É DAS CRIANCINHAS QUE SAI O PERFEITO LOUVOR A DEUS...
Ao citar o Salmo, Jesus demonstra que Ele mesmo ‘preparou o louvor’ proveniente dos lábios das criancinhas, ou seja, Ele mesmo era a fonte, a força, daquela declaração. Sem o Filho de Davi não há louvor, pois o louvor é segundo o nome de Cristo, o que tem a mão plena de justiça.
“E entrou Jesus no templo de Deus, e expulsou todos os que vendiam e compravam no templo, e derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas; E disse-lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração; mas vós a tendes convertido em covil de ladrões. E foram ter com ele no templo cegos e coxos, e curou-os. Vendo, então, os principais dos sacerdotes e os escribas as maravilhas que fazia, e os meninos clamando no templo: Hosana ao Filho de Davi, indignaram-se, e disseram-lhe: Ouves o que estes dizem? E Jesus lhes disse: Sim; nunca lestes: Pela boca dos meninos e das criancinhas de peito tiraste o perfeito louvor?” ( Mt 21:12 -16)
Introdução
Todos os evangelhos contém a narrativa de um evento curioso durante o ministério de Jesus: a expulsão dos que praticavam comércio no templo ( Mt 21:12 -16 ; Mc 11:15 -16 ; Lc 19:45 -48 ; Jo 2:13 -25). Mas, o evangelista Mateus destaca um aspecto importante do evento que devemos analisar.
Ele narra que certa feita Jesus entrou no templo onde os judeus frequentavam e expulsou as pessoas que faziam comércio (vendiam e compravam) no templo. Jesus não poupou os cambistas (pessoas que trocavam o dinheiro), e nem mesmo os comerciantes que vendiam para os pobres que vinham sacrificar no templo (os que vendiam pombas).
Para demonstrar com que autoridade acabara de expulsar aquelas pessoas que comercializavam no templo, Jesus combinou a citação de dois profetas: Jeremias e Isaías, dizendo: “A minha casa será chamada casa de oração; mas vós a tendes convertido em covil de ladrões” (v. 13); “Também os levarei ao meu santo monte, e os alegrarei na minha casa de oração; os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceitos no meu altar; porque a minha casa será chamada casa de oração para todos os povos” ( Is 56:7 ); “É pois esta casa, que se chama pelo meu nome, uma caverna de salteadores aos vossos olhos? Eis que eu, eu mesmo, vi isto, diz o SENHOR” ( Jr 7:11 ).
Através destas citações Jesus demonstrou a sua autoridade e deixou claro que havia chegado o tempo em que todos os povos (gentios) seriam conduzidos ao templo de Deus (os levarei ao meu santo monte), seriam salvos (os alegrarei na minha casa de oração) e os seus sacrifícios seriam aceitos por Deus ( Is 56:7 ). Apesar de Cristo ter vindo congregar os dispersos de Israel, ainda ajuntaria outros aos que se achegaram a Ele ( Is 56:8 ; Jo 10:16 ; Jo 1:11 ).
A mesma profecia que indicava o tempo de entrada dos gentios, também indicava que os filhos de Israel estariam cegos para ver a maravilha prometida a Abraão “Todos os seus atalaias são cegos, nada sabem; todos são cães mudos, não podem ladrar; andam adormecidos, estão deitados, e gostam do sono. E estes cães são gulosos, não se podem fartar; e eles são pastores que nada compreendem; todos eles se tornam para o seu caminho, cada um para a sua ganância, cada um por sua parte” ( Is 56:10 -11; Gn 12:3 ).
O profeta Jeremias descreve os homens de Israel do tempo em que a salvação de Deus havia de se manifestar ( IS 56:1 ), como ladrões, salteadores, de modo que haviam convertido o templo em uma caverna de salteadores ( Jo 10:10 ).
A profecia de Jeremias deixa claro que o Senhor, o Senhor mesmo viu o que fizeram com o local que se chamava casa de oração “Mas eu, eu mesmo, vi isto, diz o Senhor” ( Jr 7:11 ). Como não compreendiam o porquê Davi chamou em espírito o seu filho de Senhor “Se Davi, pois, lhe chama Senhor, como é seu filho? E ninguém podia responder-lhe uma palavra; nem desde aquele dia ousou mais alguém interrogá-lo” ( Mt 22:45 -46), tão pouco compreenderiam que o Senhor profetizado por Jeremias era o Senhor Jesus que havia de se assentar a destra de Deus nas alturas ( Sl 110:1 ). Eles não compreenderiam que o Senhor que falou por intermédio de Jeremias havia de colocar os seus pés no templo.
