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quinta-feira, 7 de março de 2019

CARNALIDADE E DIVISÃO NA IGREJA DE CORINTIOS


                             CARNALIDADE E DIVISÃO NA IGREJA DE CORINTIOS
1 Coríntios 3.1-23
 1 Coríntios 3.9
“Porque de Deus somos cooperadores; lavoura de Deus, edifício de Deus sois vós”
Alvo da lição
Ao estudar esta lição, você vai identificar duas das principais causas das divisões na igreja – a carnalidade e a imaturidade – e praticar os recursos que o texto bíblico nos apresenta para evitar e eliminar o espírito divisionista.

Introdução
Como os crentes de Corinto, constantemente nos achamos em luta contra dois inimigos: o mundanismo e a carnalidade. O primeiro é exterior, e o segundo, interior. Os coríntios raramente os venciam; frequentemente sucumbiam a ambos. Em consequência, cometiam sérios pecados, um após outro. Quase toda a primeira epístola visa identificá-los e corrigi-los.
O pecado das divisões na igreja coríntia foi acompanhado de outros pecados, pois estão sempre inter-relacionados. Não existe pecado isolado – um leva a outro, e o segundo reforça o primeiro. Cada pecado é uma combinação de pecados. A primeira epístola aos coríntios confirma essa realidade e nos exorta a cortar o mal pela raiz.
I. A manifestação da carnalidade (1Co 3.1-9)
Antes, o apóstolo mostrou que a causa de existirem divisões na igreja de Corinto era o mundanismo – eles continuavam a prezar a sabedoria humana. Agora, ele aponta a carnalidade como a razão de criarem partidos.
1. A causa da existência dos partidos (1Co 3.1-3)
O motivo do partidarismo não era somente externo – a influência do mundanismo; mas também interno – a carnalidade. Os coríntios não só haviam sucumbido às pressões do mundo, mas também haviam sido seduzidos pela própria carne.
Antes de começar a repreender os coríntios, Paulo os chama de “irmãos”. Isso é a indicação de que eram salvos por Cristo, e que o apóstolo assim os considerava. Entretanto, não podia diminuir a gravidade do pecado que haviam cometido. Não convinha dirigir-se a eles como crentes“espirituais, e sim como a carnais, como a crianças em Cristo” (1Co 3.1). O crente espiritual é aquele que se deixa controlar pelo Espírito, enquanto o crente carnal se entrega ao controle da sua natureza carnal (Rm 8.9,14).
Quando ainda eram “crianças”, os coríntios haviam recebido o alimento adequado ao nível espiritual em que se encontravam. Agora, porém, passado algum tempo, já deviam estar preparados para receber doutrina mais difícil de digerir. Entretanto, não podiam, porque ainda agiam como crianças espirituais (1Co 3.2).
O cristão cresce quando caminha dirigido pelo Espírito, mas estaciona no crescimento espiritual quando se deixa dirigir pela carne, pois são duas forças opostas entre si (Gl 5.16-17). A carnalidade do cristão não é um estado absoluto, no qual permanece, mas um comportamento ocasional, quando prevalece o comando da carne (Rm 8.5-14).
2. As manifestações da carne (1Co 3.3-4)
A carnalidade não é inevitável. É uma questão de escolha. Os cristãos de Corinto não cresciam porque alimentavam os apetites carnais. Era por essa causa que a congregação de Corinto colocava em evidência os ciúmes e as contendas.
O ciúme é a atitude ou a condição emocional interna; e a contenda é a ação que resulta dela ou a sua expressão exterior. O primeiro se revela como forma de egoísmo, que é uma característica comum às crianças, e não aos adultos! Crentes maduros são altruístas.
Essas duas manifestações são sintomas carnais mais destrutivos do que se possa pensar. Entre outras coisas, causaram as divisões na igreja de Corinto. Quando a congregação desenvolveu lealdade em torno de indivíduos, foi manifesto o ciúme entre os grupos, e surgiram as contendas (1Co 3.4).
3. É preciso mudar o foco da atenção! (1Co 3.5-9)
As divisões são evitadas quando os olhos são fixados em Deus, o único que deve ser exaltado. Quando focamos a nossa atenção no Senhor, o que sempre devemos fazer, eliminamos o perigo da formação dos partidos na igreja.
a. O que são os obreiros?
Apolo e Paulo eram simplesmente servos do Senhor, usados para a instrução dos coríntios, de acordo com os dons e habilidades que Deus havia concedido a cada um. Paulo plantou, Apolo regou! Era inútil, portanto, que atribuíssem qualquer glória a Paulo ou a Apolo, porque ambos não significaram nada mais do que isto: servos, uma tradução da palavra grega diakonos– aquele que serve (1Co 3.5-6). Eles foram simples instrumentos da fiel ação divina, que trouxe os crentes de Corinto à comunhão do Filho de Deus (1Co 1.9).
Paulo usou uma ilustração do que acontece na agricultura para demonstrar a dependência de cada servo ao seu Senhor. “Plantar” e “regar” são ações humanas, mas “dar o crescimento” é obra de Deus. Ambas as funções são inúteis, se Deus não fizer crescer. Por isso, um e outro cooperam com Deus (1Co 3.9), de Quem hão de receber o galardão pelo trabalho realizado (1Co 3.8).
b. De quem é a igreja?
Encontramos duas metáforas no versículo 9: “lavoura de Deus e edifício de Deus”. Com a primeira, o apóstolo dá a entender que o trabalho do que planta e do que rega produz um resultado que não lhes pertence.
A lavoura é propriedade de Deus. Com a segunda, Paulo ensina que os obreiros não passam de construtores, pois o edifício que levantam está edificado sobre um alicerce que não foi estabelecido por eles (1 Co 3.11). O edifício pertence a Deus.
Devemos ser lembrados, muitas vezes, de que a igreja onde e pela qual labutamos não é propriedade nossa. Somos apenas servos, às ordens de um Senhor, a Quem pertence todo o resultado do nosso labor. É Ele que deve ser glorificado em tudo o que fazemos.
1 Coríntios para hoje
Como age uma pessoa que pensa ser dona da igreja nos dias de hoje? Qual a diferença entre ela e um irmão que entende que é apenas instrumento do Senhor e que Ele é o dono de todos? Em qual grupo você se encaixa?

