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domingo, 31 de dezembro de 2017

BENDITO SEJA O NOME DO SENHOR...


                                              BENDITO SEJA O NOME DO SENHOR...
Marcos 11.1-10

Vamos trazer a memória o momento histórico da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém! Para que entendamos bem o sentido do gesto profético de Jesus nesse evento, seria bom relembrar um trecho do profeta Zacarias: Dance de alegria, cidade de Sião; grite de alegria, cidade de Jerusalém, pois agora o seu rei está chegando, justo e vitorioso. Ele é pobre, vem montado num jumento, num jumentinho, filho de uma jumenta (...)  Anunciará a paz a todas as nações, e o seu domínio irá de mar a mar. Do rio Eufrates até os Confins da terra (Zc 9.9-10).

Zacarias traçava as características do verdadeiro messias – seria um rei, mas um rei “justo e pobre”; não um rei de guerra, mas de paz! Um rei jamais entraria em uma cidade montado em um jumento – o animal do pobre camponês -, mas em um cavalo branco de raça! Por isso, muitas vezes perdemos totalmente o sentido da entrada de Jesus em Jerusalém. Celebramos o evento como se fosse a entrada de um Presidente, Governador ou líder Religioso dos nossos tempos, com pompa, imponência e demonstração de poder e força. Chamamos o evento de “entrada triunfal de Jesus em Jerusalém” – e realmente foi uma entrada triunfal, mas como triunfo de Deus, que se encarnou entre nós como Servo Sofredor, o triunfo da vida, morte e ressurreição de Jesus!
Precisamos como cristãos rever as nossas atitudes: seguimos Jesus – mas, será que é o Jesus real, o Jesus de Nazaré, o Jesus rei dos pobres e humildes, o Jesus cumpridor da profecia de Zacarias? Ou inventamos outro Jesus – poderoso nos moldes da nossa sociedade, com força, poder e prestígio, fazedor de milagres, conforme o mundo entende estes termos.

Que cada um de nós possa trazer à memória, que o Rei Jesus abre o caminho da esperança e da paz. A vida há de melhorar no seu todo e em todos os níveis. Cristo não morreu sem causa. Preocupemo-nos menos com as superficialidades, o corriqueiro, o passageiro e tenhamos uma dimensão muito maior do Reino de Deus. A começar do seu coração, da sua casa, da nossa universidade, vamos abrir nossas mentes para a mensagem do Cristo. Lembremos sempre: Fidelidade, paz, mansidão, amor, dignidade, esperança, santidade, intimidade com Deus, comunhão são ações do Cristo que precisamos implantar diariamente na construção do Reino instalado por Jesus. Permita que o Rei Jesus entre na sua vida. Onde ELE reina, a esperança nasce e o amor é repartido.
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante

sábado, 30 de dezembro de 2017

BEM E O MAL


BEM E O MAL..

O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem, e o homem mau, do mau tesouro do seu coração tira o mal, porque da abundância do seu coração fala a boca. Lucas 6:45.
Todo o problema quem envolve o ser Humano, está no coração, é neste pequeno membro que estão armazenados os mais sórdidos projetos, é dentro deste músculo que se esconde o maior campo de guerra que possa existir.
É no coração que fica guardado as verdadeiras armas atômicas, que são capazes de destruir qualquer pessoa e de ferir o universo.
Do coração procede os venenos mais perigos que alguém pode inventar, uma só dose é capaz de uma só vez, destruir multidões.
É no coração que são planejados as armadilhas que prende os homens, inutilizando-os, como vagalumes em teias de aranhas.
É no coração que nascem as estratégias que atrai os fortes e manipulam os fracos.
Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, fornicação, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias. Mateus 15:19

É no coração que estão os planos que podem destruírem fortalezas, e jogar por terra, poderosos castelos.
É no coração do homem que contém os explosivos capazes de detonar em segundos os mais belos monumentos da bondade.
É no coração que nasce as covas, que enterra os homens; que se cria os planos, que destrói os grandes; que levanta as forcas, que prendem os inocentes.
É do coração que jorra as lamas da podridão, que inala o odor do mal, que patrocina a aflição, que ergue holofotes da escuridão. Porque do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os adultérios, as fornicações, os homicídios. Marcos 7:21.

Coração terra nossa, mas que ninguém consegue entrar, pois, ele é cercado por muralhas desconhecidas, seu caminho é perigoso, sua entrada é proibida, acesso difícil é.
No coração está alojado o berço da traição, onde deita-se confortável a manipulação; cruza as pernas com autonomia a falsidade; seduz sem pudor a maldade; domina com elegância a inveja; ponha a mesa com banquete a mentira; acolhe os desavisados, o engano.
Triste Coração sorrateiro, regaço do mal, se orna com aparente bem, mas por dentro, não bom contém.
Um bom coração;
Não pensa o mal,
Não enfeita o mal,
Não acolhe o mal,
Não ama o mal,
Não se alia ao mal!
Porventura não trará Deus a juízo os planos dos corações? Porventura não esquadrinhará Deus isso? Pois ele sabe os segredos do coração. Salmos 44:21.

Quem tem um coração regido por Deus, não procede levianamente, não promove a injustiça, não alimenta as trevas, não segue a sua própria vontade, mas em tudo faz de Deus sua razão, a sua motivação. O homem bom tira boas coisas do bom tesouro do seu coração, e o homem mau do mau tesouro tira coisas más. Mateus 12:35
Quem tem dentro de si um coração dominado por Deus, vomita tudo o que diz respeito ao mal.
De quem é o seu coração?

Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

JOEL O PROFETA DO AVIVAMENTO...


                                              JOEL O PROFETA DO AVIVAMENTO...
Livro de Joel foi datado por estudiosos conservadores do nono para o quinto séculos a.C: os estudiosos mais recentes tendem a datar o livro até o fim tardio do espectro. Particularmente importante no apoio a esta data posterior são citações aparente de Joel da literatura no início do Antigo Testamento. 

Devido à incerteza relativa à data, este artigo discute a teologia do livro sem muita ênfase sobre a questão da sua data. Nada mais se sabe sobre Joel do que aquilo que é dado no livro: que ele era o filho de Petuel e que ele morava em ou perto de Jerusalém. Não há razão para ligá-lo com qualquer um dos outros Joels mencionado no Antigo Testamento

Como a de outros profetas, a teologia de Joel não é estabelecida de forma sistemática. No entanto, será conveniente e adequado traçar uma seleção de seus temas, dando particular destaque à sua contribuição teológica mais distintiva: o derramamento esperado do Espírito de Deus sobre toda a carne. 

Cf. Introdução ao Livro de Joel 
Cf. Esboço do Livro de Joel 
Cf. Lições do Livro de Joel 

§ 1 Teologia

Deus é o Senhor Deus de Israel e o juiz de todas as nações. Como o Todo-Poderoso, Shaddai (1:15), Ele controla a invasão, os gafanhotos destruidores, que são o seu exército obedecendo o Seu comando (2:11). Da mesma forma, ele leva-os embora (2:20), fazendo grandes coisas (2:21) e maravilhas (2:26). Ele move os poderes dos céus para fazer a Sua vontade (2:31, 3:15) e traz as nações em juízo (3:2, 12). Não há ninguém como Deus (2:27). 

Para Joel, como para o Antigo Testamento em geral, o Senhor tem uma relação especial com o povo de Jerusalém e de Judá. Eles são o seu povo (2:17-19, 26-27; 3:2-3, 16), e Ele é o seu Deus (1:16; 2:13-14; 3:17). Eles são a sua herança (2:17, 3:2), e seus bens são Seu (3:5). A terra deles é Sua terra (1:6; 2:18, 3:2), e suas plantações pertencem a Ele (1:7). 

