MARIA MÃE DO SALVADOR...
E, no sexto mês, foi o anjo Gabriel enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, A uma virgem desposada com um homem, cujo nome era José, da casa de Davi; e o nome da virgem era Maria. E, entrando o anjo aonde ela estava, disse: Salve, agraciada; o Senhor é contigo; bendita és tu entre as mulheres – Lc 1.26-28.
1. A QUEM HONRA, HONRA:
Todo cristão bíblico honra e respeita aquela que foi escolhida dentre todas as mulheres para ser a mãe do nosso Salvador. Nenhum cristão evangélico jamais negou à Maria todas as honras e privilégios dados à ela pelo próprio Deus. Da mesma forma que Isabel lhe disse pelo Espírito Santo: Bendita és tu entre as mulheres, e bendito o fruto do teu ventre – Lc 1.42, assim também cada cristão pode dizer dela a mesma coisa.
Ninguém pode negar o fato de que Maria foi uma mulher bem-aventurada. Com toda certeza, Maria foi eleita desde a fundação do mundo para a salvação, e para ser a bendita Mãe de Jesus de Nazaré. Foi selecionada entre as milhares de virgens de Israel para ser aquela que traria ao mundo, através de seu ventre, o Messias prometido.
O privilégio de Maria é ímpar. Por toda a eternidade será ela conhecida, e trará o galardão único de ter sido o vaso que Deus usou para cumprir tão magnífico e nobre propósito. Maria será sempre lembrada juntamente com o maravilhoso milagre que o Deus Todopoderoso operou nela, que foi sua concepção virginal. Como a única mulher que concebeu pelo Espírito Santo ela jamais será esquecida.
Como cristãos bíblicos, portanto, temos respeito pela mulher que teve a honra, de ser a única de toda a raça humana predestinada à tão elevado privilégio.
2. “ADORA A DEUS”:
Daí, porém, à adoração de Maria como uma deusa, o assunto toma outro rumo, totalmente oposto às Escrituras. A Bíblia é tão clara em nos ensinar que adoração é devida somente, única e exclusivamente a Deus.
- Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás – Mt 4.10.
- E eu lancei-me a seus pés para o adorar; mas ele disse-me: Olha não faças tal; sou teu conservo, e de teus irmãos, que têm o testemunho de Jesus. Adora a Deus; porque o testemunho de Jesus é o espírito de profecia ; E eu, João, sou aquele que vi e ouvi estas coisas. E, havendo-as ouvido e visto, prostrei-me aos pés do anjo que mas mostrava para o adorar. E disse-me: Olha, não faças tal; porque eu sou conservo teu e de teus irmãos, os profetas, e dos que guardam as palavras deste livro. Adora a Deus - Ap 19.10; 22.8-9.
Nenhum anjo, nenhuma outra criatura, jamais teve a ousadia de aceitar a adoração. O único que recebeu adoração e a aceitou foi Jesus Cristo, porque Ele era, é, e sempre será o Deus bendito eternamente. Jesus, desde que entrou neste mundo, foi adorado.
- E, entrando na casa, acharam o menino com Maria sua mãe e, prostrando-se, o adoraram; e abrindo os seus tesouros, ofertaram-lhe dádivas: ouro, incenso e mirra – Mt 2.11.
- Então aproximaram-se os que estavam no barco, e adoraram-no, dizendo: És verdadeiramente o Filho de Deus – Mt 14.33.
- E, indo elas a dar as novas aos seus discípulos, eis que Jesus lhes sai ao encontro, dizendo: Eu vos saúdo. E elas, chegando, abraçaram os seus pés, e o adoraram – Mt 28.9.
Maria jamais pode ser adorada porque é criatura. Ela jamais receberá adoração.
3. MARIA, A SERVA DO SENHOR:
Claro que a adoração a Maria, de forma nenhuma a honra, porque jamais Maria pensou em receber qualquer glória ou reverência. Em nenhum momento Maria é considerada nos evangelhos como sendo uma deusa, mas sempre uma mulher. Virtuosa, bem-aventurada, mas mulher somente. Como serva de Deus que sempre foi, Maria nunca, jamais supôs que um dia viria a ser adorada como uma deusa. Mesmo porque só existe um Deus verdadeiro e todo concorrente dele é falso, está sob sua maldição e será destruído.
