A GRAÇA DE DEUS
Efésios 2.8-10
O filho pródigo foi embora por direito, mas voltou pela graça.
Graça é benevolência; é a boa vontade de Deus para conosco, sem obrigação de Sua parte nem méritos da nossa. É o favor imerecido.
Quando Adão e Eva pecaram, veio o castigo. Entretanto a graça se manifestou na promessa de um descendente para esmagar o inimigo e quando, num gesto inesperado de carinho, Deus fez roupas de pele para o casal (Gn 3).
Logo depois, o pecado se multiplicou, provocando a ira divina. “Noé, porém, achou graça aos olhos do Senhor” (Gn 6.8). Essa benevolência se consumou na salvação por meio da arca.
Antes que Sodoma fosse destruída, o favor divino se revelou na visita dos anjos que retiraram Ló da cidade (Gn 19).
Pela graça, Israel foi liberto do Egito. Mais tarde, o pecado fez com que fossem levados cativos para a Babilônia, mas a graça se manifestou mais uma vez, quando o remanescente voltou à Terra Prometida (Ed 9.8).
No Novo Testamento, a graça está personificada no Messias: “A lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo” (João 1.17). “Em quem temos a redenção pelo Seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da Sua graça” (Ef 1.7). “Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens” (Tito 2.11).
A morte de Jesus encerrou a dispensação da lei mosaica e iniciou um tempo especial da graça, que pode ser visto como a porta da salvação, aberta até que Jesus volte. Contudo essa oportunidade é fechada para cada indivíduo no momento de sua morte.
A salvação não pode ser conquistada pelo homem, mas recebida gratuitamente (Rm 6.23; At 15.11). “Para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da Sua graça pela Sua benignidade para conosco em Cristo Jesus. Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.7-9). A graça dá; a fé recebe. Em todas as citadas manifestações da bondade divina durante a história bíblica, havia possibilidade de rejeição por parte do homem.
A graça não é automática em seus efeitos, pois, se assim fosse, toda a humanidade seria salva. Ela é extensiva a todos os homens (Rm 5.18), mas muitos a rejeitam. É necessário que haja uma resposta humana positiva, recebendo Jesus Cristo como salvador (João 1.11-12; Rm 10.9). Sem isso, a graça torna-se inútil para o indivíduo.
“E nós, cooperando também com ele, vos exortamos a que não recebais a graça de Deus em vão. Porque diz: Ouvi-te em tempo aceitável E socorri-te no dia da salvação; Eis aqui agora o tempo aceitável, eis aqui agora o dia da salvação” (2Co 6.1-2).
Nada há que possamos fazer para comprar ou conquistar uma só bênção. Orações e jejuns são formas de manifestarmos nosso desejo, mas Deus só nos atende pela graça. Não é razoável que alguém se apresente ao Senhor para exigir direitos ou estabelecer condições.
Também não podemos confundir a graça de Deus com aprovação ao pecado. É o que muitos têm feito, supondo que seus erros serão simplesmente desconsiderados. Não é assim. A graça não dispensa o arrependimento, o pedido de perdão e a mudança de vida, mas dispensa pagamentos, penitências, indulgências, compensações e sacrifícios expiatórios, pois a morte de Cristo foi suficiente nesse sentido.
Judas, irmão de Tiago, advertiu acerca dos falsos mestres, dizendo: “Porque se introduziram alguns, que já antes estavam escritos para este mesmo juízo, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus” (Jd 4). A graça não significa licença para pecar, mas a disposição divina para receber o pecador arrependido.
A mesma deturpação foi percebida por Paulo, que disse: “Permaneceremos no pecado, para que a graça abunde? De modo nenhum. Nós, que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele”? (Rm 6.1-2).
Em vez de permanecermos no pecado, devemos permanecer na graça (Gl 5.4), ou seja, permanecer no caminho do Senhor, buscando a santificação e deixando de lado a autoconfiança, sabendo que dependemos de Deus a cada instante.
“E, despedida a sinagoga, muitos dos judeus e dos prosélitos religiosos seguiram Paulo e Barnabé; os quais, falando-lhes, os exortavam a que permanecessem na graça de Deus” (At 13.43). Permanecer na graça é como ficar na arca até que o dilúvio termine. Quem não permanece na graça cai no juízo.
Queremos tantas coisas do Senhor, mas precisamos reconhecer que a Sua graça é suficiente, pois sem ela estaríamos destruídos. Além disso, o que vier é lucro.
“E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2Co 12.9).“A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com todos vós. Amém” (Ap 22.21).
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante
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