O ESPÍRITO SANTO É QUEM CONVENCE AO
CRISTÃO O QUE É CERTO OU ERRADO...
O uso de calça
comprida, bermuda, jóias, maquiagens, barba e corte de cabelo (usos e
costumes)!
Graça e Paz de Cristo!
Vamos tratar aqui sobre
vários temas bíblicos que geralmente são mencionados quando se fala a respeito
do uso de vestimentas, adornos, etc (usos e costumes). Nesta postagem tratarei especificamente
acerca do uso de calça comprida, bermuda, jóias, maquiagens (pinturas, para
alguns), barba e corte de cabelo (pelos cristãos), numa interpretação bíblica,
equilibrada e contextualizada! Para acessar as outras postagens (tolerância cristã, doutrina x costumes,
vaidade, mundo e mundanismo, Jezabel, a
porta e o caminho estreitos, luz do mundo, farisaísmo, legalismo cristão,
interpretação da bíblia, etc.), vá em arquivos ou nos marcadores (no lado
esquerdo da tela) e sinta-se em casa.
Não desejo, com os
textos que escrevo, criticar esta ou aquela denominação cristã e tampouco
desejo criticar a opinião de alguns amados irmãos em Cristo que possuem
opiniões divergentes das minhas. Eu respeito a opinião e o chamado de cada um.
O Apóstolo Paulo, quando escreveu aos Romanos, deu uma verdadeira aula a
respeito da tolerância cristã no capítulo 14!
A maioria das divisões e discussões seriam evitadas se o capítulo 14 da
Epístola de Paulo aos Romanos fosse levado a sério!
Sei que este assunto
incomoda muita gente e que esta temática já gerou muitas polêmicas e
divisões no meio do povo de Deus, tudo
isto por falta da bendita tolerância prescrita em Romanos 14! Não estou, com
estes textos, julgando ou desprezando quem pensa de forma diferente. Todavia, é
importante que este tema seja analisado biblicamente, temperado com muito temor
a Deus, amor às almas e à verdade!
Quero esclarecer, antes
de tudo, que não sou a favor de libertinagens e tampouco sou a favor do uso
indiscriminado de qualquer tipo de vestimenta e adornos! Não! Eu me posiciono
contra a imoralidade, a sensualidade e a indecência! Sou a favor da santidade, da decência e da
ordem! Sou a favor de um cristianismo equilibrado, sem legalismos, sem
libertinagens e sem escândalos! Sou a favor da manutenção dos bons costumes,
todavia, penso que costume deve ser ensinado como costume (ou como uma questão
de identidade da denominação) e doutrina bíblica deve ser ensinada como tal, de
acordo com a bíblia corretamente interpretada.
Gostaria de ressaltar
ainda que sou contra a desobediência, pois a obediência é algo muito importante
no Reino de Deus (entendo que a desobediência à liderança só é plausível quando
ela te "obrigar" a fazer algo claramente anti-bíblico - exemplo:
um Líder
que "obriga" os seus liderados a praticarem algum tipo de
idolatria). Se você congrega em uma denominação que prega e mantém certos usos
e costumes, é melhor você obedecer, pois a bíblia condena veementemente a
desobediência e ordena a obediência aos líderes religiosos, às autoridades e aos pais (1 Sm 15.22,23; Hb 13.17; 1 Jo 5.3, Rm 6.17, Mt 16.19).
Lúcifer foi um rebelde, um desobediente. A desobediência e a rebeldia despertam
um sentimento desagradável em Deus, pois fazem Deus se lembrar de Lúcifer! Se
você não concorda com as normas internas e os costumes da denominação que você
congrega, não fique discutindo, causando divisões ou desobedecendo, pois, neste
caso, você será uma pedra de tropeço, irá atrapalhar, não irá frutificar e
estará pecando (numa situação destas é muito melhor você obedecer e não
discutir ou então pedir a benção do teu pastor e ir para outra denominação que
tenha uma visão bíblica idêntica a tua).
O que escrevi logo
abaixo reflete um resumo do meu estudo bíblico sobre o uso de algumas
vestimentas e adornos! Ore, pedindo a ajuda do Espírito Santo, e, com a ajuda
do Espírito Santo, analise e reflita sobre o que a Bíblia diz a respeito destes
assuntos!
O USO DE CALÇA COMPRIDA
Alguns cristãos usam a
seguinte passagem bíblica para afirmarem que as mulheres cristãs brasileiras
não podem usar calça comprida:
“Não haverá traje de
homem na mulher, e nem vestirá o homem roupa de mulher; porque, qualquer que
faz isto, abominação é ao SENHOR teu Deus.” (Deuteronômio 22.5)
Primeiramente, cumpre
ressaltar que a ordenança acima se acha inserida dentro da Lei de Moisés, ou
seja, é uma das 613 ordenanças que Deus deu a Moisés (Torá, Lei) para que fosse
aplicada ao Povo Judeu (Se quiser
cumprir a Lei, cumpra ela inteira, pois se errar em um só ponto, será culpado
dela inteira: Paráfrase de Tiago 2.10). Nós, gentios, não estamos sujeitos à
Lei de Moisés, pois fomos alcançados e somos salvos unicamente pela Graça.
Cumpre ressaltar que a Graça de Deus (favor de Deus, imerecido para os homens)
sempre existiu, sendo que inclusive há diversas manifestações da Graça no Velho
Testamento, todavia, no Velho Testamento a Graça não estava disponível a todos
e não era um modelo universal de salvação, entretanto, após o sacrifício
vicário de Jesus abriram-se os portais
eternos para uma nova aliança do homem com Deus, um novo tempo, uma nova era de
comunhão entre Deus e o homem, a era da dispensação da graça, que é a era que
nós estamos vivendo (Efésios 2.8; Romanos 6.23; Atos 15.19,20; Gálatas 2.1-21;
Gálatas 5.1-6; João 8.32, 36;
Colossenses 2.20-23, Gálatas 3.11).