Maria foi uma mulher que muito sofreu por causa de Jesus. Seu sofrimento foi terrível. Quando o profeta Simeão apresentou o menino Jesus no templo, disse à Maria: E uma espada traspassará também a tua própria alma – Lc 2.35. Claro que ao ver o sofrimento, a condenação e a crucificação de Jesus, Maria sofreu demais. Mas teria sofrido muito mais se em vida, soubesse que um dia ela seria considerada a mãe de Deus, a rainha dos céus, a rainha dos apóstolos, e seria adorada por todo o mundo como uma verdadeira deusa.
Quando Maria recebeu a maravilhosa promessa de ser a mãe do Messias, ela simplesmente disse: Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra – Lc 1.38. Serva do Senhor, e não senhora. Maria nunca quis ser senhora de quem quer que seja.
4. VIRGEM, MAS, PECADORA:
Com certeza, Maria sempre foi uma jovem santa, casta e separada. Era moralmente pura, fiel e temente a Deus. Contudo, como qualquer outra pessoa da humanidade, Maria precisava do Salvador. Isso, ela mesma confessa com seus lábios dizendo: A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador – Lc 1.46-47. Somente um pecador convicto declara que Deus é seu Salvador. Isso quer dizer que Maria, tanto quanto nós, sentia a necessidade de salvação, o que desmente a doutrina que afirma ser Maria co-redentora.
Dizem alguns teólogos católicos que o sangue de Maria tem o mesmo valor que o sangue de Cristo. Isto é ridículo, absurdo e falso. O sangue de Maria era tão contaminado pelo pecado original quanto o de qualquer outro. Ela também fazia parte da descendência de Adão, e, portanto, pertencia a raça caída tanto quanto qualquer um de nós.
5. O TESTEMUNHO DE JESUS:
Nada melhor do que o testemunho do próprio Senhor a respeito de Maria, a fim de nos esclarecer. O relacionamento de Jesus com Maria foi meramente humano, terreno, restrito. Em nenhum momento Jesus permitiu que pairasse qualquer dúvida de que Maria era uma mulher comum, ainda que muito privilegiada e honrada.
Numa ocasião, Maria e seus demais filhos, procuravam falar com Jesus, quando Ele ministrava à uma multidão. Diz-nos a Bíblia que quando lhe disseram: Eis que tua mãe e teus irmãos te procuram, e estão lá fora, Ele respondeu: Quem é minha mãe e meus irmãos? – Mc 3.32-33. É bom ainda que se diga que, naquele dia, Maria deixa patente sua humanidade, pois achava que Jesus tivesse perdido o juízo - E foram para uma casa. E afluiu outra vez a multidão, de tal maneira que nem sequer podiam comer pão. E, quando os seus ouviram isto, saíram para o prender; porque diziam: Está fora de si – Mc 3.20-21. Enquanto os fariseus diziam que Jesus estava endemoninhado, a sua própria família achava que ele estivesse, no mínimo, estafado e que não soubesse o que estava fazendo. Por isso queriam prendê-lo, ou seja, levá-lo à força de volta para sua casa. Maria iria cometer um grave erro se o Senhor Jesus não o evitasse.
Também em outra ocasião, quando alguém da multidão gritou dizendo a Jesus: Bem-aventurado o ventre que te trouxe e os peitos em que mamaste – Lc 11.27, Jesus, não deixou a glória para Maria, mas respondeu: Antes bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a guardam – v. 28. Em outras palavras, Jesus disse que qualquer que for servo de Deus obediente como Maria foi, é tão bem-aventurado quanto ela.
No casamento em Caná da Galiléia, Maria fez um comentário com Jesus, dizendo que havia acabado o vinho, ao que Jesus respondeu: Mulher, que tenho eu contigo? Ainda não é chegada a minha hora – Jo 2.4. Claro que, absolutamente, não foi um tratamento desrespeitoso a Maria, mas, vê-se ali que nunca houve qualquer ligação entre Jesus e Maria, na missão da redenção.
6. INTERCESSORA?:
Outro grave erro dos católicos é estabelecer Maria como intercessora ou mediadora. Santo Bernardino afirma que ao terceiro dia após a morte de Maria, quando os apóstolos se reuniram ao redor de sua tumba, eles a encontraram vazia. O corpo sagrado tinha sido levado para o Paraíso Celestial... Maria teve que ser coroada Rainha dos Céus pelo Pai Eterno: ela teve que ter um trono à mão direita do seu Filho... Agora, dia a dia, hora a hora, ela está rogando por nós, obtendo graças por nós, preservando-nos do perigo, escudando-nos contra a tentação, derramando bênçãos sobre nós.
Contudo, a Palavra de Deus é tão clara quanto pode ser neste ponto. Não temos outro mediador ou intercessor nos céus.