É verdade que Joel comenta em específico grandes atos de Deus no passado associados com os patriarcas, da escravidão no Egito, o Êxodo, a teofania do Monte Sinai, e a conquista de Canaã. Nem menciona a lei, o sacrifício de animais, o rei, os sábios da tradição sabedoria, ou outros bem conhecidos aspectos da religião do Antigo Testamento. Esse silêncio, no entanto, não deve ser excessivamente ressaltados, como se ele não estivesse ciente das realidades envolvidas, ou como se tais elementos ou ainda não existe ou já não existia em sua época. Joel desenha sobre o ensino de sua literatura sagrada, especialmente os livros de Deuteronômio e Obadias, e ele claramente abraça a tradições que cercam a morada de Deus em Sião, Seu monte santo (2:1; 3:16-17, 21) e no templo (1:09, 13-16). Além disso, a tradição Sião-Jerusalém é vista no contexto da tradição de Israel mais amplo e mais velho (2:27, 3:2, 16). 

Joel apresenta um entendimento impressionante de solidariedade no seio da sua comunidade e entre o seu povo e o meio ambiente natural em que vivem. A praga de gafanhotos afeta os seres humanos (1:5), o chão (1:10), e os animais (1:18-20). Correspondentemente, a restauração trata de todos eles (2:21-22; 3:18). A chamada para o arrependimento abrange toda a população (2:16), assim como os gafanhotos havia afetado todos (1:2). 

§ 2 O Dia do Senhor

O fato de que a primeira menção deste tema no livro chama-se simplesmente “o dia” (1:15), provavelmente indica que ele foi um conceito estabelecido, que Joel estava mencionando as vozes proféticas anteriores, como Amós (5:18-20), Obadias (v.15), ou Sofonias (1:7, 14) em sua descrição da atual crise para o seu povo. Além disso, talvez seja discutível se Joel, em última análise, via a praga de gafanhotos devastadores como realmente o dia do Senhor ou apenas como prenúncio seu. Pelo menos, a praga não esgotou o conceito do dia do Senhor. Para além da calamidade presente, por mais terrível que fosse, seria mais uma manifestação, mais impressionante do juízo de Deus, desta vez afetando não somente Judá, mas todas as nações (3:14), o povo do Senhor está sendo poupado (2:32; 3:16). 

Apesar desta diferença de tempo, a calamidade presente e o futuro dia do Senhor são descritos em termos muito semelhantes, incluindo irregulares fenômenos cósmicos (2:10, 30-31; 3:16) e iminência temporal (2:1; 3:14). A proximidade aparente do futuro dia do Senhor é, provavelmente, explicado como um encurtamento do tempo a partir da perspectiva do profeta. O tema trata de fenômenos cósmicos, expressão encontrada novamente no Novo Testamento, como, por exemplo, na previsão do Senhor de eventos futuros (Marcos 13:24, Lucas 21:26) e no Apocalipse (Ap 6:12). 

§ 3 Pecado e Arrependimento

Joel não aparece para castigar seu povo por seus pecados, assim como outros profetas. Mas, esta é apenas a aparência. Joel reconhece claramente os pecados das nações (3:2-7, 19). Sua incapacidade falar sobre os pecados de Judá é provavelmente devido ao impacto diante da crise da praga, em que explicações causais foram assumidas. Além disso, alguns poderiam argumentar que os três grupos abordados no capítulo 1 são selecionados por causa dos pecados que eles estavam cometendo: bêbados (1:5), agricultores (1:11, talvez envolvidos em ritos de fertilidade), e sacerdotes (1:13, que deixar de liderar a nação fiel). E, claro, o apelo ao arrependimento não faz sentido para além de pressupor o pecado nacional. Talvez seja principalmente o pecado de mera formalidade na religião, pois Joel pede um arrependimento interior do coração e não apenas um externo, de artigos de vestuário (2:13). 

O verdadeiro arrependimento, então, deve vir de um coração sincero, deve consistir em um retorno ao Senhor e, presumivelmente, para seus padrões de vida (2:13), e baseia-se na possibilidade de que Deus irá responder a tais ao virar-se para Ele. Que ele iria responder ao arrependimento está em consonância com sua natureza como um Deus clemente e misericordioso (2:13), mas não é uma necessidade que ele tem fazê-lo (“Quem sabe?” 2:14). Em última análise, Deus é soberano em Sua resposta até mesmo ao sincero arrependimento humano. Além disso, a ênfase de Joel sobre o arrependimento do coração não deve ser entendido como tornando os aspectos mais formais da religião desnecessários ou errados. O arrependimento, ele insiste, flui do coração, mas é para ser expresso em formas religiosas de choro (2:12), em jejum (2:12, 15), reunindo no templo (2:15), e orações comunais liderados por oficiantes (2:17). 

§ 4 Soteriologia

Neste caso, Deus respondeu ao arrependimento do povo e restaurou suas perdas de material (2:23-26). Vale ressaltar, no entanto, que o profeta ainda mantém o próprio Deus como o bem supremo para o seu povo, e não os seus bens materiais. É no Senhor que devem se alegrar (2:23) e é o Seu nome que devem louvar (2:26). 

A Nova declaração de Joel (2:32) que todos os que invocam o Senhor será salvo, provavelmente, refere-se inicialmente a uma libertação do terror físico do dia de Yahweh. No entanto, à luz da valorização acima da necessidade de uma profunda experiência de arrependimento, não se pode excluir a possibilidade de uma libertação do julgamento do Senhor sobre o pecado que também pode estar envolvido. Isto certamente parece ser o caminho; a passagem é compreendida e aplicada em Atos 2:21 e 10:13 romanos. 

§ 5 Pneumatologia

Anúncio de Joel de Deus derramando o seu Espírito (2:28-29) pode ser analisado sob três aspectos. É provável que a palavra “derramar” chame a atenção para a generosidade de Deus e graciosidade. Ao longo de seu uso no Antigo Testamento, ele tende a falar de um derramamento que seja completo, ou pelo menos abundantes ou extravagantes porque é desnecessário. 

§ 6 Destinatários

Estes são indicados não só pelas palavras “toda a carne”, mas também pela palavra “seu”. Portanto, não é possível que expressões como “seus filhos e filhas” podessem se referir a toda a humanidade indiscriminadamente. Pelo contrário, esta refere-se inicialmente a Judá, se todos os israelitas, todos os tipos, classes ou israelitas, ou os principais israelitas, mas estendendo-se até alguns gentios também. Destas três alternativas, a última depende da suposição de que os servidores mencionados no versículo 29 seria não-israelitas. Mas isso pode ser assumir demais. Não-israelitas escravos, normalmente, seriam introduzidos na nação e assim tornando-se praticamente israelitas. Além disso, em alguns pontos da história, os israelitas podem ter sido escravizados outros israelitas. Isso pode, de fato, ter sido o caso no período pós-exílio (Neemias 5:5,8), e isso seria especialmente relevante se a data comumente adotada pós-exílica para o Livro de Joel esteja correta. Se a terceira alternativa for fraco, os outros dois permanecem gramaticalmente possível. 

Os destinatários do Espírito, diz profetiza, têm sonhos ou visões, palavras capazes de uma grande variedade de interpretação, em grande parte devido ao fato de que o anúncio de Joel vem de uma forma abrupta, sem aparente conexão conceitual com o material no início do livro. Portanto, a explicação de Joel é frequentemente procurada em outras passagens, como Números 11:29, Jeremias 31:31-34, Ezequiel 36:26-27 ou Atos 2. Mas, desde que este método elimina importantes elementos estranhos ao pensar Joel, a presente abordagem será sondar as declarações reais antes de relacioná-las com outras passagens. 

Partindo do pressuposto de que os sonhos e visões representam variações meramente poéticas, há dois fenômenos ditos como resultado do derramamento do Espírito: profecia e sonhos/visões, o primeiro referindo-se à proclamação da mensagem de Deus, este último para a sua recepção. É duvidoso que a recepção deva ser enfatizada, uma vez que o ato de profetizar presumivelmente não é listado em primeiro lugar, se fosse um elemento subordinado. Além disso, no Antigo Testamento, o modo exato de receber a mensagem não foi tão importante quanto o fato de que era do Senhor a mensagem e que foi fielmente proclamada. Joel estava anunciando, então, que o povo de Deus fielmente proclamasse a Palavra de Deus. 