Milagres e maravilhas
Quando Jesus terminou de expulsar os comerciantes, vieram cegos e coxos a Cristo, e Ele os curou ( Mt 21:14 ).
Os principais dos sacerdotes e os escribas nada disseram enquanto Jesus expulsava os compradores e os vendedores. Também nada disseram quanto a Ele citar as Escrituras como base para a sua autoridade. Mas, quando viram as maravilhas operadas por Jesus e um certo número de crianças clamando: – “Hosana ao Filho de Davi”, indignaram-se e questionaram o Mestre dizendo: – “Ouves o que estes estão dizendo?” (v. 16 ).
Jesus enfatiza que estava ouvindo os meninos e novamente apresenta as Escrituras: – “Sim; nunca lestes: Pela boca dos meninos e das criancinhas de peito tiraste o perfeito louvor?” (v. 16).
Porque os principais dos sacerdotes e os escribas se indignaram por Jesus não fazer os meninos se calarem? Esta e uma questão que dá ênfase à declaração que os meninos estavam fazendo. Observe a seguinte prescrição na Lei de Moisés: “QUANDO profeta ou sonhador de sonhos se levantar no meio de ti, e te der um sinal ou prodígio, e suceder o tal sinal ou prodígio, de que te houver falado, dizendo: Vamos após outros deuses, que não conheceste, e sirvamo-los; Não ouvirás as palavras daquele profeta ou sonhador de sonhos; porquanto o SENHOR vosso Deus vos prova, para saber se amais o SENHOR vosso Deus com todo o vosso coração, e com toda a vossa alma. Após o SENHOR vosso Deus andareis, e a ele temereis, e os seus mandamentos guardareis, e a sua voz ouvireis, e a ele servireis, e a ele vos achegareis. E aquele profeta ou sonhador de sonhos morrerá, pois falou rebeldia contra o SENHOR vosso Deus, que vos tirou da terra do Egito, e vos resgatou da casa da servidão, para te apartar do caminho que te ordenou o SENHOR teu Deus, para andares nele: assim tirarás o mal do meio de ti. Quando te incitar teu irmão, filho da tua mãe, ou teu filho, ou tua filha, ou a mulher do teu seio, ou teu amigo, que te é como a tua alma, dizendo-te em segredo: Vamos, e sirvamos a outros deuses que não conheceste, nem tu nem teus pais; Dentre os deuses dos povos que estão em redor de vós, perto ou longe de ti, desde uma extremidade da terra até à outra extremidade; Não consentirás com ele, nem o ouvirás; nem o teu olho o poupará, nem terás piedade dele, nem o esconderás; Mas certamente o matarás; a tua mão será a primeira contra ele, para o matar; e depois a mão de todo o povo. E o apedrejarás, até que morra, pois te procurou apartar do SENHOR teu Deus, que te tirou da terra do Egito, da casa da servidão” ( Dt 13:1 -10).
Os principais dos sacerdotes e os escribas ficaram incomodados com o que os meninos falavam no interior do templo porque viram que Jesus havia operado sinais e maravilhas. Os meninos testificavam que um dos filhos de José e Maria era o Messias prometido nas Escrituras.
Ora, mas estava previsto que o Filho de Davi viria em nome do Senhor “Bendito aquele que vem em nome do SENHOR; nós vos bendizemos desde a casa do SENHOR” ( Sl 118:26 ), e que Ele seria a porta, a pedra de esquina e a vítima do altar ( Sl 118:27 ).
Tendo por pretexto a lei “Não terás outros deuses diante de mim” ( Ex 20:3 ), rejeitaram o Senhor Jesus porque demonstrou que Ele, na condição de Filho de Davi, era um com o Pai “Àquele a quem o Pai santificou, e enviou ao mundo, vós dizeis: Blasfemas, porque disse: Sou Filho de Deus?” ( Jo 10:36 ); “Os judeus responderam, dizendo-lhe: Não te apedrejamos por alguma obra boa, mas pela blasfêmia; porque, sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo” ( Jo 10:33 ).
