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segunda-feira, 31 de agosto de 2020

PASTORES ORGULHOSOS E SOBERBOS

 


PASTORES ORGULHOSOS E SOBERBOS

Poucas coisas contaminam a igreja e mancham sua reputação no mundo quanto pastores arrogantes. A arrogância manifestada nos políticos, da forma lamentável que é, poderíamos esperar. Mas arrogância no púlpito – isso é uma grande mancha na igreja e na comunidade onde ela deveria fazer sua luz brilhar.

Não é como se o Novo Testamento não previsse o perigo, ou que esse seja uma novidade recente para a igreja. Os cristãos sempre souberam manter homens presunçosos no ofício da igreja. Se as difusas condenações do orgulho e da arrogância nas Escrituras não bastassem, então as qualificações expressas para o pastor-presbítero deixam tudo mais claro:

Ele não deve ser arrogante. (Tito 1.7)

Ele não deve ser um convertido recente, “para não suceder que se ensoberbeça e incorra na condenação do diabo”. (1Timóteo 3.6)

“Recém-convertido” (do grego neophytos) significa, literalmente, “recém-plantado”. É uma imagem apropriada para um novo convertido ao cristianismo. Novas plantas ainda não tiveram tempo de crescer profundamente. Novas plantas – sejam elas transplantadas ou da semente – são muito mais fáceis de arrancar do que as árvores que cresceram profundamente no solo em questão de meses e anos, em vez de dias e semanas.

Em outro lugar, quando Paulo se dirige à nomeação formal de pastores e presbíteros, ele responsabiliza Timóteo e as igrejas: “a ninguém imponhas precipitadamente as mãos” (1Timóteo 5.22). Esse princípio de paciência na nomeação para o ofício não se aplica apenas aos pastores, mas também aos diáconos: “Também sejam estes primeiramente experimentados; e, se se mostrarem irrepreensíveis, exerçam o diaconato”. (1Timóteo 3.10).

Um fio mantém essas advertências unidas: o orgulho inchado em um líder põe em perigo toda a igreja, e quanto mais tempo um homem anda fielmente com Deus, menor é a probabilidade de que o orgulho remanescente esteja crescendo em vez de encolher.

Por que não Plantas Novas
O ministério pastoral pode ser arduamente emocional – não tipicamente a cada passo, mas agudamente em momentos de crise. É apenas uma questão de tempo até que o ministério pastoral se mostre mais emocionalmente desafiador do que o previsto. Certos tipos de trauma espiritual são inevitáveis ​​porque os pastores são mais regularmente expostos às profundezas da depravação humana.

As profundezas surpreendentes do pecado interior em cristãos professos, multiplicadas através de uma congregação, podem ser o suficiente para danificar, se não arrancar, plantas jovens. Plantas novas ainda não estão prontas para suportar todo tipo de tempestade. Eles precisam enviar suas raízes para baixo e para fora, fortalecer os caules, brotar folhas e dar os primeiros frutos. Logo eles estarão prontos para os ventos fortes e as chuvas do ministério pastoral, mas não imediatamente.

Além disso, Satanás adora atacar os tenentes adversários, e ainda mais quando se é manifestamente jovem e frágil. Um novo convertido entre os pastores pode ser um alvo fácil, uma base conveniente para os esforços do diabo (Efésios 4.27). Igrejas sábias se armam contra tais esquemas (Efésios 6.11).

Esses são os perigos reais de se colocar novas plantas na liderança, mas o perigo específico que Paulo menciona – e assim merece maior atenção – é que a nova planta pode ser “cheia de soberba” (1Timóteo 3.6). Tal conceito aparentemente se tornou um problema na igreja de Éfeso (1Timóteo 6.4; 2 Timóteo 3.4). Os falsos mestres podem ter surgido precisamente dessa maneira. Recém-convertidos, manifestamente talentosos no ensino e vistos como líderes naturais, talvez tenham sido ordenados apressadamente para o ofício pastoral, o que pode ter produzido dois efeitos ao mesmo tempo: (1) Esses homens não deram provas suficientes para mostrar qual era, realmente, sua formação espiritual, e (2) a ordenação em si, e o servir no cargo, pode ter alterado a trajetória do que, de outra forma, poderia ter sido um crescimento e desenvolvimento saudáveis.

