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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

PEDRO E A ESPADA


                                                            PEDRO E A ESPADA
Este trabalho consta de uma pesquisa sobre a questão de um acontecimento que ocorreu na época do Novo Testamento, no jardim do Getsêmani, no momento da prisão de Jesus Cristo, que, ao ser abordado pelos soldados romanos teve a interferência de um de seus discípulos, Pedro, que ao sacar de uma espada veio a cortar a orelha de um membro daquele grupo, e cujo membro era um servo do sumo sacerdote. Por que o autor especifica que foi a orelha direita e não disse que era apenas a orelha e por que o servo do sacerdote estava no momento da prisão, o que isso representava para aquele homem na pretensão de querer ser sacerdote entre outras situações envolvidas serão analisadas. Como era a carreira dos sacerdotes e os requisitos que envolvia a separação para esse oficio com seu ritual criterioso que passava pela orelha direita. A história sintetizada dos personagens envolvidos naquela cena e ações precedentes nas questões consequentes no espaço do jardim e como esse fazia parte do ministério de Jesus. Qual é a aplicação possível para os cristãos no século XXI em referência a esse fato acontecido há muito tempo atrás, são situações também contempladas. Além de uma possível harmonia dos fatos.
PALAVRAS-CHAVE: Malco; Orelha; Sacerdote.
ABSTRACT
Este trabajo consiste en una investigación sobre la cuestión de un evento que ocurrió en el Nuevo Testamento, en el jardín de Getsemaní, en el momento del arresto de Jesús Cristo, el cual, al ser abordados por los soldados romanos tenían la interferencia de uno de sus discípulos, Peter, para dibujar una espada llegó a cortar la oreja de un miembro de ese grupo, cuyo miembro era un siervo del sumo sacerdote. ¿Por qué fue el autor precisa que la oreja derecha y dijo que era sólo el oído y que el criado del sacerdote estaba en el momento de la detención, lo que significaba que el hombre con el pretexto de querer ser sacerdote entre otras cuestiones implicadas se analizará . ¿Cómo fue la carrera de los sacerdotes y de los requisitos que implican la separación de esta oficina con su ritual perspicaz pasar la oreja derecha. La historia resume los personajes involucrados en esa escena y las acciones anteriores en temas posteriores en el espacio del jardín y cómo era esta parte del ministerio de Jesús. ¿Qué es posible para los cristianos en la aplicación siglo XXI en referencia a este hecho ocurrido hace mucho tiempo, también se contemplan situaciones. Además de una posible armonía de los hechos.
PALABRAS CLAVE: Malco; oído; Sacerdote.

2. Introdução

As histórias da Bíblia Sagrada a cada dia trazem muitas lições aos que se debruçam sobre ela. Como está escrito em Romanos 15.4: "Porque tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança”. Tanto no Antigo como no Novo Testamento servem para algum aprendizado, se não for para colocar em prática é para apontar o que não se deve fazer.
Alguns acontecimentos passam despercebidos pelo leitor chamado de the flash1,como é o caso relatado pelo evangelista e apóstolo João em seu livro no capitulo dezoito e versículo dez. O peixes maiores estão em águas profundas e é preciso esforço para pescá-los, da mesma forma a iluminação espiritual não vem simplesmente com uma leitura superficial dos escritos bíblicos. É necessário estar no Salmo numero um onde diz sobre a meditação na Palavra de dia e de noite. A máxima secular que diz que quem lê sabe mais também serve para a leitura da Bíblia. E não somente ler, mas ouvir e colocar em prática seus ensinamentos sagrados e espirituais.
O fato relatado por João traz um significado para vida de pessoas na atualidade, no que tange a aplicação prática da palavra. No entanto, a significação real e contundente se encontra mesmo é na vida do personagem principal envolvido no evento. Poderia ser um ato isolado e sem significação se o escritor não tivesse qualificado e especificado os detalhes do ocorrido. Certamente traz uma importância ao texto e conhecimento do Filho de Deus em seus atos de misericórdia com os projetos de sonhos particulares das pessoas, por mais que seja um desconhecido.
Os personagens envolvidos no evento tinham seus históricos e suas qualificações, ali também tinha uma carga emocional muito elevada, pois, um fato desenrolava de uma forma muito melindrosa, afinal estava sendo cumprido um mandado de prisão sobre uma pessoa que era muito popular e querida das multidões. Não seria fácil executar uma prisão dessa forma, por isso a necessidade de um grande grupo de pessoas. Com se diz no meio policial que é necessário mostrar força para não usar a força. Cada pessoa do evento tinha um lado a defender, do lado de Jesus estavam os seus discípulos e do outro lado os cumpridores do mandado e no meio deles uma pessoa de nome Malco, que a Bíblia chama de servo do sumo sacerdote e que no calor da emoção é atingido por um dos defensores de Jesus, e tem uma de suas orelhas atingidas.
O fato de ter a orelha cortada seria comum, principalmente por um golpe de espada, no entanto o apóstolo João deixa muito claro ao descrever o fato, que era a orelha direita que sofreu o dano, talvez o golpe não fosse para cortá-la, mas decepar o seu pescoço, pois ele fazia parte da comitiva. A orelha direita implicaria muitas coisas que envolvia a vida do servo Malco. Ele era um servo e um dia poderia ser um sacerdote e isso só seria possível se tivesse a orelha direita.
O homem que estava com a espada, Pedro, tinha seus motivos para fazer aquilo, os soldados também possuíam os motivos e estavam cumprindo ordens, o traidor era aquele por quem viria o escândalo a fim de cumprir as Escrituras, mas dois personagens tem um significado mais importante: o personagem do milagre e aquele que realiza o milagre. A ocupação daquele que fez a orelha do primeiro ser humano foi o de restituir o que se havia perdido, o perfeito homem deixando o servo perfeito novamente.
O lugar era apropriado, pois Jesus o conhecia muito bem, o jardim do Getsêmani (prensa de azeite), pois alegoricamente dizia muita coisa sobre o objetivo do Filho de Deus para a humanidade. Os objetos usados também trazem lições a serem observadas, inclusive na questão de estar no seu devido lugar na hora e no motivo certo para que lições fossem aprendidas.
Não era fácil ser sacerdote, pois o ritual era muito complexo e cheio de detalhes que passavam por questões éticas e físicas e o milagre realizado por Jesus teve a sua importância na vida desse homem e sendo o ultimo milagre antes da crucificação.

