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terça-feira, 16 de junho de 2020

LEI DA GRATIDÃO


                                                                 LEI DA GRATIDÃO
A cura dos dez leprosos, registrada no livro de Lucas 17:11-19, ocorre quando da viagem de Jesus, da Galileia para Jerusalém. O caminho do vale do rio Jordão era o mais seguro e usual entre os judeus, para se fazer tal percurso.
O Mestre porém, ao invés de seguir para o sul, indo diretamente para Jerusalém, escolhe passar nos confins de Samaria (onde morava a mulher Samaritana) e Galileia. Jesus toma a direção leste, que levava para além do Jordão e para a região da Pereia.

“E aconteceu que, indo ele a Jerusalém, passou pelo meio de Samaria e da Galiléia;” Lucas 17:11
Estavam pois Jesus e seus discípulos em uma região aberta e fora das cidades, em que havia pequenas aldeias, constituídas em sua maioria por pessoas excluídas da convivência social, por motivos de saúde física ou religiosa.

Muitos moradores daquelas pequenas aldeias eram judeus, que de uma forma ou de outra, já tinham sido participantes do culto e da religião judaica.
Mas algo aconteceu em suas vidas, que os relegaram ao isolamento e ao esquecimento por parte das autoridades religiosas de Jerusalém.
Praticamente ninguém passava pelo caminho que levava àquela aldeia de leprosos, pois, se entrassem ali, os judeus seriam considerados contaminados e impuros também.
Mas Jesus modifica o seu trajeto e vai propositalmente ao encontro daqueles que estavam abandonados e deixados à sua própria sorte.
O encontro de Jesus e os dez leprosos
“E, entrando numa certa aldeia, saíram-lhe ao encontro dez homens leprosos, os quais pararam de longe;” Lucas 17:12
É interessante ver que os dez leprosos, ao pararem longe de Jesus, estavam cumprindo a lei. A lei mandava que eles mantivessem uma distância mínima de quinze metros de uma pessoa sadia.

os dez leprosos clamam a jesus
Os Dez Leprosos Clamando Pela Misericórdia de Jesus.

Os dez leprosos também foram religiosos um dia. Foram ensinados no caminho da lei e a conheciam. Certamente tinham família e amigos, mas agora ninguém podia ajudá-los.
Por isso andavam em grupo. Somente um leproso compreendia e cuidava de outro leproso.
E a discriminação, o sentimento da impureza física e espiritual, de ser um pecador atingido pela maldição divina, era um fardo pesado que eles carregavam com muita dor em seus corações.
Os dez leprosos clamam pela graça
E quem sabia dos seus questionamentos, qual erro haviam cometido para merecer tal “castigo“. Seguiram todas as receitas, as prescrições rabínicas. Cumpriram todas as ações litúrgicas.

Foram fiéis às teologias sacerdotais, mas nenhuma oração dogmática foi capaz de os livrar do fatídico destino de impureza.
De modo que, na aproximação de Jesus, eles mudam a usual forma de oração judaica, que tantas vezes no passado recitaram (eles deixam as formalidades naquele momento), trocando-a por um pedido dramático e comovente:
“E levantaram a voz, dizendo: Jesus, Mestre, tem misericórdia de nós.” Lucas 17:13
O Mestre, ao vê-los em tão humilhante situação, move-se de íntima compaixão. Jesus lança uma profética palavra de fé, em que alcançaria a cura aquele que acreditasse nas suas palavras.

A cura dos dez leprosos
“E ele, vendo-os, disse-lhes: Ide, e mostrai-vos aos sacerdotes. E aconteceu que, indo eles, ficaram limpos.” Lucas 17:14
E é lindo constatar o poder da fé em Jesus. Os dez leprosos partiram ainda doentes, mas eles creram que de alguma forma Deus os livraria do cativeiro em que se encontravam.

De forma que esta ordem de Jesus apontava para a lei. A lei previa que um leproso ao ser curado, deveria se apresentar ao sacerdote.
“Esta será a lei do leproso no dia da sua purificação: será levado ao sacerdote, ” Levítico 14:2
Existia toda uma prescrição na lei, acerca do cerimonial que o sacerdote deveria fazer para se constatar a cura de um leproso. Mas esse ritual nunca havia sido usado, nunca antes de Jesus se havia sabido de que algum leproso fora curado.

o agradecimento do leproso
Apenas Um Dos Dez Leprosos Volta Para Agradecer Ao Mestre.

Apenas um dos dez leprosos agradece
E os dez leprosos enquanto ainda no caminho, são curados milagrosamente pelo poder de Jesus. Imagino a alegria deles.

Pelo que nove continuam caminhando em direção à Jerusalém, mas apenas um leproso julga importante voltar e demonstrar a sua gratidão ao seu redentor.
“E um deles, vendo que estava são, voltou glorificando a Deus em alta voz; E caiu aos seus pés, com o rosto em terra, dando-lhe graças; e este era samaritano.” Lucas 17:15-16“E, respondendo Jesus, disse: Não foram dez os limpos? E onde estão os nove? Não houve quem voltasse para dar glória a Deus senão este estrangeiro? E disse-lhe: Levanta-te, e vai; a tua fé te salvou.” Lucas 17:17-19
Jesus já estava habituado à ingratidão humana, porém demonstrou seu descontentamento com o proceder dos nove leprosos judeus.

O Mestre os havia restituído à vida. Mas os leprosos, curados, também reassumiram a sua religiosidade e deram maior preferência a cumprir a letra da lei, do que à gratidão.
Aí vemos que o leproso estrangeiro, samaritano, de raça mestiça, de religião profana, não se deixou aprisionar pelas formalidades, mas ele agradecido, jubiloso, compreendeu que Jesus era a própria a Lei em Pessoa.
O leproso sabia que tinha que cumprir a Lei; mas ele espiritualmente entendeu que antes de cumprir com cerimoniais, necessitava de honrar aquele que tinha demonstrado tão grande compaixão por sua vida.
E ele vem e se prostra; e o adora; e é perdoado; é salvo! Que milagre, completo, lindo!
Assim, quando este samaritano, ex-leproso se prostra diante do Mestre, ele estava cumprindo a maior Lei que pode existir no universo e nas dimensões espirituais: A imensurável Lei da gratidão e do amor.
O código, a Letra da Lei nunca havia curado um leproso, por si mesma, mas era necessária a participação da misericórdia de Jesus. A graça e a gratidão têm um poder imensurável.
A Graça faz misericórdia a todos quantos por ela clamam.
A Graça opera na Lei, para a Justificação e Cura! A gratidão vem em primeiro lugar, antes de qualquer ato religioso.
“Porque eu quero a misericórdia, e não o sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que os holocaustos.” Oséias 6:6
Deus espera que, como o leproso curado, entendamos a superioridade do perdão e da graça. A lei mostra que temos falhas; a graça clama pela misericórdia. A graça pratica a injustiça da misericórdia.

E muitos, como os outros leprosos, são alcançados pela graça, recebem algo de Deus, mas infelizmente logo se esquecem do favor imerecido com que imerecidamente receberam.
E voltam a ser religiosos, presos à letra da lei, às liturgias, aos costumes e às teologias.
Tudo isso deve servir de orientação.
Porque no final, de que viveremos?
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante

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