Esta simples descrição não é elaborada em termos de para quem são dirigidas esta proclamação. Presumivelmente, ela poderia ser para o povo de Deus ou as nações ou ambos. Algum apóiam a idéia de uma proclamação para as nações que pode ser encontrada na referência daqueles que acham segurança através de chamado do Senhor (2:32) e o fato de que às vezes se fala de Deus estendendo o apelo através do trabalho dos profetas (Jer 35:15-17). Por outro lado, deve-se admitir que, uma vez que muitos intérpretes não vêem 2:32 como se referindo às nações, essa referência é, na melhor das hipóteses, provisórias, embora apoiada pela aplicação do versículo no Novo Testamento. Além disso, qualquer interpretação de 2:32 tem de lutar com a aspereza de sua síntaxe. Ainda assim, uma referência à proclamação da Palavra de Deus às nações é possível. O conteúdo do anúncio profético no Antigo Testamento varia de acordo com contexto. Muito excepcionalmente, o ato de profetizar pode ser a ação da graça e louvor ao Senhor (1 Crônicas 25:3). Normalmente, no entanto, refere-se às palavras de ameaça e entrega de aviso (Jer 26:9; 28:8; 32:3), ou de encorajamento e de esperança (Jer 37:19; Ez 13:16; 37:4). Seu significado em Joel deve ser procurado ao longo destas linhas. Com base, portanto, em 2:28-32 apenas, o derramamento do Espírito pode ser dito como produzindo a proclamação fiel da Palavra de Deus de advertência e encorajamento. 

Um grande número de intérpretes, fazendo uma conexão com Números 11:29, veem Joel como anunciando a realização de um desejo de Moisés, de que todo o povo do Senhor seja profeta, tendo o Espírito de Deus. O valor desse recurso, entretanto, pode ser questionado. Primeiro, a natureza dos anciãos em profetizar pode ser atípico, não havendo nada em Números para indicar que sua profecia foi uma proclamação: além disso, não está claro que os intérpretes estão corretos ao considerar que este é, na verdade, um desejo real ou esperança da parte de Moisés. Pode ser simplesmente tentativa de Moisés de renunciar a qualquer meio para defender sua autoridade, como Josué parece ter lhe pedido para fazer. 

Uma conexão com Ezequiel 36:26-27 é freqüentemente afirmada. No entanto, em Ezequiel, o efeito da presença do Espírito é a obediência à Palavra de Deus, enquanto que em Joel é proclamação da Palavra de Deus. Verdade, os dois não são mutuamente exclusivos, mas também não são idênticos. A mesma dificuldade existe na tentativa de definir a profecia de Joel, em termos de Jeremias 31:31-34, além do fato de que a profecia de Jeremias não diz explicitamente respeito ao Espírito. Nem outras passagens do Antigo Testamento (Is 44:3; Ez 39:29; Zc 12:10) oferecem ajuda suficiente na interpretação de Joel, sendo eles mesmos são bem gerais e não específica em termos dos resultados do derramamento do Espírito. 

§ 7 Joel e o Novo Testamento

A profecia de Joel é amplamente citada ou aludida no Novo Testamento, ocasionalmente sendo transformada em aplicação. A passagem principal, é claro, é Atos dos Apóstolos 2:16-39, onde as palavras de Joel são vistas como sendo pelo menos parcialmente cumprida na proclamação das grandes obras de Deus (v. 11) pelo grupo dos 120 (At 1:5, 2:1), que, presumivelmente, incluiu mulheres (Atos 1:14), os jovens e os pobres humildes. Mas, agora, é o Jesus ressuscitado e exaltado que derrama o dom (2:33). O eco de Joel 2:32 em Atos 2:39 reúne o dom do Espírito e a vocação de Deus, embora a chamada ainda não seja vista aqui como estendida aos gentios (At 2:5). As coisas são diferentes, no entanto, em Atos 10:45, onde o Espírito Santo é “derramado” sobre os gentios convertidos. Seu modo de falar em línguas, louvando a Deus (v. 46) pode ser uma forma transmutada do termo “profetizarão” em Joel. As palavras de Joel são novamente aplicados aos gentios, em Romanos 5:05, que, embora um tanto prolixo, significa que Deus, do seu amor, tem derramado seu Espírito no coração dos crentes. E o mesmo pensamento em geral está presente em Tito 3:6. Em Romanos 10:13 um aspecto diferente da passagem de Joel foi igualmente estendida aos crentes gentios; a promessa de que “todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo” se aplica igualmente a judeus e gregos (v. 12). Finalmente, Gálatas 3:28, onde os ecos do pensamento de Joel dizem que a posse do Espírito de Deus não é limitado por considerações como a própria religião ou origem étnica, posição social ou sexo. 
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

SETE MONTES NA VIDA DO CRISTÃO...


                                             SETE MONTES NA VIDA DO CRISTÃO...
“ESTA MENSAGEM IRÁ LHE MOSTRAR ALGO QUE COM CERTEZA VOCÊ PRECISA SABER, PARA EDIFICAR SUA VIDA”

TEXTO
Salmo – 15:01
“Quem, Senhor, habitará na sua tenda? Quem morará no teu santo MONTE?”.

        Ao ler este versículo, viajo nas asas do Espírito, e contemplo as maravilhas do poder inefável de Deus para com as nossas vidas. A bíblia é e sempre será um celeiro de mensagens, para o alimento da humanidade.
        Mas glorifico ao Senhor, pelas infinitas revelações que Ele tem dado a muitos pregadores da palavra, e este versículo primeiramente me faz conjecturar sobre a Tenda do Senhor, mas sobre isto eu falo depois. 
        O que me é revelado é que a Tenda do Senhor fica no Santo Monte do Senhor, ainda que possam ser locais separados, pois devemos meditar no habitar na Tenda e no morar no Monte.
        Na bíblia observamos que em várias situações Jeová, o todo poderoso tem levado homens a lugares onde Ele possa tratar com estes, e quando necessário Jeová leva o próprio povo de Israel para algum lugar, ou seja, para um monte para tratar com eles, vejamos com o podemos aprender com alguns montes que a bíblia nos revela. Mas uma coisa você precisa saber, não importa qual o monte você tenha que subir, nunca vá para lá sem Deus, pois senão você pode não ter forças para sair de lá.

1º- MONTE
MONTE SEIR – Dt 2:1a3
        Por muitos dias Deus fez o povo de Israel rodear o Monte Seir. Com qual finalidade? A palavra Seir significa áspero, e estar em lugar áspero não é nada bom, mas se o Senhor estiver no controle, aí a coisa vai!.
        O que Deus nos revela? Que estar no monte Seir é estar em desorientação rodando, circulando, virando em lugar áspero, pois muitas vezes é assim que nos encontramos e enquanto não reconhecemos a dependência total de Deus, continuaremos a rodear o Monte Seir. Cada um de nós tem nossos momentos de desorientação, quando então precisamos nos voltar para Deus e pedir socorro, pois Seir esta em terra estranha, como você sabe Israel saiu do Egito sem pátria, sem terra, sem lar, “sem êra e nem bêra” e em um lugar estranho começam a rodar. Tenho certeza que Monte Seir é lugar de Desorientação. Não fique desorientado, busque o Senhor, clame a Ele, pois ainda que esteja no Monte Seir Ele é capaz de te ajudar, de te livrar. Seir não é lugar de cristão ficar; podemos até passar por lá, mas ficar lá jamais. Jeová é o teu Deus.
2º - MONTE
MONTE HOREBE OU SINAI – Ex 3:1
        Horebe significa, espinhoso, seco. Era este o lugar onde Deus falou com Moisés. Quando vejo Moisés levar as ovelhas de seu sogro em um lugar seco, penso, que ele estava desesperado, sem rumo, atordoado, pois alguém que viveu em um palácio agora vive no deserto sem uma cama macia ou um banho de leite. Chego a pensar que Moisés se dirigiu ali para dar um fim em sua própria vida, pois em toda sua vida aquela era a pior fase.
        Quando pensamos que está tudo acabado, então Deus entra em ação. Quando você estiver em lugares espinhosos, vivendo na sequidão. Cercado por problemas que você não tem forças para resolver, então se lembre de Jeová, Ele é a solução para a sua vida. Horebe é o lugar onde Deus fala, sim Deus fala nos lugares espinhosos. Pois quando Moisés desceu do Monte Sinai, que é o mesmo Horebe, a bíblia diz em Ex 34:29, que o rosto de Moisés brilhava, sabe por que? Por que Jeová havia falado com ele. Sim, para Deus o que importa é que você esteja disposto a ouvi-lo, mesmo estando em situações críticas. Quando todos olharem para você e acharem que está tudo acabado, Deus ainda te espera para colocar um brilho em seu rosto.

