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domingo, 1 de agosto de 2021

BÊNÇÃO APOSTÓLICA.

 

BÊNÇÃO APOSTÓLICA.

Bênção apostólica é uma bênção trinitariana que muitos pastores pronunciam no final dos cultos. Essa bênção é chamada de “apostólica” porque foi escrita pelo apóstolo Paulo na conclusão de sua segunda Epístola aos Coríntios.

Essa bênção é a mais completa de todo o Novo Testamento, pois é a única que traz em sua fórmula a menção ao Pai, Filho e Espírito Santo. Por isso também é chamada de “bênção trinitariana”.

Onde está a bênção apostólica na Bíblia?
A bênção apostólica está registrada em 2 Coríntios 13:13. Com base nesse texto, a bênção apostólica consiste na seguinte frase: “A graça de nosso Senhor Jesus Cristo e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vocês”.

Na verdade o próprio Paulo usualmente concluía suas epístolas registrando uma bênção final. No entanto, todas elas apresentam uma fórmula mais simplificada em comparação à bênção registrada em 2 Coríntios.

Nas outras epístolas, basicamente sua bênção final segue o seguinte padrão: “A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com todos vós” (Romanos 16:20,24; 1 Coríntios 16:23; Gálatas 6:18; Filipenses 4:23; 1 Tessalonicenses 5:28; 2 Tessalonicenses 3:18; cf. Filemom 1:25).

Em outras epístolas, ele apenas mencionou a frase: “A graça seja convosco” (Colossenses 4:18; Tito 3:15; cf. 1 Timóteo 6:21; 2 Timóteo 4:22). A bênção final registrada na Epístola aos Efésios também apresenta alguns detalhes diferentes em relação a essas outras, onde Paulo escreveu: “Paz seja com os irmãos, e amor com fé da parte de Deus Pai e da do Senhor Jesus Cristo. A graça seja com todos os que amam a nosso Senhor Jesus Cristo em sinceridade” (Efésios 6:23,24).

Qual o significado da bênção apostólica?
A bênção apostólica escrita por Paulo basicamente significa a expressão do desejo eficaz de que o Deus Triuno abençoe os redimidos capacitando-os com as virtudes do amor, graça e comunhão. Por “desejo eficaz” deve-se entender que essa bênção não é um mero desejo, como se fosse algo que pode ou não vir a acontecer, mas uma promessa que se torna real na vida daqueles que verdadeiramente creem em Cristo. É certo dizer que essa bênção de forma direta e objetiva expressa os pontos principais da mensagem do Evangelho.

Também é interessante notar que a sequência na qual o apóstolo mencionou a Trindade difere da forma usual como ela geralmente aparece no Novo Testamento, onde o Pai é mencionado primeiro, depois o Filho e, depois, o Espírito (Mt 28:19).

Existem outras ocorrências onde isso acontece, como por exemplo, na saudação do apóstolo Pedro na introdução de sua primeira epístola, onde ele mencionou a Trindade na sequência de Deus o Pai, Espírito Santo e Jesus Cristo (1Pe 1:2).

O fato de o apóstolo Paulo ter mencionado uma sequência diferente em sua bênção, provavelmente significa que ele estava buscando enfatizar a Pessoa de Cristo e a experiência da salvação no contexto de sua carta, já que durante toda a epístola ele repete várias vezes a expressão “nosso Senhor Jesus Cristo” (2Co 1:2,3; 8:9; 11:31; 13:13). A seguir, vamos entender cada parte da bênção apostólica.

A graça de nosso Senhor Jesus Cristo
Na primeira frase da bênção, o apóstolo destaca a graça do Senhor Jesus. Calvino, em seu comentário de 2 Coríntios, concluiu muito bem dizendo que o conceito de graça nessa bênção significa o benefício completo da redenção.

Essa graça de Cristo foi derramada sobre os redimidos por meio de sua vida, morte e ressurreição, de modo que os santos agora estão vestidos de justiça pelos méritos de Cristo. Isso significa que não há nada em nós que nos credencie a salvação, mas que somos salvos pela graça de Cristo, o qual ocupou o nosso lugar e sofreu o castigo que merecíamos.