II. Deus julga os obreiros (1 Co 3.10-17)
Paulo ainda continua a considerar o problema das divisões em Corinto. Mas agora nos remete a uma reflexão sobre como o Senhor considerará as obras dos crentes, quando Ele regressar.
1. O fundamento da construção (1 Co 3.10-11)
Paulo se comparou a um prudente construtor. Trabalhava como um experiente e habilidoso mestre de obras, distribuindo as tarefas a cada operário. Mas a obra que realizava tinha o fundamento certo. Só existe um fundamento sobre o qual se pode erigir o edifício espiritual – Jesus Cristo (1Pe 2.4-8). Cada obreiro, porém, é responsável quanto ao modo como realiza a obra.
2. A revelação da qualidade da obra (1 Co 3.12-17)
Paulo tem em mente a chegada daquele dia (1 Co1.8), quando se tornará manifesta a verdadeira natureza das obras dos cristãos.
a. O rigor do teste. O teste se fará “pelo fogo”, o que dá a ideia de uma prova rigorosa. O valor das obras poderá ser comparado ao ouro, à prata e às pedras preciosas – materiais valiosos que, quando submetidos ao fogo, têm expurgadas as impurezas; ou à madeira, feno e palha – materiais que não resistem ao fogo (1 Co 3.12-13).
b. O resultado final do teste será determinar se o obreiro receberá ou não galardão (1 Co 3.14-15). “Sofrerá ele dano” (1Co 3.15) não significa perda da salvação. Isso se confirma com a expressão que segue: “mas esse mesmo será salvo, todavia, como que através do fogo”. O crente, cuja obra será comparada a material que o fogo extingue, não receberá galardão, embora seja “salvo”. Para que os cristãos entendam a seriedade com que os obreiros devem construir, Paulo introduz uma pergunta que já inclui em si mesma a resposta (1 Co 3.16). A igreja é santuário de Deus – Ele está pessoalmente presente, pelo Seu Espírito, em todos os membros da igreja, que juntos constituem o corpo de Cristo. Eis a razão pela qual se deve encarar a obra de Deus com muita responsabilidade.
A advertência contida no versículo 17 demonstra a gravidade da existência das divisões na igreja de Corinto. Por ser santuário de Deus, o homem que não age corretamente na sua relação com a igreja é culpado de grave pecado. O ofensor haverá de receber o castigo na proporção em que o comete, porque o “santuário de Deus, que sois vós, é sagrado”.
1 Coríntios para hoje
Deus vai pedir conta daquilo que fizemos em Sua igreja. De que maneira essa verdade impacta você? Quão cuidadoso você tem sido com suas atitudes e serviço em relação à sua igreja local? Faça uma autoavaliação. Em seguida, ore pedindo o Senhor que o ajude a ser autêntico no exercício do serviço cristão.

