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segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

EXPERIÊNCIA COM DEUS NO DESERTO


                                         EXPERIÊNCIA COM DEUS NO DESERTO

Êxodo 13.17-22


INTRODUÇÃO

Deserto é uma região geográfica com terra seca, sem vegetação e inabitável. “Zona árida, com precipitações atmosféricas irregulares ou escassas, vegetação inexistente ou rara, relevo formado pela alteração de determinadas rochas, e desprovida de habitantes permanentes” (Dicionário Houaiss).

O deserto, na Bíblia, sempre foi descrito como um lugar abrasador e de secura, habitado apenas por animais ferozes (JÓ24.5; Mt3.1), serpentes e escorpiões (Dt 8.15). O deserto, também, era lugar de refúgio (Ap 12.14), de revelação e chamado (Êx 3.1-3), de provação (Dt 8.1-3), de juízo (Nm 32.13), de tentação (Mt4.1) e de pregação de boas novas (Mc 1.1-4).

Tomamos o “deserto” como uma metáfora da vida, do palco onde se desenrola o drama da vida cristã. E há momentos em nossa vida em que experimentamos uma espécie de “deserto espiritual”, momentos de secura e escassez de alegria espiritual. O objetivo do curso que iniciamos hoje, Viajando pelo Deserto, é motivar espiritualmente o povo de Deus a vencer o deserto.

1. DEUS CONDUZ O SEU POVO AO DESERTO

O nosso texto básico diz: Tendo Faraó deixado ir o povo, Deus não o levou pelo caminho da terra dos filisteus, posto que mais perto, pois disse: Para que, porventura, o povo não se arrependa, vendo a guerra, e tome ao Egito. Porém Deus fez o povo rodear pelo caminho do deserto perto do mar Vermelho; e, arregimentados, subiram os filhos de Israel do Egito (Êx 13.17,18). 

Observamos aqui três lições principais:

1.1. Deus está por trás de todos os eventos da História. Quando lemos a sentença: Tendo Faraó deixado ir o povo, podemos interpretar que a saída do povo de Israel do Egito foi um ato político fruto da decisão de um homem. A verdade, porém, é outra. Foi Deus quem tirou o Seu povo do Egito! A saída foi um ato soberano de Deus, uma operação de resgate e libertação. Mas porque o SENHOR vos amava e, para guardar o juramento que fizera a vossos pais, o SENHOR i/os tirou com mão poderosa e vos resgatou da casa da servidão, do poder de Faraó, rei do Egito (Dt 7.8). E o SENHOR nos tirou do Egito com poderosa mão, e com braço estendido, e com grande espanto, e com sinais, e com milagres (Dt 26.8). 

1.2. Deus carrega o Seu povo. Deus liberta o povo do Egito e o carrega em direção à terra prometida. O texto básico diz: Tendo Faraó deixado ir o povo, Deus não o levou pelo caminho da terra dos filisteus. A ênfase está no verbo “levar" ou “carregar”, como uma mãe carrega um filho amado. Isaías diz: Ouvi-me, ó casa de Jacó e todo o restante da casa de Israel; vós, a quem desde o nascimento carrego e levo nos braços desde o ventre materno. Até à vossa velhice, eu serei o mesmo e, ainda até às cãs, eu vos carregarei; já o tenho feito; levar-vos-ei, pois, carregar-vos-ei e vos salvarei (Is 46.3,4). Moisés compara a ação condutora de Deus, ao cuidado de uma águia: Como a águia desperta a sua ninhada e voeja sobre os seus filhotes, estende as asas e, tomando-os, os leva sobre elas, assim, só o SENHOR o guiou, e não havia com ele deus estranho (Dt 32.11,12). Assim, não há dúvidas! Deus está no comando. Estamos nas mãos de Deus.

1.3. Deus carrega o Seu povo pelo caminho que Ele mesmo escolhe.Quando o povo saiu do Egito, o caminho mais lógico a ser tomado era pela terra dos filisteus. Era o caminho mais perto, mais fácil e mais seguro. Deus, porém, conduziu o povo pelo deserto. Era o caminho mais longe, mais difícil e mais inseguro. Porém Deus fez o povo rodear pelo caminho do deserto perto do mar Vermelho; e, arregimentados, subiram os filhos de Israel do Egito (Êx 13.18).

O caminho do deserto é o caminho da dependência, da provação, da resistência e da perseverança. O deserto é a estrada da renúncia, da cruz e da fé. O deserto é a estrada divina.

Deus escolheu o caminho que o povo deveria andar e não o caminho que o povo queria tomar. O profeta Isaías declara: Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o SENHOR, porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos (Is 55.8,9).

Em síntese, Deus liberta o Seu povo, conduzindo-o pelo caminho que Ele mesmo escolhe. Precisamos aprender a orar como Davi: Faze-me, SENHOR, conhecer os teus caminhos, ensina-me as tuas veredas (SI 25.4).

2. POR QUE DEUS CONDUZ O SEU POVO PELO DESERTO?

O nosso texto básico apresenta a primeira razão porque Deus escolheu para Israel, o caminho do deserto: Para que, porventura, o povo não se arrependa, vendo a guerra, e torne ao Egito.