3º - MONTE
MONTE MORIÁ – Gn 22:1a3
        Foi neste local em que Abraão se dirigiu para sacrificar seu único filho, o seu tão amado Isaque. Muitas vezes colocamos alguns Isaques entre nós e Deus, nos impedindo de sermos abençoados, pois quando temos alguém ou algo em nossas vidas mais importantes do que Deus, precisamos ser levados ao monte Moriá.
        Moriá significa lugar de sacrifício, onde devemos colocar no altar tudo que para nós possa ter valor e sacrificarmos, mesmo que doa, será melhor. 
        Deus não quer ter o segundo lugar em nossas vidas, então é por isso que vemos muitos cristãos que vivem no sofrimento, pois não saem do monte Moriá. Não querem sacrificar algo que os impede de se chegarem a Deus.
        Quando Abraão real mente entendeu que Isaque estava ocupando um lugar que era de Deus, ele aceitou fazer a vontade de Deus e não temeu em seu coração, então entrou para a lista dos heróis da fé, e chamado amigo de Deus. Quer ser amigo de Deus? Sacrifique o seu Isaque; tire aquilo que está ocupando o lugar de Deus; assim você descerá do monte Moriá.

4º MONTE
MONTE DAS OLIVEIRAS – Mt 06:26
        Monte das Oliveiras, local de solidão, pois antes de subirem para lá Jesus ministrou a Santa Ceia aos seus discípulos, os fazendo terem mais comunhão com Ele, e lá no monte Jesus começa a falar que Pedro o negaria, Judas o trairia, e os outros o abandonaria. Que momento triste no ministério de Jesus, cercados de amigos, porém só, e na calada da noite, quando Jesus pede para orarem com ele, eles dormem.
        Lembra-se quando você estava atravessando aquela terrível faze, quando você mais precisava de um amigo, ninguém apareceu, todos te deixaram, infiéis. Mas enquanto na solidão de seu quarto, enquanto em meios as suas lágrimas, enquanto você mais sofria alguém também sofria por você, esperando que você somente falasse o nome Dele, para que Ele te ajudasse no monte da solidão.
        Quero te dizer uma coisa, Jesus não te quer ver sozinho, pois sozinho você corre perigo. Venha estar com Jesus, talvez você nunca entregou a direção de sua vida a Jesus, faça isso, e seras feliz. Não fique no Monte das Oliveiras, onde se chora sozinho, venha chorar aos pés do Mestre Senhor e Salvador de nossas vidas.

5º MONTE
MONTE DA TRANSFIGURAÇÃO – Mt 17:01
        Agora vai começar a melhorar para aqueles que meditaram nesta pequena mensagem, e tomaram posse da palavra de Deus, se segura aí.
        Neste texto vemos que Jesus leva três testemunhas para presenciarem o que estaria para acontecer, e naquele local aparecem Moisés e Elias conversando com Jesus. Se atentarmos para Moisés, ele havia feito um pedido para o próprio Deus em Ex 33:18 em diante, dizendo que gostaria de ver Deus face a face, mas Jeová não o atendeu para que ele não morresse, mas à vontade de Moisés não morreu. Passados alguns anos, Deus diz a Moisés que Ele não entraria na terra prometida, ele somente a viria com os olhos, mas lá não entraria, então Moisés morre.
        Seria triste pensar que sendo Moisés amigo intimo de Deus e o próprio deus deixá-lo morrer assim, sem ter alguns sonhos realizados era demais. Mas o monte da transfiguração é o Monte de realizar sonhos, pois passados dois dias da morte de Moisés, pois um dia para Deus são mil anos e mil anos pra Deus é um dia, Moisés aparece vendo Deus face a face e dentro da terra prometida que mana leite e mel.
        Não desanime, a última palavra ainda não foi dada, e quem dá a última palavra é Jeová, o Senhor todo poderoso, Ele próprio realizará seus sonhos.

6º MONTE
MONTE DO SENHOR – Sl 24:03
        O monte santo do Senhor, neste versículo Davi faz uma pergunta que ainda hoje é muito boa para se fazer a alguém. Quando subirá ao Monte Santo do Senhor?
        O monte santo do Senhor é lugar de descanso. Quantas vezes nos sentimos cansados, pois a vida nos reserva momentos diferenciados, que consomem nossas energias no dia a dia, mas o homem tem buscado descanso na bebida, na prostituição, no pecado, e ao invés de descansar acaba se cansando ainda mais.
        Só existe um bom lugar para se deleitar, e esse lugar é o monte santo do Senhor, o único lugar onde você conseguirá se sentir bem, mas lave suas mãos do pecado, purifique seu coração das vaidades e não jure enganosamente (Sl.24:4). Assim você subirá no Monte santo do Senhor o monte do descanso, mas do verdadeiro descanso.

7º MONTE
MONTE SIÃO – Hb 12:22
        Sião significa ensolarado. Por ai já dá para sentirmos o calor dos braços de Jeová.
        O escritor de Hebreus fala sobre uma visão terribilíssima de Moisés, que viu a cidade Quadrangular, a Jerusalém de Deus, um lugar que não tem noite, pois a glória de Deus estará inundando aquele lugar, clareando nossas vidas. Sião é ensolarado e ensolarado é o lugar onde vamos morar. Creia na palavra de Deus, ela pode muito em sua vida.
        A verdade é que não importa em qual monte você está neste momento, mas o importante é que esteja com Deus, pois só Ele tem poder para te conduzir e te levar no monte Sião, lugar onde não há solidão, tristeza, prova, medo desorientação.
        E disse Jesus: Marta, já não te disse que se creres veras a glória de Deus.
        É isso meu amado Ele, Jeová quer nos mostrar sua glória.


Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante

         

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

A GRANDE MERETRIZ...


