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quarta-feira, 20 de novembro de 2019

O PODER DA FÉ


                                                                O PODER DA FÉ
Romanos 10.9
“Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.”

Alvo da Lição: aluno entenderá o verdadeiro significado da fé no processo de conversão como recurso acessível para promover o relacionamento cotidiano e eterno entre Deus e o salvo.
O Brasil é um país de multiforme cultura e religiosidade, onde se prega “fé como um assunto que não se discute”. Esse fato reforça a necessidade de repensarmos e discutirmos o valor da genuína fé salvadora, à luz da Bíblia. A doutrina da salvação bíblica não acomoda uma fé pluralista, cujas diferentes expressões populares, sofisticadas, intelectualizadas ou místicas, servem como diferentes maneiras de se falar a mesma coisa ou chegar ao mesmo fim.
A fé e o arrependimento desempenham papel de cooperação no processo de salvação. O arrependimento sem a fé não tem efeito, entretanto, a fé salvadora por si é suficiente. Fé em Cristo corresponde ao abandono do pecado, e abandono do pecado revela fé em Cristo. Ou seja, fé e arrependimento apontam para Cristo como Salvador e Senhor!
Abordaremos a verdadeira fé, trabalhando seu significado original, discorrendo sobre falácias e verdades, levantando suas evidências e definindo o que vem a ser crer em Cristo.

I. Fé e seu significado original

O conceito de fé no Antigo Testamento surge da raiz de alguns termos hebraicos que indicam “confiança digna, lealdade e fidelidade”, “confiante descanso numa pessoa, coisa ou testemunho”, “aceitação da veracidade de um testemunho”, ”entrega confiante”, “esperança em Deus quanto ao presente e futuro”.
No Novo Testamento, fé é altamente preeminente. O substantivo no grego (fé, fidelidade, confiança, lealdade) e o verbo cognato (crer, estar convencido, confiar, dar crédito) ocorrem ambos mais de 240 vezes, e o adjetivo (fiel, confiável, digno de confiança) ocorre 66 vezes. Sua aplicação mais comum é de crença ou convicção intelectual apoiada em testemunho (2Co 4.13; Fp 1.27) e completa confiança em Deus e em Cristo para redenção (Rm 3.22,25; Ef 2.8).
No Evangelho de João, o verbo crer ocorre quase 100 vezes, e seu uso mais forte focaliza a pessoa de Jesus Cristo, a partir do propósito do livro em João 20.30. Para João, a fé revela a atitude mediante a qual o homem abandona toda a confiança em seus próprios esforços para obter a salvação. A fé não consiste em aceitar meramente as coisas como sendo verdadeiras, mas confiar numa Pessoa, em Jesus Cristo.

II. Falácias sobre a fé bíblica

Há alguns conceitos distintos que precisamos registrar, pois não dizem respeito à fé salvadora.
1. Fé intelectual
É necessário que o homem tenha conhecimento sobre a pessoa e obra de Cristo: “como crerão naquele de quem nada ouviram?” (Rm 10.14). Mas conhecimento de fatos sobre Deus ou Cristo não é suficiente porque os pecadores têm conhecimento de Deus (Sl 19.1-4; Rm 1.18-21,32) e os próprios demônios têm conhecimento da pessoa e das obras de Deus (Tg 2.19).
2. Fé histórica
Concordar com ou aprovar determinados fatos também não basta. A fé salvadora vai muito além. Nicodemos parecia concordar com fatos sobre a identidade e missão de Jesus, porém, isso não lhe garantia a entrada no reino dos Céus ( Jo 3.1-3). O Rei Agripa acreditava nos profetas, mas não tinha a fé salvadora (At 26.26-28). A fé histórica resulta da tradição ou educação religiosa.
3. Fé miraculosa
Muita gente acreditou no poder de Jesus após a multiplicação dos pães e peixes, a ponto de desejarem torná-Lo seu rei ( Jo 6.14-15), porém, isso não isentou que Jesus identificasse sua incredulidade ( Jo 6.26,64). O interesse das pessoas dizia respeito somente àquilo que Ele poderia oferecer.
4. Fé temporal
Por ser passageira e momentânea essa fé “se baseia na vida emocional e busca a satisfação pessoal” (Louis Berkhof). A parábola do semeador ilustra muito bem a fé temporal que sucumbe às tribulações e provações da vida (Mt 13.20-22).
Aplicação
Tem fundamentado sua salvação ou vida cristã num destes tipos de fé? Por acaso algumas destas falácias têm contaminado sua “fé”?