3. 1 joão 18.10

O texto de João diz: “Então Simão Pedro, que tinha espada, desembainhou-a, e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. E o nome do servo era Malco”.
Jesus encontrava-se em um jardim chamado de Getsêmani com onze de seus discípulos e estava ali em oração, como é registrado nos evangelhos, depois de realizar a oração chama os seus discípulos para se retirar dali, no entanto enquanto ele ainda falava se aproximou uma multidão trazida por Judas Iscariotes, que conhecia aquele lugar, acompanhada dos principais dos sacerdotes, capitães do templo e anciãos, com o objetivo de prendê-lo. Os que estavam com Jesus lhe perguntaram se devessem feri-los a espada, e um deles, chamado Pedro tira a espada e corta a orelha direita de um dos servos do sumo sacerdote Caifás, no momento que Jesus dá uma ordem para deixá-lo e aproxima do homem e toca na sua orelha ocasionando o estancamento do sangramento e a curá-lo.
O fato também é registrado nos outros três evangelhos: “E eis que um dos que estavam com Jesus, estendendo a mão, puxou da espada e, ferindo o servo do sumo sacerdote, cortou-lhe uma orelha”(Mt 26.51); Marcos diz “E um dos que ali estavam presentes, puxando da espada, feriu o servo do sumo sacerdote, e cortou-lhe uma orelha (14.47)” e Lucas escreve: “E um deles feriu o servo do sumo sacerdote, e cortou-lhe a orelha direita”(22.50).
Observando os textos mencionados vê-se um complementando ao outro. Mateus e Marcos diz que foi uma orelha sendo que Lucas e João complementa que foi a orelha direita. Marcos, Mateus e Lucas diz que foi um dos que estavam com Jesus que executou o golpe na orelha e João apresenta o nome dele, que é Simão Pedro. Os três evangelistas dizem que quem foi ferido era um dos servos do sumo sacerdote, sendo que João diz que o nome dele era Malco.
Outra coisa a ser analisada é que todos os evangelistas não dizem que a orelha foi decepada, mas diz que “cortou-lhe a (uma) orelha”, podendo até trazer a um entendimento que seria o ato de tirar a orelha fora da cabeça. No entanto o evangelista Lucas tira essa dúvida no versículo 51: “Mas Jesus acudiu, dizendo: Deixai, basta. E tocando-lhe a orelha, o curou”. O texto é claro ao dizer que Jesus tocou a orelha e o sangramento foi estancado.