                                                        A GRANDE MERETRIZ...
A Grande Meretriz (Apocalipse 17:1-18)
As sete taças já foram derramadas. As forças da natureza e os poderes políticos serviram para castigar os adoradores da besta. Agora um dos sete anjos do capítulo 16 leva João para ver de perto a Babilônia e sua destruição. Este capítulo é de grande importância na determinação da data do Apocalipse e na identificação da aplicação principal de algumas das profecias deste livro. Entre outras coisas, procuramos aqui entendimento das cabeças da besta e da meretriz montada nela.
Quem é a Meretriz?
Um dos pontos mais polêmicos no estudo do Apocalipse é a identidade da grande meretriz. As interpretações mais comuns são quatro, envolvendo duas cidades:
               1. Roma, como cidade principal do império romano, ou o poder comercial e econômico dela
               2. Roma, como cidade principal da Igreja Romana Católica
               3. Jerusalém como existia antes da destruição de 70 d.C.
               4. Jerusalém futura como sede do suposto reino terrestre de Jesus
Proponentes das várias interpretações oferecem seus argumentos. Nossa interpretação deve respeitar as evidências bíblicas e históricas, rejeitando explicações que contradizem o próprio livro, mesmo quando tais explicações sejam populares e muito difundidas.
Podemos já rejeitar a segunda e a quarta das interpretações acima, pois contradizem o próprio Apocalipse. João recebeu uma revelação de coisas que iam acontecer “em breve” (1:1; 22:6), pois o tempo já estava “próximo” quando Jesus as revelou (1:3; 22:10) e prometeu vir em julgamento “sem demora” (22:12,20). As interpretações futuristas são sensacionais e fascinantes e certamente vendem muitos livros e enchem os bancos de muitas igrejas, mas não respeitam as evidências internas. As interpretações que identificam o Vaticano e alguns dos aspectos mais tristes da história da Igreja Católica ganharam muitos adeptos desde a Reforma Protestante, e ainda têm seus defensores hoje. Mas o desenvolvimento do catolicismo demorou séculos, enquanto João escreve sobre poderes existentes na sua época. Há muitos motivos justos para criticar a igreja católica, mas não devemos adotar interpretações forçadas de textos bíblicos. Tais abordagens não fortalecem o caso para ajudar católicos verem os problemas na sua igreja.
Os debates mais sérios sobre a identidade da grande meretriz focalizam na primeira e terceira interpretações. Vários estudiosos afirmam que a grande meretriz é Jerusalém, aguardando a sua destruição profetizada por Jesus e realizada por Tito no ano 70 d.C. Estas interpretações respeitam os limites de tempo citados acima, sugerindo que o livro fosse escrito durante o reinado de Nero e cumprido na destruição de Jerusalém dois anos depois da morte dele. Outros identificam a meretriz com Roma ou algum aspecto do poder de Roma, como sua influência econômica no mundo do primeiro século. Muitas pessoas que aplicam o texto a Roma aceitam uma data no reinado de Domiciano (imperador de 81 a 96), e outras defendem uma data durante o reinado de Vespasiano (69 a 79).
A tabela abaixo apresenta alguns contrastes entre as opções 1 e 3 de uma forma resumida. Como pode observar, há características que podem se aplicar tanto a Roma como a Jerusalém. Embora respeito as opiniões e os argumentos daqueles que defendem a aplicação desta profecia à destruição de Jerusalém em 70 d.C., acredito que as evidências favorecem a primeira explicação – que a grande meretriz era Roma ou seu poder econômico, pois ela foi a sede da economia mundial no primeiro século.
A Grande Meretriz: Roma ou Jerusalém? (Apocalipse 17 - 18)
Característica
Roma
Jerusalém
Sentada sobre muitas águas (17:1)
Seu poder vinha dos povos dominados
Procurava manter uma certa independência
Com quem se prostituíram os reis da terra (17:2)
Dominava os reis de muitos países; Descrição da Babilônia antiga (Jeremias 51:7)
Relativamente insignificante; Alguma vez foi descrita como a fonte do pecado das nações?
Vinho de sua devassidão (17:2)
Conhecida por sua imoralidade e excessos
Cidade rebelde, mas não conhecida por impureza exagerada (1 Pedro 4:3-4 – gentios)
Montada na besta do poder romano (17:3; cf. 13:1-8)
Roma e sua economia dependiam do poder romano
Foi dominada pelos romanos
Vestida de púrpura, escarlate, ouro, pedras preciosas, etc. (17:4; 18:16)
Luxo, nobreza, sedução; os soldados da Babilônia antiga se vestiam de escarlata (Naum 2:3)
Jerusalém antiga foi descrita assim (Jeremias 4:30)
Cálice de abominações e imundícias (17:5)
A Babilônia foi o cálice que causou as nações a enlouquecerem (Jeremias 51:7)
O cálice da ira vem de Jerusalém (Zacarias 12:2,5,9), mas o cálice da imundícia??
A mãe das meretrizes (17:5)
Cidades gentias como meretrizes e prostitutas (não como adúlteras) – Isaías 23:13-18; Naum 3:4
Jerusalém como adúltera ou prostituta (Jeremias 13:27), comete adultério com as nações (Ezequiel 23:4-5)
Embriagada com o sangue dos santos e das testemunhas (17:6; 18:20,24)
Perseguia os cristãos, especialmente nos reinados de Nero, Domiciano, etc.
Perseguia os santos e profetas (Lucas 11:48-51), incluindo testemunhas de Jesus (Atos 7:51-52,58-60)
Sete montes (17:9)
Cidade de sete montes
Cidade de sete montes
Sete reis – 5 -1 - 1 - 1
8º é a besta (17:9-11)
Se começar com Augusto, aplica-se a Domiciano
Se começar com Júlio, aplica-se a Tito
A mulher é grande cidade que domina sobre os reis da terra (17:18)
Roma dominava os reis da terra na época de João
Jerusalém dominava como soberana de Deus e lugar do templo (Salmo 68:29) – agora é meretriz ou mulher fiel????
Destruição interna (17:16-17)
História do declínio de Roma (cf. Daniel 2:42-43)
Destruída pelos romanos




