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sexta-feira, 19 de junho de 2020

GUERRA ESPIRITUAL


                                                             GUERRA ESPIRITUAL
Reis 22.1-28
INTRODUÇÃO

Micaías é um personagem pouco falado… mas muito bem falado! Na única passagem bíblica em que o seu nome é mencionado, ele se destaca como um servo fiel a Deus. Micaías foi um profeta que viveu em tempos de guerra. O texto sagrado diz que Israel e Judá se uniram para batalhar contra a Síria. A verdadeira batalha, porém, era espiritual. Micaías viveu em um tempo no qual a mentira, a idolatria e a imoralidade queriam se apossar da nação israelita. A guerra, então, era entre o bem e o mal, a luz e as trevas, Deus e Baal. Era uma guerra pelos corações e mentes das pessoas.
O mesmo acontece com os cristãos de hoje. Jesus disse que os dias que antecederiam a sua volta seriam marcados por “guerras e rumores de guerras” (Mateus 24.6). E os conflitos entre as nações dominam, realmente, os noticiários atuais. Mas assim como nos tempos de Micaías, o verdadeiro conflito é espiritual. Vivemos em uma época na qual os valores morais são subvertidos. Comportamentos escandalosos são assumidos publicamente, e aqueles que os adotam procuram impô-los à sociedade. A verdadeira batalha é pelos corações e mentes dos homens. Ela não acontece em campos longínquos, e sim nas praças e ruas, nas salas de aula e escritórios de trabalho. E estamos todos envolvidos.
O que um cristão em tempos de guerra pode esperar? E, o que é mais importante, o que esperar de um cristão em tempos de guerra?
Podemos encontrar a resposta para essas perguntas inspirando-nos no exemplo de Micaías!
1) O CRISTÃO EM TEMPOS DE GUERRA NÃO PODE SE APEGAR A NÚMEROS, E SIM À VERDADE
A Bíblia diz que 400 profetas se apresentaram diante de Acabe e Jeosafá. Era um número expressivo! Mas quem eram, exatamente, aqueles profetas? Sabemos que não eram profetas do Senhor, porque a estes Jezabel havia matado. Mas também não eram profetas de Baal, porque a estes Elias havia executado. Então, quem eram aqueles homens? Eram a pior espécie de profeta que existe: falsos profetas. Eram profetas acomodados, vendidos, mercenários. Passavam-se por homens de Deus, mas não o conheciam. Sua preocupação era agradar os poderosos, dizer o que as pessoas queriam escutar. Estavam possuídos de um espírito de mentira. E estavam em maioria.
Micaías não se apegou a números, e sim à verdade. Ele estava em minoria, mas essa sempre foi e sempre será a situação dos servos de Deus. Então, apegou-se à verdade, mesmo sabendo que, na sua época, a maioria das pessoas preferia escutar mentiras. Não devemos ter medo de defender a verdade. Não devemos ter receio de estar em menor número. Nosso compromisso deve ser com Deus e com a verdade.
Certa vez, um pastor estava tomando posse à frente de uma igreja com 700 membros. Depois do culto, um dos presentes procurou-o e disse: “Puxa, o trabalho que você tem pela frente é grande! Afinal, não deve ser fácil agradar a 700 pessoas!”. O obreiro respondeu: “Você está enganado. Eu não tenho que agradar a 700 pessoas. Na verdade, eu não tenho que agradar nem mesmo a uma única pessoa. Eu tenho que agradar a Deus”.
Quando vivemos para agradar a Deus, Deus se agrada de nós. E uma pessoa de quem Deus se agrada é uma pessoa que Deus pode usar. Ele usou Micaías, e deseja usar cada um de nós. A pergunta angustiada do piedoso rei Jeosafá – “Não há aqui ainda algum profeta do Senhor, ao qual possamos consultar?” – ecoa ao longo dos séculos e chega até nós. Será que todos se venderam? Será que todos estão preocupados em ser politicamente corretos? Será que todos estão decididos a falar o que a maioria quer ouvir? Será que não há um servo fiel a quem as pessoas possam consultar? Será que não há um cristão que se apegue à verdade?
2) O CRISTÃO EM TEMPOS DE GUERRA PRECISA CONHECER E PROCLAMAR A PALAVRA DE DEUS
Micaías foi levado à presença dos reis, mas, antes, recebeu um conselho. “Todos os profetas disseram a Acabe que ele está no caminho certo e que Deus aprova as suas ações”, falou o mensageiro. “Faça a mesma coisa, ou você vai se dar mal”. A resposta de Micaías, porém, foi a de um autêntico homem de Deus: “Tão certo como vive o Senhor, o que o Senhor me disser, isso falarei”.
Micaías compareceu diante do rei Jeosafá e do rei Acabe, e, à princípio, repetiu as palavras dos falsos profetas, porém com um visível tom de ironia. Acabe identificou o sarcasmo na voz do profeta, e exigiu que ele falasse sério. Micaías, então, entregou o recado do Senhor. Israel seria derrotado. Acabe seria morto. E um espírito de mentira estava usando os 400 profetas a fim de que tudo isso viesse a acontecer.
Cabe aqui um parêntese. Precisamos deixar claro que Deus não é mentiroso, nem opera através de inverdades. O que esse texto nos fala é sobre a vontade permissiva de Deus. Os demônios não podem fazer nada sem a permissão do Todo-poderoso. Esse conceito de soberania divina era muito enfatizado no Velho Testamento. Por isso não devemos nos escandalizar com essa passagem, nem chegar a conclusões equivocadas.
