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quinta-feira, 28 de maio de 2020

MERODAQUE BALADÃ


                                                              MERODAQUE BALADÃ

Capítulo 39: após a cura miraculosa de Ezequias, Merodaque-Baladã (Marduk-apla-iddina II) da Babilônia vem visitá-lo e ele lhe mostra seus tesouros. Foi repreendido por isso, e Isaías profetizou o cativeiro de seus descendentes na Babilônia.
Isaías capítulo 39
Isaías 40-66
Capítulo 39
A embaixada da Babilônia – v. 1-2
• Is 39: 1-2 (cf. 2 Rs 20: 12-19): “Nesse tempo, Merodaque-Baladã, filho de Baladã, rei da Babilônia, enviou cartas e um presente a Ezequias, porque soube que estivera doente e já tinha convalescido. Ezequias se agradou disso e mostrou aos mensageiros a casa do seu tesouro, a prata, o ouro, as especiarias, os óleos finos, todo o seu arsenal e tudo quanto se achava nos seus tesouros; nenhuma coisa houve, nem em sua casa, nem em todo o seu domínio, que Ezequias não lhes mostrasse”.

Merodaque-Baladã, em babilônico significa: ‘Marduque deu um filho’. Marduque, Marduk ou Merodaque, como é apresentado na Bíblia, é um deus protetor da cidade da Babilônia, pertencente a uma geração tardia de deuses da antiga Mesopotâmia. Marduque é chamado de Merodaque pelos hebreus (2 Rs 25: 27; Is 39: 1; Jr 50: 2). Em inscrições cuneiformes assírias e babilônicas, o nome Merodaque-Baladã é escrito como Marduk-apla-iddina II, originalmente governador de Bit-Yakin (731-710 AC), um pequeno distrito caldeu ao norte do golfo Pérsico e ao Sul de Babilônia. Quando Tiglate-Pileser III (745-727 AC) entrou na Babilônia em 731 AC, Merodaque-Baladã lhe levou presentes e apoiou os assírios contra um xeque rebelde, Ukin-zer. Quando Sargom II (Sharrukin II – 722-705 AC) subiu ao poder em 722 AC, Merodaque-Baladã entrou na Babilônia e reivindicou o trono. Os assírios reagiram e atacaram os aliados elamitas da Babilônia no ano seguinte. Não se sabe muito bem o resultado da batalha; apenas que Merodaque-Baladã permaneceu no trono da Babilônia até 710 AC, quando Sargom II, depois de neutralizar os elamitas, entrou na Babilônia sem qualquer oposição. Quando os assírios se locomoveram para o sul, até Bit-Yakin, Merodaque-Baladã foi mantido como chefe local e não mais se opôs aos assírios. Mas com a morte de Sargom II em 705, Merodaque-Baladã voltou a trabalhar pela sua independência do domínio assírio. Foi provavelmente nesta época (703–701 AC) que enviou a embaixada a Ezequias (Is 39: 1; 2 Reis 20: 12) para parabenizá-lo por sua recuperação, e talvez garantir sua ajuda contra os esforços assírios para dominar todo o antigo Oriente Médio. Merodaque-Baladã desejava formar uma coligação entre a Babilônia, a Judéia e o Egito contra a Assíria. A oposição de Isaías frustrou seus planos de ter o rei de Judá como seu aliado. Em 689 AC os assírios saquearam a Babilônia, voltando o governo do império da Assíria para as mãos de Senaqueribe. Merodaque-Baladã foi obrigado a fugir, primeiro para Bit-Yakin e depois para o sudoeste de Elão, onde faleceu. Senaqueribe permaneceu como rei da Assíria até 681 AC.
Isaías prediz o cativeiro babilônico – v. 3-7.
• Is 39: 3-7 (cf. 2 Rs 20: 18): “Então, Isaías, o profeta, veio ao rei Ezequias e lhe disse: Que foi que aqueles homens disseram e donde vieram a ti? Respondeu Ezequias: De uma terra longínqua vieram a mim, da Babilônia. Perguntou ele: Que viram em tua casa? Respondeu Ezequias: Viram tudo quanto há em minha casa; coisa nenhuma há nos meus tesouros que eu não lhes mostrasse. Então, disse Isaías a Ezequias: Ouve a palavra do Senhor dos Exércitos: Eis que virão dias em que tudo quanto houver em tua casa, com o que entesouraram teus pais até ao dia de hoje, será levado para a Babilônia; não ficará coisa alguma, disse o Senhor. Dos teus próprios filhos, que tu gerares, tomarão, para que sejam eunucos no palácio do rei da Babilônia [NVI; ‘E alguns de seus próprios descendentes serão levados, e se tornarão eunucos no palácio do rei da Babilônia’]”.