1. Como o velho orgulho persistiu?
No primeiro caso, a arrogância do novo convertido pode simplesmente ser remanescente de sua antiga vida de descrença. Paulo lista “enfatuados” como característica dos que estão fora da igreja (2Timóteo 3.4). Assim, os novos convertidos precisam de algum tempo na fé para diminuir esse “inchaço”. A cautela deve ser mais do que simplesmente uma preocupação de que, ser colocado na liderança, pode tornar um homem imaturo arrogante, mas, sendo um novo convertido, ele ainda não se desfez de muito da sua arrogância. Sua mente ainda está sendo colocada sob a autoridade de Deus nas coisas básicas. Não só a poeira precisa se estabilizar; as raízes precisam se aprofundar.

Os pastores não devem ser arrogantes (Tito 1.7), entre outras razões, porque devem ser homens sob autoridade, administradores e estar sob as palavras de Cristo e seus apóstolos. Paulo identifica alguém que está “enfatuado” com alguém que “ensina outra doutrina e não concorda com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo e com o ensino segundo a piedade”, (1Timóteo 6. 3–4). O próprio coração da tarefa pastoral é ensinar – e não ensinar a si mesmo ou suas preferências, mas ensinar “as palavras sãs de nosso Senhor Jesus Cristo”. Paulo menciona “suspeitas malignas”, que em seu orgulho e inchada vaidade não quis se curvar à autoridade de Deus.

2. A liderança provocará um novo orgulho?
Não apenas um novo convertido precisa de tempo para o inchaço de seu antigo orgulho cair, também devemos considerar como a ordenação para a liderança pode afetar um homem. Será que ser apresentado como um oficial da igreja pode dar ocasião a um novo tipo de vaidade? Esta parece ser a principal preocupação que Paulo tem em mente em 1Timóteo 3.6: não apenas superando a vaidade anterior, mas sendo afetado pela soberba devido o papel de liderança em si e, assim, cair na mesma (orgulhosa) condenação na qual caiu Satanás?

Ao buscar preencher posições e oportunidades de liderança, muitas vezes adotamos uma de duas abordagens: “o homem para o trabalho” ou “trabalho para o homem”. “o homem para o trabalho” significa que a necessidade é tal que o candidato deve ocupar a função e suas expectativas desde o primeiro dia. “trabalho para o homem” significa que o cargo é uma oportunidade para um líder em desenvolvimento crescer para a função e as expectativas as quais ele serve. Enquanto o pastorado nunca é totalmente um cenário de “o homem para o trabalho” (quem é capaz para essas coisas?), Não devemos nos aproximar de nossa busca com uma mentalidade de “trabalho para o homem” quando se trata de orgulho e arrogância.

Um homem pode ser capaz de crescer em ensinar, crescer nas questões pastorais e uma série de outras coisas enquanto serve, mas não de forma humildade. Não devemos pensar no pastorado como um cadinho usado para humilhar um homem arrogante. O pastorado é de fato um cadinho. Tornará um homem humilde ainda mais humilde (2Coríntios 12.7), mas não é um laboratório para homens arrogantes.

Manter novos convertidos fora do conselho serve não apenas à igreja, mas também ao novo convertido. É saudável estabelecer uma temporada como cristão, para que alguém primeiro absorva a identidade, estando em Cristo, não em um ofício. Antes de experimentar, no ministério, que os espíritos estejam sujeitos a nós, primeiro precisamos de uma boa e sólida temporada de regozijo por nossos “nomes estarem arrolados no céu” (Lucas 10.20).

Quão novo?
Mas quão novo convertido? Quão nova planta? Aqui a sabedoria da pluralidade na liderança da igreja local está em evidência. O Novo Testamento não nos dá um prazo específico, seja um ano ou cinco. Tal como acontece com as outras qualificações dos presbíteros, “não ser um novo convertido” é analógico, não digital. Não é que um homem vá dormir uma noite como uma “planta nova” ​​e acorde no dia seguinte pronto para resistir às tempestades. Em vez disso, essa maturidade – e, em particular, a humildade – é incremental e se desenvolve dentro de um espectro. E Paulo deixa que isso seja determinado coletivamente pela pluralidade de presbíteros, confirmada pela igreja conforme a idade e maturidade do candidato, da igreja e outras circunstâncias relevantes, não de forma diferente das outras reais necessidades da igreja.

