YEHOSHUA HAMASHIACH
Introdução
Os adeptos do nome Yehoshua e Suas Variantes (ASNYV) surgiram no Brasil por volta de 1987 aproximadamente. Esse movimento não é propriamente dito uma heresia ou seita de origem brasileira, já que existem similares nos Estados Unidos e em outros lugares. Embora seja relativamente novo no Brasil, esse movimento experimentou um incrível fracionamento. Entre os adeptos do nome Yehoshua há muita divisão e ramificações, tanto doutrinária quanto institucional. Há grupo que nega a doutrina bíblica da Trindade, outros são sabatistas, ou seja, defendem a guarda do sábado, outros crêem ainda em duas categorias de salvos: os cristãos que habitarão no céu e os judeus, assírios e egípcios, que embora possam ser salvos, herdarão a terra. Outros crêem em tudo isso etc. São exclusivistas, ostentando assim o monopólio da salvação. Alguns grupos são denominados de as Testemunhas de Yehoshua, Gideões de Yehoshua Hamashiach, Igreja do Deus Yehoshua etc. Alguns dos seus líderes e escritores são: José Cláudio Pinheiro, Josué B. Paulino, Ivo Santos de Camargo etc.
II – O Nome YEHOSHUA
Os adeptos do nome Yehoshua e suas variantes ensinam que o nome Yehoshua é de origem divina e significa Deus Salvador (YEHO = SENHOR + SHUAH = SALVAÇÃO). Falam que o nome Jesus é de origem pagã e significa Deus-cavalo (YE = DEUS + SUS = CAVALO). Vão mais além na sua obstinação contra o nome Jesus, comparando-o com Esus – deus mitológico dos celtas, que aparece segurando serpentes com cabeça de carneiro. Concluindo precipitadamente que os cristãos adoram a serpente, em vez do Cordeiro de Deus. Admitem ainda que o Senhor Jesus seja o portador do misterioso número 666.
Gostaríamos de iniciar nossa breve consideração aos Adeptos do Nome Yehoshua e Suas Variantes (ASNYV), partindo da perspectiva de que a complexidade do Nome de Deus (YHWH), conforme nos é apresentada em Êx 3.13-15 é uma e a insistência de que somente a pronúncia Yehoshua, para o nome de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo, deve ser outra.
Nossa intenção não é desprezar, nem muito menos ridicularizar, mas apenas fazer a apologia cristã das questões concernentes aos argumentos apresentados por eles.
Concordamos inteiramente com os ASNYV que o estudo de diversas línguas é importante e de muito proveito, discordamos, porém, dos exemplos que eles oferecem para apoiar suas doutrinas.
A diferença entre hipótese e fato comprovado desempenhará um papel importante em nossa argumentação, pois somos cientes de que há uma tendência no ser humano para confundir esses dois conceitos. Confusão esta que se encontra sedimentada em fatores de ordem subjetiva, assumindo, muitas vezes, um aspecto passional.
Dizem os ASNYV que nome próprio não deve ser traduzido, mas apenas transliterado. Será que realmente este princípio deverá ser sempre observado? Se a resposta for afirmativa, o que podemos concluir acerca de tais nomes próprios: Simão, João, Pedro, José, Judas, Jacó, Maria, Isabel, Débora, Moisés, Elias, Obadias etc.? Todos esses nomes próprios, dentre outros, são transliterações, traduções ou equivalentes (formas) portugueses de nomes próprios hebraicos? Nomes como rabi, messias, dracma, sábado, pentecostes, e siclo, são traduções, transliterações ou equivalentes portugueses de nomes hebraicos?
Para esclarecer o significado de transliteração, tradução e equivalente, partiremos de um texto do Evangelho de João (1. 38, 41, 42):
“E Jesus, voltando-se e vendo que o seguiam, disse-lhes: Que buscais? Disseram-lhe: Rabi (que, traduzido, quer dizer mestre), onde moras? ...Este achou primeiro a seu irmão Simão e disse-lhe: Achamos o Messias (que, traduzido, é o Cristo). E levou-o a Jesus. E, olhando Jesus para ele, disse: Tu és Simão, filho de Jonas; tu serás chamado Cefas (que quer dizer Pedro).”
Os nomes Jesus, Rabi, Mestre, Simão, Messias, Cristo, Jonas (João) e Pedro são escritos respectivamente da seguinte forma no original grego: (Iesous), (rabbi), (didáskalos), (Símon), (Messias), (Khristós), (hyiós), (Ioánnes), (Kephâs) e (Pétros).
Uma vez que todos os manuscritos do Novo Testamento grego estão escritos em grego Koiné, não seria sensato insistirmos em argumentos que partem da hipótese de que os autógrafos, ou seja, os escritos elaborados por seus próprios autores teriam sido escritos em hebraico ou aramaico e depois traduzidos para o grego. Por isso, o critério máximo de autoridade em termos de exegese e hermenêutica do Novo Testamento será o texto grego, ainda que sejam admitidos os problemas de variantes textuais.
Em todos estes nomes não encontramos a transliteração de nomes próprios. (Iesous), (Símon), (Ioánnes) e (Kephâs), não são transliterações do hebraico e aramaico, são apenas equivalentes gregos de nomes próprios provenientes do hebraico e aramaico. (rabi) e (Messias) são equivalentes do hebraico (rabbi) e (Mashiach). (kephâs) é um equivalente grego do aramaico (keypha). (didáskalos), (Khristós), (hyiós) e (Pétros) são traduções gregas do hebraico e aramaico. Como podemos perceber, não há nestas palavras nenhum exemplo de transliteração de nomes hebraicos e aramaicos.
Os ASNYV não percebem a inconsistência de insistir somente na transliteração de (YEHOSHUA). Partem da hipótese de um exemplo bíblico de transliteração, contido em Lc 23.38. Afirmam que a transliteração de (YEHOSHUA) em letras gregas seria (Ieêoksya). Em letras latinas seria Yehoshua. Lembremos ao prezado leitor que transliterar significa reduzir um sistema de escrita por outro, letra por letra, observando-se as leis fonéticas pertencentes a ambos os sistemas. Uma observações merece destaque nesta hipótese:
“Nem todos os manuscritos gregos apresentam a leitura: em letras gregas, latinas (romanas) e hebraicas. O Novum Testamentum Graecae (NA 27), de suma importância para a crítica textual, não aceita esta citação. Seria menos problemático o texto de João 19.20”
Daremos ao leitor o nome hebraico ou aramaico, a transliteração latina, o equivalente grego, o equivalente latino, a tradução grega, a tradução latina, o equivalente português, e a tradução portuguesa, quando possível, destes nomes em questão:
Podemos concluir facilmente que:
a) Jesus, Simão e João são equivalentes portugueses dos nomes próprios (Iesous), (Símon) e (Ioánnes), que são equivalentes gregos dos nomes próprios hebraicos (YEHOSHUA), (Shim’eon) e (Yochanan);
b) Messias e Rabi são equivalentes portugueses de Messiav (Messias) e Rabbi (rabbi), equivalentes gregos dos substantivos hebraicos (Mashiach) e (rabbi);
c) Cristo é o equivalente português de (Khristós), tradução grega do hebraico (Mashiach);
d) Filho é a tradução do aramaico (bar), traduzido em grego por (hyiós) e em latim por filius;
e) Mestre é a tradução portuguesa do hebraico (rabbi), que em grego é (didáskalos);
f) Cefas é o equivalente português de (Kephâs), equivalente grego do aramaico (keypha);
g) Pedro é o equivalente português da tradução grega (Pétros), que é a tradução do aramaico (keypha).
Apóstolo Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante
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