E o amor de Deus
A graça de nosso Senhor Jesus Cristo revela o amor de Deus, ou seja, é por meio desse amor que os redimidos têm acesso a essa graça tão maravilhosa. O próprio Jesus explicou muito claramente essa verdade fundamental quando conversou com o fariseu Nicodemos, dizendo que por amar o mundo de tal maneira, Deus entregou seu Filho unigênito (Jo 3:16).

Isso nos mostra que o amor de Deus por seu povo não se iniciou na cruz com a morte de seu Filho, mas que foi esse amor que levou seu filho à Cruz. Mais uma vez entendemos que a causa de nossa salvação não está em nós, mas totalmente em Deus.

E a comunhão do Espírito Santo
A graça de nosso Senhor Jesus revela o amor de Deus por nós resultando na comunhão do Espírito Santo pela qual podemos experimentar essa bênção tão sublime. O Espírito Santo habita no coração do salvo, fazendo dele seu templo (1Co 6:19), de modo que somente Ele é quem pode convencer o homem do pecado, regenerá-lo e capacitá-lo a viver uma vida que agrada a Deus.

Essa nova vida é marcada pela santificação, e expõe os resultados visíveis das virtudes do fruto gerado pelo próprio Espírito.

O uso da benção apostólica no culto é obrigatório?
Não, o uso da bênção apostólica no culto não é obrigatório. Não existe uma ordenança bíblica de que o final de cada culto deve ser acompanhado da bênção apostólica. Certamente a maioria das comunidades cristãs possui esse costume em seus cultos, porém existem muitas outras que não adotam essa prática.

Também é verdade que em alguns casos os pastores utilizam outros textos bíblicos na conclusão dos cultos, como por exemplo, a própria bênção escrita pelo apóstolo Paulo em sua fórmula mais simplificada presentes em outras epístolas, ou mesmo outras passagens bíblicas como Efésios 3:20,21; Hebreus 13:20,21 e Judas 24,25.

Outros também utilizam a bênção Araônica, também chamada de “bênção sacerdotal”, registrada em Números 6:24-26. Na verdade, historicamente, o uso da bênção Araônica no culto cristão é ainda mais antigo do que a própria bênção apostólica de 2 Coríntios.

Não é possível saber com exatidão se os cultos da Igreja Primitiva terminavam com alguma forma de bênção, nem mesmo se os próprios apóstolos terminavam os cultos com a bênção apostólica, mas na época da Reforma esse costume foi evidente, com Martinho Lutero sendo um de seus maiores defensores.

Quem pode pronunciar a bênção apostólica?
Essa é uma pergunta que já levantou muitos debates, principalmente com relação à dúvida se presbíteros e diáconos podem pronunciar a bênção apostólica. O que podemos dizer é que atualmente a resposta vai variar de acordo com a denominação.

Algumas delas procuram enfatizar o sacerdócio de todos os crentes (1Pe 2:9) e defendem que qualquer pessoa está apta a pronunciar a bênção sobre a congregação, enquanto outras entendem que apenas os pastores é quem devem concluir o culto com a bênção apostólica, pois apesar de todos os crentes exercerem o sacerdócio real, são eles quem possuem a responsabilidade hierárquica como ministros do Evangelho (cf. 1Co 9:13-14). Logo, naturalmente faz sentido que sejam eles, como ministros da Palavra e dos sacramentos, os encarregados de também pronunciar a bênção.

Seja como for, o importante é que fique bem claro que não é o grau hierárquico que confere legitimidade a bênção ou aumenta seu valor, mas a ênfase deve estar no valor subjetivo e espiritual da bênção, e que os cristãos a recebem pela fé. Esse é o tradicional posicionamento protestante.

Dessa forma, também se subentende que quando um pastor pronuncia a bênção apostólica isso não significa que ele o faz por possuir exatamente a mesma autoridade exercida pelos doze apóstolos e Paulo, ou mesmo por ser um tipo de detentor da bênção a qual ele controla de uma forma mística, como se ele próprio fosse o originador dela, e tivesse o poder de fornecer uma espécie de cobertura espiritual.

Na verdade não há nada de mágico nisso, pois como foi dito, a bênção é derramada eficazmente somente sobre aqueles que, pela graça, estão dispostos a recebê-la através da fé. Nesse aspecto, aquele que a pronuncia não apenas expressa um desejo, mas a levam consigo (cf. Lc 10:5,6).

