Preparou o Senhor um grande peixe, para que tragasse a Jonas; e esteve Jonas três dias e três noites no ventre do peixe. Jonas 1.17
1. Introdução
Jonas foi enviado ao ventre do grande peixe a fim de preparar seu sermão para Nínive.
João da Cruz, um Cristão do passado escreveu um livro, cujo título era “A Noite Escura da Alma” neste livro, ele descreve o processo da provação pela qual o cristão passa, e na qual ele se vê completamente sozinho e sem forças. A noite escura da alma pode ser vista como a agonia profunda da alma, o vale da sombra da morte, por onde quais cristãos ao longo da existência têm de passar.
Esta foi a experiência de José antes de ser exaltado por Deus; foi a experiência de Moisés no deserto; a experiência de Davi, perseguido por Saul; a experiência de Jó; a experiência de Jesus no Gestsêmani e principalmente no período entre a morte e a ressurreição; a experiência de Jonas, três dias e três noites no ventre da Baleia.
“Deus sussurra em nossos ouvidos por meio de nosso prazer fala-nos mediante nossa consciência, mas clama em alta voz por intermédio de nossa dor; esta é seu megafone para despertar um mundo surdo”.
A noite escura da alma pode ser um tratamento de Deus a nossa desobediência.
Jonas estava vivendo aquela situação por força da sua desobediência. Com isto não queremos dizer que todo sofrimento é fruto de desobediência, Paulo sofreu por causa do Evangelho.
2. Desenvolvimento
O que pode representar a noite escura da alma?
2.1) A noite escura da alma é o processo de Deus que nos leva ao crescimento.
Se Deus não tivesse permitido que José fosse vendido pelos seus irmãos ele teria chegado ao lugar que chegou no Egito. Se Deus não tivesse conduzido Moisés ao deserto, ele não teria sido o libertador que foi. Se Deus não tivesse permitido que Jó passasse pelo que passou ele jamais poderia conhecer a Deus como o conheceu. Ela é a lixa de Deus tirando os nossos excessos; é a tesoura do agricultor podando a videira para que possa frutificar; é o aperto no couro da percussão para que possa produzir o som desejado; é a distensão da corda para que possa ser afinada, é corte do escultor na pedra para lhe dar forma.
O apóstolo Paulo não estava contente com as circunstâncias que o cercavam, mas contentava-se com o que tinha, porque era obediente á vontade do Senhor. Nós criamos o nosso próprio mundo. A felicidade vem de dentro para fora e não de fora para dentro. A estrada da vida está congestionada pelo número de descendentes, desajustados, infelizes que tentam suportar circunstâncias de suas vidas, ao invés de usá-las para a glória de Deus.
2.2) A noite escura da alma é o sinal do amor de Deus por nós.
Se Deus não amasse a Jonas ou não teria enviado o peixe para salva-lo, ou não o teria deixado o peixe três dias e três noites ali. Deus só disciplina a quem ama. O pai só disciplina aos seus filhos. Através do sofrimento está dizendo que quer nos aperfeiçoar, que quer nos moldar, que quer nos fazer crescer porque nos ama e nós somos objeto do seu cuidado.
Um jovem estudante atravessava a praça duma das antigas universidades escocesas, indo de caminho a seu quarto no internato. Não se sentia bem. Seus olhos estavam fracos, o que tornava o trajeto difícil. Seguindo o conselho dum amigo, havia um especialista em doenças da vista. O médico, depois de um exame minucioso, o avisara firmemente que havia de perder a visão em pouco tempo. Um terrível soco entre os olhos não poderia tonteá-lo mais do que esta notícia. O seu coração estava perturbado. Perderia a visão!…
Todos os planos que tão esperançosamente arquitetara desfaziam-se na sua frente. Com a perda da visão ir-se-iam o ensino na universidade e todos os seus sonhos dourados. Perturbado, confuso, saiu do consultório médico apalpando o caminho como um sonâmbulo.
Jorge era noivo. Encaminhou-se em direção à casa da querida noiva, esperando, sem dúvida, alguma palavra de conforto para o coração dolorido. Como daria ele a triste notícia à moça que ele tanto amava e que prometera ser sua esposa? Seus planos estavam todos mudados; e como receberia ela a notícia?!
Quando lá chegou, contou-lhe em palavras brandas mas briosas a sua situação, sua mudanças de planos, dizendo-lhe que ela teria liberdade para decidir segundo julgasse melhor. A noiva aceitou a liberdade!