III. Verdades sobre a fé bíblica

A partir da Bíblia, a fé salvadora é apresentada como confiança.
1.Confiança individual
A fé salvadora é apresentada em termos individuais ( Jo 3.16,36; 6.47; At 16.31; Rm 1.16; Gl 2.20). Seu modo de operação não se dá coletivamente, mas individualmente. Assim, como na experiência da vida cada pessoa “nasce e morre sozinha”, o mesmo acontece com a fé salvadora.
2. Confiança pessoal
A fé salvadora não é mística, imaginária, psicológica ou relativa; porém, real e pessoal (Rm 8.16), e atinge integralmente o âmago do ser.
a) Esfera intelectual: Reconhecimento real e positivo do evangelho;
b) Esfera emocional: Atração pela verdade e pessoa de Cristo;
c) Esfera volitiva: Apropriação da verdade e da pessoa de Cristo.
3. Confiança relacional
Por ser pessoal, a fé salvadora também se caracteriza como uma experiência relacional. Através da fé salvadora o pecador justificado entra na esfera de eterna comunhão e filiação com Deus: “a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus” ( Jo 1.12; ver também Jo 6.37; 7.37; 14.16, 23; Mt 11.28-30).

IV. As evidências da fé

A Bíblia ensina que a fé salvadora apresenta evidências internas e externas.
1. Internamente
Ministério do Espírito Santo, habitando cada salvo (Rm 8.9; 1Jo 4.13) e testificando o seu relacionamento com Deus (Rm 8.16; Gl 4.6).
2. Externamente
Sinais da nova vida refletindo a transformação em Cristo, a qual, entre outras evidências, manifesta:
a) Fome e obediência à palavra de Deus (Jo 5.4; 14.21; 1Pe 2.2-3)
b) Desejo de orar (Rm 12.12; Cl 4.2; 1Ts 5.17-18)
c) Amor pelo povo de Deus (Jo 13.34-35; Hb 10.24-25)
d) Abandono do pecado (Tt 2.11-12; 1Co 6.9-11; 1Pe 1.14-16)
e) Repúdio ao ocultismo e à idolatria (At 19.18-20; 1Ts 1.9)
f) Testemunho espontâneo do amor de Deus (At 1.8; 4.20; 1Pe 3.15)

V. O significado do crer em Jesus Cristo

O exclusivo objeto da fé salvadora é Jesus Cristo. Crer em Cristo implica não depender nem confiar mais na religiosidade, cerimonialismo, rituais, misticismo, boas obras, piedade, instituições religiosas, pessoas ou ética pessoal com vistas a algum merecimento eterno. Mas depender e confiar unicamente na graça de Deus estendida aos pecadores através da pessoa e obra de Cristo, o Filho de Deus ( Jo 20.31), que foi morto em lugar dos pecadores e ressuscitou ao terceiro dia (Rm 10.8-9; 1Co 15.3-4), e é o único meio de Deus para oferecer gratuitamente a salvação ( Jo 3.16, 6.47; 14.6; 2Co 5.17; Ef 2.8-10; 1Tm 2.5-6).
Posso afirmar que um dia, minha vida depositou fé em Cristo? Posso afirmar que, hoje, a minha fé em Cristo pode ser vista através da minha vida?

Conclusão

A fé em Cristo não apenas é a base de nossa salvação, mas a provisão para a vida cristã, santificação, crescimento e amadurecimento. Que você, como salvo, possa a cada dia reafirmar as palavras de Paulo: “já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gl 2.20)! Amém!
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante

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