Não obstante, entendo
que o citado versículo (Deut. 22.5) contém um importante princípio bíblico, que
é válido para nós, que é o princípio do “não travestismo”, da “diferença entre
os sexos” (com fundamento também no Novo Testamento). Tanto no Tempo da Lei (Levítico 18:22,23; Levítico
20.13) como no atual Tempo da Graça (Rm 1.24-32; 1 Co 6.9 – 11; 1 Tm 1.8 – 11;
1 Tm 2.13) a Bíblia condena o travestismo, a homossexualidade e os pecados desta natureza (versículos
citados). Antes mesmo da existência da Lei de Moisés, Deus já tinha destruído
Sodoma e Gomorra por causa dos pecados sexuais daquele povo (Gênesis 18.17-33;
Gênesis capítulo 19). Deus sempre abominou o travestismo, a homossexualidade, a
bi-sexualidade, a trans-sexualidade, assim como sempre abominou os pecados
sexuais praticados por heterossexuais (adultério, fornicação, lascívia,
bestialidade, incesto, impurezas, pornografias, etc).
Vejamos o comentário da
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal (Casa Publicadora das Assembléias de Deus –
CPAD, 1995, p. 258) a respeito de Deuteronômio 22.5:
“Essa norma foi
decretada a fim de que homens e mulheres não invertessem sua sexualidade, ou
seja, não adotassem práticas homossexuais. (...)”
O que o versículo 5 de
Deuteronômio capítulo 22 quer dizer é que o homem não deve se vestir e se
comportar como uma mulher, assim como a mulher não deve se vestir e se
comportar como um homem, princípio este que nos é aplicável, pois tem
concordância no Novo Testamento.
Percebe-se, no entanto,
que em nenhum momento a Bíblia utiliza as palavras “calça comprida”, “saia” ou
“vestido”, pois os homens e as mulheres de Israel usavam vestes parecidas, ou
seja, as diferenças entre a roupa masculina e a feminina (vestidos, capa,
casaco, vestes) usadas na época eram mínimas (aparentemente, os homens usavam
vestes na altura dos joelhos e as mulheres usavam vestes um pouco mais
compridas).
A questão do uso da
calça comprida para mulher é algo que depende da cultura e do costume local, e,
conforme já foi visto, o costume e a cultura variam no tempo e no espaço. Se em
determinado país, pelos costumes locais somente os homens usam calça comprida,
eu aconselharia as mulheres cristãs daquele país a não usarem calça comprida,
pois elas estariam se vestindo e se comportando como os homens e, de acordo com
o costume daquele local, elas poderiam ser taxadas de travestis ou de
homossexuais e estariam causando escândalos e possivelmente seriam desonradas
(por causa do costume daquele local), o que desagradaria a Deus (Rm 14.15.21).
No Brasil, no entanto,
de acordo com os nossos costumes atuais, homens e mulheres podem usar calças
compridas. Frise-se que, no Brasil, as calças masculinas são diferentes das
calças femininas (tecido, corte, zíper, cor, etc.) e, de acordo com o nosso
costume atual, nenhuma mulher é vista como uma “travesti” ou como uma
“homossexual” e tampouco é desonrada ou causa escândalos pelo simples fato de
estar vestindo uma calça comprida decente.
Portanto, de acordo com
a Bíblia e com os nossos costumes, não há nada de errado ou de pecaminoso no
fato de uma mulher usar uma calça comprida descente (não transparente, não
muito justa, não sensual). Frise-se ainda que uma boa calça comprida geralmente
é muito mais decente e menos sensual do que certos vestidos e saias. A calça
comprida também protege mais o pudor feminino em certas situações como no andar
de bicicleta, no andar de motocicleta, no trabalho, num eventual acidente
etc...
O USO DA BERMUDA
Não há nenhum versículo
bíblico que proíba o uso da bermuda.
Alguns cristãos
brasileiros afirmam que homens não podem usar bermuda. Estes mesmos que proíbem o uso da bermuda
dizem que as mulheres podem usar saias ou vestidos na altura do joelho. Ora, se
as mulheres podem usar saias na altura do joelho, os homens também podem usar
calças cortadas na altura do joelho (chamadas de bermuda).
De acordo com o costume
brasileiro e com a Bíblia, não há nada que obste o homem cristão a usar uma
decente bermuda masculina (não há nenhuma nudez ou sensualidade numa bermuda
descente). Assim como os homens, as
mulheres também podem usar bermudas femininas descentes, pois temos liberdade
em Cristo (Gálatas 5.1; 1 Co 7.23; Col. 2.20-23).
O USO DE JÓIAS E
ENFEITES
A palavra de Deus não
proíbe o uso de jóias. Alguns, no entanto, interpretam a palavra de Deus
erroneamente.
Muitas vezes a palavra
vaidade é utilizada indevidamente para se proibir o uso de jóias. Vaidade
significa vão, inútil, sem duração, fútil, sem valor. A Bíblia nos ensina, em
Eclesiastes 1.2, que tudo é vaidade. A beleza, a riqueza, a inteligência, o
carro novo, a casa nova, a roupa nova, as jóias, tudo passa, tudo se vai, nada
desta terra é eterno, tudo é vaidade! Na
bíblia, a palavra vaidade não é associada diretamente ao uso de jóias ou ao
embelezamento (o conceito bíblico da palavra vaidade é diferente do conceito
que a sociedade brasileira atribui à palavra vaidade).
