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quarta-feira, 18 de novembro de 2020

O DRAGÃO E A MULHER

 


O DRAGÃO E A MULHER

A visão da mulher e do dragão no Livro das Revelações destaca o papel da nação de Israel, e não o papel de um indivíduo. A promessa do Cristo foi feita a Abraão para cumprir-se nos seus descendentes, na nação de Israel, ou seja, não foi feita uma promessa a Maria. Embora o Cristo foi gerado no ventre de Maria, a visão não se refere a ela. Eva também não é a mulher vestida de sol, apesar de Deus ter dito ao dragão, a antiga serpente, que haveria inimizade entre a serpente e a mulher, e entre a descendência do dragão e o descendente da mulher ( Gn 3:15 ).

Introdução
As várias visões que o evangelista João teve na ilha de Patmos foram registradas no Livro das Revelações, também conhecido como o Livro do Apocalipse.

O livro do Apocalipse geralmente é rotulado como o livro que fala do ‘fim’ – das últimas coisas – entretanto, o livro do Apocalipse também aborda questões e eventos da origem (Gênesis), ou até mesmo evento antes da criação do mundo.

Iniciaremos a análise e estudo do Livro do Apocalipse no capítulo 12, visto que as figuras deste capítulo servem de chave para compreendermos as demais visões contidas no Livro das Revelações.

As referências bíblicas citadas são essenciais à análise das figuras, visto que o livro é riquíssimo em figuras, uma peculiaridade que não se restringe ao livro das Revelações, pois várias figuras permeiam toda a Bíblia, portanto as referências devem ser lidas e comparadas.

Quem se propõe a interpretar o livro do Apocalipse, ao menos dever ler os livros de Deuteronômio, Salmos, Provérbios, Isaías, Jeremias, Ezequiel, Malaquias, Miqueias, Sofonias, Daniel, Mateus e Tessalonicenses, etc., para não inserir na interpretação opinião distanciada da mensagem que Deus revelou ao apóstolo João.

Diferente de outras visões que descrevem a condição do povo de Israel (pecado) e eventos futuros (redenção), as visões contidas no capítulo 12 apresentam passado, presente e o futuro dos israelitas.

Apocalipse 12, versos 1 à 17

A mulher vestida de sol
1 E VIU-SE um grande sinal no céu: uma mulher vestida do sol, tendo a lua debaixo dos seus pés, e uma coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça. 2 E estava grávida, e com dores de parto, e gritava com ânsias de dar à luz.

Após a visão dos sete selos e das sete trombetas, o evangelista vê um grande sinal nos céus. Os sinais que ele vê quando em espírito apresenta uma ‘visão’ panorâmica da história de Israel.

O apóstolo viu:

Uma mulher;
Vestida do sol;
A lua estava sob os seus pés;
Havia uma coroa sobre a sua cabeça;
A coroa possuía doze estrelas;
A mulher estava grávida;
Com dores de parto.
Estes dois versos não oferecem elementos suficientes para compor uma ideia ou correlação, pois ainda não foi apresentado um contexto que dê para correlacionar as figuras que compõe o ‘quadro’.

Dragão vermelho
3 E viu-se outro sinal no céu; e eis que era um grande dragão vermelho, que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre as suas cabeças sete diademas. 4 E a sua cauda levou após si a terça parte das estrelas do céu, e lançou-as sobre a terra;

Após ver uma mulher ‘vestida’ do sol, o evangelista viu outra imagem: um dragão: “E viu-se outro sinal no céu…”. Nesta visão é destacada as características do dragão: grande, vermelho, com sete cabeças e dez chifres e sete diademas.

A visão destaca um elemento curioso: a cauda do dragão. A cauda do dragão (cor de fogo) fez com que a terça parte das estrelas a seguisse, e a terça parte das estrelas do céu foram lançadas sobre a terra.

As estrelas vistas neste sinal não são às incontáveis estrelas celestes, até porque o evangelista está narrando uma visão composta de figuras.

O Filho do homem
4 e o dragão parou diante da mulher que havia de dar à luz, para que, dando ela à luz, lhe tragasse o filho. 5 E deu à luz um filho homem que há de reger todas as nações com vara de ferro; e o seu filho foi arrebatado para Deus e para o seu trono.

As duas figuras apresentadas compõe um quadro único, e o verso quatro une os dois, demonstrando que as visões da mulher e do dragão estão interligadas.

O dragão, ao parar diante da mulher, tinha o interesse de destruir a criança que estava no ventre da mulher que gritava com ânsias de dar a luz. O dragão estava pronto para tragar a criança quando ela nascesse (v. 4).

O verso 5 trás um elemento chave que possibilita fazer afirmações sobre as visões.

A mulher vestida de sol diz da nação de Israel, pois o Cristo segundo a carne veio dos pais Abraão, Isaque e Jacó. As doze estrelas na cabeça da mulher simbolizam as doze tribos de Israel conforme a aliança que Deus estabelecera com os pais (Abraão, Isaque e Jacó) “Dos quais são os pais, e dos quais é Cristo segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito eternamente” ( Rm 9:5 ).

A mulher trouxe à luz um filho homem que há de reger todas as nações com vara de ferro! Quem seria este menino? O salmo segundo responde: “Proclamarei o decreto: o SENHOR me disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei. Pede-me, e eu te darei os gentios por herança, e os fins da terra por tua possessão. Tu os esmigalharás com uma vara de ferro; tu os despedaçarás como a um vaso de oleiro” ( Sl 2:7 -9; Is 66:7 ; Ap 19:15 ).

O salmo 2 é messiânico, como atesta o escritor aos Hebreus ( Hb 1:5 ), e, como há somente uma pessoa destinada a reger todas as nações com vara de ferro – Jesus Cristo – podemos afirmar com confiança que o filho da mulher que estava grávida diz da pessoa de Jesus. Somente Cristo há de reger todas as nações de modo firme. A Cristo Deus prometeu as nações por herança e a terra por possessão ( Sl 2:8 ; Is 11:4 ; 1Co 15:24 -25).

O verso 5 contém dois tempos verbais distintos: ‘deu à luz’ e ‘há de reger’, o que demonstra que o filho que havia de nascer da mulher é evento passado (deu à luz), mas o tempo em que o filho da mulher vestida de sol regerá as nações ainda está por vir (há de reger) “E fala-lhe, dizendo: Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Eis aqui o homem cujo nome é RENOVO; ele brotará do seu lugar, e edificará o templo do SENHOR. Ele mesmo edificará o templo do SENHOR, e ele levará a glória; assentar-se-á no seu trono e dominará, e será sacerdote no seu trono, e conselho de paz haverá entre ambos os ofícios” ( Zc 6:12 -13).

Através da profecia de Zacarias temos dois elementos a destacar: Cristo é o renovo do Senhor ( Is 53:2 ). Quando é dito que o renovo brotará do seu lugar, demonstra que o Cristo descenderá da linhagem de Davi e, que é Ele que edifica o templo do Senhor.

Ora, o templo do Senhor é a Igreja, o seu corpo, de modo que a Igreja leva sobre si a glória de Deus. Esta profecia tem relação direta com a Igreja, pois Cristo e a pedra angular do templo construído por Deus e não por mãos humanas ( Ef 2:21 ; At 17:24 ).

Após o templo do Senhor ser erguido, Cristo se assentará no trono do seu Pai, Davi, e regerá as nações com vara de ferro e dominará. Neste tempo não haverá distinção entres os ofícios de rei e sacerdote, pois em Cristo haverá a união de ambos os ofícios “Eis que vêm dias, diz o SENHOR, em que levantarei a Davi um Renovo justo; e, sendo rei, reinará e agirá sabiamente, e praticará o juízo e a justiça na terra” ( Jr 23:5 ).