III. Como eliminar as divisões (1 Co 3.18-23)
O apóstolo Paulo voltou ao tema da sabedoria do mundo e da futilidade de qualquer tipo de vanglória, baseada em líderes de grande capacidade, para mostrar que essa tendência pode ser corrigida quando a igreja possui um conceito exato de ministério.
1. A visão correta de quem ensina (1 Co 3.18-20)
É bastante fácil que tenhamos conceito errado acerca de nós mesmos. Por isso Paulo advertiu: “Ninguém se engane” (1Co 3.18). Talvez alguns mestres em Corinto se fizessem passar por homens de grande sabedoria. O apóstolo se dirigiu a eles e a qualquer pessoa que possui um conceito elevado da sua própria sabedoria. Se alguém deseja ter verdadeiro discernimento espiritual, tem que se tornar o que o mundo chama de “louco”. A verdadeira sabedoria, que está contida no evangelho, é achada quando se renuncia à sabedoria deste mundo.
A sabedoria do mundo é “loucura diante de Deus” (1 Co 3.19). Com a sabedoria humana, por mais que insistisse, o homem jamais poderia elaborar um plano de salvação eficaz como o elaborado por Deus. Ele triunfa sobre a sabedoria humana, a fim de realizar os Seus propósitos. Nem mesmo toda a erudição dos homens poderia frustrar os planos divinos.
Não há pensamento humano que o Senhor não conheça, e sabe que são pensamentos vãos ou inúteis, como o comprova a incapacidade de o homem alcançar a salvação (1Co 3.20).
Deve-se considerar aqui que Deus não condena a sabedoria relacionada com a Ciência, a Filosofia e outros campos do saber humano. Ela é necessária e é dádiva de Deus. Mas a sabedoria que exclui o temor do Senhor (Pv 1.7) e a cruz de Cristo (1 Co 1.18-25) é vã e inútil nas questões relacionadas a Deus, à salvação e à verdade espiritual.
2. A visão correta sobre quem possui o que ou quem (1 Co 3.21-23)
a. Todos são da igreja (1 Co 3.21-22).
Não havia nenhuma razão para os crentes coríntios se gloriarem nos homens. Eles deveriam se alegrar pela providência de todos os fiéis líderes que Deus lhes enviou: “seja Paulo, seja Apolo, seja Cefas”. Se a igreja tivesse sido cuidadosa para entender e seguir tudo o que aqueles três homens ensinaram, estaria unida, e não dividida. Eles cooperaram com Deus para suprir as necessidades espirituais dos crentes, um de um modo, outro de outro, como Lhe aprouve.
b.Tudo é da igreja (1Co 3.22). Não somente os bons líderes são da igreja, mas todas as demais coisas que Deus concede para o bem dos Seus filhos. Como cristãos, somos “herdeiros de Deus e coerdeiros com Cristo” (Rm 8.17). Somos participantes da glória de Deus em Cristo (Jo 17.22). Todas as coisas colaboram para o bem dos que amam a Deus (Rm 8.28).
• O mundo é nosso. Não apenas no sentido em que Deus o criou para o nosso sustento e deleite (Gn 1.28-30), mas também no sentido de que os seguidores de Cristo herdarão a terra (Mt 5.5).
• A vida é nossa. No sentido físico, a vida é dom de Deus e devemos prezá-la. No sentido espiritual, nós a recebemos para participar da natureza divina (2Pe 1.3-4) e para desfrutá-la eternamente.
• A morte é nossa. O grande inimigo da humanidade foi vencido. Cristo venceu a morte, e por Ele nós a vencemos também (1Co 15.54-57). Paulo entendia que para ele “o viver é Cristo, e o morrer é lucro” (Fp 1.21). Para o povo de Deus, a presença no mundo é boa e necessária, mas a morte – que conduz à vida eterna – é melhor (Fp 1.23-24).
• As coisas do presente são nossas – as boas e as más. Em todas as coisas temos a oportunidade de ser vencedores e de experimentar o amor de Deus por nós (Rm 8.37-39).
• As coisas futuras são nossas. Certamente são nossas as bênçãos celestiais, das quais agora só desfrutamos o mínimo (1 Co 2.9).
c. A igreja pertence a Cristo, e Cristo pertence a Deus (1 Co 3.23). Nós somos propriedade de Cristo. Ele é a origem da igreja, a base para a sua unidade espiritual; a cura para as divisões. Se os olhos dos cristãos de Corinto estivessem voltados para Cristo, as divisões não ocorreriam. O maior motivo para se manter a unidade do Espírito e evitar as divisões na igreja é saber que pertencemos a Cristo, e que Cristo é de Deus. Todos nós somos propriedade de um e de outro. Na oração sacerdotal, o Senhor valoriza o que ensina sobre a unidade, ao dizer: “porque são teus; ora, todas as minhas coisas são tuas, e as tuas coisas são minhas… que todos sejam um;e como és, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste… para que sejam um, como nós o somos; eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade” (Jo 17.9-10,21-23). Nós deveríamos aprender a manter a unidade com o Deus Pai e o Deus Filho. Eles são eternamente um em essência, embora sejam duas Pessoas.
1 Coríntios para hoje
As divisões têm origem em desejos bem egoístas. Faça um levantamento de algumas atitudes que refletem esse egoísmo. Em seguida, reflita:Como olhar para Jesus pode ajudar-me a corrigir o que o egoísmo estragou em minha vida?

Conclusão
1. Entendeu o que é um crente carnal e um crente espiritual? De que modo a carnalidade provoca divisões na igreja? Concorda que, se os crentes corrigirem o foco de atenção, poderão evitar que a igreja sofra com a existência de partidos?
2. Qual tem sido a qualidade das suas obras? As motivações com que as faz são corretas? Lembre-se de que Deus não vê apenas o resultado do que é feito. Ele conhece as razões que impulsionam o crente a agir.
3. Por que ainda há divisões na igreja? Qual é a sua opinião? Para o apóstolo Paulo, tudo começa com a falha em não compreendermos a realidade da unidade espiritual existente no nosso único Possuidor.
4. Considere o significado de a igreja ser o “santuário de Deus”.
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante

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