O que Jesus enfatizou ao citar o Salmo 8? Que Ele é o ‘Senhor nosso’ profetizado pelo Salmista, e que possui o ‘nome admirável’ em toda a terra ( Sl 8:1 ). Que Ele é o Senhor exaltado acima das nações e do próprio céus ( Sl 113:4 ; v. 1 ; Hb 1:4 ; Fl 2:9 -10).
Jesus estava demonstrando que aquele quadro era cumprimento do predito por “seu pai” Davi, que falou pelo Espírito de Deus que o louvor que procedia da boca daquelas crianças servia para calar os principais e os escribas, visto que eles se postaram como adversários do Messias ( Sl 8:2 ).
Com a citação que Jesus fez, aliado aos milagres e ao clamor das crianças, era para os principais dos sacerdotes e escribas compreenderem que Jesus era o Criador dos céus “Quando vejo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que preparaste” ( Sl 8:3 ). Era para eles compreenderem que Jesus “…estava no princípio com Deus”, e que “Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez” ( Jo 1:2 -3 ), porém, estavam como pastores do povo, mas nada compreendiam. Eram cegos “E apalparás ao meio dia, como o cego apalpa na escuridão, e não prosperarás nos teus caminhos; porém somente serás oprimido e roubado todos os dias, e não haverá quem te salve” ( Dt 28:29 ).
Era para compreenderem que, apesar de o homem mortal ser menos que a poeira fina em uma balança “Certamente que os homens de classe baixa são vaidade, e os homens de ordem elevada são mentira; pesados em balanças, eles juntos são mais leves do que a vaidade” ( Sl 62:9 ; Sl 8:4 ), contudo, o Filho do Homem que era o próprio Deus que fez os céus e a terra ( Sl 45:6 ; Hb 1:8 ), lembrou-se dos pecadores.
Eles deveriam compreender que o Jesus de Nazaré era quem criou os céus, conforme profetizou o salmista no Salmo 102:25 à 27: “Desde a antiguidade fundaste a terra, e os céus são obra das tuas mãos. Eles perecerão, mas tu permanecerás; todos eles se envelhecerão como um vestido; como roupa os mudarás, e ficarão mudados. Porém tu és o mesmo, e os teus anos nunca terão fim”. Compare com Hebreus 1, verso 10.
Os religiosos deviam ver que o Messias fora feito menor que os anjos quando introduzido no mundo, mas que era coroado de honra e majestade, pois era o Filho de Deus ( Pv 30:4 ), o prometido Filho de Davi!
Assim como foi dado a Adão o domínio sobre tudo que havia na terra ( Gn 1:26 ), deveriam olhar para o Messias e contemplar o último Adão que concedeu a sua imagem ao primeiro Adão ( Rm 5:14 ). Deveriam ver que Jesus exerce domínio sobre todas as coisa e que tudo está debaixo dos seus pés ( Sl 110:1 ; Ap 1:8 ; Mt 28:18 ).
Hosana ao Filho de Davi
Além de ser uma resposta à crítica dos principais dos sacerdotes e escribas, tem-se na citação do verso 2 do Salmo 8 elementos para analisarmos qual é o louvor perfeito “Ouves o que estes dizem? E Jesus lhes disse: Sim; nunca lestes: Pela boca dos meninos e das criancinhas de peito tiraste o perfeito louvor?” ( Mt 21:12 -16).
Seria o perfeito louvor proveniente somente das criancinhas? Um adulto não pode produzir um louvor perfeito? Qual a essência do louvor perfeito?
Comparemos:
“Pela boca dos meninos e das criancinhas de peito tiraste o perfeito louvor” ( Mt 21:16 );
“Tu ordenaste força da boca das crianças e dos que mamam, por causa dos teus inimigos, para fazer calar ao inimigo e ao vingador” ( Sl 8:2 )
Ao citar o Salmo, Jesus estava demonstrando que Ele mesmo havia ‘preparado o louvor’ proveniente dos lábios dos meninos, ou seja, Ele mesmo era a fonte, a força, daquela declaração. Sem o Filho de Davi não há louvor, pois o louvor é segundo o nome de Cristo, o que tem a mão plena de justiça “Segundo é o teu nome, ó Deus, assim é o teu louvor, até aos fins da terra; a tua mão direita está cheia de justiça” ( Sl 48:10 ); “Também a minha mão fundou a terra, e a minha destra mediu os céus a palmos; eu os chamarei, e aparecerão juntos” ( Is 48:13 ; Sl 8:3 ); “Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a destra da minha justiça” ( Is 41:10 ).