A visão também demonstra que, embora o dragão estivesse posicionado para destruir o Cristo, não teria êxito na sua empreitada, pois o Cristo é tirado deste mundo para estar com Deus, assentando-se a destra do trono de Deus ( Mt 19:28 ; Is 53:8 ; Dn 9:26 ).

A visão destaca o papel da nação de Israel, e não o papel de um indivíduo. A promessa do Cristo foi feita a Abraão para cumprir-se nos seus descendentes, na nação de Israel, ou seja, não foi feita uma promessa a Maria. Embora o Cristo foi gerado no ventre de Maria, a visão não se refere a ela.

Eva também não é a mulher vestida de sol, apesar de Deus ter dito ao dragão, a antiga serpente que haveria inimizade entre a serpente e a mulher, e entre a descendência do dragão e o descendente da mulher ( Gn 3:15 ).

A Sétima trombeta do capítulo 11, versos 15 à 19 diz respeito ao menino que foi gerado pela mulher e arrebatado para o seu trono. Enquanto o capítulo 12 aponta para o Cristo que há de reger as nações, a Sétima trombeta noticia que o reino do Cristo é inaugurado ( Sl 110:1 -7), a revolta das nações ( Sl 2:1 -12), e o julgamento final.

Em suma, a visão da mulher e do dragão é uma descrição da história de Israel feito com figuras ( Is 54:5 ; Jr 3:6 -10; Os 2:19 -20). Israel é a nação (mulher), escolhida por Deus para trazer o Cristo ao mundo (gravida). Apesar de Satanás, a antiga serpente (dragão) querer devorar o menino que a mulher estava para dar a luz (Jesus), não conseguiu o seu intento, pois o menino que veio ao mundo foi arrebatado por Deus para o seu trono.

A serpente somente feriu o calcanhar do descendente da mulher, mas o descendente da mulher feriu a cabeça da serpente quando foi tomado para Deus ( Gn 3:15 ).

A fuga da mulher
6 E a mulher fugiu para o deserto, onde já tinha lugar preparado por Deus, para que ali fosse alimentada durante mil duzentos e sessenta dias.

A mulher que foge para o deserto não pode ser a igreja, pois a igreja é o corpo de Cristo, e Cristo a cabeça (Mt 16:18 ). A igreja é o corpo de Cristo, e não há registro bíblico de que a igreja tenha gerado um filho.

Não há tempo estabelecido na Bíblia para a igreja (judeus e gentios), de modo que o período de tempo de mil duzentos e sessenta dias (três anos e meio=metade de uma semana de anos=1 semana equivale a sete anos) aplica-se exclusivamente à nação de Israel, como se lê no livro de Daniel ( Dn 9:27 ; Ap 12:14 ).

A visão apresenta os eventos de Israel em ordem cronológica.

A mulher gravida;
O intento do dragão;
O dragão é frustrado;
O filho é tirado para assentar-se no seu trono;
A mulher foge para o deserto;
A mulher fica por um período de tempo sob os cuidados de Deus.
Após Cristo ter sido arrebatado para o seu trono, abriu-se a plenitude dos gentios e a contagem de tempo para mulher foi suspenso ( Rm 11:25 ). Quando for encerrada a plenitude dos gentios, a mulher (Israel) fugirá para o deserto.

‘Deserto’ não diz de um lugar árido, sem água e sem vegetação, antes é uma figura das aflições e provações pertinentes ao período de grande tribulação previsto, quando Deus tratará com o seu povo em particular e, em seguida dar-se-á a conversão de Israel “Portanto, eis que eu a atrairei, e a levarei para o deserto, e lhe falarei ao coração” ( Os 2:14 ).

Observe que Deus tirou Israel de uma terra pagã (Egito) e os atraiu ao deserto, mas não deram credito ao Senhor. Foram provados e reprovados, pois os seus corações permaneciam desejosos das coisas dos Egito ( Nm 11:5 -6; Dt 8:3). Cristo foi levado ao deserto pelo Espírito para ser provado, e venceu ( Mt 4:1 ). A mulher (Israel) ao seu tempo também será levada ao deserto (aflição), onde se converterá ao Senhor.

O que o apóstolo João relata nas suas visões não foi engenhosamente composto por ele, antes ele resignou-se a relatar o que efetivamente viu, pois ao final do Livro do apocalipse a exortação é clara: “Porque eu testifico a todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro que, se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas neste livro” ( Ap 22:18 ).

“Mas ele acrescentou de sua própria colheita algo que todos os pagãos da Ásia Menor eram capazes de reconhecer como parte da antiga representação babilônica da divindade. Muito frequentemente representavam a seus deuses com uma coroa na qual eram representados os doze signos do zodíaco. É como se João tivesse tomado todos os símbolos da divindade e da beleza que conhecia e os tivesse reunido nesta descrição” Barclay, William, Apocalipse, Pág. 298.

A acusação de Barclay é gravíssima e leviana, pois ele aduz que o apóstolo acresceu de si mesmo algo à Revelação. A afirmação de Barclay sugere que a visão de Deus não foi efetiva e que o apóstolo precisou compor de si mesmo a mensagem, lançando mão de símbolos do paganismo.

Se o apóstolo João acresceu de si mesmo algo à visão, elas não são dignas de aceitação, pois não haveria como separar o que é dá ‘colheita’ do apóstolo, e o que seria a visão de Deus.

Tanto Barclay quanto Moody classificam o dragão como arqui-inimigo de Deus, porém, Deus não possui arqui-inimigo. Satanás não está em pé de igualdade com Deus. Satanás é criatura de Deus, nomeia Deus de Altíssimo.

Satanás é inimigo dos homens, e não de Deus. Cogitar que Satanás é inimigo de Deus não passa do imaginário popular e das lendas dos povos. Deste imaginário surgiu o dualismo (bem versus mal), pensamento que não reflete a verdade bíblica.

A queda de Lúcifer
7 E houve batalha no céu; Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão, e batalhavam o dragão e os seus anjos; 8 Mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou nos céus. 9 E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele.

A batalha deste versículo (v. 7) é a explicação da visão da cauda do dragão do verso 4. A batalha se deu antes da mulher dar à luz ao menino, pois a descrição da cauda remete a eventos passados. A cauda aponta para eventos do passado do dragão.

Verso 4: “E a sua cauda levou após si a terça parte das estrelas do céu, e lançou-as sobre a terra; e o dragão parou diante da mulher que havia de dar à luz, para que, dando ela à luz, lhe tragasse o filho”. Primeiro a cauda arrasta após si terça parte das estrelas e, posteriormente o dragão para diante da mulher quando ela ainda não havia dado a luz.

Cronologicamente, primeiro se deu a batalha nos céus (cauda do dragão), evento descrito pela cauda do dragão. O dragão é visto aguardando o nascimento daquele que há de reger as nações, mas o Cristo foi tomando para Deus. A batalha no céu não se deu quando Cristo ressurgiu e foi assunto aos céus e nem se dará na grande tribulação, quando a mulher fugir para o deserto (v. 14).

Enquanto as outras narrativas inicia-se com ‘Viu-se um sinal no céu…’, o verso 7 somente noticia que houve um batalha no céu. Este não é um evento histórico que a humanidade possa comprovar, como é o caso do evento da ‘mulher’ quando ficou frente ao ‘dragão’ que queria devorar o seu ‘filho’.

A visão do dragão e a referência a cauda (v. 4) representa uma ‘batalha’ no céu (vv. 7 -9), porém, foge do exposto na Bíblia a ideia de que uma horda de demônio intentou invadir os céus para lutar contra Cristo.

Quando Cristo ascendeu aos céus, foi lhe dado todo poder. A glória que Jesus Cristo homem possuía antes de haver mundo, voltou a pertencer-Lhe, o que torna descabido uma tentativa de invasão da glória celeste por anjos caídos ( Jo 17:5 ).