 Nos comentários sobre a grande meretriz, procurarei mostrar significados relevantes a Roma. Também mostrarei, nesta lição, por que eu acredito que João tenha escrito o livro durante o reinado de Vespasiano.
17:1 – Veio um dos sete anjos que têm as sete taças e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei o julgamento da grande meretriz que se acha sentada sobre muitas águas,
Veio um dos sete anjos que têm as sete taças e falou comigo: A queda da grande meretriz já foi anunciada em 14:8, e ela recebeu o cálice da ira de Deus quando a sétima taça foi derramada (16:19). Agora um dos anjos que derramaram as taças mostra mais detalhes para João.
Vem, mostrar-te-ei o julgamento da grande meretriz que se acha sentada sobre muitas águas: As águas referem-se aos povos ou nações. A besta, o poder do governo romano, surgiu do mar (13:1). A grande meretriz – a cidade e seu poder econômico – se acha sentada sobre as nações. A grandeza dela dependia dos povos dominados pelo império romano.
17:2 – com quem se prostituíram os reis da terra; e, com o vinho de sua devassidão, foi que se embebedaram os que habitam na terra.
Com quem se prostituíram os reis da terra: A prostituição entre nações é uma figura que sugere alianças. Encontramos linguagem quase igual na condenação de Nínive, a antiga cidade principal do corrupto império assírio (Naum 3:4-5), e nas críticas feitas a Tiro, a cidade que dominava o comércio no mar mediterrâneo no tempo de Isaías (Isaías 23:15-18). Roma, na época de João, mantinha suas relações com diversos reis, dominando todos os países da região mediterrânea.
Com o vinho de sua devassidão, foi que se embebedaram os que habitam na terra: Esta mesma acusação foi feita pela segunda voz (14:8). Roma corrompeu outras nações, envolvendo-as na sua libertinagem. Os excessos de Roma, e especialmente de alguns dos imperadores, são bem documentados na história do período. Países que estabeleceram relações favoráveis ao comércio com Roma lucraram como fornecedores de bens consumidos neste contexto materialista. A mesma descrição pode incluir outros aspectos da corrupção romana – ganância, idolatria, imoralidade, etc.
Como já observamos em outras citações, “os que habitam na terra” são os ímpios (cf. os comentários sobre 13:6 e 8 na lição 22).
17:3 – Transportou-me o anjo, em espírito, a um deserto e vi uma mulher montada numa besta escarlate, besta repleta de nomes de blasfêmia, com sete cabeças e dez chifres.
Transportou-me o anjo, em espírito: 600 anos antes desta visão de João, o profeta Ezequiel foi levantado pelo Espírito e levado a ver as condições da cidade de Jerusalém para ajudá-lo a entender e comunicar os motivos do castigo de Judá (Ezequiel 3:12,13; 8:14,16; 11:1,24). Aqui, João é levado à Babilônia para ver os planos de Deus de castigar a cidade mundana.
A um deserto: João já viu uma mulher levada ao deserto para ser protegida (12:6,14). Desta vez, é uma mulher totalmente diferente no deserto. Ela está sendo protegida, temporariamente, pela besta. Esta mulher é a grande meretriz. A profecia de Isaías contra a Babilônia é descrita como “sentença contra o deserto do mar” (Isaías 21:1,9).
Uma mulher montada numa besta escarlate, besta repleta de nomes de blasfêmia, com sete cabeças e dez chifres: A mulher está montada na besta do mar (13:1), que representa o poder imperial de Roma. A grande meretriz depende do poder de Roma para sua sobrevivência.
17:4 – Achava-se a mulher vestida de púrpura e de escarlata, adornada de ouro, de pedras preciosas e de pérolas, tendo na mão um cálice de ouro transbordante de abominações e com as imundícias da sua prostituição.
Achava-se a mulher vestida de púrpura e de escarlata, adornada de ouro, de pedras preciosas e de pérolas: Já sabemos que ela é uma meretriz (17:1), mas ela se veste como se fosse uma mulher rica, de nobreza ou realeza.
Tendo na mão um cálice de ouro transbordante de abominações e com as imundícias da sua prostituição: A Babilônia dera às nações “o vinho da fúria da sua prostituição” (14:8). Da mesma maneira que a Babilônia histórica, cidade principal de sua época, deu seu vinho às nações e causou a loucura delas (Jeremias 51:7), a Babilônia simbólica, Roma, deu de seu cálice às nações de seu tempo. Todas queriam participar do “sucesso” da grande cidade mundana, e iam participar, também, do castigo que viria sobre ela. Mesmo ela sendo bem-vestida e atraente às nações, Deus viu o seu cálice cheio de abominações e imundícias, coisas repugnantes ao Santo Senhor.
17:5 – Na sua fronte, achava-se escrito um nome, um mistério: Babilônia, a Grande, a Mãe das Meretrizes e das Abominações da Terra.
Na sua fronte, achava-se escrito um nome, um mistério: Babilônia, a Grande, a Mãe das Meretrizes e das Abominações da Terra: A mulher não esconde a sua verdadeira identidade. As características da Babilônia são encontradas em Roma, e o nome passa a representar esta cidade e sua influência como prostituta corrompendo as nações. Isaías chamou Tiro de meretriz, dizendo que “ela tornará ao salário da sua impureza e se prostituirá com todos os reinos da terra” (Isaías 23:15-17). Uma profecia contra Nínive disse: “Tudo isso por causa da grande prostituição da bela e encantadora meretriz, da mestra de feitiçarias, que vendia os povos com a sua prostituição e as gentes, com as suas feitiçarias” (Naum 3:4). Roma, por sua influência sobre as nações do mundo, é descrita como a mãe das meretrizes.
17:6 – Então, vi a mulher embriagada com o sangue dos santos e com o sangue das testemunhas de Jesus; e, quando a vi, admirei-me com grande espanto.
Então, vi a mulher embriagada com o sangue dos santos e com o sangue das testemunhas de Jesus: Ela deu aos outros a beber, mas ela também ficou embriagada. A “bebida” da meretriz é o sangue dos servos do Senhor. São os mesmos que pediram a justiça divina no quinto selo (6:9-11), aqueles que não amaram a própria vida quando encararam a morte (12:11), e que se mostraram fiéis até à morte (2:10). A grande meretriz cairia por causa da perseguição aos discípulos de Jesus.
E, quando a vi, admirei-me com grande espanto: Que cena horrível e assustadora! A mulher embriagada com sangue – o sangue dos conservos de João.
17:7 – O anjo, porém, me disse: Por que te admiraste? Dir-te-ei o mistério da mulher e da besta que tem as sete cabeças e os dez chifres e que leva a mulher:
O anjo, porém, me disse: Por que te admiraste?: O anjo viu a reação de João, e imediatamente começa a responder à preocupação do profeta.
Dir-te-ei o mistério da mulher e da besta que tem as sete cabeças e os dez chifres e que leva a mulher: O entendimento do significado desta visão, implicitamente, aliviará o espanto de João. O anjo promete uma explicação sobre a meretriz e sobre a besta. Esta explicação se segue nos próximos versículos.
17:8 – a besta que viste, era e não é, está para emergir do abismo e caminha para a destruição. E aqueles que habitam sobre a terra, cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida desde a fundação do mundo, se admirarão, vendo a besta que era e não é, mas aparecerá.
A besta que viste, era e não é, está para emergir do abismo: Sabemos que a besta representa o poder do império romano e, também, os seus reis ou imperadores (cf. 17:11). Este versículo coloca a revelação dada a João entre dois reis descritos como “a besta” e durante o reino de um outro, que não agia como a besta. Já sabemos de algumas características da besta, conforme a apresentação no capítulo 13 e alguns comentários posteriores. A besta recebeu sua autoridade do dragão e aceitou a adoração dos homens, que o tratavam como se fosse Deus. Ele agia com arrogância e blasfêmia contra Deus, difamando o tabernáculo (o povo do Senhor). Pelejou contra os santos e os venceu. Os que recusavam a adorar a besta sofriam discriminação econômica, e alguns deles foram mortos. Juntando estas informações, entendemos que os imperadores identificados como “a besta” são reis que perseguiam os santos de Deus. Um perseguidor já era. Seria a cabeça “golpeada de morte” (13:3). Mas essa ferida foi curada, e o poder romano não acabou (13:3). João escreve durante um período de relativa tranquilidade (a besta “não é”), mas um outro perseguidor ia emergir do abismo. Como já veremos, estes comentários do anjo ajudam na datação do livro, colocando-o entre os perseguidores Nero e Domiciano. Mais detalhes se seguem nos versículos 10 e 11.
E caminha para a destruição: O poder imperial, a besta, caminha para a destruição. A palavra traduzida destruição aparece no Apocalipse somente aqui e no versículo 11, embora seja comum em outros livros do Novo Testamento (veja Mateus 7:13; João 17:12; Atos 8:20; Romanos 9:22; Filipenses 1:28; 3:19; 1 Timóteo 6:9; Hebreus 10:39; 2 Pedro 2:1-3; 3:7,16; etc.). Uma cabeça já foi golpeada, mas sobreviveu. Outra virá e será destruída. Antes de emergir do abismo, o seu destino já foi selado!
E aqueles que habitam sobre a terra, cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida desde a fundação do mundo, se admirarão, vendo a besta que era e não é, mas aparecerá: Novamente, encontramos “aqueles que habitam sobre a terra”. São os ímpios, os adoradores da besta. Estes se admirarão que a besta voltou. Os que habitam no céu, aqueles cujos nomes estão no Livro da Vida, não se admiram, pois sabem que Deus está controlando tudo e que o poder da besta não durará. Para mais informações sobre o Livro da Vida, veja os comentários sobre 3:5 e 13:8. Desde a fundação do mundo, Deus preparou seu plano para a salvação dos fiéis. Ele planejou a vinda de Jesus, sua vida, morte e ressurreição. Preparou a revelação do evangelho. Estabeleceu os termos de admissão ao seu reino. Ao longo da história, ele veio anunciando, aos poucos, este plano, até chegar à revelação de Jesus e do evangelho no Novo Testamento. Agora, aqueles que decidem servir a Jesus têm seus nomes escritos no Livro da Vida.
17:9 – Aqui está o sentido, que tem sabedoria: as sete cabeças são sete montes, nos quais a mulher está sentada. São também sete reis,
Aqui está o sentido, que tem sabedoria: O anjo já prometeu explicar o significado da visão, e agora chama a atenção de João aos pontos principais.
As sete cabeças são sete montes, nos quais a mulher está sentada: A meretriz está sentada sobre sete montes. Várias cidades foram conhecidas, ao longo da história, como cidades de sete montanhas ou colinas. As pessoas que aplicam as profecias sobre a grande meretriz à cidade de Jerusalém oferecem algumas citações de Jerusalém como uma cidade de sete montes. Mas a aplicação natural desta expressão no contexto do Apocalipse é à cidade de Roma, bem conhecida na época de João como a cidade de sete colinas. Esta interpretação se ajusta aos outros aspectos da descrição desta cidade que dominava “sobre os reis da terra” (17:18).
São também sete reis: Na linguagem simbólica da Bíblia, duas imagens diferentes podem representar uma ideia ou personagem. Por exemplo, Jesus é um Cordeiro e um Leão (5:5-6) e o diabo é um dragão e uma serpente (12:9). Aqui uma imagem representa duas idéias diferentes. As sete cabeças são sete montes, e também são sete reis. Nos versículos seguintes, torna-se evidente que são sete reis específicos. Esta mensagem comunica aos santos na época de João informações sobre o passado e o futuro, identificando a conjuntura histórica em que eles se encontraram.
17:10 –  dos quais caíram cinco, um existe, e o outro ainda não chegou; e, quando chegar, tem de durar pouco.
Dos quais caíram cinco: Os primeiros cinco imperadores romanos já caíram. Este fato nos ajuda a determinar uma data do livro depois do suicídio de Nero, que aconteceu em 68 d.C.
Nota: Algumas interpretações se baseiam numa lista diferente de imperadores, tipicamente começando com Júlio César e citam algumas referências históricas (Flávio Josefo, etc.) para apoiar esta explicação. Os mesmos comentaristas reconhecem, porém, o perigo de se justificar com base em alguma referência histórica que contradiz as informações bíblicas. Eles rejeitam, como eu também faço, as interpretações que dão mais peso às referências históricas do que às evidências internas quando se trata da datação do livro. Apesar de textos extra-bíblicos que datam o Apocalipse no final do reinado de Domiciano, as evidências internas favorecem uma data anterior. No caso de determinar um ponto de partida para a lista dos reis, tanto as evidências internas como a maioria das citações históricas favorecem a posição usada neste estudo, de que Augusto foi o primeiro imperador romano. Entre as observações históricas sobre esta questão, devemos observar dois fatos:
➊ Júlio César se declarou ditador durante o período da República Romana (um erro político que provocou o seu assassinato), mas Augusto foi o primeiro reconhecido pelos romanos como imperador. Caio Júlio César Otaviano, conhecido como César Augusto, tinha 18 anos de idade quando seu tio e pai adotivo, Júlio César, foi assassinado em 44 a.C. Nos anos seguintes, a instabilidade política em Roma levou ao fim da República e a Augusto foi dado poder absoluto pelo Senado em 27 a.C.
➋ Não houve uma sucessão direta, como seria o caso de passar a autoridade de imperador de pai para filho. Augusto conseguiu consolidar o poder em 31 a.C., e seu reinado como imperador começou 17 anos depois da morte de Júlio, em 27 a.C.
Respeito as opiniões ao contrário, mas acredito que as evidências favorecem uma contagem de “reis” a partir de Augusto, o primeiro imperador de Roma. Assim, o anjo declara que Augusto, Tibério, Gaio Calígula, Cláudio e Nero já caíram.
Nero foi o último imperador da dinastia Júlio-Claudiana. A revolta de Galba e a rejeição de Nero pelo Senado forçou o imperador a fugir. Seu suicídio em 68, sem deixar filhos, foi o fim de sua linhagem e o golpe mortal de uma das cabeças da besta, citado em 13:3.
Um existe: Depois da morte de Nero, houve guerra civil em que quatro homens tentaram se estabelecer como sucessores de Nero (este período é conhecido como o ano dos quatro imperadores). Galba, Otão e Vitélio fracassaram. Vespasiano estabeleceu a próxima linha de imperadores, conhecida como a dinastia Flaviana, que inclui o próprio Vespasiano e seus dois filhos, Tito e Domiciano. Para identificar aquele que “existe” quando João escreve, precisamos comparar a profecia dele com a de Daniel 7. Na visão de Daniel, os reis foram representados pelos dez chifres do quarto animal. Quando subiu o décimo-primeiro, três foram arrancados (Daniel 7:8), deixando um total de oito. Da mesma maneira que os quatro animais de Daniel se transformaram em uma besta para João (veja os comentários sobre 13:2 na lição 22), os 11 reis de Daniel são oito para João, pois estes três insignificantes já foram, e Vespasiano se estabeleceu como o sexto rei. Se João tivesse escrito o livro na época de Nero, como alguns afirmam, ele teria a mesma perspectiva de Daniel, ainda aguardando aparecer estes três reis. Escrevendo depois de Vitélio, ele nem menciona os três que fracassaram entre Nero e Vespasiano. Apesar de alguns comentários feitos nas décadas e séculos depois colocando o exílio de João e o Apocalipse no reinado de Domiciano, eu acredito que a evidência interna favorece uma data entre 69 e 79, durante o reinado de Vespasiano.