Observe as diferenças entre a bem estabelecida igreja de Éfeso (1Timóteo) e a incipiente igreja cretense (Tito). Ao escrever para Éfeso, Paulo especifica “não seja novo convertido”. A igreja de Éfeso tinha idade suficiente, provavelmente com uma década de vida ou mais, para que convertidos relativamente novos não fossem necessários na liderança. Creta não teve o mesmo luxo. Toda a igreja era recém-plantada e, como Tito ia designar os anciãos, era inevitável que todos eles fossem, em certo sentido, plantas novas. No entanto, a preocupação subjacente permaneceu: vaidade. E assim Paulo especifica para os cretenses, “não arrogante” (Tito 1.7).

Uma qualificação importante de “não ser novo convertido” não significa necessariamente “não ser jovem”. Sabemos que o próprio Timóteo era relativamente jovem, provavelmente entre os vinte e poucos anos ou trinta e poucos anos. No entanto, Paulo escreve a ele dizendo que não permita que a igreja o despreze por sua juventude, mas que ele seja exemplo (1Timóteo 4.12), incluindo fugir das paixões da juventude (2Timóteo 2.22). Como Eliú falou verdadeiramente a Jó, não é a idade que faz um homem sábio, mas o Espírito de Deus (Jó 32. 8–9). Ore para que a passagem do tempo aumente a obra da sabedoria do Espírito em um homem, mas não assuma isso apenas pelo passar dos anos.

Duas perguntas-chave
Para tornar tangível a busca da humildade pastoral – para igrejas e conselhos em busca de um pastor e para homens que aspiram ao ministério – considere duas manifestações particulares de humildade essenciais em pastores e presbíteros:

1. Ele pensa com um julgamento sóbrio?
Aqui, a questão não é apenas sobre o julgamento sóbrio em geral (que é vital, chamado sobriedade de espírito, 1Timóteo 3.2), mas em particular relacionado à autoavaliação. Romanos 12.3 diz: “Porque, pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um”. Ele é autodepreciativo? Ele está disposto a admitir falhas? Ele está regularmente procurando, com suas próprias palavras, formar uma imagem na mente dos outros? Ele dá evidência de pensar de si mesmo mais do que deveria pensar?

2. Ele considera os outros mais importantes do que ele mesmo?
Paulo escreve a todos os cristãos em Filipenses 2.3-4 uma palavra que é especialmente premente para os líderes da igreja: “Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros”. Considerar os outros mais importante do que você mesmo é um atalho para a essência do chamado pastoral e para a essência da fé. O próprio Jesus, o grande Pastor e supervisor de nossas almas (1Pedro 2.25), é o líder humilde e exemplar que percebeu, olhou e se entregou pelos interesses de outros (Filipenses 2. 5-8). O trabalho pastoral nunca eclipsa ou substitui a perfeita humildade de Cristo, que “a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte e morte de cruz” (Filipenses 2. 8), mas procura ecoar sua humildade e, assim, apontar para ela, em nossos esforços diários.

Dá-nos pastores humildes
Quando Deus faz o duplo milagre de produzir homens humildes e dá-los como pastores mestres às igrejas locais, que tipo de homens podemos esperar encontrar ensinando e liderando nossas igrejas? Pastores humildes amam as Escrituras e “as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Timóteo 6:3). Eles recebem seu chamado como “subpastores”, abraçando alegremente seu papel sob a autoridade de seu chefe. Pastores humildes amam pregar não a si mesmos, mas a Cristo Jesus como Senhor (2Coríntios 4.5).

Pastores humildes dão o benefício da dúvida e esperam o melhor (não assumem o pior) um do outro e do rebanho. Eles não deixam o cinismo se desenvolver sobre o seu povo e infeccionar em seus corações. Eles têm uma espécie de gentileza de espírito e não menos zelo pela honra de Deus, que os impede de ter medo de estar errados e, portanto, sentir uma necessidade constante de autoproteção.

Pastores humildes são transparentes, e não evasivos; autênticos (no melhor dos sentidos) e não superficiais. Não defensivos, mas ansiosos para aprender, crescer e melhorar. Pastores humildes ouvem. Eles são o tipo de homens que não estão inclinados a chamar a atenção dos outros, mais interessados em ouvir os outros do que em contar aos outros sobre si mesmos. Se pudéssemos resumir, em uma palavra, qual atributo de que mais precisamos no pastorado hoje, como em todas as gerações, poucos chegariam perto da palavra humildade.

Deus, nos dê pastores humildes.
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante

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