Nada há o que ou quem se possa comparar com o poder de Deus. Quando o apóstolo Paulo fala da ação de Deus ao aniquilar o iniquo que virá sobre a eficácia de Satanás, demonstra que o sopro de Deus será suficiente.

A cauda do dragão aponta um evento passado: a rebelião de Satanás e a queda dos anjos, pois não guardaram os seus principados.

Quando nos deparamos com a narrativa de uma batalha no céu, não podemos considerar que houve um embate corpo a corpo, com lanças, espadas e vara paus entre anjos, pois estes seres não estão sujeitos às leis da física. O embate que houve nos céus não se deu à semelhança dos embates que há entre os homens quando em guerra.

A batalha nos céus se deu com palavras, exposição de ideias, assim como foi a disputa a respeito do corpo de Moises e da condição do sumo sacerdote Josué “Mas o arcanjo Miguel, quando contendia com o diabo, e disputava a respeito do corpo de Moisés, não ousou pronunciar juízo de maldição contra ele; mas disse: O Senhor te repreenda” ( Jd 1:9 ); “Mas o SENHOR disse a Satanás: O SENHOR te repreenda, ó Satanás, sim, o SENHOR, que escolheu Jerusalém, te repreenda; não é este um tição tirado do fogo?” ( Zc 3:2 ).

Miguel e os anjos debateram com Satanás e seus anjos ( Ap 12:7 ), porém, Satanás (dragão) não prevaleceu e o seu lugar deixou de ser os céus. A única arma poderosa que há em uma batalha espiritual é a autoridade da palavra da justiça e da verdade: a palavra de Deus.

No verso 9 o apóstolo João descreve a queda de Satanás e dos seus anjos.

O dragão é apontado como a antiga serpente (Diabo, Satanás, Enganador), a mesma que abordou e enganou Eva no jardim do Éden.

Quando o dragão foi precipitado, a sua cauda arrastou após si terça parte das estrelas (anjos) “E a sua cauda levou após si a terça parte das estrelas do céu, e lançou-as sobre a terra” (v. 4). O que o apóstolo João viu em visão, Jesus presenciou acontecer: “E disse-lhes: Eu via Satanás, como raio, cair do céu” ( Lc 10:18 ).

O dragão foi o querubim que Deus criou e o empossou como guarda no monte santo que ficava no Éden antes da criação e queda do homem. O lugar deste querubim não era os céus junto as outras estrelas de Deus, antes ficava no Éden ( Ez 28:13 ).

Este querubim nunca regeu corais de anjos, como sugere o imaginário popular, antes ele era guarda. Como guarda, possuía indumentária que o distinguia dos demais anjos e o tornava investido de autoridade sobre os demais ( Ez 28:13 -14).

Satanás, quando foi criado, era perfeito, tanto em formosura quanto em sabedoria ( Ez 28:12 ), mas certa ocasião achou-se iniquidade nele, pois quis lucrar (comércio) com a sua posição. Aquilo que ele foi comissionado para guardar, seu coração desejou e seu interior encheu-se de violência (injustiça), pois passou a dizer em seu coração “Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono; no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do norte. Subirei acima das mais altas nuvens, serei semelhante ao Altíssimo” ( Is 14:13 -14).

Ele não guardou a sua posição (principado), a de guarda, pois ficou interessado na posição que seria dada a Cristo e os seus descendentes: a semelhança do Altíssimo. Enquanto Satanás acreditou que subir acima dos outros anjos (estrelas de Deus) o tornaria ‘semelhante’ ao Altíssimo, Deus desceu para fazer o homem a sua imagem e semelhança.

Satanás não buscou ser igual a Deus ou ser maior que o próprio Deus, pois não é factível que a criatura tome o lugar do Criador. Satanás, quando estabelece o seu plano, nomeia o Criador de Altíssimo em seu coração ( Is 14:14 ), pois Deus é o inatingível. Satanás buscou a semelhança, o que Deus propôs conceder aos homens.

“Há nas Escrituras o eco de uma antiga tradição sobre uma guerra que se teria travado no céu. Segundo esta história Satanás teria sido um anjo tão ambicioso para querer ser maior que Deus. Concebeu, assim, a ideia impossível de colocar seu trono mais alto que o trono divino (2 Enoque 29:4-5)” Barcley Pág. 304.

Outra colocação descabida de Barcley, é a de que há eco da tradição nas Escrituras. As estórias, fábulas e impressões narradas pela tradição não foram recepcionadas nas Escrituras, pois a tradição não é a infalível revelação de Deus.

Quando o dragão subiu do Éden e chegou aos céus, tentou convencer os anjos de que o seu intento era plausível. Nesta empreitada a terça parte dos anjos o seguiu e foram precipitados da sua posição (Jd 1:6 ). Por causa do seu resplendor, sabedoria e formosura, Satanás achou-se digno de lançar mão da semelhança do Altíssimo, porém, esta glória estava reservada para o Verbo encarnado quando retornasse à glória do Pai “Quanto a mim, contemplarei a tua face na justiça; eu me satisfarei da tua semelhança quando acordar” ( Sl 17:15 ); “O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da majestade nas alturas” ( Hb 1:3 ).

Embora fosse guarda no Éden e vislumbrasse a nova posição na hierarquia celestial que estava para surgir, a de semelhante ao Altíssimo, o dragão não compreendia o mistério da multiforme sabedoria de Deus, que só foi revelado aos anjos através da Igreja: que Cristo é a expressa imagem de Deus, a cabeça da igreja, e que todos os que ressurgem com Ele serão semelhantes a Ele “O qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação” ( Cl 1:15 e 18; 1Jo 3:2 ; Ef 3:10 ).

Enquanto o apóstolo João narra os eventos pertinentes à cauda do dragão nos versos 7 à 9, Barcley sugere que Satanás perseguiu o Cristo quando foi tomado para assentar-se no seu trono “A ideia é que a fúria do dragão era tal que seguiu ao Messias até o próprio céu, onde lhe saíram ao encontro Miguel e suas legiões, os quais conseguiram lançá-lo de volta ao abismo” Idem, Pág. 304.

Quem é Satanás (criatura) para se opor ao Senhor Jesus Cristo (Criador) glorificado? Como a criatura pode opor-se ao Criador? O Criador não pode defender-se a Si mesmo que dependa de seus ministros mensageiros (anjos)?

Salvação, força e o reino
10 E ouvi uma grande voz no céu, que dizia: Agora é chegada a salvação, e a força, e o reino do nosso Deus, e o poder do seu Cristo; porque já o acusador de nossos irmãos é derrubado, o qual diante do nosso Deus os acusava de dia e de noite. 11 E eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho; e não amaram as suas vidas até à morte. 12 Por isso alegrai-vos, ó céus, e vós que neles habitais. Ai dos que habitam na terra e no mar; porque o diabo desceu a vós, e tem grande ira, sabendo que já tem pouco tempo.

O apóstolo João ouviu uma grande voz que anuncia um novo tempo. ‘Agora’, o dia sobremodo oportuno, o dia de salvação está vinculado ao nascimento do menino que a ‘mulher’ deu a luz. O menino que nasceu é o Filho que Deus prometeu através do profeta Isaías: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz. Do aumento deste principado e da paz não haverá fim, sobre o trono de Davi e no seu reino, para o firmar e o fortificar com juízo e com justiça, desde agora e para sempre; o zelo do SENHOR dos Exércitos fará isto” ( Is 9:6 -7).

Com o nascimento de Cristo veio salvação a todos os homens. Por intermédio de Cristo foi concedido salvação, o poder de serem feitos filhos de Deus. Cristo estabelece o reino de Deus, pois o evangelho é poder de Deus para salvação dos que creem.

Através da morte de Cristo, que se deu em obediência ao Pai, o dragão que se opunha dia e noite aos servos de Deus – Satanás – é vencido (derrubado) “Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no meu trono; assim como eu venci, e me assentei com meu Pai no seu trono” ( Ap 3:21 ); “Desde agora o Filho do homem se assentará à direita do poder de Deus” ( Lc 22:69 ).