O que a bênção apostólica não é?
Mais uma vez vale ressaltar que a bênção apostólica não deve ser entendida como uma combinação de palavras mágicas, ao contrário, o significado da bênção trinitariana escrita pelo apóstolo Paulo é muito mais profundo do que qualquer interpretação supersticiosa, já que, como vimos, ela sintetiza a mensagem do Evangelho, a saber, a graça divina, o amor divino e a comunhão divina que os redimidos desfrutam pela fé em Jesus Cristo.
A maioria das igrejas cristãs evangélicas usam da “benção apostólica” no termino das suas celebrações. É conveniente definir as reuniões como celebrações porque culto é o que prestamos a Deus diariamente com a nossa vida (Romanos 12.1).

É uma celebração porque é um momento em que pessoas se reúnem para celebrar o amor e a salvação de Deus através de músicas de adoração, bem como apresentar orações, ouvir a ministração da Palavra de Deus e assim por diante.

Cada igreja possui sua forma e nós não estamos aqui para julgar formas e métodos, desde que sejam estritamente bíblicos, deve ser propagado, afinal Deus não tem filhos preferidos. Contudo, a “benção apostólica” não é um mandamento bíblico, portanto pode ser usada ou não. Se for usada, amém, se não for usada, amém também.

A “benção apostólica” é uma declaração profética e carregada de promessa sobre a igreja. É profética porque está profetizando palavras de benção sobre a vida das pessoas e uma promessa porque as declarações são dignas de total credibilidade e autoridade no céu, bem como se cumprem.

No Antigo Testamento… (benção apostólica)
Também conhecida como “benção sacerdotal”, algumas igrejas adotam essa “benção” no final do culto: “O Eterno te abençoe e te guarde, faça o Senhor resplandecer o seu rosto sobre ti e te agracie. Que o Eterno revele a ti a sua face de amor e te conceda a paz” – Números 6.24.26.

No Novo Testamento…
E no novo testamento, há a revelação da Trindade Eterna na “benção apostólica”:

“A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós” – 2º Coríntios 13.14.

É assim que se encerra essa carta de autoria do apóstolo Paulo, remetida à igreja em Corinto e a partir daí essa mesma frase tem sido usada nos encerramentos dos cultos das igrejas cristãs evangélicas.

Pode ser que ficou conhecida como “apostólica” por ser de autoria do apóstolo Paulo, mas não se tem base concreta para afirmar que as celebrações da igreja primitiva terminavam assim, estudiosos dizem que Martinho Lutero defendia e fazia uso dessa declaração, contudo podemos perceber que o Paulo optava na maioria das vezes por terminar suas cartas dando uma palavra de benção sobre os leitores e destinatários, por exemplo:

“A graça do Senhor Jesus seja convosco, recebam o amor que tenho por todos vós em Cristo Jesus. Amém” (1ª Coríntios 16.23-24) ou “A graça do Senhor Jesus Cristo esteja com o vosso espírito. Amém” (Filipenses 4.23).

No caso do encerramento da segunda carta aos Coríntios, tem sua particularidade e santa expressão porque é a graça (Jesus é a personificação da própria graça, como dizia um professor de teologia) que revela o amor do Pai que nos concede o direito de sermos filhos de Deus (João 1.12) e é pelo Espírito Santo que produz comunhão fraternal entre os filhos de Deus em todo o mundo e com o Pai e o Filho. É a trindade em pleno funcionamento e funcionando em comunidade desde a criação.

Conclusão do Significado
Um versículo bíblico muito conhecido: Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu filho unigênito (Agora primogênito; Romanos 8.29) para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (João 3.16).

Qual é a maior benção para a vida do cristão? É Deus mesmo. A benção está no Pai, no Filho e no Espírito Santo, a unidade perfeita e completa da trindade revelada também no versículo da “benção apostólica”. A benção está em nós podermos “nos misturar com ele e estarmos com ele sempre e para sempre”.

Que você seja abençoado por esse amor de tal maneira que te tornou filho e um dia levará os Seus amados ao céu para a vida eterna com Ele.
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante.

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