3.1. Os Personagens

Vários personagens concorreram para o acontecimento, aqueles que estavam no ambiente e os que chegaram: Jesus estava acompanhado de onze dos seus apóstolos, faziam parte do primeiro; Judas Iscariotes, o servo do sumo sacerdote de nome Malco, os principais dos sacerdotes, os capitães do templo e vários anciãos, além de uma multidão, faziam parte do segundo.
Cada personagem teve sua participação especifica: a multidão com varapaus, os capitães do templo com a força, os principais dos sacerdotes sobre ordem de cumprimento do mandado de prisão, os ancião como participantes como membros de autoridades, os dez apóstolos perguntaram se deviam ferir os opositores, Pedro para cortar a orelha do Malco, e Malco para ter a orelha cortada.

3.2. O lugar do evento

João diz que o lugar ficava do outro lado de um ribeiro chamado Cedron, onde havia um jardim, sendo que Mateus apresenta dizendo que era o Monte das Oliveiras e especifica o lugar da oração em que Jesus suou gotas de sangue ao orar em agonia e pedir por três vezes que passasse o cálice, ele o chama de Getsêmani, que significa ‘prensa de azeite’.
Esse era um lugar muito conhecido por Jesus e seus discípulos (Jo 18.2) e também era onde Jesus dormia muitas vezes (Lc 21.37). Nesse mesmo monte os discípulos viram a ascensão de Jesus e ouviram as palavras dos anjos ao dizer que da mesma forma que ele havia subido ele também voltaria. E também é mencionado no livro do Apocalipse que o mesmo vai se fender ao meio para a libertação de Israel. Atualmente tem um cemitério ao pé desse monte em Israel baseado nessa esperança.

3.3. Os Diálogos

Algumas falas estão envolvidas entre os personagens, João revela que Jesus foi quem começou o diálogo perguntado a quem buscais e por duas vezes, sendo que na primeira os opositores recuaram e caíram por terra, logo permitindo ser preso, apenas rogou que deixassem ir aqueles que com ele estavam, sendo que após Pedro ter cortado a orelha de Malco é repreendido por Jesus mandando-o colocar de novo a espada na bainha e perguntando a Pedro que não beberia ele o cálice que o Pai lhe tinha dado?
Lucas apresenta Judas aproximando-se de Jesus e o beijando e sendo perguntado por Jesus: “Judas, com um beijo traís o Filho do homem?” Sendo que em seguida os discípulos lhe perguntaram se devessem ferir os opositores, momento em que Pedro arranca da espada e feri o servo do sumo sacerdote, ato contínuo, Jesus manda parar e repreende a multidão sobre a oportunidade que tiveram para prendê-lo e não fizeram em outros momentos.
Marcos já diz que Judas antes de beijar disse a palavra Mestre, te saúdo, momento que manietaram Jesus, ao ponto que Pedro veio a ferir o servo Malco. Já Mateus coloca Jesus dizendo e chamando Judas de amigo, imediatamente após receber o beijo e declara que ele foi preso e Pedro usando a espada desferiu o golpe na orelha direita de Malco sendo repreendido por Jesus fazendo-o o lembrar da lei que os que lançam mão da espada, a espada perecerão, e fala para Pedro que se ele quisesse poderia pedir ao Pai doze legiões de anjos e o Pai o livraria.

3.4. Os Preparativos

Os discípulos de Jesus não andavam armados, no Evangelho de Lucas 22.36-38 Jesus diz: “... e o que não tem espada, venda a sua capa e compre uma e os discípulos lhes disseram: Senhor eis aqui duas espadas. Respondeu-lhes: Basta. tudo para cumprir as Escrituras (Mt 26.54). Tinha uma orelha para ser cortada e uma espada precisava estar preparada e na mão da pessoa certa, isto é Pedro. Jesus mandou conseguir a espada para um determinado fim, não era para se defender dos inimigos, observa-se que os que com ele estava perguntou se deveriam ferir os opositores. Jesus sabia que Pedro desferiria um golpe e se não tivesse interpelado talvez Pedro matasse o servo do sumo sacerdote e consequentemente seria preso e também morto. Jesus precisava de Pedro vivo.
Outra questão era a pessoa do traidor. Judas conhecia o local onde Jesus comumente ia orar e assim levou as pessoas até aquele lugar. O servo do sumo sacerdote também tinha que estar naquele lugar para ser alvo do milagre. E a espada só podia estar nas mãos de Pedro, o homem que Satanás pediu para cirandar com ele. E tinha que ser a noite, pois seria muito difícil prender Jesus no meio da multidão que andava por ele, certamente um motim teria sido iniciado. Deus fez tudo da maneira correta, tudo no tempo certo.