A descrição de que o filho que a mulher dera a luz foi arrebatado para Deus e para o seu trono apresenta o Cristo como vencedor “E deu à luz um filho homem que há de reger todas as nações com vara de ferro…” ( v. 5; Mt 25:31 -32 ; Mt 19:28 ; Ap 19:15 ; Ap 3:21 ).

Os versos 10 à 12 de Apocalipse 12 demonstram que os que creem em Cristo são vencedores por causa da morte do Cordeiro de Deus e da palavra do seu testemunho (evangelho). Quem crê em Cristo não ama a sua própria vida, antes abriram mão dela “Porque, qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas qualquer que, por amor de mim, perder a sua vida, a salvará” ( Lc 9:24 ).

“E não amaram as suas vidas até à morte” (v. 9), não é o mesmo que ser martirizado, antes a entrega total a Cristo, crendo no evangelho, pois ao crer no enviado de Deus, o homem morre com Cristo e deixa de viver, e a vida que passa a viver, vive-a na fé no Filho de Deus “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim” ( Gl 2:20 ).

O pensamento: “O martírio é, por si mesmo, uma vitória sobre Satanás. O mártir, esse homem que preferiu sofrer antes que negar sua fé ou claudicar só uma milésima parte de sua lealdade, é alguém que demonstrou ser superior a qualquer tentação de Satanás, a suas ameaças e até a sua violência” Barcley, Pág. 309., não reflete a verdade do evangelho, pois o que vence o mundo é a personificação da fé, ou seja, a fé manifesta, e não a disposição em ser mártir “Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé” ( 1Jo 5:4 ); “Mas, antes que a fé viesse, estávamos guardados debaixo da lei, e encerrados para aquela fé que se havia de manifestar” ( Gl 3:23 ).

Diante das boas novas anunciadas – de que Cristo assentou-se no seu trono vencedor e que os que creem também são vencedores – é proclamado aos céus que exultem “Por isso alegrai-vos, ó céus, e vós que neles habitais” (v. 12).

Enquanto os que habitam os céus exultam, é lançado um ‘Ai’ sobre os moradores do mundo (terra e mar). Em seguida a voz que o apóstolo João ouve apresenta o motivo: “… porque o diabo desceu a vós, e tem grande ira, sabendo que já tem pouco tempo” (v. 12).

A mulher no deserto
13 E, quando o dragão viu que fora lançado na terra, perseguiu a mulher que dera à luz o filho homem. 14 E foram dadas à mulher duas asas de grande águia, para que voasse para o deserto, ao seu lugar, onde é sustentada por um tempo, e tempos, e metade de um tempo, fora da vista da serpente.

O evangelista João vê quando o dragão (Satanás) se dá conta que perdera o seu principado ao ser lançado na terra (cauda do dragão), e passou a perseguir a mulher (Israel).

As Escrituras mostra que Israel, como nação, sofreu e sofre perseguição, porém, o evangelista descreve um período específico estabelecido para a mulher (mil duzentos e sessenta dias), quando é concedidas asas de grande águia (providência semelhante à concedida a Israel quando tirado com mão forte do Egito), para que a mulher voasse (deslocasse) para o deserto ( Ex 19:4 ).

O deserto é lugar de juízo, prova, onde a mulher (Israel) permanecerá por um período estabelecido: um tempo, e tempos, e metade de um tempo “E o juízo habitará no deserto, e a justiça morará no campo fértil” ( Is 32:16 ; Os 2:14 ; Ez 34:25 ; Jr 31:2 ; Mq 7:15 ).

O ‘deserto’ é frequente na história de Israel, assim como os ‘períodos de tempos’ estabelecidos. É no deserto que Deus fala ao coração do seu povo “Portanto, eis que eu a atrairei, e a levarei para o deserto, e lhe falarei ao coração” ( Os 2:14 ).

Inicialmente foi profetizado a Abraão a aflição dos seus descendentes em terra alheia e o tempo de permanência do povo de Israel no Egito: “Então disse a Abrão: Sabes, de certo, que peregrina será a tua descendência em terra alheia, e será reduzida à escravidão, e será afligida por quatrocentos anos” ( Gn 15:13 ).

Quando o povo de Israel foi tirado do Egito, foi Deus quem os guiou ao deserto por um caminho mais extenso, um cuidado para que não voltassem ao Egito ( Ex 13:17 ), de modo que Faraó chegou à conclusão que o povo estava embaraçado e presos no deserto ( Ex 14:3 ).

Os espias passaram quarenta dias observando a terra prometida ( Nm 13:25 ), e quando não confiaram no Senhor e não quiseram entrar na terra prometida, foi estabelecido um ano para cada dia que espiaram a terra, de modo que foram afligidos por quarenta anos no deserto ( Nm 14:34 ).

Moisés deixou claro que a aflição por quarenta anos no deserto era para dar entender ao povo que não é de pão que o homem vive, antes que vive pela palavra que sai da boca de Deus ( Dt 8:3 ). Ora, o deserto é lugar de humilhação, prova e instrução. É o lugar em que o povo de Israel tem um encontro com Deus.

Assim como Israel foi conduzido por Deus ao deserto para ser provado, Jesus foi conduzido ao deserto para ser provado ( Mt 4:1 ). No deserto há um embate entre a verdade e a mentira, entre o engano do diabo e a verdade da palavra de Deus.

A mulher da visão do apóstolo João será conduzida ao deserto e será posta a prova. De um lado haverá um rio para traga-la, e do outro a terra para absorver o rio.

Assim como Israel foi tirado do Egito e conduzido ao deserto para lançarem de si os seus ídolos, a ‘mulher’ (Israel) será conduzida ao deserto onde Deus entrará em juízo com a nação de Israel “O que fiz, porém, foi por amor do meu nome, para que não fosse profanado diante dos olhos dos gentios, no meio dos quais estavam, a cujos olhos eu me dei a conhecer a eles, para os tirar da terra do Egito. E os tirei da terra do Egito, e os levei ao deserto (…) E vos levarei ao deserto dos povos; e ali face a face entrarei em juízo convosco; Como entrei em juízo com vossos pais, no deserto da terra do Egito, assim entrarei em juízo convosco, diz o Senhor DEUS. Também vos farei passar debaixo da vara, e vos farei entrar no vínculo da aliança” ( Ez 20:9 -10 e 35 -37).

Assim como Israel saiu do Egito e passou quarenta anos no deserto sendo sustentado e provado por Deus por causa da incredulidade, de igual modo está estabelecido que a mulher ficará um tempo, e tempos, e metade de um tempo sustentada e cuidada por Deus em tempos de aflição qual nunca houve, de modo que os filhos de Israel lançarão de si os seus ídolos e passarão a confiar em Deus “E te lembrarás de todo o caminho, pelo qual o SENHOR teu Deus te guiou no deserto estes quarenta anos, para te humilhar, e te provar, para saber o que estava no teu coração, se guardarias os seus mandamentos, ou não. E te humilhou, e te deixou ter fome, e te sustentou com o maná, que tu não conheceste, nem teus pais o conheceram; para te dar a entender que o homem não viverá só de pão, mas de tudo o que sai da boca do SENHOR viverá o homem. Nunca se envelheceu a tua roupa sobre ti, nem se inchou o teu pé nestes quarenta anos. Sabes, pois, no teu coração que, como um homem castiga a seu filho, assim te castiga o SENHOR teu Deus” ( Dt 8:2 -5).

