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quinta-feira, 21 de maio de 2020

ENTRE A CRUZ E A ESPADA


ENTRE A CRUZ E A ESPADA

“Não cuideis que vim trazer a paz à terra: não vim trazer paz, mas espada: porque eu vim por em dissensão o homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra. E, assim, os inimigos do homem serão os seus próprios familiares. Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim. E quem não toma a sua cruz e não segue após mim não é digno de mim. Quem achar a sua vida irá perdê-la; e quem perder a sua vida por amor de mim irá achá-la”. Mateus 10:34-39.

Jesus, embora denominado profeticamente como o Príncipe da Paz, no cumprimento de sua missão de trazer a Paz de Deus aos homens deparou-se com a inevitável realidade do confronto direto com as estruturas de pensamento religioso. Estruturas naquele tempo enrijecidas pelos interesses institucionalistas e tradicionalistas fomentados por dinastias humanas que formavam reinos tiranos sob o manto de sacerdócios oficiais.
No texto acima, que registra as palavras do Mestre, um quadro cheio de conflitos é pintado e pode se tornar realidade na vida de qualquer um que deseje de fato seguir ao Senhor Jesus de todo coração. Vejamos:

1) A Espada!

“Não cuideis que vim trazer a paz à terra: não vim trazer paz, mas espada: porque eu vim por em dissensão o homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra”

A carta aos Hebreus define a Palavra de Deus como viva e também como uma espada afiada, portanto, creio que todos nós temos como ponto pacífico da Escritura essa compreensão sobre a Palavra cortante e que faz separação das coisas da alma das do espírito.

No entanto, ver Jesus dizendo que não veio trazer paz é uma afirmativa um pouco mais complexa de engolir. Lá na Carta aos Romanos 5:1, está escrito que “ao sermos justificados dos nossos pecados pela fé, temos paz com Deus através de Jesus”.

Há um paradoxo bíblico, não?

Num texto, fala-se sobre a paz restaurada pela quebra da maldição do pecado, que fazia separação entre nós e Deus, ou seja, alcançamos a paz por intermédio do sacrifício do Filho.

Já no outro caso, Jesus fala sobre um choque que se tornaria comum por causa da revelação de sua Palavra Viva – a Espada – que Ele afirmou ter trazido até nós.

Há aqui a manifestação de uma ação que quebra a paz entre os homens, que causa discórdia e controvérsia. Quando Ele diz que não veio trazer paz à terra, fala da paz superficial, permeada por cinismo em relações firmadas nos interesses humanos. Esse tipo de paz que garante a solidez de alianças firmadas em conchavos institucionais, que nada tem a ver com a paz promovida por Jesus, tratando-se de uma paz meramente política e mundana. Lembre do que Ele disse em outra ocasião: “Deixo-vos a minha paz, a minha paz vos dou; não vô-la dou como o mundo a dá”.

2) Quando os familiares são os inimigos

“E, assim, os inimigos do homem serão os seus próprios familiares”.

O debate teológico entre “pais e filhos”, dentro das relações do Corpo de Cristo, tem sido motivo para a criação de muitas visões e denominações cristãs que se espalham por todo o planeta. É natural que embates teológicos sejam fonte de divisões no seio da igreja e se podemos ver os malefícios disso, é certo que podemos ver os benefícios que essas discussões trazem para a continuidade do fluir do Espírito sobre a face da terra.

Deus se move de maneira poderosa através dos obedientes e disponíveis, os malucos que se entregam de forma incondicional ao chamado. É através dessa loucura, um sentimento de impulsão que coloca muitos sonhadores numa linha de atitude que se choca frontalmente com os pensamentos daqueles que já estão em busca da aposentadoria sacerdotal.

O fato é que as gerações se estabelecem e se acomodam com o tempo. Muitos chegaram no status “agora vou descansar e desfrutar um pouco do que construí!” Isso é algo natural na vida do ser humano e pode ser até justo, mas o Reino não para!