Algumas traduções do Salmo 8, verso 2 assim reza: “Da boca das crianças e dos pequeninos sai um louvor que confunde vossos adversários, e reduz ao silêncio vossos inimigos” ( Sl 8:2 ) Versão Católica; “Dos lábios das crianças e dos recém-nascidos firmaste o teu nome como fortaleza, por causa dos teus adversários, para silenciar o inimigo que busca vingança” ( Sl 8:2 ) Nova Versão Internacional.
A declaração que procedia da boca dos meninos confundia os que serviam no templo, pois viam apenas um simples homem, porém, estavam frente a frente com Aquele que firmou o Seu nome por salvação, fortaleza, para todos os povos.
O louvor é perfeito por ser uma confissão acerca de Cristo, e não por ser proveniente da boca de criancinhas. O que confere o qualificativo de ‘perfeito’ ao louvor é o tema da confissão, pois “Segundo é o teu nome, ó Deus, assim é o teu louvor…” ( Sl 48:10 ; Jo 11:27 ; Jo 20;21 ; 1Jo 4:2 ; 1Jo 5:1 ; At 8:37 ; 1Co 3:11 ).
Do mesmo modo que os religiosos queriam que as criancinhas fossem repreendidas no templo, pediram a Jesus que repreendesse os seus discípulos “E, quando já chegava perto da descida do Monte das Oliveiras, toda a multidão dos discípulos, regozijando-se, começou a dar louvores a Deus em alta voz, por todas as maravilhas que tinham visto, dizendo: Bendito o Rei que vem em nome do Senhor; paz no céu, e glória nas alturas” ( Lc 19:37 -38).
Então Jesus lhes respondeu: “Digo-vos que, se estes se calarem, as próprias pedras clamarão” ( Lc 19:40 ). A ação dos discípulos de declarar abertamente “Bendito o Rei que vem em nome do Senhor; paz no céu e glória nas alturas”, era o mesmo que ‘preparar’ o caminho ao povo; era o mesmo que remover da estrada as ‘pedras’ – constitui-se louvor perfeito.
Os discípulos estavam arvorando a bandeira aos povos, pois diziam à multidão ‘Eis que vem a tua salvação’ quando diziam: “Bendito o Rei que vem em nome do Senhor”, conforme o profetizado pelo profeta Isaías: “Passai, passai pelas portas; preparai o caminho ao povo; aplainai, aplainai a estrada, limpai-a das pedras; arvorai a bandeira aos povos. Eis que o SENHOR fez ouvir até às extremidades da terra: Dizei à filha de Sião: Eis que vem a tua salvação; eis que com ele vem o seu galardão, e a sua obra diante dele” ( Is 62:10 -11).
Apesar de o caminho ter sido preparado através da confissão dos discípulos, os fariseus tropeçaram na pedra de tropeço “Então ele vos será por santuário; mas servirá de pedra de tropeço, e rocha de escândalo, às duas casas de Israel; por armadilha e laço aos moradores de Jerusalém” ( Is 8:14 ); “Portanto assim diz o SENHOR: Eis que armarei tropeços a este povo; e tropeçarão neles pais e filhos juntamente; o vizinho e o seu companheiro perecerão” ( Jr 6:21 ).
O louvor “Bendito o Rei que vem em nome do Senhor” é perfeito porque declara que Jesus é o Cristo. Cristo é o rei que Deus prometeu nas Escrituras, conforme atesta o apóstolo Paulo: “Acerca de seu Filho, que nasceu da descendência de Davi segundo a carne, Declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição dos mortos, Jesus Cristo, nosso Senhor” ( Rm 1:3 -4).