A aliança de noivado ou de casamento que
usamos no dedo é uma joia, os prendedores de gravatas, as abotoaduras e os
prendedores de cabelo também são jóias (ou semi-jóias ou bijuterias), assim
sendo, alguns são hipócritas ao proibirem o uso de jóias, pois muitas vezes
eles mesmos usam jóias.
Vamos analisar alguns
versículos bíblicos usados incorretamente para se proibir o uso de jóias:
Gênesis 35.2-4:
“Então disse Jacó à sua
família, e a todos os que com ele estavam: Tirai os deuses estranhos, que há no
meio de vós, e purificai-vos, e mudai as vossas vestes. E levantemo-nos, e
subamos a Betel; e ali farei um altar ao Deus que me respondeu no dia da minha
angústia, e que foi comigo no caminho que tenho andado. Então deram a Jacó
todos os deuses estranhos, que tinham em suas mãos, e as arrecadas que estavam
em suas orelhas; e Jacó os escondeu debaixo do carvalho que está junto a
Siquém.”
Vale à pena citar o
claro comentário da Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal (Casa Publicadora as
Assembleias de Deus, 1995, p. 60) a respeito de Gênesis 35.4:
“Nos dias de Jacó, os
brincos eram usados como amuletos para dar boa sorte e afastar o mal. A família
de Jacó precisava livrar-se de todas as influências pagãs, incluindo as
lembranças de deuses pagãos”. Esta interpretação condiz com o contexto (com o
versículo 2 de Gênesis 35).
Em outras palavras, o
que Deus estava dizendo em Gênesis 35.4, de acordo com a nossa linguagem atual,
é: Tira este trevo de quatro folhas de dentro da bolsa, tira esta pata de
coelho do chaveiro, tira este ferradura pendurada na parede, tira esta nota de
um dólar de dentro da carteira, ou seja, a nossa sorte é Deus, nós somos
guiados por Ele e não precisamos de nenhum amuleto, de ídolos e nem de outros
deuses.
Outro argumento
(bastante falho) utilizado por alguns, é que o bezerro de ouro nasceu das
jóias, e que, se o povo de Israel não tivesse jóias, o bezerro de ouro não
teria sido construído (Êxodo 32.2-4). Ora, muitos daqueles judeus que saíram do
Egito eram teimosos, desobedientes e idólatras, sendo que, se eles não tivessem
ouro, iriam arrumar outro material para fazerem o bezerro (de madeira, de
barro, etc.). Sim, as jóias foram utilizadas para fazer um bezerro de ouro
(objeto de idolatria), mas as jóias também tiveram destinações corretas e foram
utilizadas para a construção do Tabernáculo (Êxodo 36.34-38), para a fabricação dos utensílios do culto e
da própria arca do conserto (Êxodo 25.11-13) e como oferta ao Senhor (Números
31.50). Nossas posses podem ter
destinações malignas ou corretas, dependendo das inclinações dos nossos
corações.
Outro versículo
utilizado por alguns para proibirem o uso de Jóias é Isaias 53, que fala das
filhas de Sião:
Isaías 3:16-24:
“Diz ainda mais o
SENHOR: Porquanto as filhas de Sião se exaltam, e andam com o pescoço erguido,
lançando olhares impudentes; e quando andam, caminham afetadamente, fazendo um
tilintar com os seus pés; Portanto o Senhor fará tinhoso o alto da cabeça das filhas
de Sião, e o SENHOR porá a descoberto a sua nudez, Naquele dia tirará o Senhor os ornamentos dos
pés, e as toucas, e adornos em forma de lua, Os pendentes, e os braceletes, as
estolas, Os gorros, e os ornamentos das pernas, e os cintos e as caixinhas de
perfumes, e os brincos, Os anéis, e as
jóias do nariz, Os vestidos de festa, e os mantos, e os xales, e as bolsas. Os
espelhos, e o linho finíssimo, e os turbantes, e os véus. E será que em lugar de perfume haverá mau
cheiro; e por cinto uma corda; e em lugar de encrespadura de cabelos, calvície;
e em lugar de veste luxuosa, pano de saco; e queimadura em lugar de formosura.”
Nesta passagem bíblica
observa-se claramente que não há uma proibição quanto ao uso de jóias, tanto
que, se as jóias fossem proibidas, os cintos, os perfumes, os gorros, os
vestidos de festa e os espelhos, citados nos versículos acima, também deveriam
ser proibidos pelos pregadores que usam esta passagem para tentar proibir o uso
de joias. Aqueles que interpretam esta passagem
bíblica erroneamente geralmente só utilizam os versículos que lhes convém, se
esquecendo do contexto! Por que aqueles que utilizam esta passagem para proibir
o uso de jóias não andam de corda, de pano de saco e com cheiro ruim? Por que
não jogam fora todos os espelhos que possuem em suas residências e automóveis?
Numa leitura
contextualizada, se percebe que o pecado das filhas de Sião foi o andar
emproado, a soberba e a altivez. Deus abomina a soberba e a altivez (Provérbios
16.18, 1 Pedro 5.5). Deus tirou tudo que
elas tinham como uma forma de punição, por conseqüência do orgulho e da altivez
delas.