Como dissemos no capítulo anterior de Isaías, em 2 Cr 32: 31 está escrito: “Contudo, quando os embaixadores dos príncipes da Babilônia lhe foram enviados para se informarem do prodígio que se dera naquela terra, Deus o desamparou, para prová-lo e fazê-lo conhecer tudo o que lhe estava no coração”.
Provavelmente isso se refere a um novo episódio de exaltação do coração de Ezequias, em relação ao livramento que recebeu quanto a Senaqueribe, e que, certamente foi do conhecimento de várias nações, e também por causa de sua cura maravilhosa. Por isso, ele agiu presunçosamente em relação aos enviados da Babilônia, e aí sim, o Senhor o desamparou, para prová-lo e fazê-lo conhecer tudo o que lhe estava no coração.
O profeta não apenas o repreendeu por causa da sua atitude impensada diante dos emissários estrangeiros, mas lhe deu uma profecia pessoal para o futuro de sua própria família, pois tudo o que ele tinha seria levado para a Babilônia junto com seus descendentes, como Joaquim, que foi levado por Nabucodonosor, assim como Zedequias. Isaías diz que tornariam eunucos no palácio do rei da Babilônia. A bíblia não conta exatamente o que aconteceu com esses dois reis de Judá; apenas que Joaquim foi liberto do cativeiro por Evil-Merodaque (também chamado Amel-Marduque), filho de Nabucodonosor (2 Rs 25: 27-30; Jr 52: 31-34) e permaneceu o resto dos seus dias lá; Salatiel (ou Sealtiel), seu filho e pai de Zorobabel (Ed 3: 2; Ne 6: 7; Ag 1: 1; em 1 Cr 3: 19 está escrito que Zorobabel era filho de Pedaías, irmão de Salatiel) nasceu em cativeiro (Mt 1: 12). Também diz que Zedequias foi levado cativo, viu seus filhos serem mortos à espada, teve seus olhos vazados e morreu no cativeiro na Babilônia (2 Rs 24: 7; Jr 52: 9-11).
O filho de Ezequias que o sucedeu no trono foi Manassés, e também foi um mau rei, sofrendo punição de Deus. Manassés, filho de Ezequias e Hefzibá (2 Rs 21: 1), reinou como co-regente com o pai por volta de 697-687 AC, e como único regente: 687-642 AC.
Em 2 Cr 33: 3-7a; 9 (cf. 2 Rs 21: 1-9) está escrito: “Pois tornou a edificar os altos que Ezequias, seu pai, havia derribado, levantou altares aos baalins, e fez postes-ídolos, e se prostrou diante de todo o exército dos céus, e o serviu. Edificou altares na Casa do Senhor, da qual o Senhor tinha dito: Em Jerusalém, porei o meu nome para sempre. Também edificou altares a todo o exército dos céus nos dois átrios da Casa do Senhor, queimou seus filhos como oferta no vale do filho de Hinom, adivinhava pelas nuvens, era agoureiro, praticava feitiçarias, tratava com necromantes e feiticeiros e prosseguiu em fazer o que era mau perante o Senhor, para o provocar à ira. Também pôs a imagem de escultura do ídolo que tinha feito na Casa de Deus... Manassés fez errar a Judá e os moradores de Jerusalém, de maneira que fizeram pior do que as nações que o Senhor tinha destruído de diante dos filhos de Israel”.

E em 2 Cr 33: 10-13 está escrito: “Falou o Senhor a Manassés e ao seu povo, porém não lhe deram ouvidos. Pelo que o Senhor trouxe sobre eles os príncipes do exército do rei da Assíria, os quais prenderam Manassés com ganchos, amarraram-no com cadeias e o levaram à Babilônia. Ele, angustiado, suplicou deveras ao Senhor, seu Deus, e muito se humilhou perante o Deus de seus pais; fez-lhe oração, e Deus se tornou favorável para com ele, atendeu-lhe a súplica e o fez voltar para Jerusalém, ao seu reino; então, reconheceu Manassés que o Senhor era Deus”.
A bíblia não deixa claro que rei assírio era esse, se Assaradão (Esar-Hadom, 681-669 AC, filho mais novo de Senaqueribe) ou Assurbanipal (669-627 AC). O que se sabe é que no governo de Manassés houve um grande retrocesso religioso, com o culto a deuses assírios e cananeus (2 Rs 21: 1-9; 2 Cr 33: 1-9; 19). Sua oração foi ouvida por Deus, que o fez voltar para Jerusalém, ao seu reino. Porém, sua reforma religiosa foi superficial (2 Cr 33: 15-17), se olharmos o reinado de seu filho Amom (642-640 AC – 2 Cr 33: 21-25), que foi um péssimo rei, seguindo o mau exemplo do pai.

A resignação de Ezequias à sentença de Deus – v. 8.
• Is 39: 8: “Então, disse Ezequias a Isaías: Boa é a palavra do Senhor que disseste. Pois pensava: Haverá paz e segurança em meus dias”.

A bíblia diz que Ezequias aceitou a sentença de Deus, mas não menciona novamente um choro de arrependimento nem uma intercessão pelos seus descendentes, que sofreriam por causa das suas atitudes. Ele se preocupou apenas com ele mesmo naquele momento, e provavelmente se alegrou e agradeceu a Deus por passar em paz o resto dos seus anos de vida.
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante.

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