Como servo de Deus, Micaías estava comprometido em conhecer e proclamar a sua Palavra. Não importa o que os homens pensam, e nem mesmo o que nós pensamos. O que importa é o que Deus diz. Uma vez que tenhamos estudado a Escritura e tomado conhecimento de suas verdades, é a elas que devemos defender. Naturalmente, isso irritará muitas pessoas, porque o que o Senhor diz não é, na maioria das vezes, o que os homens querem escutar. “Eu odeio Micaías”, falou Acabe, “porque ele sempre profetiza coisas ruins contra mim”. Porém, na boca do ímpio, insulto é elogio! Ser odiado pelo terrível rei Acabe não caiu mal no currículo de Micaías… e se vamos ser fiéis ao Senhor, temos de estar preparados para situações assim.
Micaías anunciou o que Deus iria fazer e lhe havia comunicado. De acordo com a Bíblia, “o Senhor Deus não fará coisa alguma sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas” (Amós 3.7). Ao contrário dos falsos profetas, que acreditavam que poderiam manipular os acontecimentos futuros através de suas palavras e rituais, Micaías conhecia a verdade a respeito das profecias. E a verdade é a seguinte: profecia não é uma coisa que Deus vai fazer porque a gente falou, e sim uma coisa que a gente falou porque Deus vai fazer!
3) O CRISTÃO EM TEMPOS DE GUERRA DEVE ESTAR DISPOSTO A PAGAR O PREÇO DA SUA FIDELIDADE
Micaías apegou-se à verdade e proclamou a Palavra de Deus. Isso teve um preço. Ele foi agredido por Zedequias e aprisionado por Acabe. Nós, servos e servas de Deus, precisamos saber que a fidelidade tem um custo. Por não falarmos o que o mundo quer ouvir, podemos ser criticados, perseguidos, processados ou encarcerados. De acordo com a própria Bíblia, “todos os que querem viver piamente em Cristo Jesus padecerão perseguições” (2 Timóteo 3.12). Você está preparado para pagar esse preço?
Um jovem procurou o pastor de sua igreja e, bastante triste, lhe contou: “Pastor, eu estava conversando com os meus colegas na escola, e disse a eles o que a Bíblia afirma a respeito de determinada situação. Eles discordaram veementemente, e ficaram zangados comigo. Isso me deixou muito abalado”. O pastor voltou-se para o rapaz e lhe disse: “Meu jovem, você ficou abalado porque as pessoas ficaram zangadas com você? Na época do Novo Testamento elas não apenas ficavam zangadas, mas atiravam os cristãos nas arenas e os penduravam em cruzes. Do que você está se queixando?”.
Sim, meus irmãos e irmãs, a obediência tem um preço. Mas há algo para o qual precisamos atentar: a desobediência também tem um preço. E o preço da desobediência é muito maior. Micaías foi agredido, mas… o que aconteceu com o falso profeta que o agrediu? Teve que se esconder de câmara em câmara para salvar sua vida, no dia em que os exércitos de Israel e Judá foram derrotados e os sírios promoveram uma carnificina. Micaías foi preso, mas… o que aconteceu com o rei que o prendeu? Foi morto na batalha, atravessado por uma flecha. Acabe morreu, como o profeta havia predito. E os cães lamberam o seu sangue.
A Palavra de Deus sempre cumpre o seu propósito, quer as pessoas a escutem ou não. O Senhor diz: “Assim será a palavra que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia, antes, fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei” (Isaías 55.11). A Palavra de Deus na boca dos seus servos tem sempre duas finalidades: a salvação dos que se arrependem e a condenação dos que se endurecem. Ela jamais é desperdiçada.
CONCLUSÃO
Assim como Micaías, nós, cristãos do Século XXI, vivemos em tempos de guerra. O mundo não precisa que pensemos como ele pensa, que falemos como ele fala, que vivamos como ele vive. O mundo precisa que sejamos sal e luz. Ele precisa que a igreja permaneça como um farol, e que os crentes não se curvem diante de ideologias e comportamentos pecaminosos. Para isso, não poderemos nos apegar a números: teremos que estar dispostos a constituir uma minoria que se apega à verdade. Também precisaremos conhecer a Palavra de Deus profundamente, e anunciá-la com ousadia. Por fim, deveremos estar dispostos a pagar o preço da fidelidade, lembrando sempre que o preço da infidelidade é infinitamente maior.
Que não nos faltem, pois, a compaixão (pelos que vivem no erro e precisam ser alertados), a coragem (para anunciar a verdade que liberta, transforma e restaura) e a fé (para lembrar que, por mais que o mundo pareça desgovernado, há um Deus assentado sobre o trono do universo, o qual encaminha todas as coisas para o final que estabeleceu).
Cristãos em tempos de guerra: avante! Prossigamos firmes, movidos pela compaixão, coragem e fé! Cumpramos com a nossa missão! Conquistemos o aplauso dos céus!
Apóstolo.Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante.

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