- Ele é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta por cabeça de esquina. E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos – At 4.11-12.
- Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem – 1ª Tm 2.5.
- Pois é Cristo quem morreu, ou antes quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós – Rm 8.34.
- Portanto, (Jesus Cristo) pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles – Heb 7.25.
- MEUS filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo – 1ª Jo 2.1.
E, se Maria apenas tivesse ressuscitado, com certeza os autores bíblicos teriam registrado esse fato glorioso. E mais, se houvesse ressuscitado para ser exaltada ao lado do Senhor, e ser intercessora, haveria, seguramente, um ensinamento claro nos escritos sagrados e inspirados, e não necessitaríamos dos escritos apócrifos de um tendencioso autor católico romano.
Jesus Cristo, e somente Ele, é Mediador, Intercessor ou Advogado. Não há, absolutamente nada na Bíblia, que sequer sugira que Maria tenha qualquer dessas funções ou que Jesus as divida com ela.
7. OS ATRIBUTOS INCOMUNICÁVEIS DE DEUS:
Apenas Deus é onipotente, onipresente e onisciente. Esses são seus atributos incomunicáveis que o fazem ser Deus. Ele não deu a nenhuma de suas criaturas esses atributos. Nenhum profeta, nenhum santo, nenhum anjo, ninguém jamais recebeu esses atributos. Para um santo que está no céu poder ouvir alguma oração ou pedido de alguém aqui da terra, ele teria que ser onisciente, e nenhum deles o é. Ninguém que está lá no céu jamais pode ouvir uma oração sequer daqui da terra. Para Maria ouvir alguma oração ou pedido aqui da terra ela teria que ser onipresente para poder estar em todos os lugares a um só tempo. Teria que ser onisciente para poder receber, entender todas as orações que lhe são feitas a um só tempo em todo o mundo. Teria que ser onipotente para pod er realizar o que seus devotos lhe pedem. Ela teria que ser igual a Deus. Mas a Bíblia nos diz que há um só Deus – Pai, Filho e Espírito Santo. Maria não é Deus e nenhum dos santos venerados pela igreja romana é Deus.
8. TRADIÇÕES, MÁS TRADIÇÕES:
Há tradições que são boas e devemos segui-las (2ª Tes 2.15). Quando, porém, as tradições maculam a sã doutrina, devemos desprezá-las e atirá-las ao monturo.
Os ensinos de homens como o papa Gregório XVI (1841), que diz que a Virgem visita o purgatório todos os sábados para livrar de lá algumas almas privilegiadas, ou ainda os ensinos de Afonso de Ligório (canonizado pelo Vaticano) que diz: Sim, Maria, tu és onipotente... porque segundo a lei, a Rainha deve gozar os mesmos privilégios que o Rei. Devendo, pois a mãe ter o mesmo poder que tem o Filho, com razão Jesus, que é onipotente, a fez onipotente..., ou ainda os escritos de Bernardino de Sena (também canonizado pelo Vaticano) que diz: Todas as coisas são sujeitas ao império da Virgem, até mesmo o próprio Deus, sim, ensinos como estes devem ser considerados não somente um insulto à Majestade de Deus e de Cristo, mas de natureza maligna, que, em nenhuma hipótese, honram a mãe de Jesus.
Santo Bernardino cita o texto do evangelho que diz que Jesus estava sujeito aos seus pais segundo a carne - E desceu com eles, e foi para Nazaré, e era-lhes sujeito – Lc 2.51, tentando mostrar que Maria manda em Jesus. Disse ele: Que uma mulher possa mandar em Deus é qualquer coisa de incomparável!. Na verdade, isso é uma tentativa de inserir no texto bíblico algo que ele não diz e torcê-lo para falar o que tal homem pretende. Isso é, no mínimo, tendencioso, e uma maneira perniciosa de se interpretar as Sagradas Escrituras.
Ligório chega a dizer, em seus escritos, que as orações oferecidas à Maria são mais eficientes do que as oferecidas à Jesus. Isso não é somente inserir nos ensinos bíblicos algo que lá não consta, é pior que isso; é dizer o contrário do que o próprio Jesus nos ensinou, que devemos orar em Seu nome (Jo. 14.13-14/16.23).
Resumindo, Maria é nossa irmã, que um dia encontraremos na glória gozando seu galardão que recebeu em Cristo e apenas por causa dele. Não é deusa, muito menos mãe de Deus. Apenas serva do Senhor, como ela mesma confessou ser.
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante
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