JESUS FICOU ANGUSTIADO...
Jesus acaba de orar com seus apóstolos fiéis. Então, ‘depois de cantarem louvores, saem para o monte das Oliveiras’. (Marcos 14:26) Eles vão para o leste, a um jardim chamado Getsêmani, onde Jesus costuma ir.
Eles chegam a um lugar agradável entre as oliveiras. Jesus deixa oito apóstolos para trás, talvez perto da entrada do jardim, pois ele lhes diz: “Sentem-se aqui enquanto eu vou ali para orar.” Jesus leva consigo Pedro, Tiago e João, e entra no jardim. Ele fica muito aflito e diz aos três: “Estou profundamente triste, a ponto de morrer. Fiquem aqui e mantenham-se vigilantes comigo.” — Mateus 26:36-38.
Afastando-se um pouco deles nesse momento de fortes emoções, Jesus ‘se prostra no chão e começa a orar’ a Deus: “Pai, todas as coisas são possíveis para ti; afasta de mim este cálice. Contudo, não o que eu quero, mas o que tu queres.” (Marcos 14:35, 36) O que ele quer dizer com isso? Será que está desistindo de ser o Resgatador? Claro que não.
Do céu, Jesus viu o grande sofrimento dos que foram mortos pelos romanos. Agora que é humano, com sentimentos iguais aos nossos e capaz de sentir dor, Jesus se preocupa com o que o aguarda. Porém, mais importante do que isso, ele está aflito por perceber que sua morte como criminoso desprezível pode trazer vitupério sobre o nome de seu Pai. Em algumas horas, ele será pendurado numa estaca como se tivesse blasfemado contra Deus.
Depois de uma longa oração, Jesus volta e encontra os três apóstolos dormindo. Ele diz a Pedro: “Vocês não conseguiram se manter vigilantes comigo nem mesmo por uma hora? Mantenham-se vigilantes e orem continuamente para que não caiam em tentação.” Jesus percebe que os apóstolos também estão sob estresse, e está tarde. Ele acrescenta: “Naturalmente, o espírito está disposto, mas a carne é fraca.” — Mateus 26:40, 41.
Então Jesus sai pela segunda vez e pede a Deus que remova dele ‘o cálice’. Ao retornar, ele mais uma vez encontra os três apóstolos dormindo em vez de estarem orando para não entrar em tentação. Jesus fala com eles, mas os apóstolos ‘não sabem o que lhe responder’. (Marcos 14:40) Ele sai pela terceira vez e se ajoelha para orar.
Jesus está profundamente preocupado com o vitupério que sua morte como criminoso trará ao nome de seu Pai. Mas Jeová está ouvindo as orações de seu Filho e em determinado momento envia um anjo para fortalecê-lo. Mesmo assim, Jesus não para de fazer súplicas a seu Pai e continua a ‘orar ainda mais intensamente’. O estresse é enorme. Que peso sobre os ombros de Jesus! Sua própria vida eterna e a de humanos fiéis estão em jogo. Tanto é que ‘seu suor se torna como gotas de sangue que caem no chão’. — Lucas 22:44.
Quando Jesus volta até os apóstolos pela terceira vez, novamente os encontra dormindo. Ele diz: “Numa ocasião como esta, vocês estão dormindo e descansando! Vejam! Está se aproximando a hora de o Filho do Homem ser entregue às mãos de pecadores. Levantem-se, vamos embora. Vejam! Aquele que me trai está chegando.” — Mateus 26:45, 46.
”Tribulação e angústia virão sobre a alma de qualquer homem que faz o mal, ao judeu primeiro e também ao grego.”(Romanos 2:9)
Por definição ANGÚSTIA é um estado emocional caracterizado por uma sensação penosa, é um mal estar profundo. Essa sensação é causada por uma impressão de um perigo, porém esse medo é confuso e vago. É diferente do medo real, que você sabe definir.
A angústia começa quando nascemos na separação da mãe com o filho. A Angústia é uma reação do indivíduo, ele sempre está relacionado com uma situação de traumas, sendo de origem internas (insatisfação, culpa, carência afetiva, agressividade reprimida) ou externa (decepção, susto) sem que consiga controlá-la. A angústia surge então como um meio de defesa desses traumas.
Sendo assim, podemos ligar a angústia com a perda e à separação, ela pode surgir em vários momentos da vida. No bebê ao 8º mês, ele chora muito pela ausência da mãe, estranha qualquer pessoa diferente da mãe, esse é um sinal positivo da angústia, o bebê reconhece a separação, ou seja, ele não é mais o mesmo que a mãe. É um ser diferente. Isso é importante para o seu desenvolvimento pessoal.
