único trecho em suas cartas
onde o apóstolo Paulo descreve as conseqüências da plenitude do Espírito, elas
são todas qualidades morais. Esta passagem é Efésios 5:18-21:
"E não vos embriagueis com vinho, no qual há
dissolução, mas enchei-vos do Espírito, falando entre vós com salmos, entoando
e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais, dando sempre
graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo,
sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo."
No texto grego este trecho tem
dois verbos na forma imperativa ("não vos embriagueis com vinho";
"enchei-vos do Espírito"), dos quais dependem quatro verbos que são
particípios presentes (literalmente: "falando", "cantando e
fazendo melodias", "agradecendo" e "submetendo"). Em
outras palavras, a ordem única de ser cheio do Espírito é seguida de quatro
conseqüências descritivas da plenitude do Espírito Santo.
A ordem de ser cheio é
contrastada diretamente com a outra ordem de não se embriagar. A partir daí,
algumas pessoas deduziram rapidamente que embriaguez e a plenitude do Espírito
podem ser comparadas. Elas dizem que a plenitude do Espírito é um tipo de
ebriedade espiritual; o apóstolo está contrapondo dois estados de embriaguez:
física, através do vinho; e espiritual, pela plenitude do Espírito. Não é este
o caso.
É verdade que um bêbado está
"sob a influência do álcool" e que, de maneira semelhante, pode-se
dizer que um crente cheio do Espírito esteja sob o controle do Espírito. Também
é verdade que no dia de Pentecostes, quando o Espírito concedeu aos 120 que
falassem publicamente em outras línguas, alguns da multidão comentaram:
"Estão embriagados" (Atos 2:13).
Porém os que disseram isto
evidentemente eram uma minoria; eles acharam que os discípulos estivessem
bêbados porque não conseguiam entender nenhuma das línguas faladas; a maioria
reagiu com surpresa, ao ouvir os galileus falarem de maneira inteligível
idiomas nativos da Ásia e da África que a multidão podia entender.
Portanto, é um erro crasso supor
que estes primeiros crentes cheios do Espírito estavam em um tipo de transe
alcoólico, ou que este estado devesse ser um padrão das experiências da
plenitude do Espírito. Paulo tem exatamente o oposto em mente. Há uma
implicação clara em Efésios 5:18 de que a embriaguez e a plenitude do Espírito
não podem ser comparadas assim, porque a embriaguez é vista como
"dissolução" ou "perdição" (BLH). A palavra grega asotia,
que em suas duas outras menções no Novo Testamento é traduzida também por
"devassidão" (Tito 1:6, 1 Ped. 4:4), literalmente descreve uma
situação em que a pessoa não consegue mais "salvar-se" ou
controlar-se. Paulo escreve que a embriaguez envolve uma perda de controle, e
por isso deve ser evitada. No outro extremo, é dito claramente em Gál. 5:23 que
parte do fruto do Espírito é domínio próprio (enkrateia)! As
conseqüências da plenitude do Espírito, que o apóstolo passa a descrever, devem
se manifestar em um relacionamento inteligente, controlado e saudável com Deus
e com as outras pessoas.
É verdade que podemos concordar
que tanto na embriaguez como na plenitude do Espírito há duas grandes forças
nos influenciando interiormente, o álcool em nossa
corrente sanguínea e o Espírito Santo em nosso coração. Todavia,
o álcool em excesso conduz a um comportamento incontrolado e irracional, que
transforma o bêbado num animal; a plenitude do Espírito, por sua vez, leva a um
comportamento moral controlado e racional, que transforma o cristão na imagem
de Cristo. Portanto, os resultados de estar sob a influência de emanações
alcoólicas, por um lado, e do Espírito Santo de Deus, por outro, são total e
completamente diferentes. Um nos transforma em animais, o outro em Cristo.
Agora temos condições para
analisar os quatro resultados benéficos, e, com isso, evidências objetivas
sólidas, da plenitude do Espírito. Estes resultados tornam-se visíveis no
relacionamento. A plenitude do Espírito não é tanto uma experiência mística
particular, quanto um relacionamento moral com Deus e as pessoas ao nosso
redor.
O primeiro resultado é "falando".
A tradução "entre vós"
não deve ser entendida como se as pessoas cheias do Espírito começassem a falar
consigo mesmas, como se sua mente estivesse anuviada! A tradução "uns aos
outros" (BLH, BJ) transmite melhor o sentido. Na passagem paralela em
Colossenses (3:16) o apóstolo incentiva seus leitores a deixarem a Palavra de
Cristo habitar ricamente neles, para que possam "instruir e aconselhar-se
mutuamente em toda a sabedoria".
É bastante interessante o fato
de que a primeira evidência de ser cheio do Espírito é falarmos uns aos outros.
Mas isto não deve nos surpreender, já que o primeiro aspecto do Fruto do
Espírito é o amor. Por mais profunda e íntima que nossa comunhão com Deus possa
parecer, não podemos dizer que estamos cheios do Espírito se, porventura, não
conseguimos falar com algum irmão.
O primeiro sinal da plenitude é a comunhão.
Mais anda, é comunhão
espiritual, porque falamos uns aos outros não com "tagarelice
mundana", mas "com salmos, ... hinos e cânticos espirituais".
É óbvio que isto não pode
significar que o meio de comunicação normal entre crentes cheios do Espírito
seja a música! Antes, significa que a verdadeira comunhão se expressa no culto
conjunto. Um bom exemplo é o Ven te (Sal. 95), que os
anglicanos cantam muitas vezes no culto público aos domingos pela manhã.
