SOFRIMENTO
DE ALMA...
Por que acontecem coisas
ruins? Se Deus é tão bom, bem como Todo poderoso, por que ele não evita o
sofrimento? Como devemos reagir quando acontecem coisas que não nos fazem
sentido? Estes tópicos, que têm incomodado os homens durante séculos, não devem
abalar nossa fé. A palavra de Deus fornece algumas respostas e sustenta
poderosamente nossa fé mesmo quando algumas perguntas permanecem sem reposta.
O pecado do
homem
Deus criou
o homem à sua própria imagem (Gênesis 1:26). Isto não quer dizer que o homem se
pareça fisicamente com Deus, pois ele não tem um corpo carnal (João 4:24; Lucas
24:39). O que significa é que o homem tem consciência racional e livre arbítrio
para determinar seus próprios atos. Essa liberdade explica por que o sofrimento
se originou.
Quando
Deus criou Adão e Eva, ele os colocou num paraíso, cheios de frutos bons. Ele
autorizou-os a comerem de todas as árvores, exceto duma. Mas a existência
perfeita deles foi destruída, porque decidiram comer da única
árvore proibida. Seu pecado levou Deus a expulsá-los do maravilhoso jardim e a
puni-los trazendo o sofrimento sobre eles e seus descendentes (Gênesis 3). Este
mundo, amaldiçoado por causa do pecado do homem, não é o lugar que Deus
desejava para o seu povo.
Não
poderia Deus ter evitado que o homem pecasse? Certamente. Ele poderia ter
criado robôs ou bonecos que recitassem, "Eu te amo", sempre que ele
desse corda neles. Em vez disso, Deus preferiu criar os homens à sua imagem,
com livre arbítrio. É logicamente impossível dar aos homens livre escolha e não
lhes permitir decidir livremente. Mas não poderia Deus ter dado aos homens
livre escolha e só eliminar as más conseqüências que resultassem dessas escolhas?
Talvez, mas ainda é duvidoso que escolha sem conseqüência seja realmente
autêntica. De qualquer modo, conseqüências sofridas são freqüentemente bênçãos.
A sensação de dor quando tocamos um objeto quente ensina-nos a não tocarmos num
fogão quente. Se não fosse sentida a dor, maiores danos certamente resultariam.
O
sofrimento resulta do pecado humano, direta ou indiretamente. Por exemplo, a
fornicação freqüentemente causa doenças transmitidas sexualmente e daí o
sofrimento ("...o caminho dos
pérfidos é intransitável"Provérbios 13:15). A ira descontrolada
faz com que outros sofram. Algum sofrimento é o resultado indireto do pecado,
porque não vivemos mais no paraíso, mas num ambiente amaldiçoado por causa do
pecado. A conclusão é que o sofrimento acontece porque Deus deu ao homem livre
arbítrio e este resolveu pecar.
Boas pessoas
Mas por
que pessoas boas, inocentes, sofrem? Algumas vezes pessoas boas erram e
sofrem as conseqüências de seus pecados. Outras vezes elas sofrem
por causa de erros cometidos por outras. E às vezes, elas sofrem porque vivem
num mundo que foi amaldiçoado em conseqüência dos pecados da humanidade. Mas
aqueles que amam a Deus podem sempre encontrar benefício no sofrimento: "Sabemos que todas as cousas cooperam
para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu
propósito" (Romanos 8:28). Como pode o sofrimento ajudar
os cristãos fiéis?
Castigo. A dor é uma grande ferramenta de ensino. Hebreus 12 revela
que Deus disciplina os filhos que ele ama. Pais terrenos também disciplinam
seus filhos porque os amam e querem exercitá-los no caminho certo. Em vez de
nos ressentirmos contra a disciplina de Deus, devemos apreciar que ele tenha
bastante cuidado para conosco a ponto de nos corrigir. "Toda disciplina, com efeito, no momento
não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza; ao depois, entretanto,
produz fruto pacífico aos que têm sido por ela exercitados, fruto de
justiça" (Hebreus 12:11). O salmista reconheceu o valor do
sofrimento em sua própria vida: "Antes
de ser afligido, andava errado, mas agora guardo a tua palavra... Foi-me bom
ter eu passado pela aflição, para que aprendesse os teus decretos" (Salmo
119:67,71).
Crescimento
espiritual. O sofrimento ajuda
os cristãos a ficarem mais fortes. Jó era um homem devoto, mas pela aflição ele
"cresceu" e se tornou um servo de Deus mais forte e mais humilde.
Assim como o ouro é purificado ao passar pelo fogo, assim um cristão é
purificado e fortalecido quando passa pela aflição (1 Pedro 1:6-9). O que sai
da fornalha é melhor do que o que nela entrou. Esse sofrimento, então, não é
porque temos errado, mas porque podemos fazer melhor.