A Bíblia de Estudo
Aplicação Pessoal (CPAD, 1995, p. 899) nos dá uma importante lição acerca desta
passagem bíblica (Isaias 3.16-26):
“As mulheres de Judá
dedicavam maior ênfase ao vestuário e às jóias que ao Senhor. Vestiam-se para
chamar a atenção, para receber elogios e estar na moda. Esqueciam-se, portanto,
do verdadeiro propósito de suas vidas, e não se preocupavam com toda a opressão
à sua volta (3.14,15). Eram egoístas e serviam somente a si próprias. Aqueles
que abusam de suas posses terminarão sem nada. Estes versículos não devem ser
interpretados como uma acusação contra o vestuário e as jóias, mas como um
castigo àqueles que os usam de forma perdulária e mantém-se indiferentes às
necessidades dos semelhantes. Quando Deus nos abençoa com dinheiro ou posição,
não devemos fazer alarde, mas usar o que temos para ajudar aos outros, em lugar
de impressioná-los.” (Grifo nosso).
A pessoa pode ser rica,
ter jóias, uma bela casa, um belo automóvel, uma ótima profissão, e não ser
altiva, não ser soberba. Há pessoas, no entanto, que ao comprarem um simples
carro usado, uma simples casa ou até mesmo uma joia, ficam soberbas e cheias de
si. Deus, no entanto, abomina a soberba e o orgulho. Deus deve ser prioridade em nossas vidas,
nada nem ninguém pode tomar o lugar dEle em nossos corações. Temos que usar
tudo o que temos e tudo o que somos de acordo com os propósitos de Deus.
Outra passagem bíblica,
agora do Novo Testamento, que alguns utilizam para proibir o uso de jóias, é 1
Pedro 3.3. Vejamos o que diz 1 Pedro 3.3-5:
“O enfeite delas não
seja o exterior, no frisado dos cabelos, no uso de jóias de ouro, na compostura
dos vestidos; Mas o homem encoberto no coração; no incorruptível traje de um
espírito manso e quieto, que é precioso diante de Deus. Porque assim se adornavam também antigamente
as santas mulheres que esperavam em Deus, e estavam sujeitas aos seus próprios
maridos;”
Linguisticamente e
teologicamente falando, de modo nenhum este versículo está proibindo o uso de
jóias. Se este versículo estivesse proibindo o uso de jóias, também estaria
proibindo o uso de vestidos bonitos e os penteados. De acordo com o contexto,
esta passagem bíblica está tratando do comportamento das esposas e dos maridos
cristãos. O versículo 1 diz que, pelo procedimento da esposa cristã, o marido
não cristão é ganho (ao evangelho) sem palavra. Assim sendo, o Ap. Pedro
continua ensinando nos versículos adiante que o maior enfeite da esposa (para
ela ganhar o marido) deve ser o interior, o caráter cristão, o amor.
Em 1 Pedro 3.3-5 o Ap.
Pedro ensina, numa linguagem de contraste, que o interior (o caráter cristão,
baseado no amor, na mansidão, na quietude) é mais importante que o exterior
(aparência, beleza), ou seja, devemos nos preocupar mais com a nossa beleza
interior do que com a nossa beleza exterior, princípio este que vale para
mulheres e para homens.
Esta mesma linguagem de
contraste é utilizada em João 6.27, que diz:
“Trabalhai, não pela
comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o
Filho do homem vos dará; porque a este o Pai, Deus, o selou.”
Neste versículo (João
6.27) Jesus não nos está proibindo de trabalharmos pelo pão de cada dia, Jesus
está dizendo que o mais importante é a nossa salvação e a salvação das pessoas
em nossa volta (“Pois, que aproveitaria ao homem ganhar todo o mundo e perder a
sua alma?” - Marcos 8.36). O Reino de Deus é eterno e mais importante que as
coisas materiais e terrenas, que são passageiras.
Algumas versões da
Bíblia tornaram a passagem de 1 Pedro 3.3-5 um pouco mais fácil de ser
entendida:
“A beleza de vocês não
deve estar nos enfeites exteriores, como cabelos trançados e jóias de ouro ou
roupas finas. Pelo contrário, esteja no ser interior, que não perece, beleza
demonstrada num espírito dócil e tranqüilo, o que é de grande valor para Deus.
Pois era assim que também costumavam adornar-se as santas mulheres do passado,
que colocavam a sua esperança em Deus. Elas se sujeitavam a seus maridos,” (1
Pedro 3:3-5 – Nova Versão Internacional)
“Não se preocupem com a
beleza exterior que depende de jóias, ou de roupas bonitas, ou de penteados.
Sejam belas interiormente, em seus corações, com o encanto duradouro de um espírito
amável e manso, que é tão precioso para Deus. Esse tipo de beleza interior foi
o que se viu nas santas mulheres do passado, as quais confiavam em Deus e se
acomodavam aos planos dos maridos” (1 Pedro 3.3-5 - Novo Testamento Vivo)
A Bíblia de Estudo Aplicação
Pessoal (CPAD, 1995, p. 1768), faz o seguinte comentário acerca de 1 Pedro 3.3:
“Não devemos ser
obcecados pela moda, contudo não devemos ser tão desinteressados a ponto de não
cuidarmos de nós mesmos. Higiene, limpeza e elegância são importantes, porém
ainda mais importante é a atitude e o espírito interior de uma pessoa. A
verdadeira beleza começa interiormente”.
Outra passagem bíblica
que alguns utilizam incorretamente para proibir o uso de jóias é a de 1 Timóteo
2.9,10, que diz:
(como convém a mulheres que fazem profissão de
servir a Deus) com boas obras.”
Cumpre destacar
inicialmente que na primeira parte do versículo 9 o Ap. Paulo estabeleceu um
importante princípio cristão quando disse: “as mulheres se ataviem em traje
honesto, com pudor e modéstia” – R.C. (em outra versão – R.A. - está escrito:
“as mulheres, as trajes decentes, se ataviem com modéstia e bom senso”). Eis
aqui os requisitos bíblicos que devem nortear o comportamento das mulheres
cristãs na que tange às vestimentas e adornos: decência, bom senso,
honestidade, modéstia, discrição e pudor (como um princípio bíblico, estes
requisitos bíblicos são aplicáveis aos homens cristãos também).