No período de grande tribulação, a mulher será levada ao deserto porque somente os que ‘habitam’ no deserto inclinarão perante o Cristo glorificado “Aqueles que habitam no deserto se inclinarão ante ele, e os seus inimigos lamberão o pó” ( Sl 72:9 ). Quando os que sobrarem de Israel naquele dia inclinar-se perante o renovo do Senhor, e chorarem amargamente ao verem aquele que trespassaram, os seus inimigos serão derrotados “Naquele dia o renovo do SENHOR será cheio de beleza e de glória; e o fruto da terra excelente e formoso para os que escaparem de Israel” ( Is 4:2 ); “Mas sobre a casa de Davi, e sobre os habitantes de Jerusalém, derramarei o Espírito de graça e de súplicas; e olharão para mim, a quem traspassaram; e pranteá-lo-ão sobre ele, como quem pranteia pelo filho unigênito; e chorarão amargamente por ele, como se chora amargamente pelo primogênito” ( Zc 12:10 ).

Cumprir-se-á a promessa: “E todos os do teu povo serão justos, para sempre herdarão a terra; serão renovos por mim plantados, obra das minhas mãos, para que eu seja glorificado” ( Is 60:21 ).

Após a provação e as aflições daqueles dias se cumprirá a promessa: “Dize-lhes pois: Assim diz o Senhor DEUS: Eis que eu tomarei os filhos de Israel dentre os gentios, para onde eles foram, e os congregarei de todas as partes, e os levarei à sua terra. E deles farei uma nação na terra, nos montes de Israel, e um rei será rei de todos eles, e nunca mais serão duas nações; nunca mais para o futuro se dividirão em dois reinos. E nunca mais se contaminarão com os seus ídolos, nem com as suas abominações, nem com as suas transgressões, e os livrarei de todas as suas habitações, em que pecaram, e os purificarei. Assim eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus. E meu servo Davi será rei sobre eles, e todos eles terão um só pastor; e andarão nos meus juízos e guardarão os meus estatutos, e os observarão. E habitarão na terra que dei a meu servo Jacó, em que habitaram vossos pais; e habitarão nela, eles e seus filhos, e os filhos de seus filhos, para sempre, e Davi, meu servo, será seu príncipe eternamente. E farei com eles uma aliança de paz; e será uma aliança perpétua. E os estabelecerei, e os multiplicarei, e porei o meu santuário no meio deles para sempre. E o meu tabernáculo estará com eles, e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo” ( Ez 37:21 -27).

A perseguição da serpente
15 E a serpente lançou da sua boca, atrás da mulher, água como um rio, para que pela corrente a fizesse arrebatar. 16 E a terra ajudou a mulher; e a terra abriu a sua boca, e tragou o rio que o dragão lançara da sua boca.

A serpente é Satanás, o dragão que perseguiu a mulher ( Ap 12:9 ; Ap 20:2 ). Satanás arremessa de sua boca atrás da mulher ‘água como um rio’. Ora, o que sai da boca de Satanás é engano (lançou) ( Jo 8:44 ).

Mas, o engano, a mentira que é lançada da boca da Serpente compara-se a águas torrenciais de um rio. ‘Água’ representa doutrina, mensagem, palavra, que na figura, diz da palavra do engano, da mentira.

O salmista – ao falar da vaidade e da falsidade – demonstra que o engano é comparável as muitas águas de um rio “Estende as tuas mãos desde o alto; livra-me, e arrebata-me das muitas águas e das mãos dos filhos estranhos, Cuja boca fala vaidade, e a sua mão direita é a destra de falsidade” ( Sl 144:7 -8; Sl 72:14 ).

Somente Deus pode livrar o homem da boca daqueles que proferem vaidade (mentira) cuja força (destra) é a falsidade.

Quando o salmista faz a seguinte declaração: “Por isso, todo aquele que é santo orará a ti, a tempo de te poder achar; até no transbordar de muitas águas, estas não lhe chegarão. Tu és o lugar em que me escondo; tu me preservas da angústia; tu me cinges de alegres cantos de livramento” (Selá.) ( Sl 32:6 -7), o ‘transbordar das muitas águas’ refere-se ao espírito de engano, à mentira.

Somente os que confiam na palavra de Deus estão protegidos (abrigados, escondidos) dos lábios mentirosos ( Sl 32:2 ; Sl 31:18 e 20), mesmo que o engano ‘transborde’, não arrebatará o que crê.

A ação de Satanás sempre se processou através do engano, da mentira, mas, as ações da serpente descritas nos versos 15 à 17 dar-se-á em um período específico e de dois modos.

No verso 15 e 16 é exposto qual será o primeiro modo de atuação da serpente ao perseguir a ‘mulher’, e no verso 17 vê-se que a tática da Serpente mudará, conforme se depreende da mudança que há na visão, pois inicialmente o verso aponta para a Serpente e após utiliza a figura da Serpente, o dragão. Em decorrência da sua ira, o dragão porá em aperto a mulher através da guerra utilizando-se dos reis e reinos da terra.

No início da última semana de anos (sete anos) que terá início após o termino da plenitude dos gentios ( Rm 11:25 ), a ação da serpente será ‘destilar’ o seu veneno por três anos e meio. Será um período de engano, a mentira agirá de modo torrencial. O engado terá o seu curso através de falsos profetas e falsos cristos ( Mt 24:5 e 11; Mt 24:24 -26).

A mentira proveniente da boca da serpente, que é comparável a um rio, se dará em decorrência da manifestação do iníquo que virá sobre a eficácia de Satanás “E então será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca, e aniquilará pelo esplendor da sua vinda; a esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira, e com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem” ( 2Ts 2:9 -10).

No verso 15 a ‘água’ simboliza doutrina, que por ser proveniente da boca da serpente refere-se ao engano, portanto, diz da doutrina de engano “Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira” ( Jo 8:44 ).

As mentiras serão torrenciais e pelos sinais e prodígios de mentira operados pelo homem do pecado, o filho da perdição, angariará a credibilidade de modo que fará uma aliança com muitos em Israel ( 2Ts 2:4 ; Dn 9:27 ).

O iníquo é apresentado no capítulo 12 como a besta que subiu da terra e que possui dois chifres semelhantes aos de carneiros, mas que fala como o dragão ( Ap 13:11 ). Além do engano proveniente dos ‘chifres’ que tem aparência de carneiro (falsos profetas), farão grandes sinais e até fogo farão descer dos céus enganando a muitos ( Ap 13:13 -14).

Este período é descrito por Cristo como princípio das dores ( Mt 24:8 ), um período de grande apostasia, visto que os falsos profetas enganarão a muitos e a besta que subiu da terra fará aliança com muitos “E ele firmará aliança com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador” ( Dn 9:27 ).

Neste período a ‘terra’ ajudará a mulher, tragando o rio que o dragão lançara. A terra diz da providencia divina em dar as duas testemunhas que profetizará vestidas de saco por um tempo, dois tempos e metade de um tempo, opondo-se a besta que subiu da terra ( Ap 11:3 ).

Da mesma forma que a vara de Moisés engoliu as serpentes dos encantadores do Egito, a ação das ‘duas oliveiras e dos dois candeeiros’ que estão diante do Senhor de toda a terra (as duas testemunhas) será profetizar e realizar sinais assim como fizera Moisés ( Ap 11:3 -8; Zc 4:11 -14).

Mas como a inundação proveniente da boca de Satanás não subverterá a mulher, pois ela permanecerá no deserto cercada dos cuidados de Deus “Então temerão o nome do SENHOR desde o poente, e a sua glória desde o nascente do sol; vindo o inimigo como uma corrente de águas, o Espírito do SENHOR arvorará contra ele a sua bandeira” ( Is 59:19 ). Enquanto a mulher (Israel) permanecerá no deserto, haverá israelitas que farão aliança com a besta que subiu do mar, pois Satanás enganará a muitos ( Mt 24:11 ).