O outro ainda não chegou; e quando chegar, tem de durar pouco: O próximo imperador seria Tito, o filho de Vespasiano, que reinou de 79 e 81. Assim foi cumprida a profecia que “tem de durar pouco”. Interpretações que sugerem que o livro fosse escrito durante o reinado de Nero e que o oitavo rei fosse Tito enfrentam algumas dificuldades aqui. Primeiro, teriam que explicar em que sentido Cláudio pode ser entendido como a besta que foi ferida mortalmente, desde que não há registro de perseguição aos cristãos pelos romanos na época de Cláudio. Segundo, teriam que explicar como Vespasiano seria o outro que ainda não chegou e ia durar pouco, quando o reinado dele foi bem maior do que o reinado de Tito. E ainda oferecendo alguma explicação para estas questões, teriam que mostrar o seu caso mais forte conforme as evidências internas e as comparações com Daniel.
17:11 – E a besta, que era e não é, também é ele, o oitavo rei, e procede dos sete, e caminha para a destruição.
E a besta, que era e não é, também é ele, o oitavo rei, e procede dos sete: Depois das perseguições do reinado de Nero (a besta que era), os servos de Deus passavam por alguns anos mais tranqüilos (não é), mas ainda teriam mais sofrimento pela frente. A besta ia surgir de novo na forma do oitavo rei, Domiciano. Em dois sentidos, pode afirmar-se que ele “procede dos sete”: Era filho de Vespasiano, e também ressuscitou a política de perseguição de Nero. João, escrevendo durante o reinado de Vespasiano, disse que a besta estava “para emergir do abismo” (17:8). Daniel falou sobre este rei (o décimo-primeiro do seu ponto de vista): “Proferirá palavras contra o Altíssimo, magoará os santos do Altíssimo e cuidará em mudar os tempos e a lei; e os santos lhe serão entregues nas mãos, por um tempo, dois tempos e metade de um tempo. Mas, depois, se assentará o tribunal para lhe tirar o domínio, para o destruir e o consumir até ao fim” (Daniel 7:25-26). À besta do mar “Foi-lhe dada uma boca que proferia arrogâncias e blasfêmias e autoridade para agir quarenta e dois meses” (13:5).
E caminha para a destruição: Aqui vem o conforto oferecido aos santos. A besta emergiria do abismo e perseguiria os servos do Senhor. Mas o seu tempo seria limitado (42 meses, ou três anos e meio, representa um tempo limitado de angústia) e seu destino já foi determinado pela justiça de Deus – “Caminha para a destruição” (17:8); “Se alguém matar à espada, necessário é que seja morto à espada” (13:10); “Mas, depois, se assentará o tribunal para lhe tirar o domínio, para o destruir e o consumir até ao fim” (Daniel 7:26). A comparação destes trechos reforça o entendimento que este oitavo rei caminha para sua própria destruição, e não que destrói outros (como alguns sugerem quando aplicam a profecia a Tito, o filho de Vespasiano que destruiu Jerusalém antes de se tornar imperador).
17:12 – Os dez chifres que viste são dez reis, os quais ainda não receberam reino, mas recebem autoridade como reis, com a besta, durante uma hora.
Os dez chifres que viste são dez reis, os quais ainda não receberam reino, mas recebem autoridade como reis, com a besta, durante uma hora: Durante uma boa parte do império romano, foi usado um sistema conhecido como “rei-cliente”, em que reis subordinados ao imperador governavam províncias do império. Os Herodes, que governavam a Judéia, servem como exemplo deste tipo de rei subordinado, ou rei fantoche. Os reis-clientes durante o reinado de Domiciano, reinariam “com a besta”, mas o seu tempo seria curto – “durante uma hora”. Em contraste, os servos do Senhor que não adoraram a besta, foram prometidos o privilégio de reinar “com Cristo durante mil anos” (20:4). Os vencedores receberiam “autoridade sobre as nações e com cetro de ferro as regerá” (2:26-27). Não precisamos entender uma hora literal, nem mil anos literais, para apreciar o contraste. É melhor ser um servo de Cristo do que um rei no império romano!
17:13 – Têm estes um só pensamento e oferecem à besta o poder e a autoridade que possuem.
Têm estes um só pensamento e oferecem à besta o poder e a autoridade que possuem: São meramente fantoches. Não têm poder próprio, pois todo o seu poder é dado à besta. Já observamos que a besta surge do mar e depende das nações, da sociedade humana, para seu poder e a sua existência. O imperador romano mantinha seu poder por dominar as nações e seus reis.
17:14 – Pelejarão eles contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, pois é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão também os chamados, eleitos e fiéis que se acham com ele.
Pelejarão eles contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá: A besta usará todos os seus recursos, até os reis subordinados, para resistir o poder de Jesus e afligir os santos. Já sabemos que os reis da terra seriam reunidos para uma batalha em Armagedom (16:14,16). Sabemos, também, que servem à besta e ajudarão na perseguição dos fiéis. Mas mais importante de tudo, sabemos que a vitória será do Cordeiro!
Pois é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis: A certeza da vitória está na natureza divina do Cordeiro. Não é questão do tamanho do exército ou da estratégia dos guerreiros. Ele vencerá porque é o Senhor dos senhores! Este título é mais uma prova da divindade de Jesus, pois a Bíblia afirma que Deus (YHWH) é o Senhor dos senhores: “Pois o SENHOR, vosso Deus, é o Deus dos deuses e o Senhor dos senhores, o Deus grande, poderoso e temível” (Deuteronômio 10:17; cf Salmo 136:3; 1 Timóteo 6:15). No Apocalipse, este título é aplicado a Jesus (17:14; 19:16). Os reis da terra podem receber autoridade da besta para reinarem durante uma hora (17:12), mas tanto a besta como os reis cairão. Podem olhar para a meretriz como “a grande cidade que domina sobre os reis da terra” (17:18), mas o destino dela já foi anunciado (14:8). Jesus é o Soberano, o verdadeiro Rei dos reis!
Vencerão também os chamados, eleitos e fiéis que se acham com ele: Os servos fiéis participam da vitória do Cordeiro. Os servos do Senhor venceram o diabo “por causa do sangue do Cordeiro e por causa da palavra do testemunho que deram e, mesmo em face da morte, não amaram a própria vida” (12:11). A garantia da vitória está na lealdade ao verdadeiro Soberano. Aqueles que confiam na besta serão derrotados, enquanto os servos do Cordeiro têm certeza da vitória final. As cartas nos capítulos 2 e 3 prometem recompensas aos vencedores, dizendo que receberiam autoridade para dominar as nações com cetro de ferro (2:27). Aqueles que foram comprados com o sangue do Cordeiro “reinarão sobre a terra” (5:10). As almas dos decapitados “reinaram com Cristo durante mil anos” (20:4). Na Nova Jerusalém, os servos de Cristo “reinarão pelos séculos dos séculos” (22:5).
17:15 – Falou-me ainda: As águas que viste, onde a meretriz está assentada, são povos, multidões, nações e línguas.
As águas que viste, onde a meretriz está assentada, são povos, multidões, nações e línguas: A besta surgiu do mar, tomando sua força das nações (13:1). A meretriz, Roma, e seu poder econômico dependem das nações e das relações comerciais no império. O mar e o comércio são ligados um ao outro no castigo da segunda trombeta, que atinge a terça parte da vida no mar e um terço das embarcações (8:9). Roma dominava o comércio entre três continentes pelo seu controle do mar Mediterrâneo. Mas se essas nações voltarem contra a meretriz, ela perderia sua força.
17:16 – Os dez chifres que viste e a besta, esses odiarão a meretriz, e a farão devastada e despojada, e lhe comerão as carnes, e a consumirão no fogo.