A rejeição da noiva foi o segundo golpe. Pela segunda vez, saiu tristonho e sem enxergar o caminho em que pisava. O golpe parecia acima de suas forças, e a dor lhe sufocava o coração! Mas não estava só. Alguém o aguardava e ternamente fortaleceu seu coração quebrantado, falando-lhe palavras amorosas e dando-lhe os braços do Verdadeiro Amigo e todas as dificuldades foram vencidos. Uma nova disposição o dominou, tomando inteira e permanente posse de sua vida. E do seu coração quebrantado, mas cheio de conforto, saíram palavras de louvor e gratidão a Deus, o Amor que nunca muda sejam quais forem às circunstâncias.
Transcrevemos aqui apenas duas estrofes desse hino traduzido para o português:
“Amor, que por amor desceste,
Amor, que por amor morreste.
Oh! Quanta dor não padeceste,
Meu coração p’ra conquistar,
E meu amor ganhar.
Amor que nunca, nunca mudas,
Que nos teus braços me seguras,
E cerca-me de mil venturas.
Aceita agora, ó Salvador,
O meu humilde amor”.
2.3) A noite escura da Alma é o meio pelo qual Deus nos revela que só Ele pode fazer raiar um dia radioso em nossa vida.
Quando a nossa vida está em uma situação de calmaria, nós nos esquecemos do Deus que cuida da nossa vida até nos mínimos detalhes como um fio de cabelo. E aí nós passamos a confiar mais na nossa capacidade e nas nossas possibilidades até que Deus nos leva a uma situação e novamente compreendemos que somos inteiramente dependentes d’Ele.
Com isso, nós queremos trazer algumas aplicações práticas para as nossas vidas.
Precisamos avaliar a razão do nosso sofrimento. É desobediência, ou por causa do Reino de Deus? Precisamos louvar a Deus porque estamos sendo tratados por Ele e esse processo vai produzir em nós crescimento.
Precisamos ver o amor de Deus em nossa vida; tanto nas coisas que nos causam alegrias quanto naquelas que nos causam tristezas.
Estamos instalando em nossa igreja um novo fogo de luz elétrica, em memória de um dos nossos ex-pastores muito estimado. Não esqueço do que me disse a sua viúva, a seu respeito. Ele suportou uma terrível enfermidade. Todos os que conheceram admiravam-se de tão boa alma, com uma longa folha de serviços prestados à Causa. Fora exatamente à vítima de uma enfermidade que lhe trouxera dores tão atrozes, durante as últimas semanas. Contudo, no meio de todo aquele sofrimento atroz, ele disse: “Eu sei que é profundo o escuro vale, mas há uma luz do outro lado”.
Vendo-o sofrer tanto, sua esposa devotada confessa perguntou-lhe: “Porque o bom Senhor permite tudo isto? Eu não posso compreender”. E ele replicou: “Devo negá-lo? Devo ser seu seguidor somente nos dias de sol e não na escuridão?”
No meio das grandes provações da vida, precisamos desta espécie de é que nos leva a cantar:
“Onde quer que seja, com Jesus irei”.
Precisamos compreender que Deus tem o domínio de todas as coisas. Ele é soberano, Ele é sábio, Ele é poderoso.
Um pai perdeu sua filha única. Tinha apenas dezesete anos de idade; fora à luz e a alegria do lar. Pouco tempo antes, sua estremecida esposa partira para o descanso.
O ministro veio dizer-lhe palavras de conforto.
Meu amigo – começou ele – o irmão acaba de passar através de uma nuvem escura, e amarga tem sido a sua taça…
O enlutado interrompeu-o:
Pastor, é verdade que tenho sofrido bastante. Meu coração está moído de dor, mas não houve nuvem alguma; através de tudo nada houve que se interpusesse entre mim e meu salvador. Jamais sua mão confortadora foi tão terna como através do que me sobreveio esta semana passada. Sofrimento, sim, mas nenhuma nuvem!
Louvado seja Deus! Nossa leve e momentânea tribulação “pode produzir” um peso eterno de glória mui excelente. A aflição pode tanger-nos para mais perto de nosso Mestre. Pode ajudar a formação do caráter, fazendo-nos mais semelhante ao nosso grande Exemplo. Nosso grande sofrimento é por um instante, aqui. Os resultados podem ser uma gloriosa eternidade na pátria dos remidos.
3. Conclusão
Gostaria de concluir com as palavras de alguns sábios ao longo da história sobre a provação e o sofrimento na vida do crente.
Algumas vezes Cristo vê que precisamos da doença para o bem de nossa alma do que da cura para o alívio de nosso corpo.
O período de enfermidade é um tempo de purificação para aquela contaminação que havíamos em nossa saúde… Uma boa doença tende a produzir a saúde da alma.
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante.
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