Satanás na sua ira (agora representado na visão como dragão), fará guerra ao ‘remanescente’ da ‘semente’ da mulher. Será um período de aflição, perseguição e de guerra jamais visto ( Mt 24:22 ), e o alerta de Cristo será o terreno firme (terra) que tragará a mentira (água) dos falsos cristos e profetas que impelirá os remanescentes a deixarem o deserto ou seus esconderijos: “Então, se alguém vos disser: Eis que o Cristo está aqui, ou ali, não lhe deis crédito; Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos. Eis que eu vo-lo tenho predito. Portanto, se vos disserem: Eis que ele está no deserto, não saiais. Eis que ele está no interior da casa; não acrediteis” ( Mt 24:23 -26).

É em função do volume de engano daqueles dias que é asseverado: “Não creiais no amigo, nem confieis no vosso guia; daquela que repousa no teu seio, guarda as portas da tua boca” ( Mq 7:5 ). Se os próprios da nação disserem: – ‘Olha, o Cristo está ali’, não é para crerem, pois naqueles dias por causa do engano torrencial os inimigos serão os da própria nação “E então, se alguém vos disser: Eis aqui o Cristo; ou: Ei-lo ali; não acrediteis” ( Mc 13:21 ); “Guardai-vos cada um do seu próximo, e de irmão nenhum vos fieis; porque todo o irmão não faz mais do que enganar, e todo o próximo anda caluniando” ( Jr 9:4 ).

O capítulo 7 de Miquéias demonstra qual será a confusão que se abaterá sobre os filhos de Israel e quando se dará a manifestação do Cristo: em um período de aflição qual nunca houve e nem haverá “E os entendidos entre o povo ensinarão a muitos; todavia cairão pela espada, e pelo fogo, e pelo cativeiro, e pelo roubo, por muitos dias” ( Dn 11:35 ; Jr 9:7 ; Is 48:10 ).

A ira do dragão
17 E o dragão irou-se contra a mulher, e foi fazer guerra ao remanescente da sua semente, os que guardam os mandamentos de Deus, e têm o testemunho de Jesus Cristo.

Além de lançar da sua boca ‘água com um rio’, na sua ira a Serpente (dragão) através de dez reinos (dragão vermelho, que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre as suas cabeças sete diademas) fará guerra ao ‘remanescente’ da sua ‘semente’.

O dragão, através dos reinos e reis da terra porá em aperto o ‘remanescente da semente, os que guardam os mandamentos de Deus, e têm o testemunho de Jesus Cristo’. Este aperto virá em decorrência da ‘inundação’ de engano. Neste tempo há uma nítida diferença entre os que restarem da semente da mulher e a mulher, visto que o remanescente conhece o Cristo e guarda o seu testemunho, enquanto a mulher ainda não conhece o Cristo, apesar de estar ao abrigo de Deus no deserto.

Quando o salmista diz: “Ainda que as águas rujam e se perturbem…” ( Sl 46:3 ), ele faz referência as nações enfurecidas: “As nações se embravecem…” ( Sl 46:6 ); “Rugirão as nações, como rugem as muitas águas, mas Deus as repreenderá e elas fugirão para longe; e serão afugentadas como a pragana dos montes diante do vento, e como o que rola levado pelo tufão” ( Is 17:13 ; Sl 124 ; Sl 93 ).

Mas, para falarmos do ‘remanescente’ da sua semente, ou seja, dos que guardam os mandamentos de Deus, é necessário destacar que, no Antigo Testamento os povos da face da terra subdividiam-se em judeus e gentios. Havia uma grande separação, como atesta o apóstolo Paulo: “… naquele tempo estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo” ( Ef 2:12 ).

Com o advento de Cristo e a rejeição de Israel, inaugurou-se a chamada ‘plenitude dos gentios’, de modo que de dois povos (judeus e gentios) foi feito um. Foi desfeita a inimizade, foi destruída a barreira de separação, e a igreja foi formada de ambos os povos ( Ef 2:14 ; Rm 11:12 e Rm 11:25 ).

Por Deus ter chamado Abraão dentre os gentios e feito a promessa, os filhos de Jacó estabeleceram um distinção entre os gentios e os descendentes da carne de Abraão, embora as Escrituras protestasse contra eles dizendo: “Desviaram-se todos, e juntamente se fizeram imundos; não há quem faça o bem, não, nem sequer um” ( Sl 53:3 ).

O verdadeiro judeu seria o circuncidado no coração, porém, os filhos de Israel acreditavam que eram diferentes dos demais povos por praticarem a circuncisão do prepúcio (trocaram a realidade pela figura). Sabedor desta verdade ( Rm 2:29 ), de que não há distinção entre os povos quanto a salvação, o apóstolo Paulo desenvolveu o seu ministério entre os gentios “Porque convosco falo, gentios, que, enquanto for apóstolo dos gentios, exalto o meu ministério” ( Rm 11:13 ), e o apóstolo Pedro entre os judeus.

Independente de ministério, a igreja de Cristo é a união de todos os povos em um só corpo, e Cristo a cabeça ( Ef 5:23 ).

Neste tempo presente (plenitude dos gentios), há judeus que são salvos, porém, são salvos pela graça que há em Cristo quando creem n’Ele como o Cristo de Deus. Como são poucos os judeus que reconhecem o senhorio de Cristo, o apóstolo Paulo os chama de ‘remanescente’ “Assim, pois, também agora neste tempo ficou um remanescente, segundo a eleição da graça” ( Rm 11:5 ).

O apóstolo Paulo lembra o seguinte a respeito do povo de Israel: “Assim que, quanto ao evangelho, são inimigos por causa de vós; mas, quanto à eleição, amados por causa dos pais” ( Rm 11:28 ). Vale destacar que, o remanescente de Romanos 11, verso 5 não é o mesmo remanescente de Apocalipse 12, verso 17.

A Igreja de Cristo inaugurou um reino celestial, de modo que Jesus disse: “Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui” ( Jo 18:36 ), mas quando da sua segunda vinda, Deus entregará os reinos deste mundo ao Filho, e Ele há de reger as nações e se assentará sobre o trono de Davi “Este será grande, e será chamado filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai” ( Lc 1:32 ).

Após o arrebatamento da igreja terá início a contagem da última semana de anos prevista a Daniel (um tempo, dois tempos e metade de um tempo), quando se dará a plenitude do povo de Israel ( Rm 11:12 ). Neste ‘tempo’ a Igreja estará reunida com Cristo nos céus participando das bodas do Cordeiro.

Lembrando que, quando o evangelho de Cristo foi anunciado, foi anunciado aos homens de boa vontade “Glória a Deus nas alturas, Paz na terra, boa vontade para com os homens” ( Lc 2:14 ), e, quando iniciar o princípio de dores do qual Jesus falou, será necessário que o evangelho do reino em todo o mundo seja pregado para testemunho de todas as nações: “E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim” ( Mt 24:14 ; Ap 14:6 -7).

O objetivo fim do evangelho de Cristo é a salvação do crente, que passa a compor o corpo de Cristo e que será arrebatado quando da vinda de Cristo. Já o evangelho do reino tem por objetivo as nações que, antes do reino milenar de Cristo iniciar, serão julgadas.

O fim não está relacionado com o arrebatamento da igreja, portanto, o arrebatamento não depende de que o ‘evangelho do reino’ seja apregoado ‘a todo o mundo e a todas as nações’. Mas, como evangelho do reino precede o fim, deve ser anunciado ‘a todo o mundo e a todas as nações’.

O capítulo 12 de Apocalipse trata tão somente da mulher, ou seja, de Israel como a nação escolhida por Deus para trazer ao mundo o Cristo. Daí vale salientar que a visão da mulher vestida do sol não se refere à Igreja de Cristo, e em momento algum faz alusão a ela.

O verso destaca que o dragão irou-se contra a mulher, e saiu resoluto a fazer guerra contra os demais, ou seja, aos que restaram da descendência. Outras traduções rezam: ‘… e foi fazer guerra ao remanescente da sua semente’.