A segunda razão apresentada por Deus é a glorificação do nome do Senhor: Disse o SENHOR a Moisés: Fala aos filhos de Israel que retrocedam e se acampem defronte de Pi-Hairote, entre Migdol e o mar, diante de Baal-Zefom; em frente dele vos acampareis junto ao mar. Então, Faraó dirá dos filhos de Israel: Estão desorientados na terra, o deserto os encerrou. Endurecerei o coração de Faraó, para que os persiga, e serei glorificado em Faraó e em todo o seu exército; e saberão os egípcios que eu sou o SENHOR. Eles assim o fizeram (Êx 14.1 -4).

A terceira razão apresentada por Deus é o da santificação: Recordar-te-ás de todo o caminho pelo qual o SENHOR, teu Deus, te guiou no deserto estes quarenta anos, para te humilhar, para te provar, para saber o que estava no teu coração, se guardarias ou não os seus mandamentos. Ele te humilhou, e te deixou ter fome, e te sustentou com o maná, que tu não conhecias, nem teus pais o conheciam, para te dar a entender que não só de pão viverá o homem, mas de tudo o que procede da boca do SENHOR viverá o homem (Dt. 8.2-4). O deserto é uma escola onde aprendemos que o espiritual precede ao material. Crescemos espiritualmente quando enfrentamos um deserto.

Uma última razão a encontramos no Novo Testamento. Paulo fala que no deserto, Deus puniu os infiéis que faziam parte do povo: Ora, irmãos, não quero que ignoreis que nossos pais estiveram todos sob a nuvem, e todos passaram pelo mar, tendo sido todos batizados, assim na nuvem como no mar, com respeito a Moisés. Todos eles comeram de um só manjar espiritual e beberam da mesma fonte espiritual; porque bebiam de uma pedra espiritual que os seguia. E a pedra era Cristo. Entretanto, Deus não se agradou da maioria deles, razão porque ficaram prostrados no deserto (1 Co 10.1-5). Há muitas pessoas que estão na igreja desfrutando de privilégios, sem, contudo, serem crentes verdadeiros. Por causa da incredulidade, a geração que saiu do Egito, rodou quarenta anos no deserto (Nm 14.20-45) e não entrou na terra prometida.

3. DEUS CAMINHA COMO SEU POVO PELO DESERTO

O nosso texto básico oferece-nos uma terceira lição importante: Deus está conosco no deserto: O SENHOR ia adiante deles, durante o dia, numa coluna de nuvem, para os guiar pelo caminho; durante a noite, numa coluna de fogo, para os alumiar, a fim de que caminhassem de dia e de noite. Nunca se apartou do povo a coluna de nuvem durante o dia, nem a coluna de fogo durante a noite (Êx 13.21 -26).

E o que significa a presença de Deus?

A presença de Deus significa direção. Ele está presente com o Seu povo a fim de orientá-lo. A nuvem simbolizava a presença orientadora de Deus: Quando a nuvem se levantava de sobre o tabernáculo, os filhos de Israel caminhavam avante, em todas as suas jornadas; se a nuvem, porém, não se levantava, não caminhavam, até ao dia em que ela se levantava (Êx 40.36,37). Moisés sabia da importância da direção divina, a tal ponto que ele declara a Deus: Se a tua presença não vai comigo, não nos faças subir deste lugar (Êx 33.15).

A presença de Deus significa segurança e proteção. Ele sempre protegeu individual e coletivamente os Seus servos. A nuvem durante o dia trazia sombra no calor e a coluna de fogo aquecia o povo nas noites frias do deserto. Jacó estava sozinho e ao relento fugindo do ódio do seu irmão, quando Deus lhe diz: Eis que eu estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei voltar a esta terra, porque te não desampararei, até cumprir eu aquilo que te hei referido (Gn 28.15). Confira Rm 8.38,39.

A presença de Deus também significa encorajamento para a realização de uma tarefa ou para o cumprimento de uma missão. Deus disse a Josué: Ordenou o SENHOR a Josué, filho de Num, e disse: Sê forte e corajoso, porque tu introduzirás os filhos de Israel na terra que, sob juramento, lhes prometi; e eu serei contigo (Dt 31.23). Confira Js 1.5; Jr 1.8; Mt 28.18-20; At 18.9-11.

A presença de Deus significa conforto na tribulação. O cristão está sempre entrando, saindo ou no meio de tribulação. Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel (Is 41.10). Quando passares pelas águas, eu serei contigo; quando, pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em f/(Is 43.2).

E, finalmente, a presença de Deus significa poder ou capacitação espiritual. Sem o poder de Deus nada podemos realizar espiritualmente: Não por força nem por poder, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos (Zc 4.5). Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra (At 1.8).

A presença de Deus com o Seu povo no deserto significa capacidade para lutar, resistir e perseverar. Em toda a angústia deles, foi ele angustiado, e o Anjo da sua presença os salvou; pelo seu amor e pela sua compaixão, ele os remiu, os tomou e os conduziu todos os dias da antiguidade (Is 63.9).

CONCLUSAO

Deus conduziu e conduz o Seu povo pelo deserto deste mundo. Ele está no comando e a Sua companhia é certa e segura. Com Ele, estamos convictos de que “não morreremos no deserto”, mas chegaremos à terra que “mana leite e mel”.

Lembremo-nos do que diz o profeta Oséias: Quem é sábio, que entenda estas coisas; quem é prudente, que as saiba, porque os caminhos do SENHOR são retos, e os justos andarão neles, mas os transgressores neles cairão (Os 14.9).
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante

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