4. 2levitico 8.24

Assim está escrito em Levítico capítulo 8 e versículo 24: “Moisés também fez chegar o filhos de Arão, e pôs daquele sangue sobre a ponta da orelha direita deles, e sobre o polegar da sua mão direita, e sobre o polegar do seu pé direito; e Moisés espargiu o restante do sangue sobre o altar em redor”Esse é um texto de realização da ordem que foi expressa por Deus a Moisés previsto no livro do Êxodo 29.20, nesse, Deus ordena o ritual, mostrando a sua origem e a sua forma de realização, naquele é o ato sendo realizado.

4.1. O Ritual

O ritual na separação do Sumo sacerdote e sacerdotes eram bastante complexos envolvia várias etapas minuciosamente observadas, na responsabilidade de acarretar a maldição e a morte, se não seguidas as regras na íntegra. Essas regras foram estabelecidas por Deus e tinha propósitos específicos, alguns são mencionados com clareza no texto bíblico, outros precisam de uma busca maior para saber o que estava envolvido em determinado ritual, mas a maioria do significado vem expressa no texto “porque eu, o Senhor, que os santifico, sou santo.” Deus é único e ele queria que o povo dele fosse único e para isso deveria ter uma forma única em seus rituais, a fim de que houvesse separação e distinção de Israel e dos povos que iriam conhecer, principalmente na nova terra que iriam tomar posse.
O capitulo oito de Levítico e Êxodo 29 trazem os detalhes sobre como deveriam ser realizados o ritual em caráter perpetuo.

4.1.1. Os Elementos

Vários elementos vivos e outros materiais eram usados para que os sacerdotes administrassem o sacerdócio: um novilho, dois carneiros sem mancha, pães, bolos e coscorões (espécie de bolachas) todos sem fermento e colocados dentro de um cesto, além do óleo da unção. Esses eram usados no ritual, sendo que tinha as roupas para serem colocadas nos sacerdotes: túnica, manto, tiara, mitra, éfode, coroa, peitoral. Algumas eram específicas do sumo sacerdote.
Havia a presença de Moisés e Arão com seus filhos e também de toda a congregação que permanecia fora da tenda. O lugar destinado para o ritual era o recém-inaugurado tabernáculo com todos os seus móveis e utensílios. É mencionado no ritual o altar de bronze e seus utensílios, o lugar santo (Ex 29.31) e a bacia (Lv 8.11).