‘Os que restaram’ é o mesmo que ‘remanescente’, e a ‘descendência’ o mesmo que ‘semente’, ou do grego ‘sperma’ (esperma, semente, filho). No verso ‘descendência’ ou ‘semente’ está no singular, como se apontasse para uma única semente, e não para muitos ‘filhos’, como algumas traduções sugerem.

Na visão a mulher é apresentada tendo um único filho, de modo que a nação de Israel embora sendo muitos é apresentada por uma única figura: a mulher, e a mulher dá a luz a um único filho.

Vale frisar que, assim como o apóstolo Paulo destacou que a promessa foi feita ao pai Abraão e a seu descendente, de modo que a promessa não era para os seus ‘descendentes’ (como falando de muitos, mas como falando de um só), vale destacar que o descendente é Cristo, ou seja, a semente.

Apesar de o dragão irar-se contra a mulher, o dragão é visto fazendo guerra contra o remanescente da semente da mulher, e não contra o remanescente da mulher. Na visão não é representado o remanescente da mulher, antes é apontado o remanescente da ‘semente’ da mulher – Cristo – que são os que guardam os mandamentos de Deus e que possuem o testemunho de Jesus.

Vale distinguir dois grupos de remanescente. O ‘remanescente’ da semente, ou seja, o remanescente de Cristo, aqueles que se converterem a Cristo no período de tribulação após o arrebatamento da Igreja, e o remanescente de Israel, que são os judeus que aguardam a manifestação do Messias.

O remanescente da semente refere-se aos mártires que serão mortos na grande tribulação e que são provenientes de todos os povos, línguas e nações, e que ressurgirão e reinarão com Cristo por mil anos ( Ap 20:5 ). Estes homens serão mortos no período de tribulação e grande tribulação, mas voltarão a vida (ressurgirão) como homens e serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com Cristo sobre todos os reinos da terra ( Ap 20:6 ).

O ‘remanescente’ de Israel refere-se aos judeus que permanecerão vivos no período de grande tribulação e entrarão no reino milenar de Cristo “E todos os do teu povo serão justos, para sempre herdarão a terra; serão renovos por mim plantados, obra das minhas mãos, para que eu seja glorificado” ( Is 60:21 ). Este ‘remanescente’ será os judeus que verão o Cristo (Aquele que trespassaram) quando Ele colocar os seus pés sobre o Monte das Oliveiras, desfazendo com o sopro da sua boca o iniquo ( Zc 12:10 e Zc 14:4 ).

Ambos remanescentes entrarão no reino milenar de Cristo, a distinção está em que o ‘remanescente’ da semente é proveniente de todos os povos, línguas e nações e que durante o período de grande tribulação serão mortos por causa do testemunho de Cristo, pois não adoraram a besta, nem a sua imagem, e o remanescente de Israel serão os que permanecerão vivos durante o período de grande tribulação e entrarão no reino com Cristo “… e vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus, e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta, nem a sua imagem, e não receberam o sinal em suas testas nem em suas mãos; e viveram, e reinaram com Cristo durante mil anos” ( Ap 20:4 ); “E, havendo aberto o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram” ( Ap 6:9 ).

O remanescente da semente é proveniente de todas as tribos, línguas e nações, que serão apresentados diante do trono de Deus com vestes brancas e palmas nas mãos, pois foram cortados da terra no período de grande tribulação por não se dobrarem perante a besta. No fim da grande tribulação serão ressuscitados, e reinarão com Cristo por mil anos juntamente com os filhos de Israel que escaparem com vida do aperto das nações “…e viveram, e reinaram com Cristo durante mil anos” ( Ap 20:4 ).

Sobre a guerra que se fará ao remanescente de Israel escreveu o profeta Zacarias: “Porque eu ajuntarei todas as nações para a peleja contra Jerusalém; e a cidade será tomada, e as casas serão saqueadas, e as mulheres forçadas; e metade da cidade sairá para o cativeiro, mas o restante do povo não será extirpado da cidade” ( Zc 14:2 ). E é este o diagnostico de Isaías: “Também Isaías clama acerca de Israel: Ainda que o número dos filhos de Israel seja como a areia do mar, o remanescente é que será salvo” ( Rm 9:27 ); “Porque ainda que o teu povo, ó Israel, seja como a areia do mar, só um remanescente dele se converterá; uma destruição está determinada, transbordando em justiça” ( Is 10:22 ).

Há uma guerra descrita pelo profeta Zacarias que antecede o período de mil anos que não possui registro nos anais da história, visto que o seu desfecho envolverá uma intervenção maravilhosa jamais imaginada anteriormente por homem algum segundo o que foi descrito pelo profeta: apodrecimento repentino das carnes dos cavaleiros e de suas montarias “E esta será a praga com que o SENHOR ferirá a todos os povos que guerrearam contra Jerusalém: a sua carne apodrecerá, estando eles em pé, e lhes apodrecerão os olhos nas suas órbitas, e a língua lhes apodrecerá na sua boca. Naquele dia também acontecerá que haverá da parte do SENHOR uma grande perturbação entre eles; porque cada um pegará na mão do seu próximo, e cada um levantará a mão contra o seu próximo” ( Zc 14:12 -13 e 15), então Deus fará o remanescente herdarem o reino ( Dn 7:14 e 18).

Esta guerra será um embate de exércitos e de reinos sob o comando do dragão (que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre as suas cabeças sete diademas) que colocará a cidade de Israel em aperto por um tempo, dois tempos e metade de um tempo ( Dn 7:25 ), restando nela os que aguardam o socorro do Messias e que naquele dia dirão: – ‘Bendito o que vem em nome do Senhor’ “Porque eu vos digo que desde agora me não vereis mais, até que digais: Bendito o que vem em nome do Senhor” ( Mt 23:39 ); “Eu, porém, olharei para o SENHOR; esperarei no Deus da minha salvação; o meu Deus me ouvirá” ( Mq 7: 7 ).

Este aperto se dará em função de Deus utilizar as aflições decorrentes da guerra perpetrada pelo dragão como crisol para ‘provar’ e ‘purificar’ a nação, de modo que 2/3 serão mortos ( Zc 13:8 ) e 1/3 do que sobrar sofrerá provações comparáveis ao ouro e a prata quando purificados no fogo ( Zc 13:9 ; Ml 3:3 ; Sf 3:13 ).

O que sobrar deste 1/3 passará pelo ‘fogo’, e o que restar será o remanescente de Israel que será salvo “Também Isaías clama acerca de Israel: ainda que o número dos filhos de Israel seja como a areia do mar, o remanescente é que será salvo” ( Rm 9:27 ).

O remanescente da semente são os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus Cristo. O remanescente da semente não são os remanescentes de Israel, pois em vários textos bíblicos há um protesto de que eles não guardam a aliança.

Guardar o testemunho é crer no Cristo, o que Israel como nação não fará até que vejam o Cristo trespassado. Os remanescentes da semente são descritos como ‘bem-aventurados’, pois eles creram ( Ap 20:6 ), já o remanescente de Israel terá que ver o Cristo para se render a Ele, quando serão salvos ( Zc 12:14 ). Quando estiverem em aperto invocarão ao Senhor ( Ml 3:16 ; Mt 23:39 ), e Cristo virá: “E da sua boca tirarei o seu sangue, e dentre os seus dentes as suas abominações; e ele também ficará como um remanescente para o nosso Deus; e será como governador em Judá, e Ecrom como um jebuseu” ( Zc 9:7 ); “O remanescente de Israel não cometerá iniquidade, nem proferirá mentira, e na sua boca não se achará língua enganosa; mas serão apascentados, e deitar-se-ão, e não haverá quem os espante. Canta alegremente, ó filha de Sião; rejubila, ó Israel; regozija-te, e exulta de todo o coração, ó filha de Jerusalém” ( Sf 3:13 -14); “Por isso levantou a sua mão contra eles, para os derrubar no deserto; Para derrubar também a sua semente entre as nações, e espalhá-los pelas terras” ( Sl 106:26 -27 ; Ap 13:1 ; Dn 7:25 ).