No que tange à segunda
parte do versículo 9 e versículo 10, de 1 Timóteo cap. 2 (“não com tranças, ou
com ouro, ou pérolas, ou vestidos preciosos, Mas (como convém a mulheres que
fazem profissão de servir a Deus) com boas obras.”), deve ser destacado que,
linguisticamente e teologicamente falando, também não há, nesta passagem, uma
proibição bíblica quanto ao uso de jóias, de vestidos caros ou de penteados
pelas mulheres cristãs. Assim como em 1 Pedro 3.3 e João 6.27 (já citados), em
1 Timóteo 2.9 e 10 há também uma linguagem de contraste. O Ap. Paulo nos
ensina, em 1 Timóteo 2.9 e 10, que as boas obras (em concordância com Mateus
5.16; Tiago 2.26) são mais importantes que a aparência e o exterior (João
13.35, João 7.24).
Em 1 Timóteo 2.9 e 10,
o Ap. Paulo, além de estabelecer alguns princípios quanto às vestimentas e
adornos, também nos ensina que não devemos nos preocupar e gastar nosso
dinheiro excessivamente com a aparência (Ex.: comprando jóias caras, roupas
caras, fazendo cirurgias plásticas desnecessárias, frequentando salões de
beleza ou centros de estética dispendiosos, comprando automóveis caros, etc.),
pois o cristão de verdade doa boa parte do seu tempo e daquilo que possui em
favor dos irmãos na fé, da obra de Deus e dos necessitados. Um cristão não pode
ser uma pessoa voltada para si mesma, egoísta. Uma vida cristã sem ajuda ao
próximo e sem boas obras não é vida cristã, pois a fé sem obras é morta (Tiago
2.26). O verdadeiro cristão é um imitador de Cristo, tem o caráter de cristo, a
mente de Cristo, e, assim como Cristo, o cristão é luz do mundo e pratica boas
obras (Mateus 5.14-16) e, por onde passa, o cristão faz a diferença com as suas
atitudes. Temos que chamar a atenção pela lisura do nosso caráter cristão, e
não pela nossa aparência!
Algumas versões da
Bíblia tornam esta passagem bíblica (de 1 Timóteo 2.9 e 10) muito fácil de ser
entendida:
“E as mulheres sejam do
mesmo modo, calmas e sensatas nas atitudes e na maneira de vestir. As mulheres
cristãs devem ser notadas por sua bondade e virtude, e não pela maneira como arrumam o cabelo ou por causa das jóias
ou roupas extravagantes”. (Novo Testamento Vivo).
Ainda a respeito de 1
Timóteo 2.9, a Bíblia de Estudo de Genebra (1999, ECC, SBB, p. 1443) nos
explica na nota de rodapé:
“Paulo não se preocupa
com vestimenta ou jóias como tais , mas
com a atitude da pessoa que as usa (1 Pe 3.3-4) (...)”.
Vejamos alguns outros
comentários acerca de 1 Timóteo 2.9 em outras Bíblias de Estudo:
“Mulheres em traje
decente. Cf 1Pe 3.3-4. Traje (gr
katastole). Provavelmente se refere ao comportamento em geral e não somente às
vestes. Decente (gr kosmios). Tem o efeito de ‘em ordem’. A idéia dominante da
frase inteira é de bom gosto, sensibilidade e simplicidade, em contraste com os
excessos e a falsidade”. (Bíblia Vida Nova, Dr. Russel P. Shedd, vida Nova,
1980, p. 249 do Novo Testamento)
“Aparentemente, algumas
mulheres cristãs estavam tentando conquistar respeito procurando parecer
bonitas, em vez de se adequarem ao caráter de Cristo. Talvez algumas mulheres
tivessem pensado que podiam atrair seus maridos incrédulos para Cristo através
de sua aparência (ver o conselho de Pedro a tais mulheres em 1 Pedro
3.1-6). O fato de uma mulher querer ser
atraente não está em desacordo com as Escrituras. A beleza, porém, começa no
interior de uma pessoa. Um caráter manso, modesto e amoroso ilumina a face de
uma maneira que não pode ser reproduzida pelos melhores cosméticos e jóias do
mundo. Um exterior cuidadosamente bem tratado e elegante será artificial e
frio, a menos que a beleza interior esteja presente.” (Bíblia de Estudo
Aplicação Pessoal, CPAD, 1995, p. 1703).
Sabendo-se que foi o
Apóstolo Paulo quem escreveu esta passagem bíblica analisada (1 Timóteo 2.9 e
10), uma interpretação proibitiva quanto ao uso de jóias, roupas bonitas e
penteados entraria em choque com as próprias palavras do Ap. Paulo aos
Colossenses e aos Gálatas:
“Se, pois, estais
mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos carregam ainda de
ordenanças, como se vivêsseis no mundo, tais como: Não toques, não proves, não
manuseies? As quais coisas todas perecem pelo uso, segundo os preceitos e
doutrinas dos homens; As quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria,
em devoção voluntária, humildade, e em disciplina do corpo, mas não são de
valor algum senão para a satisfação da carne.” (Colossenses 2:20-23)
“Estai, pois, firmes na
liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do
jugo da servidão.” (Gálatas 5:1)
Deus nunca proibiu o
uso de jóias. No Velho Testamento, o servo de Abraão, quando foi procurar uma esposa para Isaque e
encontrou Rebeca, deu a ela jóias de ouro e de prata (pendentes, pulseiras), o
que em nenhum momento foi criticado por Deus (ver Gênesis Capítulo 24,
especialmente os versículos 22, 30, 47 e 53 e contextos).