Os quatro evangelhos tem como escopo principal demonstrar que Jesus é o Cristo, o rei dos judeus, o Filho de Davi “Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” ( Jo 20:31 ). O louvor é perfeito, pois todos que professam a Jesus como o Filho de Davi, verão a salvação de Deus.
E o que devemos confessar? “A saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus …” ( Rm 10:9 ). Confessar que Jesus de Nazaré é o Senhor prometido nas Escrituras, que veio em carne; que foi gerado pelo Espírito Santo no ventre de Maria, sendo esta virgem; que é descendente da casa de Davi, Rei de Israel; e, que foi morto em uma cruz por ser o rei dos judeus.
E em que deve o cristão crer? “…, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo” ( Rm 10:9 ). É necessário crer que Jesus ressurgiu dentre os mortos para a glória de Deus Pai “Que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos, e pondo-o à sua direita nos céus. Acima de todo o principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo o nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro” ( Ef 1:21 -22).
Aqui faço minhas as palavras de Hobbes:
“Portanto, acreditar que este Jesus era ele, era suficiente para a vida eterna, mas mais do que suficiente não é necessário, e consequentemente não é exigido nenhum outro artigo” Hobbes, Thomas, Leviatã ou Matéria, Forma e poder de um Estado Eclesiástico e Civil, Tradução de João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva, Nova Cultural, 1999, pág. 416 (A defesa desta verdade do evangelho feita por Hobbes é grandiosa e conforme as Escrituras, porém, não abraçamos todas as considerações que foram feitas por ele acerca do Estado e de outras doutrinas bíblicas).
O perfeito louvor diz do fruto dos lábios, que só produz quem está ligado à Videira verdadeira “Portanto, ofereçamos sempre por ele a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome” ( Hb 13:15 ); “Aquele que oferece o sacrifício de louvor me glorificará; e àquele que bem ordena o seu caminho eu mostrarei a salvação de Deus” ( Sl 50:23 ; “Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer” ( Jo 15:5 ).
O louvor é perfeito porque é proveniente de Deus: “… de mim é achado o teu fruto” ( Os 14:8 ), e não porque procede da boca das crianças. Tal louvor só é achado nas crianças quando elas tornam-se plantação do Senhor “E todos os do teu povo serão justos, para sempre herdarão a terra; serão renovos por mim plantados, obra das minhas mãos, para que eu seja glorificado” ( Is 60:21 ); “A ordenar acerca dos tristes de Sião que se lhes dê glória em vez de cinza, óleo de gozo em vez de tristeza, vestes de louvor em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem árvores de justiça, plantações do SENHOR, para que ele seja glorificado” ( Is 61:3 ).
As criancinhas
É por isso que Jesus alerta aos seus discípulos para não impedirem as crianças que se achegavam a Ele, porque somente as que se achegam têm direito ao reino dos céus “Jesus, porém, disse: Deixai os meninos, e não os estorveis de vir a mim; porque dos tais é o reino dos céus” ( Mt 19:14 ). Observe que o texto não sugere que todas as crianças têm direito ao reino dos céus, antes tem direito ‘as tais’, ou seja, as que vêm até Cristo, pois Ele mesmo diz: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” ( Mt 11:28 ); “Inclinai os vossos ouvidos, e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá; porque convosco farei uma aliança perpétua, dando-vos as firmes beneficências de Davi” ( Is 55:3 ).
Quando lemos: – ‘deixai os pequeninos’, ou seja, ‘não os impeçais’, significa que o reino dos céus não pertence às crianças, antes pertence as ‘tais’ que vem a Cristo. Por que não podiam impedir as crianças? Porque das tais (tais = as que vem a Cristo) é o reino dos céus. Portanto, o reino dos céus pertence às crianças que vem a Cristo (tais). Dai a ordem: – ‘Não as impeçais’.
Há outro entrave a se considerar, pois o texto sugere que Jesus somente estabeleceu um comparativo para ilustrar uma verdade espiritual: “NAQUELA mesma hora chegaram os discípulos ao pé de Jesus, dizendo: Quem é o maior no reino dos céus? E Jesus, chamando um menino, o pôs no meio deles, e disse: Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos fizerdes como meninos de modo algum entrareis no reino dos céus. Portanto, aquele que se tornar humilde como este menino, esse é o maior no reino dos céus. E qualquer que receber em meu nome um menino, tal como este, a mim me recebe” ( Mt 18:1 -5).