Durante a perseguição da serpente (grande tribulação) muitos filhos de Israel terão a mão amiga de alguns povos e nações, que serão favoráveis aos ‘pequeninos irmãos’ de Jesus (judeus dispersos), dando a eles o que comer quanto tiverem fome, ou água quando estiverem com sede ( Mt 25:35 -40), e serão estas nações e povos que, quando julgados ouvirão: – “Vinde, benditos de meu pai, possui por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo” ( Mt 25:34 ).

Já com relação ao remanescente de todas as tribos, línguas e nações, são os que “não adorarem a besta e a sua imagem e nem aceitarem o ‘sinal’ da besta”, antes esperarão no Senhor, ou seja, são os que “guardam o mandamento e tem a promessa de Jesus” “E seguiu-os o terceiro anjo, dizendo com grande voz: Se alguém adorar a besta, e a sua imagem, e receber o sinal na sua testa, ou na sua mão, Também este beberá do vinho da ira de Deus, que se deitou, não misturado, no cálice da sua ira; e será atormentado com fogo e enxofre diante dos santos anjos e diante do Cordeiro. E a fumaça do seu tormento sobe para todo o sempre; e não têm repouso nem de dia nem de noite os que adoram a besta e a sua imagem, e aquele que receber o sinal do seu nome. Aqui está a paciência dos santos; aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus” ( Ap 14:9 -12; 19:10 e 19:19; Mq 7:7 ).

Na plenitude dos tempos Cristo foi gerado por Deus, lançado no ventre de Maria pelo Espírito Santo. Ele é o Verbo de Deus, a semente incorruptível ( Sl 22:10 ; 1Pe 1:23 ). Na visão do apóstolo João, Cristo é visto sendo gerado no ventre da mulher (Israel), de modo que há uma clara oposição entre a mulher e a Serpente, a semente da mulher e da Serpente, que representa a oposição entre a verdade e a mentira.

Como no Éden foi posto inimizade entre a Serpente e a mulhe, significando que haveria inimizade entre a semente (descendência) da mulher e a semente da Serpente, a visão expõe a inimizade que há entre as duas sementes “E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” ( Gn 3:15 ).

A mulher da visão é vista dando a luz a um único Filho homem, portanto os ‘remanescentes’ da ‘semente’ são os que descendem de Cristo, visto que guardam os mandamentos de Deus, obedecendo ao testemunho de Cristo ( Ap 12:17 -18).

A benevolência do Senhor repousa sobre a semente do Cristo, pois somente a semente de Cristo serve a Deus “Pois engrandece a salvação do seu rei, e usa de benignidade com o seu ungido, com Davi, e com a sua semente para sempre” ( Sl 18:50 ); “Uma semente o servirá; será declarada ao Senhor a cada geração” ( Sl 22:30 ).

Os que amam o nome do Senhor são os que guardam os mandamentos de Deus, portanto herdará e habitarão em Sião “E herdá-la-á a semente de seus servos, e os que amam o seu nome habitarão nela” ( Sl 69:36 ).

A promessa de Deus repousa sobre o seu Ungido, sendo estabelecida a sua semente e edificado o seu trono para sempre “A tua semente estabelecerei para sempre, e edificarei o teu trono de geração em geração. (Selá.)” ( Sl 89:4 ); “E conservarei para sempre a sua semente, e o seu trono como os dias do céu” ( Sl 89:29 ); “A sua semente durará para sempre, e o seu trono, como o sol diante de mim” ( Sl 89:36 ).

Ora, a Igreja de Cristo é a geração do Senhor, a semente que durará para sempre. Assim como Cristo reinará, a sua Igreja se assentará a reinar e a julgar as nações. Assim como Cristo é os que creram serão semelhantes a Ele. Cristo ressurgiu e é as primícias dentre os mortos, os que creram ressurgiram com Ele e são primícias “Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, e foi feito as primícias dos que dormem” ( 1Co 15:20 ); “Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda” ( 1Co 15:23 ); “Segundo a sua vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como primícias das suas criaturas” ( Tg 1:18 ; 1Jo 3:2 ).

O arrebatamento da Igreja será a grande colheita das primícias, porém, os que se converterem no período da grande tribulação, ou seja, que guardarem os mandamentos de Deus, obedecendo ao testemunho de Cristo ( Ap 12:17 -18), serão tidos como os que restaram (remanescentes) da semente.

O remanescente será salvo em um período de grande tribulação jamais visto. Sobre este tempo indagou Isaías: “Então disse eu: Até quando Senhor? E respondeu: Até que sejam desoladas as cidades e fiquem sem habitantes, e as casas sem moradores, e a terra seja de todo assolada. E o SENHOR afaste dela os homens, e no meio da terra seja grande o desamparo. Porém ainda a décima parte ficará nela, e tornará a ser pastada; e como o carvalho, e como a azinheira, que depois de se desfolharem, ainda ficam firmes, assim a santa semente será a firmeza dela” ( Is 6:11 -13), e Jesus alertou os seus discípulos quanto a estes eventos ( Mt 24:9 -10).

Será esta a condição de Israel antes que Cristo se assente a julgar as nações e o seu reino na terra estabelecido: “E naquele dia será diminuída a glória de Jacó, e a gordura da sua carne ficará emagrecida. Porque será como o segador que colhe a cana do trigo e com o seu braço sega as espigas; e será também como o que colhe espigas no vale de Refaim. Porém ainda ficarão nele alguns rabiscos, como no sacudir da oliveira: duas ou três azeitonas na mais alta ponta dos ramos, e quatro ou cinco nos seus ramos mais frutíferos, diz o SENHOR Deus de Israel. Naquele dia atentará o homem para o seu Criador, e os seus olhos olharão para o Santo de Israel. E não atentará para os altares, obra das suas mãos, nem olhará para o que fizeram seus dedos, nem para os bosques, nem para as imagens. Naquele dia as suas cidades fortificadas serão como lugares abandonados, no bosque ou sobre o cume das montanhas, os quais foram abandonados ante os filhos de Israel; e haverá assolação porque te esqueceste do Deus da tua salvação, e não te lembraste da rocha da tua fortaleza, portanto farás plantações formosas, e assentarás nelas sarmentos estranhos. E no dia em que as plantares as farás crescer, e pela manhã farás que a tua semente brote; mas a colheita voará no dia da angústia e das dores insofríveis” ( Is 17:4 -11).

As aflições daqueles dias são descritas desta forma por Cristo: “Porque haverá então grande aflição, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem tampouco há de haver. E, se aqueles dias não fossem abreviados, nenhuma carne se salvaria; mas por causa dos escolhidos serão abreviados aqueles dias” ( Mt 24:21 -22).

Ora, quando Jesus disse estas coisas, o povo de Israel já havia sofrido os revezes de Antíoco Epifânio (171 a. C), e Jesus deixa claro que as aflições daquele dia nunca houve desde o princípio do mundo até agora, e após elas, não haverá mais. Epifânio não é o iniquo que virá e que será desfeio pelo sopro de Deus ( 2Ts 2:8 ).

Nem mesmo a invasão de Jerusalém nos anos 70 d. C. pode ser considerado como as aflições daqueles dias, pois recentemente os filhos de Israel sofreram os horrores do Holocausto perpetrado por Hitler.

As aflições daqueles dias será o tempo do assolador que as abominações dos filhos de Jacó trouxeram sobre si, por terem se desviado da palavra do Senhor quando rejeitaram o Cristo ( Dn 9:27 ; Is 17:11 ), bem como as aflições que acometerá os que não creram no evangelho e não foram arrebatados.
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante.

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