Em Cânticos 1.10, está
escrito:
“Formosas são as tuas
faces entre os teus enfeites, o teu pescoço com os colares”
Em Ct. 1.10 e em seu
contexto não há nenhuma crítica ou proibição quanto ao uso de jóias.
Se o simples uso de
jóias fosse pecado, Deus jamais aceitaria as ofertas de “pecados” (de jóias) ou
jamais aceitaria usar “pecado” (jóias) na construção da Tenda da Congregação
(ver Êxodo 35.21, 22 e 29; Números 31. 50-54).
Se joias, ouros e
pedras preciosas fossem objetos pecaminosos por si sós, no céu jamais poderia ter ouro, pedras preciosas,
coroa, etc (conforme detalhado no Livro de Apocalipse).
Deus não está
interessado em saber se você possui jóias, Deus está interessado em saber o que
você vai fazer com elas (vai usá-las para simplesmente ficar mais bela para seu
esposo? é benção! vai usá-las para ofertá-las quando Deus te pedir? é benção!
vai usá-las com a intenção de ficar sensual e para se prostituir? é maldição!
Vai usá-las para fazer um "bezerro de ouro"? É maldição!)! Deus não
está interessado na tua conta bancária,
Deus está interessado em saber o que você vai fazer com ela (vai usar para ajudar a obra de Deus? é
benção! vai usar para ajudar o próximo? é benção! vai usar para se prostituir?
é maldição! vai usar para se sentir poderoso e autossuficiente? é maldição!)!
Deus não está interessado em saber o tipo ou a quantidade de automóveis que
você tem, Deus está interessado em saber o que você vai fazer com ele (vai
utilizá-lo para trabalhar? é benção! vai utilizá-lo para ir à Igreja? é benção!
vai utilizá-lo para dar carona para as pessoas? é benção! vai utilizá-lo para
ir a um prostíbulo? é maldição! vai utilizá-lo para se sentir poderoso e
superior? é maldição!). Deus quer que tudo o que temos (bens materiais e
imateriais, como a inteligência) sejas utilizados para o bem e para a Glória de
Deus! Deus deve ser a nossa prioridade!
Portanto, de acordo com
a palavra de Deus interpretada de uma forma contextualizada e linguisticamente
correta, o simples uso de jóias não é pecado.
O USO DE MAQUIAGENS E
PINTURAS
Alguns legalistas
afirmar que as mulheres cristãs não devem usar maquiagens ou pinturas, ou seja,
não devem se embelezar, todavia, a Palavra de Deus não proíbe o uso de
maquiagens e o embelezamento.
Alguns utilizam a
passagem de 1 Reis 9.30, que fala de Jezabel, para proibirem o uso de
maquiagens (pinturas). Tal interpretação é bastante absurda e fora de contexto.
A Bíblia não nos explica o motivo de Jezabel ter pintado em volta dos olhos e
enfeitado sua cabeça, e tampouco a Bíblia condena o fato de Jezabel ter pintado
em volta dos olhos e enfeitado a cabeça. Na Bíblia, Jezabel é condenada por
Deus por causa da idolatria, da maldade, da mentira e da prostituição (1 Reis,
capítulos 16, 18, 19 e 21, Apocalipse 2.20).
Se o uso de maquiagens
e o embelezamento fosse pecado, Deus condenaria o processo de embelezamento o qual
foi submetida Ester (a rainha):
Sucedeu que,
divulgando-se o mandado do rei e a sua lei, e ajuntando-se muitas moças na
fortaleza de Susã, aos cuidados de Hegai, também levaram Ester à casa do rei,
sob a custódia de Hegai, guarda das mulheres. E a moça pareceu formosa aos seus
olhos, e alcançou graça perante ele; por isso se apressou a dar-lhe os seus
enfeites, e os seus quinhões, como também em lhe dar sete moças de respeito da
casa do rei; e a fez passar com as suas moças ao melhor lugar da casa das mulheres.
Ester, porém, não
declarou o seu povo e a sua parentela, porque Mardoqueu lhe tinha ordenado que
o não declarasse. E passeava Mardoqueu cada dia diante do pátio da casa das
mulheres, para se informar de como Ester passava, e do que lhe sucederia.E,
chegando a vez de cada moça, para vir ao rei Assuero, depois que fora feito a
ela segundo a lei das mulheres, por doze meses (porque assim se cumpriam os
dias das suas purificações, seis meses com óleo de mirra, e seis meses com
especiarias, e com as coisas para a purificação das mulheres),Desta maneira,
pois, vinha a moça ao rei; dava-se-lhe tudo quanto ela desejava, para levar
consigo da casa das mulheres à casa do rei; Å tarde entrava, e pela manhã
tornava à segunda casa das mulheres, sob os cuidados de Saasgaz, camareiro do
rei, guarda das concubinas; não tornava mais ao rei, salvo se o rei a
desejasse, e fosse chamada pelo nome. Chegando, pois, a vez de Ester, filha de
Abiail, tio de Mardoqueu (que a tomara por sua filha), para ir ao rei, coisa
nenhuma pediu, senão o que disse Hegai, camareiro do rei, guarda das mulheres;
e alcançava Ester graça aos olhos de todos quantos a viam. Assim foi levada
Ester ao rei Assuero, à sua casa real, no décimo mês, que é o mês de tebete, no
sétimo ano do seu reinado. E o rei amou a Ester mais do que a todas as
mulheres, e alcançou perante ele graça e benevolência mais do que todas as
virgens; e pôs a coroa real na sua cabeça, e a fez rainha em lugar de Vasti.