4.1.2. A Dinâmica

Primeiramente Moises deveria estar portando de todo o material a ser utilizado no ritual, também convocar todo o povo à porta da congregação e depois trazer Arão e seus filhos à porta da congregação e lavá-los com água para que pudessem receber as vestes a ele designadas. Na sequência Moisés veste a roupa do Sumo Sacerdote com todos o seu ornamento.
Nesse momento do ritual, Moisés se torna para o tabernáculo e de posse do óleo da unção unge o tabernáculo e tudo o que nele havia fazendo a consagração dele a Deus (Lv 8.10), ato continuo e com o mesmo óleo esparge sobre o altar de bronze por sete vezes. Terminado essa etapa ele derrama do óleo sobre a cabeça de Arão. Durante esse momento os filhos de Arão estavam aguardando até serem chamados por Moisés e serem vestidas de suas vestes específicas. Observa-se que somente Arão recebe a unção com o óleo santo e os seus filhos não são ungidos da mesma forma. Isso traz uma ilustração sobre o verdadeiro Sumo Sacerdote que ainda viria. A regra era que tudo o que fosse ungido com o óleo santo se tornava santo e somente o Sumo Sacerdote poderia entrar na presença de Deus no Santo dos Santos.
Nesse momento é trazido o novilho perante Moisés, esse novilho era chamado de oferta pelo pecado de Arão e seus filhos. Arão e seus filhos são convidados a colocarem suas mãos sobre a cabeça do novilho, isso representava a identificação deles com o novilho. Pois quando um sacerdote pecasse, o pecado chamado pecado da ignorância, deveria assim proceder. Após ter imolado o novilho, pega do seu sangue e coloca nos quatro chifres do altar de bronze. Levítico quatro nos revela que esse ritual era mais prolongado quando feito pelo sacerdote, talvez aqui foi reduzido devido ter feito por Moisés, no referido capítulo é mostrado que o sacerdote deveria pegar do sangue e levá-lo para dentro da tenda da congregação e colocar nos chifres do altar de incenso além espargir por sete vezes diante do véu do santuário.
O resto do sangue é derramando na base do altar de bronze, para purificá-lo. Moisés coloca sobre o altar as entranhas, o redenho do fígado, os dois rins com sua gordura e faz a primeira oferta queimada. Queimando o restante, o couro, os excrementos e a carne, fora do arraial, sendo sacrifício pelo pecado (Ex 29.11) Observa-se que na oferta queimada somente partes do novilho eram aproveitadas e das partes internas. Se isso faz uma alusão à questão de Cristo ter sido morrido foram da cidade santa é uma questão alexandrina. É sabedor que Cristo foi o sacrifício pelos nossos pecados e fazendo a comparação com esse ritual fica até estranho que Cristo é comparado a elementos espúrios, principalmente o esterco.
A seguir chega o primeiro carneiro, para a oferta do holocausto, e o mesmo ritual da imposição de mãos é repetido, sendo que dessa vez todo o carneiro é queimado, começando pela cabeça, os pedaços e a gordura e depois as entranhas e as pernas, sendo todo queimado, era a oferta de aroma agradável ao Senhor.
O próximo e último carneiro é o que mais interessa a esse trabalho. Era chamado de o carneiro da consagração que depois do ritual das mãos foi imolado por Moisés e com parte de seu sangue Moisés unge a orelha direita de Arão, o polegar da mão direita e o polegar do pé direito. Após faz chegar os seus filhos e repete o mesmo ritual. O resto do sangue foi derramado ao redor do altar. Moisés pega a cauda, a gordura, o redenho do fígado, os rins, a coxa direita e coloca sobre as mão de Arão e seus filhos juntamente com um bolo, um pão e um coscorão sobre a coxa direita do carneiro, essa oferta é movimentada , chamada de oferta movida, que após foi queimada no altar como aroma agradável.
O peito era retirado e dado a Arão e seus filhos para que depois de assado no lugar santo (Ex 29.31)devia ser comido diante de todo o povo que estava a porta da congregação e o restante deveria ser queimado com fogo. Mas antes disso Moisés pegou do óleo da unção e espargiu sobre Arão e suas vestes, bem como de seus filhos e suas vestes. Vê-se que aqui os filhos de Arão não foram ungidos com o óleo, mas apenas espargido sobre eles. E os ungidos não poderiam sair dali durante o espaço de sete dias consecutivos.
Como se pode observar não era um simples ato, mas envolvia um comando pré ordenado por Deus, o serviço sacerdotal era a maneira que Deus utilizaria para que ele pudesse habitar com o seu povo, pois a promessa dele a Moisés que habitaria com o povo dele e um conjunto de regras tiveram que ser criados, o que na Teologia é chamado de lei de Moisés.

5. O caso de malco

A Bíblia não fala mais desse homem chamado Malco, além dos textos nos quatro evangelhos no Novo Testamento, sendo que é especificado que ele era um servo do sumo sacerdotes e apenas o apóstolo João cita o seu nome. Ele fazia parte da comitiva que foram ao Getsêmani para aprisionar Jesus, certamente a mando do sumo sacerdote da época que se chamava Caifás.
O fato de apenas João ter citado o seu nome leva a uma conjectura da omissão do nome de Pedro e do servo, devido Pedro ainda estar vivo no momento da escrita dos outros três evangelhos, isso fora feito a fim de proteger Pedro. Pois se sabe que o livro de João fora escrito o mais anterior nos anos 70 d.C. e que em 89 e 90 já circulavam na igreja. E que nessa data Pedro já tinha sido martirizado em Roma no ano de 67 d.C.
Muitas pessoas poderiam ser atingidas pelo golpe certeiro de Pedro, no entanto, esse homem foi o alvo da primeira espadada. Sendo que era o suficiente, pois em Lucas Jesus repreende a Pedro dizendo que bastava e que deixasse, talvez Pedro iria continuar até matar o servo do sumo sacerdote. Em Mateus, Jesus além de chamar a atenção de Pedro, mandou que colocasse a espada de novo na bainha e lembrou-o um dos princípios dito por Deus a Noé: “Se alguém derramar o sangue do homem, pelo homem se derramará o seu.” (Gn 9.6) ratificando com as palavras que todos os que lançam mão da espada, a espada perecerão (26.52).

