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sexta-feira, 1 de novembro de 2019

A OBRA DO ESPÍRITO SANTO


                                                   A OBRA DO ESPÍRITO SANTO
Se você imaginasse Jesus na cruz toda vez que encontrasse seu nome na Bíblia, você acabaria atordoado. A cruz foi, na verdade, uma parte importante de sua obra, mas não foi tudo. Ele fez muitas coisas antes de vir à terra, viveu uma vida plena aqui, e agora senta-se à direita de Deus. Sabendo disto, reconhecemos que a obra de Jesus tem múltiplas facetas. Mas quando as pessoas lêem a respeito do Espírito Santo, elas freqüentemente o vêem fazendo somente uma obra de um único modo. O resultado é absoluta confusão. Para estudar a obra de Jesus de modo lógico, organizemos sua carreira em categorias: Jesus antes de sua encarnação, sua vida na terra, sua crucificação, sua ressurreição, seu reino no Céu, sua volta, etc. Devemos fazer o mesmo com o Espírito Santo.
O Velho Testamento
O Espírito Santo estava ativo no Velho Testamento. Ele participou da criação: "A terra... estava sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava por sobre as águas" (Gênesis 1:2). Quando Deus disse, "Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança", ele estava provavelmente falando ao Filho e ao Espírito, desde que todos os três trabalharam ativamente para criar o homem (Gênesis 1:26). O Espírito revelou as palavras do Velho Testamento a homens como Davi: "O Espírito do Senhor fala por meu intermédio, e a sua palavra está na minha língua" (2 Samuel 23:2). O Novo Testamento confirma que "homens... falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo" (2 Pedro 1-21; veja Hebreus 10:15; Atos 28:25).
Os Apóstolos
João Batista predisse que alguns seriam batizados com o Espírito Santo: "Eu vos batizo com água, para arrependimento; mas aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu, cujas sandálias não sou digno de levar. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo" (Mateus 3:10-11). Para João, o fogo simbolizava castigo. Ele advertia quanto à árvore infrutífera sendo "lançada ao fogo" e dizia que o Senhor queimaria como "a palha em fogo inextinguível" (Mateus 3:10, 12). Portanto, João não poderia estar falando que todas as pessoas presentes seriam batizadas com o Espírito Santo e com fogo. Ele simplesmente identificou Jesus como aquele que administraria os batismos; o cumprimento revelaria quais pessoas os receberiam.
Jesus se referiu à promessa de João quando ele instruiu seus apóstolos imediatamente antes de sua ascensão: "E, comendo com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, a qual, disse ele, de mim ouvistes. Porque João, na verdade, batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias" (Atos 1:4-5). Os apóstolos obedeceram Jesus voltando a Jerusalém e, poucos dias depois, no Pentecostes, foram batizados no Espírito Santo (Atos 2:1-4). Os Doze tinham sido escolhidos por Jesus para serem seus representantes e revelarem a mensagem do evangelho (Efésios 3:5; 2 Pedro 3:2; Judas 17). O Espírito Santo iria equipá-los para esta obra. Ele lhes lembraria o que Jesus disse a eles (João 14:26) e os guiaria em toda a verdade (João 16:13) de modo que eles pudessem testificar de Jesus (João 15:26-27). Como testemunhas oculares da ressurreição de Jesus (Lucas 24:48; Atos 1:8, 22; 2:32; 3:15; 4:33; 5:32; 10:39-41; 13:31; 1 Pedro 5:1; 1 João 1:2) o testemunho deles foi crucial para o desenvolvimento da igreja primitiva (Atos 2:37, 42:43; 4:33-37; 5:12, 18, 40; 8:14-18), da qual eles foram o alicerce (Efésios 2:20; Apocalipse 21:14).
Aqueles que estão hoje esperando ter uma experiência "Pentecostal" podem cometer o mesmo engano que alguém que viajasse para Jerusalém para ver Jesus na Cruz. O batismo dos apóstolos com o Espírito Santo no dia de Pentecostes foi um evento único, sem repetição. Isto não significa que o Espírito Santo deixou de trabalhar hoje, mas que ele não está fazendo o mesmo trabalho hoje como o fez nos apóstolos. O alicerce da igreja foi lançado perfeitamente; não precisa ser lançado de novo.
Cornélio
Desde o tempo do chamado de Abraão, os judeus foram o povo escolhido de Deus. Ainda que Deus tenha prometido que através dos descendentes de Abraão bênçãos viriam sobre todas as nações (Gênesis 12:3), os primeiros beneficiados de seu cuidado, durante 2000 anos, foram os judeus. João Batista era judeu, Jesus era judeu, os apóstolos eram judeus e os primeiros cristãos eram judeus. Neste ambiente, os cristãos judeus não seriam facilmente persuadidos de que Deus quisesse que os gentios recebessem o evangelho.