Falando especificamente, o Salmo não é de adoração, porque não é dirigido a
Deus, mas à congregação: "Vinde, cantemos ao Senhor." Esta é uma
ocasião em que pessoas pertencentes a Deus falam umas às outras com um Salmo,
incentivando-se mutuamente a adorarem seu Senhor.
Isto nos conduz ao segundo resultado da plenitude do Espírito, que é
"cantando e fazendo melodias" para o Senhor.
O Espírito Santo adora
glorificar o Senhor Jesus, manifestando-o ao seu povo de uma maneira em que
eles se regozijem em cantar louvores a Ele. Pessoas sem aptidão musical, às
vezes, recebem conforto pela versão Revista e Corrigida desta exortação, que é
cantar ao Senhor "no vosso coração". Esta terminologia dá a impressão
de que seu júbilo pode ser integralmente interior, dirigido somente "aos
ouvidos do Senhor". Porém a tradução "de (todo o) coração"
provavelmente é mais correta. O coração não é o lugar, mas a maneira como
estamos cantando. O apóstolo nos exorta a não ficarmos em silêncio, mas a
adorarmos sem preconceitos.
Em terceiro lugar, devemos dar "sempre graças por tudo".
Muitos cristãos dão graças às
vezes, por algumas coisas; crentes cheios do Espírito agradecem sempre, por
todas as coisas. Não existe hora nem circunstância pelas quais eles não
agradecem. Eles o fazem "em nome de nosso Senhor Jesus Cristo", isto
é, porque são um com Cristo, e "a nosso Deus e Pai", porque o
Espírito Santo testemunha a seu espírito que eles são filhos de Deus e que seu
Pai é integralmente bom e sábio. A murmuração, um dos pecados costumeiros de
Israel, é um pecado grave cerque é um sintoma de descrença. Sempre que
começarmos a reclamar e a nos queixar, isto é um sinal claro de que não estamos
cheios do Espírito. Sempre que o Espírito Santo domina os crentes, eles
agradecem ao seu Pai celestial a toda hora, por tudo.
Vimos que os segundo e terceiro
sinais da plenitude do Espírito são relacionados a Deus, ou seja, cantando ao
Senhor e dando graças ao Pai. O Espírito Santo nos coloca em um relacionamento
correto de louvor com o Pai e o Filho. O crente cheio do Espírito não tem
dificuldades práticas com a doutrina da Trindade.
Os terceiro e quarto sinais, entretanto, têm a ver com nosso
relacionamento com as outras pessoas: falando uns aos outros, e agora
sujeitando-se uns aos outros.
O apóstolo continua mostrando
que a submissão é a obrigação específica de uma esposa diante de seu marido, de
filhos diante de seus pais e de empregados diante de seus empregadores, mas ele
começa dizendo que ela é a obrigação geral de todos os
cristãos uns diante dos outros (o que inclui maridos, pais e empregadores). A
submissão humilde é uma parte tão importante do comportamento cristão que o
verbo aparece trinta e duas vezes no Novo Testamento. A marca registrada no
cristão cheio do Espírito não é a auto-afirmação, mas a auto-submissão.
É verdade que às vezes, quando
um princípio teológico ou moral fundamental está em jogo, não podemos ceder.
Paulo deu um exemplo destacado desta necessidade de firmeza quando se opôs a
Pedro, numa confrontação direta e pública, em Antioquia (Gál. 2:11-14). Porém
precisamos sempre tomar cuidado para que nossa firmeza aparente em um principio
não seja uma exibição desagradável de orgulho. É sábio desconfiar de nossa
indignação justa; geralmente há nela mais que alguns traços de vaidade injusta.
O teste está nas últimas palavras da frase: "No temor de Cristo".
Nossa obrigação primordial é submissão reverente e humilde ao Senhor Jesus.
Devemos nos submeter aos outros somente até ao ponto exato em que nossa
submissão a eles implicar em deslealdade a Cristo.
Assim, expus quais são os resultados venturosos da
plenitude do Espírito.
As duas principais áreas em que esta plenitude se manifesta são culto e
comunhão. Se estivermos cheios do Espírito, estaremos louvando a Cristo e
agradecendo a nosso Pai, e estaremos falando e submetendo-nos uns aos
outros.
O Espírito Santo nos coloca em um relacionamento correto com Deus e as pessoas. Devemos procurar a principal evidência da plenitude e enchimento do Espírito Santo nestas qualidades e atividades espirituais, e não em fenômenos sobrenaturais como o falar noutras línguas. Esta é a ênfase do apóstolo quando ele trata deste assunto em suas cartas aos efésios e coríntios, bem como quando ele especifica o "Fruto do Espírito" em sua carta aos gálatas.
E quando tratamos com o
pastorado, existe biblicamente ainda outros critérios a se levar em alta
consideração, que estão largamente descritas e reveladas nas cartas pastorais
(I e II Timóteo e Tito).
Sendo assim e respondendo a
questão origem deste artigo, não é necessário, muito menos obrigatório que um
pastor, presbítero, diácono ou obreiro de uma forma geral possua o dom de
línguas, mas sim que ele evidencie o Fruto do Espírito e aquelas virtudes e
características que mencionei e a que as Escrituras exigem para este
ministério.
Esta é a verdade bíblica, o que
passar disso é criação e norma humana que deve ser respeitada como tal, mas
jamais posta ao mesmo nível das Escrituras...
Bispo.
Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciência da Religião Dr. Edson Cavalcante.
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