5.1. Orelha: cortada ou ferida?

Uma questão a ser analisada é sobre a orelha de Malco se ela foi cortada ou se foi apenas ferida com um corte da espada de Pedro. Os quatro evangelistas usam o termo cortou-lhe e cortando-lhe, dando a entender que a orelha de Malco foi decepada e que caiu no chão e nessa cena, possivelmente grande quantidade de sangue deve ter saído da cabeça de Malco. O dicionário Glosbe diz que a palavra grega κόψτε usada para “cortou-lhe” significa corte, no sentido de cortar a cabeça, isto é, tira-la fora do pescoço. Que vem do termo αποκόψει que significa cortar fora.
No entanto, o único texto que relata sobre a cura do servo está registrado no livro de Lucas onde diz: “e tocando-lhe a orelha, o curou (22.51b). No grego o termo tocou vem do correlato tocados ou tocar (άγγιξε) que significa encostar em algo. O texto bíblico também não expressa que Jesus se abaixou para pegar a orelha cortada para colocá-la em seu lugar. Pode-se imaginar o ambiente do jardim sendo iluminado por tocha e naquele alvoroço alguém procurando a orelha de Malco no chão misturado com sangue e terra. E trazendo-a para Jesus colar no seu lugar. É uma coisa pouca improvável de ter acontecido. O certo é que Jesus realizou o milagre restituindo a orelha de Malco, pois o texto é bem claro ao dizer que Jesus tocou-lhe a orelha e não a cabeça e o curou.

5.1.1. Necessidade da orelha direita

O sacerdócio não era feito somente por uma pessoa, o principal era o Sumo Sacerdote, mas ele tinha vários servos: o comandante do templo que era o responsável pelo culto e serviço de policiamento; os chefes das seções semanais que se dividiam em 24; os sete vigilantes e os três tesoureiros, sendo que o primeiro dessa lista tinha a missão de realizar aquelas missões ilegais. Saulo, antes da conversão fala que ele pegava cartas sob autorização dos principais dos sacerdotes para prender os cristãos (Atos 26.10). Possivelmente, Malco era essa pessoa de confiança de Caifás.
A Bíblia apresenta que para ser sacerdote eram necessários alguns requisitos:
  • Ser da tribo de Levi: “Mande chamar a tribo de Levi e apresente-se ao sacerdote Arão para auxiliá-lo, eles cuidarão das obrigações próprias da tenda da congregação, fazendo o serviço do Tabernáculo para Arão e toda a comunidade”(Nm 3.6,7) A Bíblia não traz a genealogia de Malco, no entanto, por inferência é correto afirmar que uma pessoa para trabalhar no Templo tinha que ser da tribo de Levi e jamais o Sumo sacerdote iria corromper essa ordem.
  • Ser perfeito: ”Fala a Arão, dizendo: ninguém da tua descendência, nas suas gerações, em que houver algum defeito se chegará a oferecer o pão do seu Deus” (Lv 21.17), e “... quem houver deformidade, se chegará para oferecer as ofertas queimadas do SENHOR; defeito nele há;...”(Lv 21.21). Essa necessidade era assim obrigatória, pois o próprio Deus é perfeito e para se achegar a ele é necessário que seja perfeito. Isso figurava a sombra daquilo que foi realizado por Cristo. Os homens sendo pecadores jamais poderiam se chegar a Deus, como diz o profeta Isaias que as iniquidades dos homens fazem separação deles de Deus. Isso não quer dizer que Deus é contra a acessibilidade dos portadores de necessidades especiais a sua presença. Na lei era o aspecto físico que tinha que ser perfeito e na graça é o aspecto espiritual.
  • Ser ungido: “E o sacerdote tomará do sangue da expiação da culpa, e o porá sobre a ponta da orelha direita daquele que tem de purificar-se e sobre o dedo polegar da sua mão direita e no polegar do seu pé direito” (Lv 14.14) Esse ritual já foi pormenorizado supracitadamente, no entanto um homem precisava ter a orelha direita para que a cerimônia fosse possível.
Aqueles que desejavam ser sacerdotes, devia dedicar a sua vida por cerca de cinco a oito anos ao estudo dos escritos judaicos, se dedicar ao serviço do Templo, em todas as ações relacionadas ao trabalho ainda, no final quando faltava um ano se tornava servo do sumo sacerdote, se tornando próximo da maior autoridade do Templo.
Malco já estava no último ano de seu estágio e o ato de ter a orelha cortada tiraria duas das condições acima mencionadas, e ainda mais, o tornaria impróprio para fazer qualquer coisa no templo. Ele seria excluído de seu trabalho e teria que prover sua alimentação de outra forma. Sem aquela orelha a vida de Malco seria totalmente mudada no âmbito de 360 graus e todos os seus desígnios e projetos teriam que sofrer adaptações radicais. Trabalho, família, posição social seria todas afetadas. O ministério teria que ser abortado da vida de Malco e o Templo só serviria para ele ir adorar a Deus como cidadão comum.
Malco era um servo do sumo sacerdote e tinha uma história e não havia espaço para situações de fracasso. A orelha direita era apenas um detalhe na cabeça de outros , no entanto na vida de Malco era uma parte essencial, que não envolvia apenas a função auricular de direcionamento de sons. O corte da orelha era a decepção completa de uma vida projetada. A grande questão não era apenas o risco de vida que o servo do sumo sacerdote estava correndo, pois mais um golpe da espada de Pedro era o seu fim. A pessoa de Jesus no cenário salvou a sua vida, pois Jesus interrompeu a Pedro, dizendo que bastasse e mandou guardar a espada.
O fato de Jesus ter concertado a orelha direita de Malco não foi apenas um milagre antes da crucificação. Muitas lições poderiam ser extraídas desse evento, tanto para a vida dos participantes daquela época, como nos tempos hodiernos. O principal prejudicado teve sua vida mudada de circunstancias totalmente adversa para uma nova maneira de ver as coisas. Segundo  algumas perguntas poderiam ser feitas a Malco:
  • Você foi prender um homem que era tido como criminoso. E dos perigosos, porque vocês foram armados. Ele não se defendeu, não lutou, não fugiu. Aceitou passivamente ser preso e pediu que liberassem os demais, já que procuravam por ele. Você não acha isso estranho?
  • Você e ele estavam em lados opostos. Eram adversários, tanto que um dos que estavam com ele feriu você. Ele interveio e até impediu coisas piores. Você não acha isso estranho?
  • Você teria dificuldades bem sérias com a orelha decepada. Sangraria muito, até chegar a um lugar aonde fosse medicado. Pegaria poeira e poderia infeccionar. Que você ficaria sem a orelha é certo. Ele ainda teve tempo para curar você. Você não acha isso estranho?
  • Você foi a última pessoa que recebeu um milagre dele. Você já tinha ouvido falar de alguém efetuar milagres para beneficiar os inimigos? Você não acha isso estranho?
  • Você foi o penúltimo que ele beneficiou. Na cruz ele ainda teve tempo de beneficiar um criminoso. Que zombava dele até poucos minutos atrás, antes de cair em si. As duas últimas pessoas que ele beneficiou foram adversárias. Você não acha isso estranho?
Não se sabe a continuação da vida de Malco. O que se pode afirmar é que Jesus restabeleceu a vida de uma pessoa que estava prestes a ter tudo destruído. Nenhuma pessoa naquele ato poderia melhorar a situação do servo. O máximo que poderiam fazer era um estanque na hemorragia da cabeça do servo do sumo sacerdote, no entanto, aquele que pode todas as coisas realizou mais um ato de misericórdia com um dos seus opositores, como está escrito que Jesus não veio para condenar, mas salvar os que estavam perdidos.