O
sofrimento nos ajuda espiritualmente de vários modos: 1. Confiança. Paulo
aprendeu a confiar mais em Deus por causa das circunstâncias perigosas (2
Coríntios 1:8-9). Experimentar tempos difíceis nos faz mais cônscios de nossa
necessidade de Deus e assim desenvolvemos confiança nele, não em nós mesmos.
2. Humildade. Deus deu a Paulo um espinho na carne, um mensageiro de Satanás,
para impedi-lo de se exaltar (2 Coríntios 12:7-9). A arrogância invade
sutilmente nossos corações; as aflições ajudam a resistir a esta
tentação. 3. Perspectiva. Deus quer que vivamos como peregrinos aqui,
entendendo que o céu é o nosso verdadeiro lar (Colossenses 3:1-4; Filipenses
3:20). Mas quando as coisas vão bem para nós nesta vida, sentimo-nos em casa no
mundo e deixamos de almejar estar com o Senhor. As aflições nos ajudam a visar
a verdadeira meta.
O plano de
Deus. Algumas vezes o sofrimento nos
capacita a contribuirmos para o plano de Deus referente ao mundo. Jesus sofreu
para ajudar os outros, sacrificando sua vida para reconciliar os homens com
Deus. José sofreu para que sua família pudesse ser salva da fome (Gênesis
45:5-7; 50:20). A prisão de Paulo resultou surpreendentemente em maior
progresso do evangelho (Filipenses 1:12-18), tanto porque lhe deu oportunidade
para ensinar os guardas que estavam acorrentados a ele, como porque outros
irmãos foram encorajados por sua atitude a pregarem a palavra mais ousadamente.
Os sofrimentos de Paulo também o qualificaram para confortar outros que estavam
sofrendo (2 Coríntios 1:3-5).
Lidando com o
sofrimento
Há
diversas coisas que ajudam na lida com o sofrimento:
Deus também
sofre. Enquanto Deus olhava
para seu Filho em angústia na cruz, ele sofria. Este sofrimento não era causado
pela fraqueza de Deus. Não era como se Jesus tivesse esgotado todos os seus
esconderijos e seus inimigos finalmente o tivessem apanhado e executado contra
sua vontade. Não, Jesus entregou sua vida voluntariamente (João 10:17-18). Ele
decidiu voltar ao mesmo lugar onde sabia que Judas poderia encontrá-Lo (João
18:1-2). Ele se recusou a chamar os anjos para que o salvassem, ainda que
legiões deles estivessem à sua disposição (Mateus 26:53). Ele nada disse para
se defender durante o julgamento, ainda que, se tivesse feito isso, sem dúvida
teria escapado da cruz. Cristo sofreu porque decidiu sofrer. Sofreu porque nos
amava. O fato que o Senhor sofre conosco nos assegura de sua compaixão e
auxílio, e dá-nos forças para enfrentarmos nossas dificuldades (Hebreus
2:14-18; 4:14-16; 5:7-10).
Não sabemos
todas as respostas. Muito sofrimento fica
sem explicação. Jó passou seus dias implorando a Deus que lhe desse audiência e
lhe explicasse porque sofria. Quando Deus finalmente apareceu, ele demonstrou
que Jó não tinha capacidade nem para entender a resposta, muito menos para
discutir com seu Criador. E no final, Jó aprendeu a confiar simplesmente em
Deus. Algumas vezes o sofrimento que é inexplicável no momento, mais tarde é
facilmente compreendido. Por que Deus permitiu que José fosse vendido como
escravo e depois definhasse na prisão por manter sua pureza? Mais tarde o
propósito ficou claro. Deus nunca prometeu que explicaria satisfatoriamente
tudo o que acontece no mundo. Mas podemos confiar nele.
Paulo e seu
espinho. A reação de Paulo quanto
ao espinho em sua carne é um excelente modelo para se lidar com o sofrimento.
Talvez Deus tenha deixado indefinida a natureza do espinho na carne de Paulo
para que possamos usar esse modelo a fim de nos ajudar em qualquer tipo de
sofrimento que enfrentamos. Observe como Paulo lidou com sua dificuldade:
O sofrimento
leva-nos a Deus. O sofrimento, a
conseqüência do mal, é um sinal do que seria a vida sem Deus. Dando-nos um vislumbre
do tipo de mundo que haveria se Deus estivesse ausente, o sofrimento nos diz
que precisamos de Deus. Certamente não queremos estar naquele lugar onde o mal
reina soberanamente e onde Deus não está.
Que Deus
ponha em minha vida o sofrimento que me aproxime mais dele.
Apóstolo. Capelão/Juiz.
Mestre e Doutor em Ciências da Religião Dr. Edson Cavalcante
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