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quarta-feira, 19 de setembro de 2018

ESPÍRITO DE CONFUSÃO


                                                         ESPÍRITO DE CONFUSÃO
Depois ele entrou numa casa, e novamente aglomerou-se uma multidão, de modo que não podiam nem mesmo comer. Quando seus familiares souberam disso, saíram para impedi-lo, pois diziam: Ele está fora de si. E os escribas que tinham descido de Jerusalém diziam: Ele está possuído por Belzebu. É pelo chefe dos demônios que expulsa os demônios.
Então Jesus os chamou e lhes disse por parábolas: Como pode Satanás expulsar Satanás? Se um reino estiver dividido contra si mesmo, tal reino não poderá subsistir. Se uma casa estiver dividida contra si mesma, tal casa não poderá subsistir. E se Satanás se opõe a si mesmo e está dividido, não poderá subsistir; mas chegou o seu fim. Pois ninguém pode entrar na casa do valente e roubar-lhe os bens sem que primeiro o amarre; então lhe saqueará a casa.
Em verdade vos digo: Todos os pecados serão perdoados aos filhos dos homens, bem como todas as blasfêmias que proferirem, mas quem blasfemar contra o Espírito Santo nunca mais terá perdão; mas será culpado de pecado eterno. Pois diziam: Ele está possuído por um espírito impuro.
Marcos 3.20-30

      Existe um tipo de espírito de confusão que é possessão demoníaca explícita, quando ocorre simula os dons genuínos do Espírito Santo. Nesse tipo de confusão, que pode atrapalhar cultos, as pessoas podem ficar confusas sobre se o dom de línguas ou de profecia, por exemplo, é ou não de Deus. Nesse caso, o demônio do possesso deve ser repreendido por servos de Deus limpos na autoridade do nome de Jesus, como se faz em qualquer possessão. Contudo, é preciso maturidade espiritual e prontidão para não ser enganado por tal espírito.
      Contudo, o espírito de confusão que vou me ater nesta reflexão, é um clima, um ambiente mais generalizado de confusão, que ocorre quando se reúnem a falta de vigilância dos cristãos com a atuação demoníaca de opressão, que sempre procura oportunidade para agir. Numa situação assim, as coisas ficam confusas, parecem não terem sentido, não terem controle, e o pior e que parece que tudo de ruim acontece de uma só vez, ao mesmo tempo. Na experiência de Jesus, veja bem o desencadeamento da confusão:

1º. Ele entrou numa casa para fazer uma refeição e as pessoas invadiram a casa, impedindo-o.
2º. Os familiares, que eram os que deveriam dar a ele algum apoio, disseram que ele estava fora de si, será que isso queria dizer que eles achavam que ele estava louco?
3º. Os escribas, que tinham se dado ao trabalho de vir de Jerusalém até aquele lugar, naquele momento, diziam que ele estava possesso pelo Diabo.

Podemos ver como a confusão que a princípio parece até algo normal, trivial, que começa num âmbito humano, até por causa de um motivo legítimo (no caso de Jesus, ele queria se alimentar), vai aumentando, se generalizando, alcançando esferas de maior relevância até que finalmente alcança seu objetivo maior: glorificar o inimigo de nossas almas negando totalmente a autoridade legítima do Cristo. Em meio a um espírito de confusão, o cristão fiel se vê sozinho, perseguido por todos, pelas pessoas em geral, pelos mais próximos, amigos e parentes, pelos poderosos e enfim pelo Diabo, essa foi a experiência de Jesus relatada na Bíblia.
Jesus desmascarou esse espírito através de uma explicação racional, lúcida, lógica: “Se um reino estiver dividido contra si mesmo, tal reino não poderá subsistir” (Marcos 3.24). A lição é que quando em meio a essa situação devemos agir, não com a emoção, mas com a razão, e uma razão baseada na palavra de Deus.
Em meio a um espírito de confusão, o que mais é desestabilizado é a nosso emocional, veja que Jesus tentava se alimentar, numa casa cheia de gente, repreendido pelos parentes, e envergonhado na frente de seus principais inimigos, os escribas, que o atacavam cruelmente. Mas ele foi à raiz do problema, para aquele que estava recebendo a honra final naquela situação, o Diabo. Ele não se confrontou com as pessoas, não começou um conflito com os poderosos, mas desmascarou Satanás.
      Se o Diabo é espírito, para desmascara-lo não é preciso escândalo, na verdade, as pessoas nem precisam ficar sabendo. Uma atitude sábia é se retirar, buscar alguma privacidade, mesmo que seja num banheiro, e verbalizar uma oração em voz alta, não necessariamente aos berros. Repreenda os demônios não só em pensamento, mas em voz audível, para que eles ouçam, mas repito, para que eles ouçam, não as pessoas. 
      Uma oração simples e convicta repreenderá  os espíritos malignos, estabilizará o emocional daquele que ora para que tenha forças para enfrentar o ambiente social e humano confuso. Se tiver que responder às pessoas, fale pouco, não tente convencê-las e nem compre suas construções fantasiosas. Não argumente com a confusão, fique em paz e confie em Deus.
Contudo, no final do texto, Jesus faz uma exortação importante, na verdade uma aparente exceção a toda a regra do Evangelho que diz que o perdão está acessível a todas as pessoas através de seu nome: “Em verdade vos digo: Todos os pecados serão perdoados aos filhos dos homens, bem como todas as blasfêmias que proferirem, mas quem blasfemar contra o Espírito Santo nunca mais terá perdão; mas será culpado de pecado eterno. Pois diziam: Ele está possuído por um espírito impuro.” (Marcos 3.28-30).
Aquele que pecar contra o Espírito Santo, aquele que disser que é do Diabo algo que é de Deus, esse nunca terá perdão. Isso deixa bem claro que só existe salvação por meio de Jesus, salvação completa e eterna, e que se isso for negado, nenhuma salvação é possível. Tudo o que nega essa salvação, é blasfêmia contra o Espírito Santo. Quantas religiões, filosofias e princípios não oferecem ao homem outras maneiras de evolução e de purificação que não através do nome de Jesus? Pois bem, tudo isso é blasfêmia imperdoável.
Mas acredito que a maior das blasfêmias é dizer que Deus é o culpado pelos sofrimentos da humanidade, é dizer que Deus é injusto, que Ele não existe ou que se faz de indiferente diante de toda a dor e injustiça que os homens sofrem. A pior blasfêmia é jogar em Deus uma culpa que é nossa.
Concluindo, para se livrar do espírito de confusão, a primeira coisa é agir com calma, não se deixar levar pela confusão, agir racionalmente através da palavra de Deus. A segunda coisa é confiar no poder do nome de Jesus, para perdoar e transformar a natureza humana, assim como para calar, expulsar e destruir a atuação do Diabo.
É importante discernir a presença do espírito de confusão rapidamente, porque quando ele ocorre podemos ficar entorpecidos por ele, sem saber o que está acontecendo, presos numa rede emocional e espiritual por tempo demais. É preciso identificá-lo, tão depressa quanto possível, e então destruí-lo, pela palavra de Deus, através do nome de Jesus em uma disposição emocional lúcida e objetiva.