O Senhor está sempre indicando novos rumos na vida da Igreja por causa da apostasia de alguns líderes, promovendo mudanças fundamentais para que o fluir do Espírito não cesse na terra. É isso que gera muitas guerras entre as gerações da Igreja, mas esse desentendimento deve ser encarado, a meu ver, como algo natural na linha do tempo, pois vindo o vinho novo, muitos tradicionalistas irão preferir o velho. Contudo, os jovens irão buscar o novo, pois isso é natural ao espírito de ousadia que Deus derrama sobre os seus ungidos e é aí que mora a inimizade e a incompreensão entre as gerações.

3) A visão acima de todas as coisas

“Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim”.

A demonstração mais clara de nosso amor por Jesus é a obediência à revelação que Ele nos dá. Aliás, em João 15:14 isso fica bem explícito: “Vocês serão meus amigos, se fizerem o que eu mando”. Quem quer gozar da plena e contínua amizade de Jesus em sua vida, deverá fazer disso um princípio inegociável durante toda sua existência terrana. Só assim, com esse amor radical, seremos capazes de ir até as últimas conseqüências no rumo da visão revelada pelo Mestre a cada um de nós e, se não formos capazes de enfrentar os embates domésticos para defender nosso posicionamento, certamente não seremos dignos de ir adiante no chamado.

Não é uma guerra de intolerância entre pais e filhos ou uma mera defesa de pensamentos filosóficos. Não é disso que estamos falando aqui e nem podemos nos deixar levar por esse sofisma. Essa é uma atitude séria e que traz consigo muitas responsabilidades, devendo ser tomada a partir de uma mentalidade renovada e convertida à vontade de Jesus. Uma espécie profunda de morte do “eu”!

4) A Cruz!

“E quem não toma a sua cruz e não segue após mim não é digno de mim. Quem achar a sua vida irá perdê-la; e quem perder a sua vida por amor de mim irá achá-la”.

A Cruz é símbolo de sofrimento, morte, vergonha, zombaria, rejeição e renúncia pessoal. Quando o crente toma a sua Cruz e segue a Cristo, nega-se a si mesmo e decide abraçar Suas lutas e sofrimentos. Luta até o fim contra o Sistema de Mentiras que governa este mundo e que rege os pensamentos humanos.

Esta é uma obra terrível para quem assiste, impossível de ser compreendida pelos que não a vivenciam, justamente porque elas acusam as obras más do mundo com seus padrões e filosofias egoístas.

Tomar a Cruz e seguir a Jesus significa se embrenhar no Renovo, naquilo que ninguém é capaz de entender se não sofrer o mesmo impacto que você. Em contrapartida, muitos olharão para o espetáculo, vendo lutas e trabalhos árduos por algo que aparentemente não dá resultados e pensarão que seria muito mais fácil seguir pelos caminhos confirmados pelo tempo. Mas Jesus diz que quem encontrar sua vida, irá perdê-la. Quem quiser simplesmente vencer neste mundo e ter excelentes resultados com a aceitação da maioria, poderá estar andando num caminho muito próximo de perder tudo no que diz respeito à eternidade. Por outro lado, quem perder tudo o que aqui é oferecido como padrão de sucesso e êxito, em nome da Revelação da Jesus, irá conquistar o mais sublime dos tesouros.

——

Há uma verdade! Mas há um preço a ser pago por ela. Muitos homens estão atrás do segredo do sucesso, do pulo do gato e pagam somas grandiosas por livros, palestras e qualquer coisa que possa lhes legar o conhecimento que conduza ao tão almejado sucesso.

Sempre haverá os que querem ganhar a vida aqui neste mundo, ficando com a herança dos pais e seguindo por caminhos já trilhados. Mas também haverá os que querem encarar a loucura da Cruz, trilhando o caminho novo, vivo e estreito, o Renovo. Vendo o que ninguém ainda viu, andando na novidade que Abraão perseguiu, partilhando da bênção de ser portadores da fé sobrenatural, em busca de um prêmio que o próprio apóstolo Paulo disse ainda não ter alcançado, mas que o perseguia.

Entre a Cruz e a Espada há uma escolha a ser feita. Escolha o seu rumo, tenha esperança do prêmio que melhor lhe parecer e boa caminhada!
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante

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