A Angústia é um sentimento de espera de alguma coisa que não se sabe nomear. “É verdade: quando se está angustiado, não se consegue definir o que se sente. É uma coisa ruim, uma dor no peito, um nó…” Não há como explicar esse sentimento, só quem o sente sabe como o é. A angústia paralisa o corpo, a mente e o individuo fica sem ação produtiva.
Vejamos uma explicação prática de como a angústia funciona: “imagine uma represa com as comportas fechadas, – a água vai subindo, a pressão dessas águas vai apertando as paredes, vai aumentando, aumentando… chega um momento em que esse acúmulo de tensão tem que haver uma saída: ou abrem-se as comportas para produzir energia ou a pressão das águas arrebenta tudo e sai causando inundações”.
Assim será o individuo que estiver passando pela angústia, como não há uma explicação em forma de linguagem para se explicar o que sente, surge essa sensação de algo perdido. Falta algo que não se sabe explicar o que é. Nós mineiros explicamos isso dizendo que falta um “trem”. É nesse ponto que encontramos a angustia e a Bíblia.
Essa “coisa” que falta que faz o homem sentir-se vazio, incompleto é conseqüência da separação do homem com Deus. Fomos criados para sermos a imagem do criador, fomos criados para sermos completos, total. Fomos criados para a graça, equilíbrio, alegria, saúde, felicidade, criatividade, liberdade (inclusive sua escolha).
Exatamente ai houve a quebra do homem e Deus, o homem desobedeceu a Deus e pecou. O pecado rompeu com todo esse projeto de Deus para o homem. Nesse momento instalou-se esse “FALTA ALGO”. A partir daí tivemos que trabalhar, correr atrás do prejuízo, tentar suprir essa falta que nos incomoda.
A Bíblia nos mostra várias passagens onde as pessoas que falam da busca, da angústia, e dessa falta.
“Quando estiveres em angústia, e todas estas coisas te sobrevierem nos últimos dias, e te voltares para o SENHOR, teu Deus, e lhe atenderes a voz, então, o SENHOR, teu Deus, não te desamparará, porquanto é Deus misericordioso, nem te destruirá, nem se esquecerá da aliança que jurou a teus pais”. (Dt 4:30-31) ”Eu me alegrarei e regozijarei na tua benignidade, pois tens visto a minha aflição, conheceste as angústias de minha alma”(Sl 31:7)
Em Coríntios testemunhamos a angústia de Paulo ao escrever aos Coríntios, escrevia uma carta aparentemente dura, com lágrimas e amor. Sua primeira visita aquele povo não tinha sido muito agradável (1:23), não queria fazer uma segunda da mesma forma“.“Porque, no meio de muitos sofrimentos e angústias de coração, vos escrevi, com muitas lágrimas, não para que ficásseis entristecidos, mas para que conhecêsseis o amor que vos consagro em grande medida. Ora, se alguém causou tristeza, não o fez apenas a mim, mas, para que eu não seja demasiadamente áspero, digo que em parte a todos vós”(II Co 2:4-5). Em Mateus encontramos Jesus Cristo se entristecer e angustiar-se, e sente pavor do Getsêmani “e, levando consigo a Pedro e aos dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se. Então, lhes disse: A minha alma está profundamente triste até a morte; ficai aqui e vigiai comigo” (Mt 26:37-38). O próprio Jesus nos exorta: “Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo”.(João 16:33)
A ANGÚSTIA é um ponto importante na vida do homem, na angústia o ser humano se depara com duas saídas, duas opções: a depressão (que já estudamos) ou a decisão por Jesus. Deus é misericordioso, poderoso, e nesse momento difícil da batalha Ele está conosco e quer nos tirar dessa. A igreja nesse momento funciona como comunidade de terapia. “Suportai-vos uns aos outro.”(Colossenses 3:13)
Todo sujeito, ansioso, angustiado, depressivo precisa escolher por Jesus. Esse momento de decisão precisa ser feito em o Nome de Jesus, pois nós não temos como tomar essa decisão por conta própria, o Salmista nos mostra isso: “Na minha angústia, invoquei o SENHOR, gritei por socorro ao meu Deus. Ele do seu templo ouviu a minha voz, e o meu clamor lhe penetrou os ouvidos”.(Salmos 18:6 )“O que me consola na minha angústia é isto: que a tua palavra me vivifica”. (Salmos 119:50)
Em Romanos 8:35-39 encontramos: “Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? Como está escrito: Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro. Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor”. Porém, em alguns momentos da vida, estamos tão fragilizados que esta postura parece impossível para nós. Daí a igreja funciona como apoio, suporte, é ela que ministrará a unção do Espírito Santo. Não sofra sozinho, divida com a equipe de aconselhamento da igreja, com o Pastor (a). Mas, não guarde apenas para você. Há um caminho para a angústia – Jesus “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida“(João 14:6) e continuemos na fé, a fé em Cristo que é a nossa cura.
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante
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