Três milagres notáveis acompanharam a pregação a Cornélio, o primeiro gentio a ser convertido. Primeiro, o anjo lhe disse que mandasse chamar Pedro em Jope. Segundo, enquanto Pedro estava no seu terraço esperando o jantar, ele viu um lençol descendo do céu cheio de todos os tipos de animais. Uma voz disse a Pedro que os matasse e comesse, mas ele instintivamente recusou, dizendo que nunca tinha comido nenhum animal imundo. A voz replicou "Ao que Deus purificou não consideres comum" (Atos 10:15). Por causa desta visão, Pedro foi com os mensageiros de Cornélio, pregou aos seus amigos e parentes e assentou-se em sua casa. O terceiro milagre ocorreu enquanto Pedro pregava: o Espírito Santo veio sobre os que estavam ouvindo Pedro e eles começaram a falar em línguas.
Quando Cornélio e sua família receberam o Espírito Santo, Pedro imediatamente ordenou que fossem batizados na água. Antes disto, nenhum gentio tinha sido batizado, mas Pedro reconheceu que, dando-lhes o Espírito Santo, Deus estava testemunhando que eles também deveriam receber o evangelho. Para encontrar um paralelo ao modo pelo qual Cornélio tinha recebido o Espírito, Pedro teve que voltar a quando ele tinha descido sobre os apóstolos "no princípio" (Atos 11:15). Isso lembrou-o da promessa de João que alguns seriam batizados no Espírito Santo, e convenceu os judeus céticos de que "aos gentios foi por Deus concedido o arrependimento para vida" (Atos11:18). Este evento muito significante foi relatado três vezes em Atos (Atos 10; 11:1-18; 15:7-11).
Além destes dois, não há nenhum outro relato do batismo no Espírito Santo. No Pentecostes, os apóstolos foram batizados no Espírito para que pudessem dar testemunho de Jesus e revelar o evangelho. Então Cornélio e sua família foram batizados com o Espírito para demonstrar a aceitação dos gentios por Deus. Em Atos 2, houve dois batismos. Em Atos 10, houve dois batismos. Depois disso, houve só um batismo (Efésios 4:5), batismo em água para o perdão dos pecados (Efésios 5:26). Ninguém, hoje, recebe o Espírito Santo do mesmo modo que os apóstolos e Cornélio.
Dons espirituais
Paulo mencionou diversos dons espirituais (1 Coríntios 12:1-11) incluindo línguas, curas, milagres e profecias. Estes dons serviam a dois propósitos: revelar e confirmar a palavra. Antes que o Novo Testamento fosse escrito, homens com dons espirituais falaram a mensagem para que a igreja pudesse ser edificada (1 Coríntios 14). Desde que era uma nova revelação, o Senhor a confirmava com sinais da mesma forma como tinha feito nos dias de Moisés e Elias. Os dons espirituais autentificavam a mensagem que estava sendo revelada (Hebreus 2:3-4; 1 Coríntios 14:22; Marcos 16:17-20).
Os discípulos no primeiro século recebiam estes dons espirituais através da imposição das mãos dos apóstolos (Atos 8:14-18; 19:6). Não há registro de alguém, além dos apóstolos, tendo o poder de transmitir o Espírito deste modo. Portanto, após a morte dos apóstolos, os dons tinham que terminar; nunca foram destinados a continuar. 1 Coríntios 13:8-13 mostra que eles foram desnecessários depois que a mensagem do Novo Testamento foi completamente revelada (veja O Que A Bíblia Ensina sobre Falar em Línguas por Gary Fisher).
Habitação
Hoje, Deus habita nos corações de seus servos fiéis. Seus corpos são seu templo (1 Coríntios 6:19-20; Romanos 8:9-11). Isto não significa que o Espírito Santo sussurra coisas nos ouvidos deles, ou lhes dá algum sentimento ou intuição especial; de fato, a Bíblia não diz nenhuma palavra sobre como nos sentimos quando o Espírito está em nós. Esta habitação não é alguma experiência mística na qual a pessoa sente mesmo a condução do Espírito em sua vida. Quando a pessoa segue seus próprios palpites e diz que isso é aceitar a orientação do Espírito Santo, ela realmente acha que seus próprios sentimentos sejam Deus. O verdadeiro modo pelo qual o Espírito nos guia é através de sua palavra, "a espada do Espírito" (Efésios 6:17). Se alguém vive em nós significa que pensamos nele todo o tempo, que temos as mesmas atitudes que ele teria, que o amamos, que respondemos prontamente ao que ele nos peça para fazer e queremos ser o que ele quiser que sejamos. Estamos tão perto do Senhor que possa ser dito verdadeiramente que o Espírito Santo habita em nós?
Conclusão

Podemos entender mais facilmente o Espírito Santo e sua obra distinguindo as várias coisas que ele fez e os diferentes modos pelos quais os fez. No Novo Testamento, os apóstolos e Cornélio foram batizados no Espírito para revelar a mensagem do evangelho e para demonstrar a aprovação de Deus para a conversão dos gentios. Os apóstolos impuseram suas mãos em alguns indivíduos dando-lhes dons espirituais para edificar a igreja e confirmar a palavra. Ninguém hoje recebe o Espírito Santo do mesmo modo; hoje o Espírito Santo habita nos corações dos cristãos.
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante

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