(Ester 2:8-17)
Em outra versão da
Bíblia, o versículo 12 está escrito da seguinte forma: “Antes de qualquer
daquelas moças apresentar-se ao rei Xerxes, devia completar doze meses de
tratamento de beleza prescritos para as mulheres, seis meses com óleo de mirra
e seis meses com perfumes e cosméticos.”
(Ester 2:12 – Nova Versão internacional)
O próprio Deus é quem
estava por trás de tudo o que aconteceu com Ester, preparando-a para os seus
divinos propósitos.
Em Cânticos 3.6 está
escrito:
“Quem é esta que sobe
do deserto, como colunas de fumaça, perfumada de mirra, de incenso, e de todos
os pós dos mercadores?” (Cânticos 3:6).
Se o embelezamento
fosse pecado, esta passagem bíblica escrita em Cânticos 3.6 seria rechaçada por
Deus.
A Bíblia não condena ou
proíbe o simples uso de maquiagens, pinturas e o embelezamento. Nós, cristãos,
temos liberdade em Cristo Jesus (Colossenses 2.20-21; Gálatas 5.1). Não
obstante o uso de maquiagens e pinturas não sejam proibidos pela palavra de
Deus, entende-se que o princípio estabelecido em 1 Timóteo 2.9 é válido quanto
ao uso de maquiagens e pinturas pelas mulheres cristãs: Portanto, as mulheres
cristãs, ao se embelezarem, devem se lembrar dos seguintes princípios:
decência, bom senso, honestidade, modéstia, discrição e pudor.
O USO DO CORTE DE
CABELO
Vejamos o que diz a
Bíblia em 1 Coríntios 11.3-16 e depois destacaremos a correta interpretação
desta passagem bíblica:
“Quero, porém, que
saibais que Cristo é a cabeça de todo homem, o homem a cabeça da mulher, e Deus
a cabeça de Cristo. Todo homem que ora ou profetiza com a cabeça coberta
desonra a sua cabeça. Mas toda mulher
que ora ou profetiza com a cabeça descoberta desonra a sua cabeça, porque é a
mesma coisa como se estivesse rapada. Portanto, se a mulher não se cobre com
véu, tosquie-se também; se, porém, para a mulher é vergonhoso ser tosquiada ou
rapada, cubra-se com véu. Pois o homem,
na verdade, não deve cobrir a cabeça, porque é a imagem e glória de Deus; mas a
mulher é a glória do homem. Porque o homem
não proveio da mulher, mas a mulher do homem;
nem foi o homem criado por causa da mulher, mas sim, a mulher por causa
do homem. Portanto, a mulher deve trazer
sobre a cabeça um sinal de submissão, por causa dos anjos. Todavia, no Senhor,
nem a mulher é independente do homem, nem o homem é independente da
mulher. pois, assim como a mulher veio
do homem, assim também o homem nasce da mulher, mas tudo vem de Deus. julgai entre vós mesmos: é conveniente que
uma mulher com a cabeça descoberta ore a Deus? Não vos ensina a própria
natureza que se o homem tiver cabelo comprido, é para ele uma desonra; mas se a
mulher tiver o cabelo comprido, é para ela uma glória? Pois a cabeleira lhe foi
dada em lugar de véu. Mas, se alguém quiser ser contencioso, nós não temos tal
costume, nem tampouco as igrejas de Deus. ”
Primeiramente, deve ser
destacado que em nenhum momento desta passagem bíblica foram utilizados os
seguintes termos bíblicos: pecado, inferno, perdição eterna ou salvação. Tudo o que é pecado está destacado na Bíblia
de forma absoluta e não muda no tempo e nem no espaço (Ex.: 1 Coríntios 6.9 e
10). A questão de 1 Coríntios 11.3-16 gira em torno dos termos: honra, desonra,
vergonha e costume, termos estes que são relativos, pois mudam de acordo com o
tempo e o espaço.
Chama a atenção o fato
de que em nenhuma outra parte do Novo Testamento é tratada esta questão do
cabelo, o que demonstra que somente em Corinto, na Grécia, é que a Igreja de
Cristo enfrentou algum tipo de problema com relação ao cabelo. Segundo alguns
historiadores, em Corinto existiam cultos pagãos às deusas Vênus e Afrodite,
cultos estes que incluíam ritos baixíssimos e vergonhosos. Afrodite era a deusa
da fertilidade, da prostituição, da orgia, sendo que as sacerdotisas de
Afrodite, que eram prostitutas, rapavam as cabeças, sendo que os sacerdotes de
Afrodite, que eram homossexuais, tinham cabelos compridos.