Em primeiro lugar é preciso aceitar que isso está na Bíblia e foi dito por Jesus. Em segundo lugar, como sempre devemos fazer com a interpretação do cânone bíblico, estejamos abertos às aparentes exceções, mas prontos a buscar e aceitar a coerência e a coesão das doutrinas baseadas na Bíblia. Se um texto em particular parecer ir para um caminho diferente em termos de doutrina, daquele que vai a maioria, senão todos os outros textos, é preciso cuidado e sabedoria. 
      Com relação a perdão, a doutrina do evangelho nos ensina que todo pecado pode ser perdoado no nome de Jesus, enquanto estivermos vivos. A doutrina consentida pelos cristãos evangélicos e protestante, e aqui não incluímos católicos e ortodoxos, é que depois de mortos não temos oportunidade de redenção e perdão, assim não existe reencarnação, como é inútil interceder pelos mortos.
      Então, como entender as palavras de Cristo sobre pecado contra o Espírito Santo? Em oração, respeitando cada caso e sempre pedindo discernimento a Deus. Mas eu entendo que pecado sem perdão é algo que é feito de forma definitiva, sem arrependimento, é negar-se ouvir e obedecer uma orientação direta de Deus. Se Jesus disse isso em relação aos que o acusavam, é porque sabia que eles não voltariam mais atrás de seus posicionamentos hereges e maus. Jesus sabia que eles tinham pecado contra o Espírito Santo.
      É importante que entendamos também que Jesus precisava deixar bem claro para os apóstolos e discípulos, que ele cumpriria a obra de salvação, morreria, ressuscitaria e subiria ao céu espiritual, mas mandaria o Espírito Santo que teria a mesma sabedoria e autoridade que ele para ensinar as coisas concernentes ao Reino de Deus. Quem ouve a voz do Espírito Santo, e não de homens ou de religiões, é salvo, quem não ouvi, já está condenado.

      Para finalizar, para agir com responsabilidade, preciso também fazer uma complementação ao assunto espírito de confusão. Os seres humanos podem experimentar uma situação que também pode gerar um sentimento de se estar perdido, confuso, impotente, situação que pode estar ligada a enfermidades psiquiátricas. Depressão e outros transtornos emocionais podem nos levar a ter dificuldades para conviver com a realidade e com a sociedade.
      Bem, se a doença psicológica é causa ou consequência de ações espirituais do mal ou de falta de sabedoria do ser humano para enfrentar seus limites e viver com equilíbrio, o que eu posso dizer é que é um pouco de tudo. Mas se nós, cristãos sinceros, e mesmo pastores e líderes que servem a Deus com esforço, estivermos doentes, o melhor é parar e descansar, procurando obviamente ajuda de bom profissional da área médica, primeiro um psiquiatra depois um psicólogo, nessa ordem. Cristão mentalmente doente tentando estabelecer guerras espirituais só verá sua doença piorar. 
      Tenhamos humildade, procuremos ajuda e descansemos em Deus, colocar no Diabo a culpa por uma enfermidade nossa, principalmente na área psicológica, é dar vitória ao Diabo. Assim, se a confusão estiver grande demais e descontrolada, o problema pode não estar nas pessoas, no ambiente, na igreja ou mesmo no Diabo, mas em nossas cabeças. Essas cabeças poderão, nesse caso, serem restabelecidas muito mais com descanso, medicação e terapia, que com expulsão de espíritos malignos.
      Espírito de confusão não é exclusividade do meio pentecostal, mais avivado ou que busca e usa dons espirituais. Infelizmente, a depressão que tem sido um mal do nosso tempo, tem aprisionado muitos cristãos, principalmente pastores e reverendos de igrejas tradicionais. Enquanto o erro na busca de uma interação só emocional com Deus tem alienado e infantilizado pentecostais, o erro de uma interação só intelectual, esfriando o Espírito Santo, tem levado tradicionais à depressão.
      Equilíbrio é sempre a melhor escolha para nos livrar de todo tipo de confusão e pecado contra o Espírito Santo.
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante

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