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sábado, 10 de abril de 2021

A IRA DE DEUS.

 

A IRA DE DEUS.

A ira de Deus significa que Ele detesta de forma absoluta o pecado. Sim, Deus odeia todo e qualquer tipo de pecado. Isso acontece porque Deus é plenamente santo e justo, e não aprova aquilo que não esteja em conformidade com o Seu caráter moral.

Então falar da ira de Deus significa falar de Sua justiça. Sendo justo, Deus recompensa o obediente e castiga o desobediente. Dessa forma, o que a Bíblia chama de “ira de Deus” é a manifestação de Sua justiça retributiva.

A Bíblia deixa muito claro que o pecado sempre precisa ser punido. Sim, o pecado tem consequências, inclusive com implicações eternas! Quando Adão e Eva desobedeceram a Deus no Éden, eles estavam conscientes de que tal ato era passível de morte (Gênesis 2:17). Por isso a Bíblia também diz que “o salário do pecado é a morte” (Romanos 6:23).

A morte como consequência do pecado não é apenas a morte física, mas a morte espiritual que também resulta na morte eterna. Então se todo pecado merece ser punido, é a ira de Deus que executa essa punição justa.

Mas é importante enfatizar que no derramamento de Sua ira, Deus não age de forma parcial ou tendenciosa. A ira de Deus cobra de forma totalmente justa a aplicação da pena pela transgressão da lei divina.

A ira de Deus na Bíblia
Na Bíblia diversos termos hebraicos e gregos são usados para falar da ira de Deus. No geral, esses termos são traduzidos como “cólera”, “furor”, “ódio” e “ira”. Além disso, a ira de Deus muitas vezes é descrita em conexão com a ideia de “inflamar”, ou seja, a ira de Deus é como um fogo que se acende por causa do pecado (cf. Deuteronômio 32:22; Salmo 21:9).

No Antigo Testamento encontramos muitas descrições da ira de Deus sendo inflamada em resposta aos pecados do povo da aliança que quebravam o juramento com Deus ao atentarem contra a santidade divina cometendo imoralidades e adotando a idolatria. Inclusive, os israelitas estiveram a ponto de serem exterminados por terem provocado a ira do Senhor (Deuteronômio 9:7,8; cf. Êxodo 32:9,10).

O ensino bíblico acerca da ira de Deus não está limitado apenas ao Antigo Testamento, mas também está claramente aplicado no Novo Testamento. É o próprio Senhor Jesus quem diz que a ira de Deus permanece sobre àqueles que o rejeitam (João 3:36).

Ainda no Novo Testamento o apóstolo Paulo também explica que ninguém é indesculpável diante do Senhor, e que “a ira de Deus é revelada dos céus contra toda impiedade e injustiça dos homens que suprimem a verdade pela injustiça” (Romanos 1:18).

A Bíblia também diz que embora a ira de Deus já agora se manifesta através de juízos temporais, ela só será revelada plenamente em todo seu poder na consumação da História, o momento que a Bíblia chama de “Dia do Senhor” que será o dia da Sua ira (cf. Atos 2:20; Romanos 2:5).

A boa notícia é que a Bíblia também diz que Cristo é quem “nos livra da ira que há de vir” (1 Tessalonicenses 1:10). Além disso, através das Escrituras também entendemos que Deus é longânimo e paciente na manifestação da Sua ira com o objetivo de conduzir as pessoas ao arrependimento (Romanos 2:4; 2 Pedro 3:9,10).

Por que o derramamento da ira de Deus é necessário?
O derramamento da ira de Deus é necessário porque Ele é perfeitamente santo e justo. Logo, Ele não toma o culpado por inocente (Êxodo 20:7). Por ser reto em Seus juízos, Deus não poupa o ímpio e não faz acepção de pessoas.

Mas sem é verdade que a ira de Deus é um dos ensinos bíblicos que as pessoas têm mais dificuldade de entender. Elas imaginam que a realidade de um Deus irado, e ao mesmo tempo plenamente amoroso e misericordioso, é algo incongruente.

Mas não há qualquer incompatibilidade nisso, pois a ira divina está intimamente associada à santidade e justiça de Deus, e estas qualidades, por sua vez, estão diretamente ligadas à misericórdia, bondade, longanimidade e amor de Deus.

Deus é misericordioso, bondoso e longânimo porque Ele é também justo e santo. Se Ele não fosse perfeitamente justo e completamente santo, não haveria motivos para Ele ser bondoso. Sua misericórdia e longanimidade não teriam significado, pois não haveria n’Ele uma integridade moral que exigiria a punição da transgressão de Sua lei.

Mas ao demonstrar sua misericórdia e longanimidade para com àqueles que merecem o castigo por seus pecados, Deus também manifesta o seu amor. Sabendo que os pecadores jamais poderiam pagar o preço de sua transgressão, Ele providenciou o Seu próprio Filho para redimi-los. Esse ato de puro amor foi também um ato de pura justiça, pois o Filho recebeu sobre si a ira da justiça de Deus em lugar dos que foram por Ele redimidos. Então nesse sentido o próprio amor de Deus é também expresso na manifestação de sua ira (Romanos 3:25).

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Para o povo de Deus a ira divina é motivo de louvor, gratidão e confiança
Não há dúvida de que a Bíblia fala da manifestação da ira de Deus como algo terrível que causa dor, destruição, castigo e medo (cf. Salmos 2:5; 76:7; 90:7; 102:10; Jeremias 42:18; etc.). Mas para o cristão a ira de Deus deve ser motivo de louvor e gratidão. Isso porque a Bíblia diz que outrora éramos por natureza filhos da ira (Efésios 2:3). Mas pela graça de Deus, a ira que deveria cair sobre nós recaiu sobre Cristo (Romanos 3:25,26). Porque Cristo suportou a ira divina, agora temos paz com Deus (Efésios 2:14-16).

Também devemos agradecer a Deus pelo fato de Ele ser paciente no derramamento de Sua ira, porque assim temos a garantia de que o número completo do povo de Deus será salvo (2 Pedro 3:9,10; cf. Apocalipse 7).

Para os crentes a ira divina também é motivo de grande confiança em Deus, porque ela é a certeza de que o mal não ficará impune. Se Deus fizesse vista grossa para o mal, então que motivo teríamos para acreditar que Ele é um Deus bom, já que Ele não demonstraria ter qualquer coerência ou padrão moral em si mesmo? Portanto, a manifestação da ira de Deus é um dos motivos pelos quais podemos confiar n’Ele.

Já os incrédulos deveriam enxergar a doutrina bíblica da ira de Deus como uma graciosa advertência. Isso porque ainda não chegou o dia do derramamento total da ira de Deus em todo seu furor. Portanto, a porta do arrependimento permanece aberta.

Isso fica claro no livro do Apocalipse que explica que antes de derramar as taças de Sua ira, primeiro Deus envia trombetas que servem como avisos para que os homens se arrependam. Enquanto que no derramamento das taças a ira de Deus é sem mistura, nas trombetas a ira de Deus é misturada com misericórdia (Apocalipse 8-16).
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante.

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