Ser um menino não dá direito ao reino dos céus, antes o se converter. Para se converter é necessário deixar ser instruído por Cristo, e as crianças tem esta característica peculiar. Ora, aquele que deixa ser instruído, aprende ser humilde de coração, pois Jesus diz: “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma” ( Mt 11:29 ).
Uma melhor tradução para o verso, é:
“Então disse Jesus: Deixem vir a mim as crianças e não as impeçam; pois o Reino dos céus pertence aos que são semelhantes a elas” ( Mt 19:14 ) – NVI.
“Deixem que as crianças venham a mim e não proíbam que elas façam isso, pois o Reino do Céu é das pessoas que são como estas crianças” ( Mt 19:14 ) – NTLH.
Compare:
“Jesus, porém, disse: Deixai os meninos, e não os estorveis de vir a mim; porque dos tais é o reino dos céus” ( Mt 19:14 );
“Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos fizerdes como meninos, de modo algum entrareis no reino dos céus. Portanto, aquele que se tornar humilde como este menino, esse é o maior no reino dos céus. E qualquer que receber em meu nome um menino, tal como este, a mim me recebe” ( Mt 18:3 -5).
“Deixai vir a mim as crianças, não as impeçais, pois o Reino de Deus é para os que são como elas” ( Mc 10:14 ) -Tradução Ecumênica da Bíblia;
“Deixai que as crianças se aproximem de mim; não as impeçais, porque o reino de Deus pertence aos que são como elas” ( Mc 10:14 ) – Bíblia do Peregrino.
“Ninguém pode vir ao Pai, nem mesmo as criancinhas, senão por intermédio de Cristo “Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim” ( Jo 14:6 ).
Ora, as criancinhas não possuem vida eterna em si mesma, pois elas estão inclusas no rol dos pecadores, porque ainda no ventre materno são formadas em iniquidade e concebidas em pecado “Eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe” ( Sl 51:5 ). São tidas por ímpias desde a madre, e proferem mentiras desde que nascem ( Sl 58:3 ). Ou seja, apesar de simples, inocentes, diante de Deus não são justas, portanto, passíveis das consequências do pecado de Adão “O avisado vê o mal e esconde-se; mas os simples passam e sofrem a pena” ( Pr 27:12 ).
Apesar de existirem milhares de crianças em Sodoma e Gomora, Deus não as listou no rol dos justos “Então disse o SENHOR: Se eu em Sodoma achar cinquenta justos dentro da cidade, pouparei a todo o lugar por amor deles” ( Ex 18:26 ), pois: “Na verdade não há homem justo sobre a terra” ( Ec 7:20 ).
Portanto, para que o homem (criança ou adulto, macho ou fêmea), seja achado justo, é necessário entrar pela porta dos justos, conforme aponta o salmista: “Esta é a porta do SENHOR, pela qual os justos entrarão” ( Sl 118:20 ). Ou seja, para entrar pela porta é necessário ao homem nascer de novo. Quando o homem se converte ao Senhor, se faz menino de novo, pois é criado de novo em verdadeira justiça e santidade “E disse: Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos fizerdes como meninos, de modo algum entrareis no reino dos céus” ( Mt 18:3 ; Jo 3:3 -4; Ef 4:24 ).
O único que não foi concebido em pecado foi Cristo, pois Maria achou-se gravida pelo Espírito Santo. Sobre essa verdade profetizou o salmista, dizendo: “Sobre ti fui lançado desde a madre; tu és o meu Deus desde o ventre de minha mãe” ( Sl 22:10 ). Como Jesus não foi gerado segundo a vontade da carne, da vontade do varão e do sangue, como homem não esteve sujeito ao pecado e não se achou engano (mentira) na sua boca ( 1Pe 2:22 ); “Por ti tenho sido sustentado desde o ventre; tu és aquele que me tiraste das entranhas de minha mãe; o meu louvor será para ti constantemente” ( Sl 71:6 ); “E agora diz o SENHOR, que me formou desde o ventre para ser seu servo, para que torne a trazer Jacó; porém Israel não se deixará ajuntar; contudo aos olhos do SENHOR serei glorificado, e o meu Deus será a minha força” ( Is 49:5 ).
