2ª JOÃO-SENHORA
ELEITA...
Embora o autor se identifique apenas como “o presbítero”,
citações desde o segundo século atribuem esta epístola ao apóstolo João e ela
assim passou a ser conhecida como a Segunda Epístola de João, ou simplesmente 2
João. É uma carta pequena que frisa o contraste entre o amor verdadeiro e as
doutrinas distorcidas espalhadas por alguns que procuravam enganar os servos do
Senhor.
O autor desta carta se identifica como “o presbítero” ou o
ancião (2 João 1), um termo que pode significar um homem velho ou, no seu uso
mais específico, um homem escolhido para servir como um dos pastores de uma
igreja (veja Atos 20:17,28 onde os termos presbítero e bispo identificam os
homens que pastoreiam uma igreja).
A carta foi escrita “à senhora eleita e aos seus filhos” (2 João
1). A interpretação mais simples desta expressão seria de alguma mulher cristã
e seus filhos. Pode ser, também, uma maneira de identificar uma igreja e os
discípulos que fazem parte dela. Esta diferença não altera o significado das
instruções na epístola, uma vez que entendemos que igrejas são compostas de
pessoas. Se João fala para uma família (carnal) de cristãos ou para uma
comunidade de cristãos, a sua mensagem continua a mesma, e oferece orientações
importantes para nós até os dias atuais.
Percebemos na leitura desta pequena carta uma ênfase nas
palavras verdade, amor e doutrina. O foco nos comentários sobre estes conceitos
é o próprio Jesus Cristo. Os versículos de 2 João podem ser organizados
conforme estes três temas:
Versículos 1 a 4 falam da importância de permanecer na verdade,
que vem de Cristo.
Versículos 5 e 6 mostram que um dos principais pontos desta
verdade é o mandamento de amar aos outros. Jesus enfatizou dois mandamentos
sobre o amor como a base da revelação divina aos homens (Mateus 22:36-40), e
João, um dos seus apóstolos, reforça este ensinamento.
Versículos 7 a 11 alertam sobre a ameaça apresentada por falsos
mestres que ultrapassam a doutrina de Cristo e, por isso, perdem sua comunhão
com o Pai. João mostra que o amor para com Deus e a verdade exige a rejeição
desses enganadores.
12 e 13 contêm os comentários de encerramento da carta.
2 João nos ensina sobre a necessidade de um equilíbrio entre
princípios fundamentais do caráter divino. Deus é amor (1 João 4:8), e ele
também é perfeitamente santo (Isaías 6:3; Apocalipse 4:8). Ele nos chama a
imitar tanto a sua santidade (1 Pedro 1:15-16) como seu amor (1 João 4:11).
Deus, na sua perfeição, mantém o equilíbrio entre estas características. Ele
ama e deseja a salvação de todos (1 Timóteo 2:3-4), mas como o Santo Juiz, ele
trará vingança sobre todos que não lhe obedecem (2 Tessalonicenses 1:7-9).
Para nós, é extremamente difícil manter este equilíbrio. Nossa
tendência, como seres humanos, é de enfatizar um lado e negligenciar o outro.
Ao longo da história, observamos essas tendências. Houve uma época que muitos
pregadores foram conhecidos pelas mensagens fervorosas sobre o castigo e
sofrimento no inferno. Hoje em dia, é raro ouvir tais mensagens, mas comum
ouvir exortações sobre o amor, a compaixão, a misericórdia e a tolerância.
2 João mostra que a conduta do cristão não deve ficar de um lado
contra o outro, mas que o amor exige a santidade. Quem ama a Cristo rejeita os
falsos mestres (anticristos) que contradizem ou vão além da sua doutrina.
Precisamos amar, até amar profundamente as pessoas que vivem em
desobediência a Deus, mas jamais devemos abandonar a verdade ou a busca da
santificação nas nossas vidas. Imitemos o amor e a santidade daquele que nos
deu a verdade, Jesus Cristo, o Filho de Deus.
Apóstolo. Capelão/Juiz. Mestre e Doutor em Ciências da Religião
Dr. Edson Cavalcante
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