Cumpre destacar que o
costume de Corinto se chocava com o costume dos judeus, pois em Israel um homem
com o cabelo comprido, ao contrário de Corinto, poderia ser alguém que estava
fazendo um voto de santificação (voto de nazireu), voto este que foi
estabelecido pelo próprio Deus em Números capítulo 6. A Bíblia também nos
ensina que Sansão (Juízes 13.5) e o
profeta Samuel (1 Samuel 1.11) tinham cabelos compridos, o que foi estabelecido
e aceito por Deus e, por isto, tal fato não poderia ser considerado vergonhoso
ou desonroso na sociedade judaica, ao contrário da sociedade coríntia. Uma mulher com a cabeça rapada, em Israel,
poderia ser alguém que acabara de fazer um voto de santificação (nazireado,
conf. Números capítulo 6), o que não deveria ser considerado desonroso em
Israel, pois o voto do nazireado foi estabelecido por Deus, e Ele não
estabeleceria uma desonra, sendo que em Corinto era desonroso o fato de uma
mulher orar ou profetizar com a cabeça
descoberta ou andar com o cabelo rapado. Outra contradição entre os costumes da
sociedade coríntia e os costumes da sociedade judaica diz respeito ao fato de o
homem cobrir a cabeça ou não, pois os judeus, por causa de uma interpretação de
Deuteronômio 22.12, há séculos possuem o costume de cobrirem a cabeça durante a
oração, com chapéu ou kipá, ao contrário do que foi prescrito por Paulo aos
irmãos de Corinto. Percebe-se, portanto, que somente em Corinto era desonroso
as mulheres orarem ou profetizarem com a cabeça descoberta ou terem cabelos
curtos, sendo que
somente em Corinto era
desonroso os homens orarem ou profetizarem com a cabeça coberta ou terem
cabelos compridos.
Vejamos o comentário da
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal (CPAD, 1995, p. 1599) acerca de 1 Coríntios
11.14 e 15:
“Ao discorrer sobre as
cabeças cobertas e o comprimento do cabelo, Paulo se reportou ao fato de que os
crentes devem ter uma aparência e um comportamento honrado em sua cultura.
Embora seja desonroso para o homem ter cabelo crescido, há culturas em que o
cabelo longo para os homens é considerado apropriado e masculino. Em Corinto,
era um sinal de prostituição os homens de cabelos longos e as mulheres de
cabelo curto. Paulo recomendou que na cultura coríntia as mulheres cristãs mantivessem cabelos longos. Se o
cabelo curto para as mulheres era um sinal de prostituição, seria
consequentemente difícil para uma mulher cristã com cabelo curto ser testemunha
idônea de Jesus Cristo. Paulo não afirmou que devemos adotar todas as práticas
de nossa cultura, e sim que devemos evitar aparências e comportamentos que
depreciam nossa meta maior que é sermos testemunhas de Jesus Cristo”.
A Bíblia de Estudo de
Genebra (ECC/SBB, 1999, p. 1359), ao comentar 1 Coríntios 11.16, finaliza
ensinando o seguinte:
“nós não temos tal
costume. Paulo não usa exatamente esse tipo de argumento em qualquer de suas
epístolas. Tal conclusão a uma passagem difícil pode dar apoio à contenção de
que o apóstolo não estava prescrevendo formas permanentes de adoração, mas antes,
tratava com questões de propriedade cultural. (...)”
A Palavra de Deus não
proíbe o corte de cabelo pelas mulheres, assim como não obriga as mulheres de
outros costumes (como as brasileiras) a usarem o véu nos cultos. Não obstante a
liberdade que temos em Cristo Jesus, deve ser destacado que da passagem bíblica
de 1 Coríntios 11.3-16 são extraídos importantes princípios bíblicos,
princípios estes que devem sempre ser lembrados e praticados, dentro os quais
se destacam: a) Devemos ter reverência na adoração a Deus; b) Os anjos observam
a nossa adoração, portanto, devemos cultuar a Deus com um coração submisso, com
ordem e com decência; c) As mulheres devem respeitar aos seus
maridos, devendo estar
sujeitas aos poderios deles; d) Em cada cultura que o cristão está inserido,
este deve se comportar de maneira honrosa; e) no Reino de Deus, mulheres e
homens são iguais, na Igreja e na família, todavia, a mulher se submete ao
homem; f) Deus abomina a homossexualidade e o travestismo, por isto, Deus não
deseja que os homens, de propósito, se comportem e se pareçam com as mulheres, assim como Ele não deseja
que as mulheres, de propósito, se comportem e se pareçam com homens.
Quem quiser estudar
mais um pouquinho sobre este tema pode também ler o artigo que escrevi sobre a
aparência de Jesus.
O USO DA BARBA
A Palavra de Deus não
diz que devemos rapar a barba, conforme ensinam alguns cristãos.
Alguns, de forma
totalmente errônea, utilizam a passagem de Gênesis 41.14, que fala que José se
barbeou antes de se apresentar a Faraó. Os que usam este argumento se esquecem
que, na tipologia bíblica, Faraó representa satanás, e não Deus. Esquecem-se
também de que José estava no Egito, o país em que a depilação foi criada e onde
era costume dos homens raparem o cabelo e a barba. Esquecem também que na
cultura judaica a barba era um costume, e que ela só era rapada em situações de
vergonha e luto.
Dentre as 613
ordenanças que Deus deu a Moisés para ser aplicada ao povo judeu, acha-se algo
a respeito da barba:
Levítico 19.27:
“Não cortareis o
cabelo, arredondando os cantos da vossa cabeça, nem danificareis as
extremidades da tua barba.”
Percebe-se, portanto,
que os judeus não poderiam aparar as extremidades da barba, ou seja, a barba
deveria crescer livremente.
Na profecia messiânica
de Isaias 50.6, o profeta fala acerca da barba do messias (Jesus Cristo), que
seria puxada:
“Ofereci minhas costas
para aqueles que me batiam, meu rosto para aqueles que arrancavam minha barba;
não escondi a face da zombaria e da cuspida.” (N.V.I.)
Nós, cristãos, não
estamos debaixo da Lei, pois fomos alcançados pela Graça mediante a nossa fé,
e, portanto, não somos obrigados a deixar a barba crescer. Temos liberdade em
Cristo (Gálatas 5.1) para deixar a barba crescer, para apará-la ou para rapá-la...
Bispo. Capelão/Juiz.
Mestre e Doutor em Ciência da Religião Dr. Edson Cavalcante.
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