5.2. Uma Possível aplicação

É bem possível que se possam extrair lições para aplicação prática na vida de pessoas em quaisquer situações no ocorrido na noite da traição do jardim do Getsêmani. Poderia ser usado a questão de Pedro ainda não ser um convertido, mesmo andando com Jesus durante cerca de três anos e meio, aplicando-se a cristãos que estão na “igreja” há quantos tempos e ainda não se comportam como verdadeiros cristãos. Poder-se-ia usar a fuga dos discípulos para exemplificar que todos os homens têm medo da morte e que sem Espírito Santo os homens não têm como ser verdadeiros corajosos e pregadores da Palavra (um exemplo do contrário é visto no dia do Pentecostes, os mesmos que fugiram no jardim, foram ousados e enfrentaram a situação).
Outro exemplo é na orelha direita cortada, que pode aludir sobre os projetos espirituais na vida de pessoas, principalmente aqueles que sofreram uma “espadada” dada por alguma outra pessoa, e que tirou da vida dessa pessoa a principal condição que o levaria a alcançar o seu sonho. E que por alguns momentos somente o desespero podia fazer parte dessa vida.
Outro fato cômico, mas interessante que se pode extrair uma lição, é o do jovem que saiu correndo nu. Talvez esse jovem morasse ali perto do jardim e ao ver o movimento foi ver o que estava acontecendo, pois uma pessoa não iria acompanhar a multidão enrolado em um lençol. Pessoas tem prejuízos por querer lutar uma guerra que não lhes pertencem.
Mas o que mais ensina é que no jardim tinha muitas pessoas envolvidas, no entanto a presença de Jesus é que faz a diferença. Na solução de problemas pode-se até ouvir conselhos, de uma forma natural, mas o sobrenatural só se resolve de uma forma espiritual. A presença de Jesus é imprescindível na vida do homem, principalmente quando ninguém pode mais ajudá-lo, que era o caso de Malco, ninguém podia fazer o que Jesus fez naquele momento. Quando tudo parece que vai ser o fim, a presença de Jesus traz esperança àquele que está prestes a se desesperar. E que a última palavra sempre é a de Deus. Mesmo que a “espada” tenho sido arrancada e o golpe tenha sido dado, o toque de Jesus é que restaura.

