GANÂNCIA A SEMENTE DO
MAL...
“...recomendando-nos
somente que nos lembrássemos dos pobres, o que também me esforcei por fazer.”
(Apóstolo Paulo - Gálatas 2:10 RA)
Apesar de não apreciar
a maioria dos programas evangélicos da TV, sou obrigado a assisti-los de vez em
quando. Muitas ovelhas que pastoreio assistem a estes programas, razão pela
qual preciso estar alerta contra heresias que possam contaminar o rebanho de Deus.
E tenho percebido uma
grave heresia sendo ensinada nestes programas. Como se sabe, a maioria deles
tem o mesmo formato: Abertura, música, pregação, venda de produtos, pedido de
ofertas e oração. Mas, ao contrário do que se poderia esperar, o erro maior não
está na pregação, ainda que algumas sejam lamentáveis, mas na forma como pedem
ofertas para manter seus programas no ar.
É quase unanimidade os
tele pastores pedirem ofertas trocando a palavra “dinheiro” por “semente”.
Alguns dizem: “semeie no meu ministério”, com a promessa de uma grande colheita
financeira para quem semear mais. E dizem isto usando a Bíblia como respaldo!
Preciso confessar que
eu mesmo, no passado, fui vítima desta heresia. Por não conferir o contexto,
cheguei a ensinar a tal “lei da semente”, erro que, pela misericórdia de Deus,
não demorei a corrigir.
O texto bíblico mais
usado (e abusado) para se pedir ofertas como sementes, encontra-se na segunda
carta de Paulo aos Coríntios, onde encontramos o seguinte versículo: “E isto
afirmo: aquele que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia com
fartura com abundância também ceifará.” (2 Coríntios 9:6 RA)
Sim, de fato, o
contexto mostra que o apóstolo Paulo está falando de ofertas. E comparando
estas ofertas a sementes. Mas, a questão é: por que Paulo usou desta
comparação? A resposta é surpreendente:
Porque aquelas ofertas
eram destinadas aos pobres.
Ao contrário dos tele
evangelistas, Paulo não estava pedindo ofertas para o seu ministério. A razão
do seu pedido de ofertas era a “a favor dos santos” em necessidade (Confira 2
Co 9:1,12). Provavelmente, um apelo para socorrer financeiramente os cristãos
pobres da Judéia (Atos 11:29). Sim, porque, ao contrário do que ensina a
teologia da prosperidade, os santos também podem ser pobres, materialmente
falando (Ap 2:9).
E, a fim de que ninguém
duvidasse de suas corretas intenções, o apóstolo cita uma promessa das
Escrituras:
“como está escrito:
Distribuiu, deu aos pobres, a sua justiça permanece para sempre.” (2 Coríntios
9:9 – citando o Salmo 112:9)
Como se percebe, a
promessa é para quem oferta “aos pobres” e Paulo não deixa dúvidas quanto a
isto. Basta que leiamos o contexto. Paulo poderia também ter acrescentado
outros versículos, tais como:
“Bem-aventurado o que
acode ao necessitado; o SENHOR o livra no dia do mal. O SENHOR o protege,
preserva-lhe a vida e o faz feliz na terra; não o entrega à discrição dos seus
inimigos. O SENHOR o assiste no leito da enfermidade; na doença, tu lhe afofas
a cama.” (Salmos 41:1-3 RA)
“Quem se compadece do
pobre ao SENHOR empresta, e este lhe paga o seu benefício.” (Provérbios 19:17
RA)
“O que semeia a
injustiça segará males; e a vara da sua indignação falhará. O generoso será
abençoado, porque dá do seu pão ao pobre.” (Provérbios 22:8-9 RA)
Foi com base em
promessas assim, de Deus abençoar quem ajuda “ao pobre”, que Paulo comparou
tais ofertas a sementes.
Isto é muito diferente
de levantar-se ofertas para se manter programas na televisão, cujo minuto é
caríssimo e o benefício duvidoso. E o pior é que a maioria destes programas nem
sequer está pregando o verdadeiro evangelho de Cristo! A maioria das pregações
da TV é voltada para satisfazer os interesses do homem.
O verdadeiro evangelho
causa furor na maioria das pessoas, porque poucos querem se arrepender de seus
pecados e depositar sua fé inteiramente em Cristo para salvação. A maioria
prefere acreditar que será salva porque foi uma pessoa boa, ignorando a
enfática realidade exposta por Jesus de que “ninguém é bom, a não ser um, que é
Deus”.
E isto é um dilema.
Como manter programas na TV dizendo a verdade para as pessoas? Sendo assim, os
tele evangelistas fazem um tremendo esforço para agradar seus telespectadores,
a fim de aumentar a audiência e o número de fiéis “semeadores”.
Mas, esta é a verdade:
Quem ajuda a pagar caros programas evangélicos não pode esperar colheita de
nada, a não ser de absurdos escândalos, como se tem visto ultimamente. Quero
deixar como exemplo o escândalo mais recente:
Enquanto outros canais
de televisão mostravam o número de uma conta bancária para ajudar os
desabrigados das chuvas, que vitimaram milhares de pessoas no estado do Rio de
Janeiro, um famoso pastor mostrava o número de três contas bancárias para que
“semeassem” no seu ministério. E, detalhe, sementes de mil reais!
Quem não tivesse mil
reais poderia parcelar sua “semente” em várias prestações, a fim de não perder
a fabulosa colheita de bênçãos e ainda ganhar um lindo certificado do seleto
“CLUBE DE 1 MILHÃO DE ALMAS”.
Ao invés deste pastor
aderir à campanha pelas vítimas das chuvas, entre as quais algumas que perderam
tudo, ele preferiu pedir dinheiro para bancar suas mega cruzadas. E, ainda que
o dinheiro seja gasto nisso, tais cruzadas evangelísticas não atingem nem de
longe o alvo a que se propõem.
Respaldo minha afirmativa
no depoimento de Billy Graham, maior evangelista do século XX. Após analisar
suas inúmeras cruzadas, ele chegou a uma conclusão alarmante. Pelos seus
cálculos, dentre todos que assinaram “cartões de decisão” em suas cruzadas,
somente três por cento procuraram uma igreja e chegaram a passar pelas águas do
batismo. Apenas três por cento!
Amado irmão, se você
almeja receber algum benefício do Senhor, uma verdadeira colheita de bênçãos,
semeie da forma correta: não se esquecendo do necessitado, se compadecendo do
pobre, repartindo com ele o seu pão. (Sl 41:1; Pv 19:17; 22:8)
Esta é a forma de
evangelismo mais eficaz que existe, porque esta é a verdadeira semente de Deus:
O AMOR.
“Meus filhinhos, não
amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade.” (1 João 3:18
RC)...
BISPO/JUIZ MESTRE E
DOUTOR EM ÊNFASE E DIVINDADES DR.EDSON CAVALCANTE
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