Qualquer que humilhar-se a si mesmo, ou seja, que aprende de Cristo, tornar-se-á ‘pequeno’ como uma criança “Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado” ( Lc 18:14 ); “Porquanto qualquer que a si mesmo se exaltar será humilhado, e aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado” ( Lc 14:11 ); “Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas” ( Mt 11:29 ); “Portanto, aquele que se tornar humilde como este menino, esse é o maior no reino dos céus” ( Mt 18:4 ).
Todos os homens que vem ao mundo estão condenados, portanto, não há injustiça alguma da parte de Deus naqueles que se perdem. O juízo já veio e foi estabelecido em Adão, pois pecou e todos morreram “Pois, assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida” ( Rm 5:18 ); “Porque assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem. Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo” ( 1Co 15:21 -22).
Infelizmente, qualquer que não compreendeu o evangelho (aborígenes, índios, etc.), caso morram nesta condição herdada de Adão, estão sob condenação, são filhos da ira e da desobediência. Estão condenados por terem entrado no mundo por uma porta larga (Adão) que, inexoravelmente, os conduzirá à perdição.
É em decorrência desta realidade funesta de nascer em pecado que é necessário ao homem nascer de novo, nascer do último Adão, que é Cristo, a porta estreita. É este o significado da parábola das duas portas e dos dois caminhos ( Mt 7: 13 e 14).
Não há injustiça da parte de Deus nos que se perdem, pois o juízo foi estabelecido no principio segundo a palavra de Deus dita a Adão. Quando comeu do fruto, Adão foi julgado, condenado e apenado com a morte – separação da gloria de Deus. Por causa da desobediência de Adão toda humanidade foi condenada, e jazia em trevas sem esperança. Porém, a graça de Deus se manifestou trazendo salvação aos homens. Para os que morrem com Cristo e nascem de novo não há mais condenação ( Jo 3:16 ; Tt 2:11 ).
Ser inocente não é o mesmo que ser justo, pois a condenação decorre do nascimento natural. Desde a madre os homens desviam-se de Deus. Da madre o homem vem ao mundo inocente, porém, não é justo, ser justo só é possível através do novo nascimento. Desde a madre o homem é corrupto, destituído da glória de Deus, separado pela iniquidade ( Sl 51:5 ).
A resposta foi dada por Jesus: Aquele que não nascer de novo não pode ver o reino dos céus! Não importa a inocência, somente os nascidos de Deus vão aos céus. Qualquer nascido de Adão é vaso de desonra criado para a perdição, qualquer nascido de novo é vaso de honra para a glória de Deus ( Rm 9:23 ).
O maior problema da atualidade é pensar o pecado como uma questão comportamental, sendo que a Bíblia demonstra que o pecado é uma condição proveniente de nascimento natural “E que direis se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para a perdição; Para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que para glória já dantes preparou. Os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios?” ( Rm 9:22 -24).
Desde a queda do homem Deus os tem suportado, pois todos são vasos da ira, da desobediência, preparados para a perdição. Mas, Deus dá a conhecer também a sua glória nos vasos de misericórdia, os crentes, que são preparados para a redenção segundo o último Adão.
Os filhos da desobediência e da ira são os vasos preparados para a perdição, ou seja, os incrédulos, porém, através de Cristo, a mesma massa é utilizada para fazer vasos de honra, porque “… assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem. Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo” ( 1Co 15:21 -22).
Há um único argumento: “Assim está também escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito em alma vivente; o último Adão em espírito vivificante. Mas não é primeiro o espiritual, senão o natural; depois o espiritual. O primeiro homem, da terra, é terreno; o segundo homem, o SENHOR, é do céu. Qual o terreno, tais são também os terrestres; e, qual o celestial, tais também os celestiais. E, assim como trouxemos a imagem do terreno, assim traremos também a imagem do celestial. E agora digo isto, irmãos: que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção” ( 1Co 15:15 -50).
Ora, os nascidos da carne são carne, portanto, não podem herdar o reino dos céus, seja homem formado ou criança. Mas, os nascidos do Espírito, ou seja, da palavra de Deus, são espirituais, portanto, herdarão a incorrupção ( 1Pe 1:3 e 23 ).
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da .Religião Dr. Edson Cavalcante
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