5.3. Uma Possível controvérsia

Segundo Carlos3 existe uma aplicação equivocada entre os dois textos mencionados nesse trabalho. Segundo ele não existe ligação no campo profético, talvez no comparativo. E em suja conclusão ele afirma: “Seria como comparar a história de uma criança que caiu de bicicleta e cortou o joelho e a história de uma outra criança que, ao chegar no balcão de um açougue, encostou o joelho em uma de suas extremidades e se sujou de sangue. A única semelhança seria que ambos se sujaram de sangue. Não existe ligação factual”.
Ele também afirma que por falta de conhecimento teológico cria certas considerações sem respaldo de onde o texto não afirma isso por falta de observância os contexto de cada passagem, “O que leva a estes entendimentos desprovidos de conhecimento teológico são algumas das lideranças religiosas que se formam sem conhecimento teológico” e continua dizendo que por interesse financeiro.
As ideias colocadas, por ele, de algumas interpretações de que Pedro deu o golpe na orelha direita justamente para impedir o sonho de Malco, por ele ser servo do Sumo Sacerdote são retiradas da imaginação alexandrina de muitos pregadores que fazem uma verdadeira eisegese do texto, dizendo o que não existe no texto. Carlos faz uma defesa contra a tendência moderna de alegorizar tudo o que existe na Bíblia.
É claro que se podem extrair certas lições de qualquer texto, no entanto isso não pode criar doutrinas, principalmente as que criam promessas. É o caso do livro de Provérbios, que é um livro que são de observações práticas da vida, mas não se podem criar promessas de provérbios. E ainda mais dizer que foi Deus que afirmou aquela verdade observada pelo homem.
O fato de Malco é um fato histórico, que deve ser mencionado como fato histórico, por isso que nesse trabalho é colocado como uma “possível” aplicação na vida das pessoas, uma inferência de uma lição que se quer extrair para um cotidiano e trazer consolo a pessoas. Por exemplo, como pregar nas extensas genealogias de Crônicas, no entanto pode-se anunciar que Deus estava no controle das gerações para mostrar que a sua Palavra sempre cumprirá , levando até chegar ao nascimento do Messias.
Esse trabalho termina como começou, citando Romanos 15.4: "Porque tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança”.

6. Anexo: Possível Harmonia do fato

Jesus após sua agonia do Getsêmani chama os discípulos e diz que o traidor se aproxima e enquanto ainda falava Judas se aproxima acompanhado de uma multidão, guiada por ele, ordenada pelo Sinédrio, com servos e guardas do Templo, alguns do Sinédrio e soldados romanos. Jesus antecipa a Judas e lhe diz : Com um beijo traís o Filho do Homem e Judas chega e saúda: Eu te saúdo, Rabi, e beija a Jesus como sinal de reconhecimento ao ponto que Jesus lhe diz: Amigo a que vieste? Jesus pergunta aos outros: a quem buscais? A Jesus Nazareno, responderam. Sou eu, replicou Jesus, momento esse que eles recuam e caem por terra. Jesus se apresenta de novo e diz: A quem buscais? Ao ponto que eles repetiram a mesma resposta. Jesus lhe diz: Já não disse que Sou eu? Jesus faz uma intercessão pelos seus pedindo para que deixassem os seus discípulos irem. Um dos discípulos pergunta se é para atacar com as espadas, ao ponto que quando Jesus se entrega, Simão Pedro arranca da espada e dá um golpe na cabeça do servo do sumo sacerdote ferindo a orelha direita, e o nome do servo era Malco. Jesus repreende a Pedro e lhe diz que bastava, aproxima-se de Malco e toca a orelha, curando-a. Jesus continua dizendo que aquele que fere pela espada também sofreria pela espada e que se quisesse pediria doze legião de anjos a seu pai e ele lhe responderia, e ainda, como se cumpriria as Escrituras. Jesus voltando para multidão e os outros, disse que todo dia estavam com eles e por que não o prenderam e por que saíram com espadas e varapaus. Ao mesmo tempo em que diz que não era assim, por não ter sido cumprido o tempo. Jesus é preso e levado ao sumo sacerdote. Os discípulos fogem e uma pessoa que estava enrolada em um lençol sai correndo nu.
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante

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