Os dez chifres que viste e a besta, esses odiarão a meretriz, e a farão devastada e despojada, e lhe comerão as carnes, e a consumirão no fogo: Na interpretação da visão de Nabucodonosor, aprendemos que Roma seria um reino misto, dividido, ao mesmo tempo forte e fraco (Daniel 2:40-43). Segundo os relatos históricos, um dos principais motivos do declínio de Roma foi a dissensão interna, envolvendo conflitos entre generais, problemas com os líderes das províncias, etc. No final do primeiro e durante o segundo século, tais conflitos dentro do império começaram. Durante o reinado de Trajano, o império chegou à sua extensão geográfica máxima. Ele morreu em 117 e, logo em seguida, seu sucessor devolveu a Mesopotâmia aos partos, o primeiro de vários incidentes que tiveram o efeito de diminuir e dividir o império. A glória de Roma foi se perdendo devido, em boa parte, aos excessos de alguns imperadores e aos problemas com os povos já subjugados.
17:17 – Porque em seu coração incutiu Deus que realizem o seu pensamento, o executem à uma e deem à besta o reino que possuem, até que se cumpram as palavras de Deus.
Porque em seu coração incutiu Deus que realizem o seu pensamento: A besta e a meretriz podem se enganar, achando que exerçam domínio verdadeiro sobre os reis e as nações. Mas é Deus quem exerce o controle verdadeiro. Mesmo quando as nações se rebelam contra o verdadeiro Senhor, ele controla tudo para seus propósitos. Este versículo reafirma um princípio antigo e bem-estabelecido nas Escrituras: “o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens e o dá a quem quer” (Daniel 4:32). Quando Deus usa nações ímpias para castigar outras, elas geralmente não reconhecem a mão do Senhor, achando-se donos de si e capazes de controlar o próprio destino (cf. Isaías 10:5-8).
O executem à uma e deem à besta o reino que possuem, até que se cumpram as palavras de Deus: Uma parte do plano de Deus para vencer a besta foi o aumento do poder dela. Deus a deixou crescer cada vez mais forte, dominando os reis das nações, enquanto preparava o castigo dela. Nas décadas depois de João escrever o Apocalipse, o poder romano foi aumentando, chegando ao seu auge no final do reinado de Trajano. A partir daquela época, perdeu território e poder aos poucos.
17:18 – A mulher que viste é a grande cidade que domina sobre os reis da terra.
A mulher que viste é a grande cidade que domina sobre os reis da terra: A explicação inspirada revela o significado da meretriz, da grande cidade. A grande cidade no Apocalipse é a Babilônia (14:8; 16:19; 17:5); é a cidade mundana que se colocou contra Deus no espírito de Egito, Sodoma e Jerusalém (11:8). Ela é Roma, a cidade que dominava sobre os reis da terra na época de João.
Conclusão
Nos capítulos 12 e 13, conhecemos três grandes inimigos do povo de Deus – o dragão e suas duas bestas. No capítulo 17, conhecemos mais uma aliada do dragão, a grande meretriz Babilônia. Ela é descrita como a cidade sentada sobre sete montes, bêbada com o sangue dos santos, que dominava os reis da terra. Ela depende da besta do mar, o poder do império romano. Este capítulo esclarece melhor o significado da besta, apontando ao poder perseguidor do governo romano, especialmente às perseguições que seriam feitas por um imperador que viria pouco depois da profecia de João.
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante